Mel chegou em casa, e como sempre, encontrou Christian bebendo. Ele ainda estava de farda e sentado no sofá, assistia televisão. Mel soube que tinha tomado a decisão certa ao passar no mercado. Pela feição sombria, Christian tinha tido um dia de cão.
Mel levou as sacolas de compras para a cozinha e as colocou em cima da mesa. Ela guardou os itens de geladeira e ao retornar para a sala, disse secamente:
- Eu comprei o seu pão.Christian não desviou o olhar da TV.
Depois de uma tarde inteira sob o comando de Oliver, ele não estava para brincadeira.Durante o jantar, o único som que se ouvia na cozinha era o dos talheres e copos. Mel reparou na bochecha de Christian.
- Dia ruim?- Todos os meus dias são ruins, Mel.
- Os meus também. Tem uma névoa dentro da minha cabeça e uma neblina diante dos meus olhos. Nada faz sentido.
Christian ergueu os olhos escuros do prato de macarronada e olhou para Mel. Ele compartilhava da mesma sensação de vazio e desesperança.
- Eu acho que Jason vai me afastar e me m****r para o psicólogo do Departamento.- Eu estou perdendo clientes, e como consequência, perdendo credibilidade e dinheiro.
Diante de suas dores e angústias, Christian e Mel trocaram um sorriso tímido.
- Nós dois desempregados e dentro de casa, um vai matar o outro. - Mel disse melancólica.Christian afastou o prato de comida, pegou a latinha de cerveja e com um gole, bebeu todo o resto. Ele recostou na cadeira e com o olhar perdido, confessou:
- Eu tenho muito medo de enlouquecer.Mel passou a língua pelos lábios ressecados. Sempre tem que ter cuidado para falar com Christian quando ele raramente se abre. Uma palavra dita de forma errada e ele volta a se fechar dentro da sua bolha.
- Eu acho que será melhor para nós dois se oficializarmos o divórcio, Christian. Não existe mais nada entre nós. Não faz sentido continuarmos com isso. Eu pensei bem, e eu vou priorizar a minha saúde mental.
Christian encarou Mel. Ele estreitou os olhos, pronto para reinvindicar os seus direitos.
- Eu não vou sair do apartamento.Mel suspirou.
- Eu sei. Eu vou sair e dar entrada no processo de divórcio. Eu não vou brigar com você, Christian. Eu estou cansada demais para isso. Já vai ser de grande ajuda não precisar...- Me ver todos os dias. - Christian completou a frase que Mel não teve coragem de terminar. - Por mim tudo bem.
- Ótimo. Eu vou começar a procurar uma casa menor.
- Você pode levar tudo. Menos as coisas do Gabriel.
Mel olhou para Christian com tristeza.
- Ele se foi. Ele não vai voltar. Devemos ficar com algumas coisas e doar o resto.Christian deu um soco na mesa e gritou:
- Nunca!Assustada, Mel recuou até o encosto da cadeira. Era um assunto delicado e Christian estava bêbado demais para enxergar um palmo da realidade bem debaixo do seu nariz.
- Está bem. Falaremos sobre isso uma outra hora. Quando você estiver se sentindo melhor.Christian levantou e com as pernas pesadas, ele cambaleou.
- Nós não vamos mais tocar nesse assunto. As coisas do meu filho não vão sair dessa casa.Resignada, Mel levantou, e passando um braço em volta da cintura de Christian, o levou para um dos quartos de hóspedes. Ela o deitou na cama e começou a tirar a sua farda.
- Vai dormir sem banho outra vez.Christian se acomodou entre os travesseiros.
- Eu tomei banho de manhã.Mel não levou a conversa adiante.Ela ajoelhou na cama ao lado do futuro ex-marido e começou a abrir os botões da camisa azul marinho. Não era algo que Mel gostaria de estar fazendo, mas Christian já estava muito além do fundo do poço.
Christian olhou para Mel. Seus dedos quentes e macios deslizavam pelo seu corpo a medida que ela abria a sua camisa. Mel estava com os cabelos soltos e a fina camisola branca de seda, revelava que ela estava sem sutiã.
Os mamilos evidentes por baixo do tecido macio e quase transparente, fez Christian levar a mão até um dos seios fartos e firmes de Mel. Chocada, ela parou o que estava fazendo e olhou para ele com olhos arregalados.
- O que está fazendo?!
- Tocando a minha mulher.
Christian respondeu com naturalidade e apertou um pouco mais o seio de Mel. Ele gemeu excitado.
- Eu quero te foder.Mel pegou Christian pelo pulso e afastou a mão dele. Seu seio ficou dolorido com o aperto forte.
- Eu não quero você, Christian.- É só sexo.
- Eu não quero.
Christian deixou o braço cair ao longo do seu corpo.
- Sai daqui. Me deixa em paz.Rapidamente Mel se afastou e ficou em pé ao lado da cama.
- Eu espero que você encontre a medida de paz que tanto procura."Eu também espero." Christian pensou e fechando os olhos, apagou em questão de minutos.
O apartamento que Oliver alugou de frente para a praia de Santa Mônica ainda era uma bagunça de caixas de papelão e móveis para montar. Embora pequeno e com um aluguel caríssimo, Oliver se apaixonou pelo lugar.
Não vai sobrar muito do seu salário de policial, mas a vista da praia com restaurantes, quiosques e lojinhas pela redondeza dão um toque a mais para o local e a visão noturna da roda gigante iluminada não tem preço.
Enquanto preparava uma refeição rápida, Oliver colocou o colchão no meio da sala. Ele precisava arrumar tempo para se instalar. A julgar pelo seu primeiro dia de trabalho, não sabe ao certo se vai permanecer em Los Angeles por muito tempo.
Já teve parceiros homofóbicos, mas ninguém igual a Christian. Ele é uma bomba relógio prestes a explodir a qualquer momento.
Christian chegou no Departamento de Polícia e foi informado que Oliver estava no banho. Os policiais veteranos tinham batizado ele com ovos e farinha de trigo. Christian ficou irritado com tamanha infantilidade.Oliver não era nenhum novato como ele mesmo pensava. No primeiro dia de trabalho o viadinho provou que não treme na base.Ele estava demorando para se embonecar, e eles tinham um mandado de busca e apreensão para cumprirem.Disposto a ter um confronto direto com Oliver, Christian foi em direção ao banheiro coletivo no primeiro andar. De má vontade, ele cumprimentou alguns oficiais no caminho.Christian abriu a porta do banheiro e passou pelos armários numerados, os bancos de madeira e foi em direção aos chuveiros. Cada um é separado apenas por uma parede de um metro e meio de altura.Ele particularmente nunca tomou banho no trabalho. Não importa o quanto esteja sujo e suado, ficar pelad
Após cumprirem um mandado de busca e apreensão na casa de um dos maiores traficantes de drogas de Los Angeles, Christian e Oliver foram chamados para uma ocorrência de assalto a mão armada, com possíveis reféns.Em frente a famosa joalheria Tiffany & Co, localizada na Rodeo Drive, já tinha outras equipes de polícia, e Jason conduzia as negociações com os três assaltantes.Na equipe de suporte, Christian e Oliver ficaram juntos ao cordão de isolamento. Através da porta e janelas de vidro blindado, era possível ver funcionários e clientes da loja deitados no chão e na mira de fuzis. Caos, pânico e gritaria.Jason não estava avançando nas negociações. A prioridade é sempre a vida das vítimas. O assaltante que se apresentou como Big Mike era o chefe da quadrilha formada por mais dois meliantes. Ele exigia a presença da imprensa e um helicóptero para fuga. Duas coisas ridículas. No entanto, a imprensa já estava no local.
Jason parou diante da cela e colocou as mãos no bolso da calça social preta. Ele lançou um olhar de advertência para Christian e Oliver. Um sinal claro que não admitia qualquer desculpa ou justificativa pelos atos impensados dos dois policiais.- Eu não quero saber quem começou a briga ou o porque. - Jason lançou um olhar significativo para Christian. - O que vocês fizeram hoje foi imperdoável. Eu estou muito desapontado. Com você principalmente, Oliver.Oliver abriu a boca para falar, mas foi severamente repreendido com apenas um olhar duro e cortante de Jason.- Como consequência da falta de ética e profissionalismo dos dois, vocês vão ser severamente punidos.Christian conhecia muito bem aquele sorriso diabólico de Jason. Sorriso de quem estava prestes a jogar merda no ventilador. Com a sua carreira por um fio, Christian estava disposto a ouvir o que Jason tinha a dizer.Ele só não imaginava
Christian não demorou um minuto para fazer uma vistoria no minúsculo chalé que ficaria pelos próximos trinta dias.Um quarto, uma cama de casal, um guarda roupa de madeira embutido, banheiro com azulejos e pisos brancos, sala com lareira, um sofá de couro preto e uma cozinha com pia, fogão, geladeira e uma mesa de dois lugares.O interior do chalé é revestido de madeira na cor mogno e as janelas de vidro dão uma ampla visão para as montanhas cobertas de neve. Sem TV, sem sinal de internet, sem sinal de celular, sem o mínimo de conforto, privacidade ou entretenimento.Christian parou na sala e colocou as mãos na cintura. Ele estava muito bravo. Jason planejou tudo nos mínimos detalhes. Não bastava a suspensão de trinta dias sem salário. Não, ele tinha que foder com a vida dele.Mel recebeu a notícia com falsa preocupação, e provavelmente usaria isso contra ele no processo de divórcio.Inconforma
Devido ao frio extremo, Oliver acordou várias vezes durante a noite, e em todas elas precisou ir ao banheiro fazer xixi. Ele usou a lanterna do celular e tentou não fazer barulho. Mas quando usou o banheiro pela terceira vez teve que dar descarga. Ao voltar para o quarto e clarear a cama com a lanterna, Christian estava acordado.Oliver se enfiou debaixo do edredom e apagou a lanterna.- Eu não consigo dormir. Está muito frio.- Que horas são?- Três e quinze.Christian suspirou no escuro. Ele tentou dormir novamente.- Christian?- O que é agora?- Eu posso ficar debaixo do seu edredom?- Não.Oliver realmente estava tremendo de frio. Ele não imploraria, se não estivesse.- Por favor.Christian perdeu a paciência. Ele virou de lado, esticou o braço e acendeu a luz. Oliver olhou para
Após o café da manhã reforçado, Christian e Oliver foram apresentados aos guias turísticos e não tiveram problemas em seguir o protocolo de segurança do Parque Nacional Denali. Como policiais, era só manter os olhos abertos. O número de visitantes locais e turistas era considerável, e Ben não tinha exagerado quanto as crianças. Elas corriam por toda a parte.Christian ficou encarregado de checar o uso correto do colete salva vidas laranja com faixas verdes fluorescentes. O navio de cruzeiro estava ancorado no cais e pronto para partir.Ben se aproximou da rampa de embarque e alertou.- Cuidado redobrado nas barras de proteção. Os turistas se inclinam para tirar fotos das paredes de gelo, dos animais marinhos e não é raro de acontecer de alguém se desequilibrar e cair na água.Christian franziu a testa negra. Estav
Christian empurrou Oliver contra a parede ao lado da porta do chalé, colocou uma mão na sua nuca, outra na cintura e o beijou com violência. Ele suspirou ao sentir o calor e a maciez da boca de Oliver.E claro, ele entreabriu os lábios carnudos sem hesitação. Apesar dos dois estarem com gosto de peixe, o beijo ardente ficou mais intenso e profundo.Oliver sentiu a língua grande e macia de Christian invadir a sua boca com vontade. O beijo dele é violento, a puxada de mão na sua nuca o obriga a colar o rosto no dele e a sua barba por fazer o arranhava.Apesar de estar excitado ao extremo, Oliver também estava um pouco desapontado. Christian não encostou o corpo nele e nem o tocou em nenhum outro lugar. Apenas pressionava uma mão na sua nuca e a outra levemente na sua cintura.Oliver não sabia aonde poderia toca-lo, sem que ele se sentisse incomodado e parasse o beijo. Com uma certa hesitação, Oliver levou as dua
Enquanto servia o jantar, Ben disse animado:- Foi um ótimo dia. Sem acidentes.Christian encarou Ben.- Eu acho um absurdo sem tamanho a entrada de crianças no parque.- Temos atividades infantis.- Nada justifica. Deveria ser proibida a entrada de crianças menores de doze anos. Um risco desnecessário para o parque e principalmente para as crianças.Christian e Ben começaram uma discussão acalorada, cada qual defendendo o seu ponto de vista.Oliver achou melhor não se meter. Christian estava com o instinto protetor à flor da pele, e Ben defendia ferozmente seu negócio lucrativo.Oliver olhou para os dois cobertores dobrados sobre o sofá. Ele não teria uma desculpa esfarrapada para se enfiar nos braços de Christian durante a noite. A discussão continuava.De volta ao chalé, Christian pegou a garrafa de uísque e sentou no sofá de frente para a l