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Capítulo 5

Christian teve que reportar o incidente ocorrido durante a abordagem policial. Jason como sempre, já estava a par do acontecimento. Na sala do chefe, Christian ficou em pé, com as pernas afastadas e as mãos para trás.

Jason sentado na cadeira de couro preto, atrás da mesa abarrotada de inquéritos policiais, observava o seu subordinado.

Ele disse sério:

- Sabe o que eu acho, Christian? Que isso não foi um ato imprudente da sua parte. A verdade, é que você está procurando a morte em cada esquina e isso me preocupa.

Christian manteve o olhar fixo na parede branca acima de Jason.

- Eu só estava fazendo o meu trabalho.

- Você sabe que não se faz uma perseguição a um suspeito armado sem reforços. Você poderia ter sido baleado.

Christian engoliu em seco e abaixou a cabeça lentamente. Ele encontrou o olhar duro e ao mesmo tempo apreensivo de Jason.

- Eu não podia deixar ele escapar.

- Eu posso ficar aqui o dia inteiro ouvindo as suas justificativas, Christian. Mas nós dois sabemos que você precisa de um tempo. Talvez passar por uma avaliação psicológica.

Christian riu com desdém.

- Você me conhece o bastante para saber que eu não vou deitar em um divã e ficar tagalerando sobre os meus problemas.

Jason recostou na cadeira e bufou.

- Você serve a mim, Christian. E a forma como você está conduzindo as coisas, reflete diretamente sobre mim e a minha competência. E no momento, eu não me sinto a vontade sabendo que você está armado e fazendo merda atrás de merda.

Christian sabia aonde Jason queria chegar. Então, ele deixou de lado a sua arrogância e baixou a guarda.

- Por favor, Jason. Não me manda para casa. Eu vou enlouquecer. Eu posso fazer isso, eu posso voltar a ser o que eu era. Um policial exemplar.

Jason levantou, deu a volta na mesa e colocou a mão no ombro de Christian.

- Você ainda não superou a morte do Gabriel. Você não enfrentou o luto como deveria. Você não absorveu a sua perda. Já tem três anos e você ainda não disse adeus ao seu filho, Christian. Isso está te matando e você está levando todos nós nesse processo de auto destruição.

Christian sentiu os olhos arderem e seu lábio inferior tremeu levemente. A pressão da mão de Jason em seu ombro o confortou. Ele fez o mesmo no funeral de Gabriel. Um aperto firme e silencioso que valia mais do que mil palavras.

Christian abaixou a cabeça.

- Eu estou me afogando, Jason.

- Eu sei. E é meu dever te trazer de volta para a superfície. Você terá uma última chance antes de ser afastado por problemas pessoais.

Christian ficou esperançoso e ao mesmo tempo desconfiado. Ele encarou Jason.

- A que preço?

- Oliver será o oficial em comando.

- Eu não vou receber ordens de um viado!

- É pegar ou largar. Você decide. O viado salvou a sua vida hoje. Tenha um pouco mais de gratidão e respeito pelo seu parceiro.

No refeitório do Departamento, Oliver almoçava sozinho em uma das várias mesas de seis lugares. As outras mesas estavam cheias, e Christian cercado por policiais, parecia querer voar no pescoço dele a qualquer momento.

Oliver também tinha estado com Jason e dado a sua versão do caso. Ele soube que Christian está passando por problemas pessoais. Perdeu um filho de cinco anos e o casamento não vai bem.

Oliver não viu aliança na mão de Christian. Não imaginava que ele era casado. Jason o colocou a frente das operações, e Oliver teria que enfrentar a fúria do parceiro.

Christian mal tocou na comida. Oliver estava entalado na sua garganta. No primeiro dia o filho da puta tomou o seu lugar de supervisor de turno.

- Ei, Christian. - Brooklin um loiro de olhos verdes, chamou a atenção do colega de trabalho. - O novato se saiu bem.

- Isso não vai ficar assim. Eu vou colocá-lo no seu devido lugar.

- Que seria onde? - Wes perguntou rindo.

Christian não respondeu. Em sua mente atormentada, ele procurava uma forma de reaver o seu posto de primeiro oficial. Nem que para isso tivesse que dar um fim em Oliver. Policiais morrem todos os dias.

Oliver dirigia a viatura, e Christian ao seu lado, soltava fogo pelas ventas.

- A culpa não é minha, Christian.

- Não fale comigo aberração.

- Parece que você já tem problemas demais. Não faça da nossa parceria algo mais difícil que já é.

- Eu não vou facilitar para você.

- É uma pena. Porque eu também posso ser extremamente esnobe e arrogante.

Christian olhou para Oliver.

- Tipos como você não duram muito por aqui, são uma vergonha para a corporação.

- Vergonha é um policial desequilibrado estar na ativa só porque o chefe tem pena dele.

Christian levou a mão na arma.

- Repita isso.

- Não é necessário. Você me entendeu.

O rádio comunicador piscou.

- Três, dois, quatro. Possível assaltante na Sunset Boulevard, 321.

Oliver respondeu o chamado.

- Três, dois, quatro a caminho.

Christian ganhou um olhar duro de Oliver.

- Apenas siga as minhas ordens.

Christian estremeceu de puro ódio.


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