Um ano depois...
Jason como padrinho de casamento, os presenteou com uma semana de licença do trabalho. Christian e Oliver não pensaram duas vezes antes de fazerem as malas, e deixarem o agora mobiliado apartamento de frente para a praia de Santa Mônica, para passarem alguns dias no frio do Alasca e na companhia de Ben.
Como não poderia ser diferente, o reencontro foi em clima de festa, a confirmação de que o tempo não apaga, e a distância não diminui os laços sólidos de uma amizade verdadeira.
Sem cerimônia, como um pai orgulhoso, Ben abr
Christian acordou com um dedo dentro da sua boca e um corpinho quente em cima dele. Antes mesmo de abrir os olhos negros, Christian colocou as mãos nas costas da filha, impedindo Vicky de cair da cama.- Papai. - Vicky tirou o dedo de dentro da boca do pai. - Olli disse que vamos passar o dia na casa da tia Mel!Diante da animação infantil da filha de seis anos, Christian riu e abriu os olhos. Ele deu de cara com um par de olhos escuros brilhantes, bochechas fofas, uma narizinho delicado e uma boquinha em formato de coração. Os cabelos castanhos escuros de Vicky estavam soltos e volumosos, emoldurando o seu lindo rosto negro.Christian ganhou um sorriso de janelinha, deu um longo beijo na bochecha da filha e a apertou em seus braços. Vicky riu e soltando o peso do seu corpinho quente, abraçou o pai.Para Christian, ser acordado por Vicky enquanto Oliver prepara o café da manhã enchendo a casa com o delicioso c
Eram três horas da madrugada e Christian bebia desde o anoitecer. Dispensando o copo, ele agora bebia diretamente da garrafa, e um tremor involuntário percorreu todo o seu corpo enquanto o uísque descia como uma bola de fogo até o seu estômago vazio.Limpando a boca com o dorso da mão, Christian se perguntou por que ainda não estava completamente bêbado. Deveria estar, julgando pela garrafa quase vazia. O álcool sempre foi capaz de afogar as suas mágoas e apagar da sua mente qualquer raciocínio coerente.Mas o efeito desejado não aparecia. Christian fechou os olhos, e apesar de uma leve tontura, as lembranças do funeral do seu filho lhe afloraram na mente com nitidez.Embora já tenha passado três anos, Christian ainda revive aquele dia fatídico como se dormisse e acordasse dentro de um pesadelo sem fim.Gabriel tinha apenas cinco anos quando foi diagnosticado com leucemia aguda. Depois de dois meses de hospita
Christian passou os últimos doze anos trabalhando no Departamento de Polícia de Los Angeles, atuando na Força Policial Civil Municipal, sendo subordinado da Prefeitura e do Chefe de Polícia, Jason Sullivan.Aproximadamente dez mil policiais, como ocorre nas demais forças policiais dos municípios norte americanos, cobrem uma área de 1.230 km², com uma população de mais de quatro milhões de pessoas.É a terceira maior força policial dos Estados Unidos, atrás apenas do Departamento de Polícia de Nova Iorque e do Departamento de Polícia de Chicago.Além do Gabinete do Chefe de Polícia, o prédio de cinco andares do Departamento inclui uma Divisão de Serviços Administrativos e a Divisão de Operações Especiais e Anti-Terrorismo.
Christian entrou no estacionamento coberto onde fica as viaturas. Ele viu Oliver esperando por ele e o ignorou por completo. O novato o seguiu até o carro e os dois entraram no veículo em silêncio, não trocaram uma palavra até Christian ganhar as movimentadas ruas de Los Angeles.Oliver não deixou de notar os bíceps musculosos, os braços cobertos de tatuagens e as mãos grandes e fortes que seguravam o volante.Discretamente, ele desceu os olhos azuis para as coxas grossas e o volume considerável do seu parceiro. O cheiro da loção pós barba e o desodorante masculino que Christian usava, fez Oliver respirar fundo.Mas o que realmente chamou a sua atenção, foi o rosto de Christian. Com traços másculos e perfeitamente em harmonia, como se tivesse sido desenhado a mão pelo mais experiente dos pintores. A pele negra é lisa e uniforme, sem imperfeições.Durante a reunião, Oliver encontrou um par de olhos negros e sel
Enquanto dirigia pelas ruas charmosas e ensolaradas de Los Angeles, Christian tentava se concentrar no seu trabalho e não na sua vida fodida.A perda do filho, o casamento fracassado, Mel não perdendo uma oportunidade de jogar na sua cara que ele é um alcoólatra, seu chefe pegando no seu pé, e por fim, mas não menos importante, um parceiro gay.Christian deu um suspiro profundo e olhou para o lado com desgosto. Oliver olhava para frente. Ele parecia atento a qualquer irregularidade no trânsito ou nas ruas, e ao mesmo tempo, os olhos azuis brilhantes pareciam distantes e vazios.Christian provocou.- Virou policial para ficar cercado de homens de farda?Oliver não respondeu a provocação.- Tem fantasia com homens fardados e musculosos? - Christian, não satisfeito, foi mais longe. - Gosta de ficar de joelhos e chupar outro cara? Isso é humilhante. Você, assim como todos os outros viados, são u
Christian teve que reportar o incidente ocorrido durante a abordagem policial. Jason como sempre, já estava a par do acontecimento. Na sala do chefe, Christian ficou em pé, com as pernas afastadas e as mãos para trás.Jason sentado na cadeira de couro preto, atrás da mesa abarrotada de inquéritos policiais, observava o seu subordinado.Ele disse sério:- Sabe o que eu acho, Christian? Que isso não foi um ato imprudente da sua parte. A verdade, é que você está procurando a morte em cada esquina e isso me preocupa.Christian manteve o olhar fixo na parede branca acima de Jason.- Eu só estava fazendo o meu trabalho.- Você sabe que não se faz uma perseguição a um suspeito armado sem reforços. Você poderia ter sido baleado.Christian engoliu em seco e abaixou a cabeça lentamente. Ele encontrou o olhar duro e ao mesmo tempo apreensivo de Jason.- Eu não podia deixar ele escapar.
Mel chegou em casa, e como sempre, encontrou Christian bebendo. Ele ainda estava de farda e sentado no sofá, assistia televisão. Mel soube que tinha tomado a decisão certa ao passar no mercado. Pela feição sombria, Christian tinha tido um dia de cão.Mel levou as sacolas de compras para a cozinha e as colocou em cima da mesa. Ela guardou os itens de geladeira e ao retornar para a sala, disse secamente:- Eu comprei o seu pão.Christian não desviou o olhar da TV.Depois de uma tarde inteira sob o comando de Oliver, ele não estava para brincadeira.Durante o jantar, o único som que se ouvia na cozinha era o dos talheres e copos. Mel reparou na bochecha de Christian.- Dia ruim?- Todos os meus dias são ruins, Mel.- Os meus também. Tem uma névoa dentro da minha cabeça e uma neblina diante dos meus olhos. Nada faz sentido.Christian ergueu os olhos escuros do prato de maca
Christian chegou no Departamento de Polícia e foi informado que Oliver estava no banho. Os policiais veteranos tinham batizado ele com ovos e farinha de trigo. Christian ficou irritado com tamanha infantilidade.Oliver não era nenhum novato como ele mesmo pensava. No primeiro dia de trabalho o viadinho provou que não treme na base.Ele estava demorando para se embonecar, e eles tinham um mandado de busca e apreensão para cumprirem.Disposto a ter um confronto direto com Oliver, Christian foi em direção ao banheiro coletivo no primeiro andar. De má vontade, ele cumprimentou alguns oficiais no caminho.Christian abriu a porta do banheiro e passou pelos armários numerados, os bancos de madeira e foi em direção aos chuveiros. Cada um é separado apenas por uma parede de um metro e meio de altura.Ele particularmente nunca tomou banho no trabalho. Não importa o quanto esteja sujo e suado, ficar pelad