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Capítulo 8

Após cumprirem um mandado de busca e apreensão na casa de um dos maiores traficantes de drogas de Los Angeles, Christian e Oliver foram chamados para uma ocorrência de assalto a mão armada, com possíveis reféns.

Em frente a famosa joalheria Tiffany & Co, localizada na Rodeo Drive, já tinha outras equipes de polícia, e Jason conduzia as negociações com os três assaltantes.

Na equipe de suporte, Christian e Oliver ficaram juntos ao cordão de isolamento. Através da porta e janelas de vidro blindado, era possível ver funcionários e clientes da loja deitados no chão e na mira de fuzis. Caos, pânico e gritaria.

Jason não estava avançando nas negociações. A prioridade é sempre a vida das vítimas. O assaltante que se apresentou como Big Mike era o chefe da quadrilha formada por mais dois meliantes. Ele exigia a presença da imprensa e um helicóptero para fuga. Duas coisas ridículas. No entanto, a imprensa já estava no local.

Jason abriu o mapa da planta da loja sobre o capô de uma das seis viaturas presentes no local. Ambulância e paramédicos também aguardavam o desfecho do caso.

Cercado por policiais, Jason procurava por uma saída. Minutos antes o prefeito já tinha dado o sinal verde. Se preciso, os criminosos não deveriam ser poupados.

Sob o sol escaldante, Christian sentia os efeitos da ressaca. A cabeça doía e o estômago embrulhava. Ele olhou para a garrafa de água gelada na mão de Oliver, mas se recusou a pedir um gole. Preferia morrer de sede.

Atento a movimentação dentro da loja, Oliver estendeu a garrafa de água para Christian.

- Beba, antes que você desmaie.

- Eu não quero pegar alguma doença.

Oliver virou a cabeça para o lado e olhou para Christian. Não era a hora e nem o lugar para uma discussão, mas aquilo foi a gota d'água.

- Homossexualidade não é doença.

- Ninguém vai me convencer do contrário.

- Doença é a sua homofobia. Aliás, eu vi a forma como você me olhou no chuveiro. Você não passa de um enrustido de merda.

A primeira reação de Jason e de todos os outros policiais, foi incredulidade. No meio de uma negociação com reféns, Christian e Oliver rolavam no chão trocando socos e pontapés.

A briga acirrada entre os dois policiais de porte físico acima da média, evoluiu rapidamente para um embate violento e sangrento.

Jason e o resto da equipe formaram um círculo em volta de Christian e Oliver, e com muito esforço, conseguiram separar os dois. Os flashes da imprensa dispararam por todos os lados.

Puto da vida, Jason deu a ordem:

- Algeme os dois, e jogue eles em uma cela no Departamento.

Christian e Oliver tentaram resistir as algemas. Jason pegou Christian pelo colarinho da camisa e o enquadrou contra a viatura. Ele vociferou:

- Eu te avisei, Christian! Você acabou de jogar a sua vida no lixo!

Christian se debateu, tentando se soltar.

- Foi ele quem começou!

Jason olhou para Oliver que estava sendo colocado dentro da viatura, e voltou a fuzilar Christian.

- Esse espetáculo vai sair caro. A partir do momento que eu mando e não sou obedecido, é porque eu não estou fazendo o meu trabalho direito.

Jason deu um tapinha de leve no rosto de Christian e sorriu.

- Assim que eu terminar aqui e voltar para o Departamento, você vai descobrir que estava no céu e não sabia, Christian.

Jason olhou para Brooklin.

- Sem água, sem comida e sem atendimento médico.

- Sim, chefe.

Jason retomou as negociações. Se falhasse, estaria ainda mais fodido.

Christian e Oliver foram colocados em celas separadas, e ainda assim, trocavam xingamentos através da grade de proteção. Os dois sangravam pela boca e nariz, e suas armas foram apreendidas.

O policial do turno, Gabriel Tanner, bateu com o cacetete na grade.

- Já chega dessa lavação de roupa suja, meninas. Jason vai comer o rabo de vocês dois por má conduta, falta de ética, desrespeito, irresponsabilidade, interferência e agressão. Guardem suas energias para quando o chefe voltar.

Christian sabia que estava na merda, mas ainda assim, ele não recuou.

- Vocês não podem me prender! Isso é abuso de autoridade! Eu tenho os meus direitos!

- Quer que eu ligue para a Mel?

"Era só o que faltava." Christian pensou.

- Não.

- Então, fica quietinho na sua cela.

Oliver sentou no chão da cela e cuspiu sangue. O corte no lábio inferior doía muito. Ele limpou o nariz na manga da camisa suja e rasgada. Oliver nunca foi agressivo, mas Christian conseguiu tirar ele do sério.

Sua arrogância e prepotência são grandes demais para deixar passar em branco. Em um momento de fúria, Oliver colocou tudo a perder. Todos os anos que sofreu para se tornar um policial civil exemplar, foram jogados fora por causa de um homofóbico filho da puta. O estrago que fez no rosto negro de Christian, era o seu único consolo.

Como um animal selvagem enjaulado, Christian andava de um lado para o outro na cela. De vez em quando ele lançava um olhar raivoso para Oliver, a fonte da sua desgraça iminente. Jason não seria tão piedoso dessa vez. Se tem uma coisa que o chefe leva muito a sério, é a sua liderança.

Anoitecia quando Jason retornou para o Departamento. Foi necessário colocar em prática todos os seus vinte e cinco anos de experiência como policial para conseguir um desfecho favorável nas negociações. Os assaltantes se renderam e os reféns foram liberados sem ferimentos.

Jason estava exausto e ainda precisava lidar com Christian e Oliver. Os dois são excelentes policiais e não podem ser dispensados. Não importa quem começou a briga, Jason colocaria um ponto final nas diferenças entre Christian e Oliver. Um sorriso divertido surgiu nos lábios do Chefe de Polícia, ao ter uma ideia brilhante.


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