Capítulo 3

Christian entrou no estacionamento coberto onde fica as viaturas. Ele viu Oliver esperando por ele e o ignorou por completo. O novato o seguiu até o carro e os dois entraram no veículo em silêncio, não trocaram uma palavra até Christian ganhar as movimentadas ruas de Los Angeles.

Oliver não deixou de notar os bíceps musculosos, os braços cobertos de tatuagens e as mãos grandes e fortes que seguravam o volante.

Discretamente, ele desceu os olhos azuis para as coxas grossas e o volume considerável do seu parceiro. O cheiro da loção pós barba e o desodorante masculino que Christian usava, fez Oliver respirar fundo.

Mas o que realmente chamou a sua atenção, foi o rosto de Christian. Com traços másculos e perfeitamente em harmonia, como se tivesse sido desenhado a mão pelo mais experiente dos pintores. A pele negra é lisa e uniforme, sem imperfeições.

Durante a reunião, Oliver encontrou um par de olhos negros e selvagens. Isso, somado ao corte de cabelo militar, a barba aparada, a beleza extravagante e ao fato de Christian esbanjar força, poder e autoconfiança, intimidaram Oliver profundamente. Seu parceiro é lindo, sexy e perigoso.

Ele queria ter coragem para abordar Christian, puxar assunto, mas achou melhor esperar. Era evidente que ele não estava contente com a parceria forçada.

Estava de cara fechada, lábios contraídos e testa enrugada. Para Christian, Oliver não passava de um rato intruso que tinha invadido o seu território.

Christian estava sendo observado.

Ele desenvolveu o dom de conhecer as pessoas apenas observando a sua postura corporal.

O modo como Oliver mexe no cabelo castanho escuro, acaricia o próprio rosto, alinha o uniforme, senta e anda de forma afeminada, é um sinal claro de vaidade e preocupação excessiva com a aparência.

E o agravante, Christian estava sendo alvo de olhares lascivos. Ódio, repulsa e nojo o definiam. Certamente já tinha virado motivo de piada em todo o Departamento. "Jason, filho da puta."

Não aguentando mais aquele silêncio constrangedor, Oliver resolveu arriscar.

- Você não curtiu muito esse esquema, né?

- Acertou, eu não curti. - Christian respondeu de forma brusca.

- Olha, eu vou ser sincero com você. Eu também não gostei desse esquema. Mas no momento, estamos presos um ao outro. Temos um trabalho a fazer, e você gostando ou não, somos parceiros.

Christian parou a viatura no farol vermelho e olhando para frente, disse com ironia:

- Como você preferir... parceiro.

Oliver virou de lado e estreitou os olhos azuis ao encarar Christian.

- Eu trabalhei nas ruas de Nova Iorque por cinco anos.

Finalmente Christian olhou para Oliver. Ele zombou.

- Deixa eu adivinhar. Foi transferido por ter assediado seu parceiro.

Oliver soube que tinha perdido toda a cor do seu rosto e ele não soube como reagir a tamanho insulto. Christian também não esperou por uma explicação. O farol abriu, e ele voltou a dirigir.

Oliver recostou no banco do carona, e mortificado, olhou para frente. Por mais que tente, não consegue mudar o seu comportamento afeminado.

Em um mundo de homens de farda, isso sempre foi um problema. Ele teve que mostrar seu valor nas ruas, trocando tiros com bandidos. Como se só assim, estivesse apto para ser aceito.

Christian não estava muito enganado. Oliver perdeu seu emprego no Departamento de Polícia de Nova Iorque porque seu parceiro homofóbico simulou um assédio sexual para se livrar dele. Oliver estava prestes a passar pela mesma situação humilhante.

Ele respirou fundo.

- Eu acho que agora eu entendi.

- Pode ser que sim. Pode ser que não.

- É por que eu sou homossexual?

- Quanto menos a gente conversar, melhor a gente vai se dar.

Oliver soube naquele momento, que a parceria forçada com Christian poderia acabar com a sua carreira de policial.


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