Christian entrou no estacionamento coberto onde fica as viaturas. Ele viu Oliver esperando por ele e o ignorou por completo. O novato o seguiu até o carro e os dois entraram no veículo em silêncio, não trocaram uma palavra até Christian ganhar as movimentadas ruas de Los Angeles.
Oliver não deixou de notar os bíceps musculosos, os braços cobertos de tatuagens e as mãos grandes e fortes que seguravam o volante.
Discretamente, ele desceu os olhos azuis para as coxas grossas e o volume considerável do seu parceiro. O cheiro da loção pós barba e o desodorante masculino que Christian usava, fez Oliver respirar fundo.
Mas o que realmente chamou a sua atenção, foi o rosto de Christian. Com traços másculos e perfeitamente em harmonia, como se tivesse sido desenhado a mão pelo mais experiente dos pintores. A pele negra é lisa e uniforme, sem imperfeições.
Durante a reunião, Oliver encontrou um par de olhos negros e selvagens. Isso, somado ao corte de cabelo militar, a barba aparada, a beleza extravagante e ao fato de Christian esbanjar força, poder e autoconfiança, intimidaram Oliver profundamente. Seu parceiro é lindo, sexy e perigoso.
Ele queria ter coragem para abordar Christian, puxar assunto, mas achou melhor esperar. Era evidente que ele não estava contente com a parceria forçada.
Estava de cara fechada, lábios contraídos e testa enrugada. Para Christian, Oliver não passava de um rato intruso que tinha invadido o seu território.
Christian estava sendo observado.
Ele desenvolveu o dom de conhecer as pessoas apenas observando a sua postura corporal.O modo como Oliver mexe no cabelo castanho escuro, acaricia o próprio rosto, alinha o uniforme, senta e anda de forma afeminada, é um sinal claro de vaidade e preocupação excessiva com a aparência.
E o agravante, Christian estava sendo alvo de olhares lascivos. Ódio, repulsa e nojo o definiam. Certamente já tinha virado motivo de piada em todo o Departamento. "Jason, filho da puta."
Não aguentando mais aquele silêncio constrangedor, Oliver resolveu arriscar.
- Você não curtiu muito esse esquema, né?- Acertou, eu não curti. - Christian respondeu de forma brusca.
- Olha, eu vou ser sincero com você. Eu também não gostei desse esquema. Mas no momento, estamos presos um ao outro. Temos um trabalho a fazer, e você gostando ou não, somos parceiros.
Christian parou a viatura no farol vermelho e olhando para frente, disse com ironia:
- Como você preferir... parceiro.Oliver virou de lado e estreitou os olhos azuis ao encarar Christian.
- Eu trabalhei nas ruas de Nova Iorque por cinco anos.Finalmente Christian olhou para Oliver. Ele zombou.
- Deixa eu adivinhar. Foi transferido por ter assediado seu parceiro.Oliver soube que tinha perdido toda a cor do seu rosto e ele não soube como reagir a tamanho insulto. Christian também não esperou por uma explicação. O farol abriu, e ele voltou a dirigir.
Oliver recostou no banco do carona, e mortificado, olhou para frente. Por mais que tente, não consegue mudar o seu comportamento afeminado.
Em um mundo de homens de farda, isso sempre foi um problema. Ele teve que mostrar seu valor nas ruas, trocando tiros com bandidos. Como se só assim, estivesse apto para ser aceito.
Christian não estava muito enganado. Oliver perdeu seu emprego no Departamento de Polícia de Nova Iorque porque seu parceiro homofóbico simulou um assédio sexual para se livrar dele. Oliver estava prestes a passar pela mesma situação humilhante.
Ele respirou fundo.
- Eu acho que agora eu entendi.- Pode ser que sim. Pode ser que não.
- É por que eu sou homossexual?
- Quanto menos a gente conversar, melhor a gente vai se dar.
Oliver soube naquele momento, que a parceria forçada com Christian poderia acabar com a sua carreira de policial.
Enquanto dirigia pelas ruas charmosas e ensolaradas de Los Angeles, Christian tentava se concentrar no seu trabalho e não na sua vida fodida.A perda do filho, o casamento fracassado, Mel não perdendo uma oportunidade de jogar na sua cara que ele é um alcoólatra, seu chefe pegando no seu pé, e por fim, mas não menos importante, um parceiro gay.Christian deu um suspiro profundo e olhou para o lado com desgosto. Oliver olhava para frente. Ele parecia atento a qualquer irregularidade no trânsito ou nas ruas, e ao mesmo tempo, os olhos azuis brilhantes pareciam distantes e vazios.Christian provocou.- Virou policial para ficar cercado de homens de farda?Oliver não respondeu a provocação.- Tem fantasia com homens fardados e musculosos? - Christian, não satisfeito, foi mais longe. - Gosta de ficar de joelhos e chupar outro cara? Isso é humilhante. Você, assim como todos os outros viados, são u
Christian teve que reportar o incidente ocorrido durante a abordagem policial. Jason como sempre, já estava a par do acontecimento. Na sala do chefe, Christian ficou em pé, com as pernas afastadas e as mãos para trás.Jason sentado na cadeira de couro preto, atrás da mesa abarrotada de inquéritos policiais, observava o seu subordinado.Ele disse sério:- Sabe o que eu acho, Christian? Que isso não foi um ato imprudente da sua parte. A verdade, é que você está procurando a morte em cada esquina e isso me preocupa.Christian manteve o olhar fixo na parede branca acima de Jason.- Eu só estava fazendo o meu trabalho.- Você sabe que não se faz uma perseguição a um suspeito armado sem reforços. Você poderia ter sido baleado.Christian engoliu em seco e abaixou a cabeça lentamente. Ele encontrou o olhar duro e ao mesmo tempo apreensivo de Jason.- Eu não podia deixar ele escapar.
Mel chegou em casa, e como sempre, encontrou Christian bebendo. Ele ainda estava de farda e sentado no sofá, assistia televisão. Mel soube que tinha tomado a decisão certa ao passar no mercado. Pela feição sombria, Christian tinha tido um dia de cão.Mel levou as sacolas de compras para a cozinha e as colocou em cima da mesa. Ela guardou os itens de geladeira e ao retornar para a sala, disse secamente:- Eu comprei o seu pão.Christian não desviou o olhar da TV.Depois de uma tarde inteira sob o comando de Oliver, ele não estava para brincadeira.Durante o jantar, o único som que se ouvia na cozinha era o dos talheres e copos. Mel reparou na bochecha de Christian.- Dia ruim?- Todos os meus dias são ruins, Mel.- Os meus também. Tem uma névoa dentro da minha cabeça e uma neblina diante dos meus olhos. Nada faz sentido.Christian ergueu os olhos escuros do prato de maca
Christian chegou no Departamento de Polícia e foi informado que Oliver estava no banho. Os policiais veteranos tinham batizado ele com ovos e farinha de trigo. Christian ficou irritado com tamanha infantilidade.Oliver não era nenhum novato como ele mesmo pensava. No primeiro dia de trabalho o viadinho provou que não treme na base.Ele estava demorando para se embonecar, e eles tinham um mandado de busca e apreensão para cumprirem.Disposto a ter um confronto direto com Oliver, Christian foi em direção ao banheiro coletivo no primeiro andar. De má vontade, ele cumprimentou alguns oficiais no caminho.Christian abriu a porta do banheiro e passou pelos armários numerados, os bancos de madeira e foi em direção aos chuveiros. Cada um é separado apenas por uma parede de um metro e meio de altura.Ele particularmente nunca tomou banho no trabalho. Não importa o quanto esteja sujo e suado, ficar pelad
Após cumprirem um mandado de busca e apreensão na casa de um dos maiores traficantes de drogas de Los Angeles, Christian e Oliver foram chamados para uma ocorrência de assalto a mão armada, com possíveis reféns.Em frente a famosa joalheria Tiffany & Co, localizada na Rodeo Drive, já tinha outras equipes de polícia, e Jason conduzia as negociações com os três assaltantes.Na equipe de suporte, Christian e Oliver ficaram juntos ao cordão de isolamento. Através da porta e janelas de vidro blindado, era possível ver funcionários e clientes da loja deitados no chão e na mira de fuzis. Caos, pânico e gritaria.Jason não estava avançando nas negociações. A prioridade é sempre a vida das vítimas. O assaltante que se apresentou como Big Mike era o chefe da quadrilha formada por mais dois meliantes. Ele exigia a presença da imprensa e um helicóptero para fuga. Duas coisas ridículas. No entanto, a imprensa já estava no local.
Jason parou diante da cela e colocou as mãos no bolso da calça social preta. Ele lançou um olhar de advertência para Christian e Oliver. Um sinal claro que não admitia qualquer desculpa ou justificativa pelos atos impensados dos dois policiais.- Eu não quero saber quem começou a briga ou o porque. - Jason lançou um olhar significativo para Christian. - O que vocês fizeram hoje foi imperdoável. Eu estou muito desapontado. Com você principalmente, Oliver.Oliver abriu a boca para falar, mas foi severamente repreendido com apenas um olhar duro e cortante de Jason.- Como consequência da falta de ética e profissionalismo dos dois, vocês vão ser severamente punidos.Christian conhecia muito bem aquele sorriso diabólico de Jason. Sorriso de quem estava prestes a jogar merda no ventilador. Com a sua carreira por um fio, Christian estava disposto a ouvir o que Jason tinha a dizer.Ele só não imaginava
Christian não demorou um minuto para fazer uma vistoria no minúsculo chalé que ficaria pelos próximos trinta dias.Um quarto, uma cama de casal, um guarda roupa de madeira embutido, banheiro com azulejos e pisos brancos, sala com lareira, um sofá de couro preto e uma cozinha com pia, fogão, geladeira e uma mesa de dois lugares.O interior do chalé é revestido de madeira na cor mogno e as janelas de vidro dão uma ampla visão para as montanhas cobertas de neve. Sem TV, sem sinal de internet, sem sinal de celular, sem o mínimo de conforto, privacidade ou entretenimento.Christian parou na sala e colocou as mãos na cintura. Ele estava muito bravo. Jason planejou tudo nos mínimos detalhes. Não bastava a suspensão de trinta dias sem salário. Não, ele tinha que foder com a vida dele.Mel recebeu a notícia com falsa preocupação, e provavelmente usaria isso contra ele no processo de divórcio.Inconforma
Devido ao frio extremo, Oliver acordou várias vezes durante a noite, e em todas elas precisou ir ao banheiro fazer xixi. Ele usou a lanterna do celular e tentou não fazer barulho. Mas quando usou o banheiro pela terceira vez teve que dar descarga. Ao voltar para o quarto e clarear a cama com a lanterna, Christian estava acordado.Oliver se enfiou debaixo do edredom e apagou a lanterna.- Eu não consigo dormir. Está muito frio.- Que horas são?- Três e quinze.Christian suspirou no escuro. Ele tentou dormir novamente.- Christian?- O que é agora?- Eu posso ficar debaixo do seu edredom?- Não.Oliver realmente estava tremendo de frio. Ele não imploraria, se não estivesse.- Por favor.Christian perdeu a paciência. Ele virou de lado, esticou o braço e acendeu a luz. Oliver olhou para