Não fale sobre quem eu sou
Nervoso, suador, confusão, medo, vontade, desejo, pernas bambas, delirio... Tudo isso passava pela a cabeça de Liz enquanto ela andava e olhava para trás, na direção de Ana. Seu coração estava disparado e Liz ofegava sem saber o porquê:
- Olha por onde anda! - disse uma garota, após levar um empurrão involuntário de Liz.
- M-Me desculpe! Eu.. Não vi você aí! - Respondeu Liz, arrumando os óculos.
- Você está no corredor, tem que olhar para frente! - Disse a garota - Você é nova aqui? É uma caloura?
- Sou!
- Eu também!
- Legal.. E... Você já conseguiu se localizar aqui? - Perguntou Liz - Não estou achando a sala de química.
- Já!! É no segundo andar. Vem, eu te levo lá.
- Não.. Não precisa! É só me dizer onde fica e eu acho sozinha. - respondeu Liz, rispida.
- Relaxa, Loura! Eu também tenho que estar lá.
- Sério?
- Sim! -Respondeu a garota - Meu nome é Milie. Prazer.
- Liz.. Prazer.
- Liz? Nome bonito!
- Obrigada..
- Você é timida?
- Eu só não sou muito sociável. - Respondeu Liz - Agora... Se puder me levar até a sala, eu agradeço.
- Hmm... Hoje eu vou dar uma festa na minha casa ... Você deveria ir.
- Qual é a parte do "Não sou sociável" que você não entendeu?
- Aaaah qual é, gata. Você é novata, precisa de amigos. - Disse Milie, sorrindo.
No mesmo instante, Ana ia passando ao lado das duas. Com um papel em sua mão. Milie, ao ve-la, segurou em seu braço :- Espera, espera! - disse ela, para Ana. - Você também está convidada para a minha festa.
- Ah... Obrigada! - respondeu Ana.
Liz não conseguiu desviar os olhos de Ana, a qual também não conseguia desviar os olhos de Liz. As duas pareciam hipnotizadas uma pela outra. Era química pura. Estranhamente forte.
Tanto que nenhuma das duas estavam prestando atenção no que Milie estava dizendo, até que a mesma cutucou Ana para que ela respondesse a pergunta :
-.. E então? - perguntou Milie.
- O que? Desculpa... Eu não ouvi direito.
- Você vai ou não, novata? Aliás, qual é seu nome?
- Ah.. É Ana.. Vou! Me manda o endereço que eu estarei lá.
- Pode deixar! Seu número já está no site da Albizu, não é? - perguntou Milie, entusiasmada.
- Sim.. claro.
- Ótimo! - Exclamou Milie - Vem, Liz. Temos que ir para a aula.
- É.. Temos, sim. - Disse Liz, já se aproximando da escada que dava para o segundo andar.
- A gente se vê, Ana. - Disse Milie, olhando para Ana e depois seguindo Liz rumo a escada.
Ana Anderson ficou ali parada, acompanhando com os olhos Liz subir as escadas. Seu estômago estava embrulhado e ela suava pelas mãos. Conhecia muito bem aquela sensação, e sabia que se não tomasse cuidado poderia se apaixonar novamente.
E a lista de suas últimas namoradas era péssima. Carregava uma enorme e incontáveis vezes a qual se decepcionou, frustou e pensou que o tal do "amor" era mera ilusão.
Em uma dessas vezes, na última, aliás. Sua última namorada à traiu. Mas não foi qualquer traição. Naquela vez, à alguns anos atrás. Ela teve a certeza de que seria feliz. Apostou todas as suas fichas naquele relacionamento que a tirava o fôlego.
E em um belo dia, ela encontrou vestígios de uma traição. Seu coração se partiu e ela foi parar no hospital com a sua primeira crise de ansiedade. A partir dali, sua vida mudou. A partir daquele dia, Ana se tornou aquilo que a feriu. Não era sua culpa.
...
- Você reparou que ela não parava de te olhar? - Perguntou Milie, empolgada.
- Ela quem?- Perguntou Liz, tentando disfarçar algo.
- A novata... Ela é muito gata.
- Não.. Eu não reparei.. E também, eu não sou gay!
- Não? - Perguntou Milie, espantada.
- Não! Por que? Eu pareço ser?
- Hoje em dia não tem mais essa coisa de parecer, querida.
- É.. Mas eu não sou! - Disse Liz, um pouco grossa.
- Tá bem.. Não precisa ficar irritada. - Respondeu Milie, parando em frente à uma porta. - Bem, aqui estamos.
- Vamos entrar, a aula já deve ter começado. - Disse Liz, ao abrir a porta da sala de química.
Ela tinha razão, a aula já tinha começado. E sua entrada gerou um aglomerado de olhares em sua direção. O que a deixou muito desconfortável com aquilo:
- Estão atrasadas, senhoritas.- Disse o professor. - Quais são os seus nomes?
- Ah.. Milie Stradiford. - Respondeu Milie, tomando a frente.
- Muito bem! Assine esse papel e sente-se em alguma carteira. -Disse o professor. - E o seu? - Perguntou ele, olhando para Liz.
- Ah.. É Olivia Liz...
- Olivia Liz Bucker? - Perguntou o professor, se certificando. Nessa hora, todos os alunos começaram a comentar sobre aquilo.
- Olha só... - disse Milie, olhando para Liz. A mesma assinou o papel e se sentou ao fundo da sala, ao lado da carteira de sua nova amiga - Podia ter dito que sua mãe era a eleita.
- Não gosto de ser tratada diferente por conta disso.
- Não me leva à mal mas... Sua mãe é uma puta gata. - Disse Milie, rindo - Queria eu ser a terceira esposa dela.
- Olha.. Sei que eu disse que não sou sociável mas se você pretende ter uma amizade comigo, já aviso que não quero e nem gosto de ser lembrada sobre quem minha mãe é.
- Ah.. Tudo bem! Foi mal. Prometo que não irei fazer mais nenhum tipo de comentário sobre isso.
- Eu agradeço
- Não há de que..
O dia havia sido produtivo e a grade de suas sete horas de matéria preenchidas. Liz foi até a garagem de Albizu e entrou no carro de uma de suas mães. Ajustou o espelho para ter uma visão melhor da traseira . Colocou suas coisas no banco de trás do conversível e ligou o carro. Bem ao longe, ela notou que alguém a olhava enquanto atravessava o campos. Era Ana. E logo seu coração disparou novamente.
Em sua cabeça passou a possibilidade de lhe oferecer uma carona mas ao mesmo tempo, o medo falou mais alto e ela deu ré, indo embora.
Naquele mesmo dia, à noite, após inúmeras perguntas feitas por Olivia, Alice e Rebeca, Liz recebeu em seu celular uma mensagem de um número estranho. Nela havia apenas um endereço com vários emojis de bebida e confetes.
Por um segundo, apenas por um segundo, Liz pensou em ir. Mas apagou a mensagem de seu Iphone e foi para a cama. Imaginando como estaria divertida a tal festa, porém, também imaginou como sua presença não faria diferença alguma.
Na calada da noiteNa calada da noite, um lobo com a pele negra e algumas mechas acinzentadas, caminhava dentre a floresta. Solitário. Seus olhos vermelhos e brilhantes vibrava ao se conectar com a lua. Com um uivo estrondoso ele saldava sua velha companheira tão esplendida aos céus.Um outro lobo, dessa vez branco, aparecia dentre as árvores e observa o lobo preto sentado a beira de uma montanha, uivando para a lua. Ele ao notar a presença do lobo branco, o olhava com doçura e fazia reverência para que ele soubesse que estava tudo bem.O lobo branco se aproximou se sentando, também, a beira da montanha. E em um piscar de olhos, o lobo preto o atacou. Ele devorava sua carne sem dó nem piedade.Seu olhos, a
GostosaCheiro de suor, vomito, desodorante barato e gel de cabelo. Andar de ônibus é ter que aguentar esse pacote de odores por exatamente quarenta minutos.O dia estava aparentemente lindo, com várias nuvens e um clima chuvoso. Na visão de Liz, esse era um dia perfeito. Porém, isso não inibia o fato de algumas pessoas parecerem não tomar banho à dias.E estar em um cubículo cheio de outras pessoas, fazia o cheiro de alastrar ainda mais. O único jeito era tentar prestar atenção nas ruas, pela janela:- Rum-Rum - picarriou uma pessoa - Com licença, esse lugar está vago? - Perguntou um rapaz, de pele bronzeada e lindos olhos azuis escuros.
Dias iam se passando, como o vento passava dentre as palmeiras em Miami. E o destino, cada vez mais, ia fazendo com que encontros-não-planejados acontecesse entre Ana e Liz.Cada olhar profundo trocado, meias palavras e sorrisos de canto iam aproximando um sentimento mútuo entre as duas. Era uma incontrolável conexão existente entre dois seres que não conseguiam nem mesmo disfarçar.Estava na cara! Estampado para quem quisesse ver. Mas todos eles ignoravam, inclusive Liz.Naquela noite fria de sábado, a loura já tinha planos . O que não era nem um pouco normal. Mas não podia ignorar que desde que Kai apareceu. Sair começou a ser uma prática meio comum. Mesmo que fosse para ir à uma lanchonete na
Não olhe para trásApós a morte de Oliver Bucker, muito de seus patrimônios foram destruídos. Mas ainda havia um de seus escritórios em Miami, onde Olivia ia com frequência para conversar com Bryan. Mesmo que fosse através de um computador, os dois sempre acharam arriscado se comunicarem em aparelhos particulares.O escritório localizado na Flórida era em um prédio antigo, uma espécie de QG que só foi descoberto à alguns anos atrás pelo Agente Jayden Ross, quando vasculhava os assuntos do pai de Olivia e Bryan.Ainda era sete e meia da noite quando Olivia entrou dentro do prédio e subiu até o último andar - vigésimo sexto - ela apertou no elevador.
A despedida de um heróiFlash's, vozes embargadas, visão turva e uma sensação estranha de hiperatividade.. Liz sentia todas essas coisas de uma só vez.Tentava controlar aquilo mas seus movimentos pareciam incontrolaveis. Não conseguia pensar em nada além de achar que, talvez, algo estivesse errado.Um apagão se fez e a garota loira desmaiou após horas de festa. Ela caiu em meio a várias palmeiras, poucos metros longe do mar. Um grupo de garotos viu aquela cena e foram ver o que tinha acontecido :- Olhem só aquela garota! - disse um rapaz, se aproximando do corpo de Liz ao chão. Outros três rapazes chegaram, rindo ao ver a menina.
Foi eleDe um susto, Liz acordou sem saber onde estava. De primeiro, tentou buscar algo familiar no local. Mas até aonde seus olhos alcançavam, não encontrou nada lhe trouxesse um conforto. Mas ao se levantar do sofá, Liz viu Ana e então uma dúvida se pois em sua mente "-Como é que eu vim parar aqui?"Ana dormia toda encolhida em uma poltrona bem "desconfortávelmente pequena". Em uma das mão segurava seu celular, enquanto na outra ela segurava um conjunto de chaves.Liz tentou ao máximo levantar sem fazer nenhum tipo de barulho. Tentou ao máximo não acordar, Ana. Nas pontas dos pés procurou achar a porta, para ir embora antes que a outra acorda-se. Era tudo um tanto estranho. Tinha a ligeira sensação de que t
Não conte nada a elaEm sua casa, após tomar um banho quente e relaxante, Ana decidiu olhar no celular. Pois havia lembrado de que algo tinha chegado para ela.Ao olhar, notou que um email dizia "Leia com atenção" e ao abri-lo se espantou ao ver a cara de seu tio Rayn estampado em algum tipo de arquivo : - Então, esse é o tio Rayn! - Ela disse à si mesma.Ao rolar os arquivos, Ana notou que um nome era familiar, dentre todos os outros que estavam ali "Olivia Bucker". E logo se lembrou do primeiro dia em que viu Liz pela primeira vez. Lembrou que o nome de sua mãe também era Olivia, como o seu próprio. E Ana não conseguiu conter o nervosismo e a frustração.Em seu email es
Tudo tem um porquêToda história tem um fim. Não importa quanto tempo passe ou o quanto demore. O fim é algo inevitável. É como se fosse um ciclo pela qual todos passam um dia.Muitos encaram o fim como algo doloroso, outros encaram como o começo de uma nova vida. De um recomeço. Como se fosse uma próxima página de um livro em branco. Tudo pode ser diferente.Não se pode generalizar uma palavra. E em como as pessoas interpretam ela. Cada um vai pensar de um jeito, cada um vai vê-la de uma forma diferente.Mas o caso é que ofimnão é o que define a vida de alguém. Apenas partes dela.
Último capítulo