Recuo o beijo e aceno pro Dani, ele faz o mesmo e então entro no banco da frente do carro da minha mãe.
— Vejo que o dia foi bom — comentou ela em desdém.
Enquanto eu colocava o sinto de segurança, pensava rapidamente em uma resposta. O carro já estava em movimento.
— Foi sim, eu... aprendi a dirigir.
— Como? — Ela pisou no freio bruscamente, fazendo um som alto.
— Isso, eu aprendi a dirigir.
— Legal. — Ela voltou a conduzir o carro de forma normal, mas eu sabia que ela estava furiosa por dentro.
Sabe, diário, minha mãe, desde cedo, disse que eu nunca iria aprender a dirigir e que se eu quisesse aprender, teria que fazer isso sozinha e jamais poderia usar o carro dela. Na realidade, nunca e
— Foi, mas nunca mais use meu carro. Você acabou com os meus pneus. Conti ao máximo uma risada. Ela tinha razão. Eu mesma peguei minhas malas pra não ter que me despedir da minha mãe. Passar férias com ela foi muito desagradável. A melhor parte de todos esses dias de férias, sem dúvida, foi a festa da Carol. Se eu não tivesse ido nessa festa, jamais teria beijado o Dani. Entrei no colégio e caminhei até meu quarto. Hoje parecia novamente meu primeiro dia de aula. Só que agora já estou acostumada com o caminho. Nada mais nesse colégio me parece estranho. Conheço várias das pessoas que passam por mim e acho que por tantas coisas idiotas que já fiz por aqui, comecei a ficar popular. A maioria das pessoas me cumprimenta dizendo: "Oi, Hello Kitty", "como vai, Ale?
Demorou um tempo até eu realmente acreditar que Geovanna — uma das minhas melhores amigas — estivesse mesmo na minha frente com um largo sorriso, provavelmente pensando a mesma coisa que eu nesse momento. Claro que no fim, tudo acabou do mesmo jeito: um abraço apertado. — Sandrinha! — exclamou ela durante nosso abraço prolongado. Acabei soltando uma risadinha com o apelido. Fazia muito tempo que alguém não me chamava assim — e que quase me enforcasse durante um abraço. — Achei que não viria, mas você não sabe o quanto eu to pirando por ver você aqui — disse mantendo aquele largo sorriso no rosto. — Como não vir? Estava ansiosa pra te reencontrar. — Sendo assim, vem! Entra lo
— Joga água em mim porque eu estou pegando fogo! — gritou no meu ouvido histericamente. — Alessandra, ele é lindo! Aliás, ele é muito gostoso. Quer dizer, olha esses lábios! Amiga, me perdoa, mas se você não tivesse a fim dele, eu daria um jeito de invadir a casa desse garoto e beijaria como nunca fiz com ninguém! Com tanta vontade que eu morreria por falta de ar! E você deveria fazer o mesmo. Vai deixar uma chance dessas passar? E os olhos dele? São perfeitos. É óbvio que ele tem namorada... Nenhum tipo de garoto desse é solteiro. — Depois de todo esse seu discurso, acha que eu tenho chance? — pergunto com um certo tipo de esperança. — É... talvez. — Talvez? — Lá se vai toda minha esperança.
— Tudo bem. Mas só por alguns minutos — cedi. Ele segurou minha mão e me levou pra sua casa. Durante o curto caminho, olhei pra trás e vi a Geovanna acenando e dando uma piscadela. Sinceramente, diário, me deu vontade de dar um soco naquela carinha maquiada dela por ter feito isso comigo. O bom é que verei minha ruivinha novamente, mas isso ainda não me impede de querer matar a Geo. Sabe, diário, as vezes adoro lembrar o quanto minha ruivinha é uma fofa. Ela é tão ruiva quanto o Ícaro, só que tem olhos azuis. Dá vontade de enforcar aquela garotinha num abraço de tão fofa. Ícaro pegou as chaves e começou a destrancar e a abrir a porta. Subimos as escadas silenciosamente até o quarto dela e quem abriu fui eu. Ela estava brincando
— Sempre estou, fofinha. Quando é o encontro? — Depois do almoço, uma hora da tarde. E isso não é um encontro. Ela olhou o relógio, apressada e já eram meio-dia. — Amiga, precisamos te arrumar depressa. Você tem que estar sexy nesse encontro. — Já te disse várias vezes que não é um encontro! — Do mesmo jeito você precisa fazer ele ficar babando. Geo nem me deixou dizer que sim ou não, apenas me puxou pra dentro de seu closet e começou a procurar uma roupa decente entre milhares.★ Eu me sentia muito estranha. Ela me fez vestir: > Um short jeans escuro
Nossos rostos estavam se aproximando. Olhos se fechando... Não! Alessandra, não faça isso! Para agora! — É melhor eu ir embora — anunciei de repente e me levantei antes que ele me impedisse. — Peraí, fica — pediu ele um tanto aturdido. — Dani, eu preciso ir. — Mordisquei o lábio inferior, tentando pensar numa desculpa. — Você não pode...? — Ele também se levantou. — Senta aí e me espera. Ele saiu antes que eu pudesse responder. Eu queria negar, mas ele nem me deixou escolher. Aonde ele iria? Cada vez mais esse garoto me assusta. Eu não deveria ter chamado ele de lindo. Eu não deveria ter exposto meus sentimentos não confirmados desse jeito. E se ele tentar me
Levantei-me. Ele pareceu estranhar meu ato. Fiquei atrás dele e me abaixei até que minha boca estivesse em seu ouvido. O que acha de brincarmos um pouco, diário? Vamos brincar com os sentimentos dele? Quero saber o que ele vai fazer. — Você acha que é o único que pode me seduzir? — sussurrei bem baixinho em seu ouvido. Ele sorriu. Pareceu entender o que eu queria. — Está enganado — digo por fim. Pela primeira vez eu estava beijando seu pescoço. Agora quero ver como ele reage com as posições trocadas. Agora era minha vez de vê-lo corado por minha causa. A Geovanna vai ficar muito feliz em saber que pela primeira vez estou seduzindo o garoto de olhos verdes. Tudo bem que vou ficar com perfume masculino e isso já vai dar um certo t
— Tudo que eu preciso é de uma amiga. Socorro, Alessandra, eu estou gritando help a todo momento — diz ela com os olhos marejados. — Hãm… Vai ficar tudo bem — digo sem jeito por aquilo ter me pegado de surpresa. Ela sentou-se ao meu lado na cama depois de colocar sua taça quase vazia na cabeceira. Coloquei a minha taça junto da dela. — Minha vida é um lixo. — Ela começou a chorar em meus ombros. — Ale, eu quero um namorado. Tem anos que não consigo achar um garoto que me ame. Todos só me vêem como uma garota bonita. — Geo, as coisas não são assim. Vamos, você consegue arranjar alguém. Você é uma boa pessoa. — Eu queria tanto ser você