— Joga água em mim porque eu estou pegando fogo! — gritou no meu ouvido histericamente. — Alessandra, ele é lindo! Aliás, ele é muito gostoso. Quer dizer, olha esses lábios! Amiga, me perdoa, mas se você não tivesse a fim dele, eu daria um jeito de invadir a casa desse garoto e beijaria como nunca fiz com ninguém! Com tanta vontade que eu morreria por falta de ar! E você deveria fazer o mesmo. Vai deixar uma chance dessas passar? E os olhos dele? São perfeitos. É óbvio que ele tem namorada... Nenhum tipo de garoto desse é solteiro.
— Depois de todo esse seu discurso, acha que eu tenho chance? — pergunto com um certo tipo de esperança.
— É... talvez.
— Talvez? — Lá se vai toda minha esperança. — Nossa, obrigada pelo apoio — digo um tanto irônica.
— Fofinha, você precisa realizar os meus três passos antes de ficar com esperanças: primeiro, você precisa de maquiagem. Segundo, você precisa de sorte. Por último e não menos importante, você precisa de muito sutiã de enchimento.
— Sutiã de enchimento? — indaguei quase rindo daquela bobagem.
— Claro. Hoje em dia, os garotos gostam disso.
— E você usa?
— O tempo todo, querida.
— Então você fica...?
— Tentando chamar a atenção dos garotos? Estava meio na cara, não? É isso que sempre quero.
— Geo, dá pra abaixar um pouco esse seu fogo? Desculpa, mas você está falando como uma...
— Shhhhhhhhhhh! Eu sei no que você tá pensando. — Ela revirou os olhos. — É só que sei lá. Acho que meu fogo aumentou mesmo depois de ver a foto do seu futuro namorado. Você sabe que eu sou uma garota comportadinha. — A mesma faz uma expressão inocente.
Soltei uma gargalhada.
— Ele não é meu futuro namorado — digo soltando um suspiro de tédio. — E se está assim com tanto fogo, por que não desconta no seu braço? Acho que ele sente falta dos beijos que você dava nele toda noite.
De presente acabei recebendo um dedo do meio na cara, porém a mesma pareceu rir antes de beijar seu braço com vontade. Era tanta que ficou marcas vermelhas em toda extensão.
— Ei, ei, ei, pega leve, Geo. Não quero ver uma masturbação ao vivo não — falei, um tanto brincalhona.
Imediatamente Geovanna parou de estuprar seu braço e me fitou.
— Querida amiga chamada Alessandra. O tempo que eu me masturbava foi aos dezesseis anos e atualmente eu tenho dezessete, o que já faz muito tempo desde aquela época. Eu fiz um tratamento psicológico e hoje sou uma pessoa normal, então peço que não me lembre dos meus tempos de “problemas mentais” ou serei obrigada a te fazer lembrar do Ícaro
Ícaro. Chegou a hora de explicar pelo menos um pouco sobre ele. Resumindo em algumas palavras: ele é meu ex-namorado que eu amei de verdade e que me causou a pior decepção amorosa da minha vida (xingamentos à parte). Já deu para entender porque não gosto quando mencionam ele em qualquer tipo de conversa, não é, diário?
— Droga, você sabe que não gosto de falar sobre ele — digo com um pingo de raiva na voz.
— Ah, fofinha, foi mal. Força do hábito — diz ela enquanto limpava seu braço da saliva. — Agora, você tá sabendo que ele tá procurando por você?
— Dane-se. Ele me perdeu porque quis.
— Ui, Sandrina está r-e-v-o-l-t-a-d-a pelo jeito. — Ela pareceu rir. — Pode ficar calma. Eu e as meninas não falamos nada. Só que você sabe que ele mora nesse bairro, né? Toma cuidado pra não encontrá-lo por aí.
— Vou fazer o máximo pra não ver aquele babaca de novo.
— Eu sei que você está revoltada e tal, mas você tem tanta sorte... Digo, você está entrelaçada entre dois gatos que babam por você! — exclamou ela, tentando parecer divertida.
A encarei por um momento, pensando sobre o assunto.
— Não é verdade — falei por fim.
— Claro que é! O garoto de olhos verdes tem namorada, mas adora ter encontros com você. E o Ícaro? Nem preciso dizer nada, porque ele simplesmente continua louco por você.
— Não olho o Ícaro como uma opção — resmunguei um tanto brava, desviando o olhar do dela.
— Ah, fofinha, não vai me dizer que se esqueceu o jeito que ele te beijava que fazia seu pequeno coração quase sair pela boca ou das mordidas deliciosas que ele deva em seu pescoço? — relembrou ela um tanto sonhadora.
— Não esqueci, só que eu queria ter esquecido — digo ficando cada vez mais irritada com o rumo da conversa.
Geovanna percebeu em seguida que havia ido longe demais e então recuou:
— Ei, Ale, fique calma. Só estou brincando.
— Não dá pra ficar calma, Geo!
— Tudo bem, acho que foi um erro começar esse assunto. Quer passear um pouco comigo?
Respiro fundo e digo:
— Ok, acho que um pouco de ar fresco vai me fazer melhor.
★Dica 206 = Quando estiver nervosa, dê um passeio ao ar livre.★
Levantamos da sua cama e saímos de sua casa. Em poucos minutos estávamos caminhando pelas ruas ao qual eu sentia muita saudade. Todos os vizinhos que passavam por mim acenavam, sorriam ou me cumprimentavam, dizendo todos que me viram na televisão e que estavam contentes em me ver tão grande e blá-blá-blá.
— Agora que eu reparei — falou Geovanna de repente no meio do caminho.
— Do que está falando?
Ela ficou de frente pra mim e segurou meus ombros, obrigando-me a encará-la.
— O seu sutiã aumentou! — exclamou ela, botando um sorriso no rosto.
— Não acredito que você parou meu passeio relaxante pra me dizer isso!
A encaro séria por um momento, mas não resisto. Começo a rir juntamente com ela, sem acreditar naquilo.
— Não acredito que só percebi agora! Estou tão feliz por você estar cada dia mais gostosa! — disse ela já partindo para um abraço apertado.
— Me solta, sua louca — falei ainda rindo pela palhaçada.
Depois de mais alguns passos eu o vi. Ícaro estava no parque sozinho, sentado em um banco, parecendo distraído. Seus cabelos ruivos sendo agitados pelo vento. Fiquei torcendo pra que ele não me notasse aqui. Tão diferente. Tão forte. Tão gosto... O que estou pensando? Droga, isso é culpa da Geovanna que me fez ficar com esses pensamentos maliciosos. Vou bater nela depois.
★Dica 207 = Se uma pessoa te fizer ficar com pensamentos maliciosos, bata nela (com força, viu? Porque pensamentos são coisas difíceis de se esquecer depois).★
Ícaro se levantou do banco onde estava sentado e coincidentemente estava vindo em nossa direção (claro, eu deveria esperar por isso já que ele mora nessa rua e pra ele chegar em casa precisa passar por mim e Geo).
— Amiga, parece que você não tem sorte — comentou Geo enquanto ele se aproximava mais, mas ainda meio distraído.
— Não me diga. Eu já sei que sou o azar em pessoa — digo sentindo o desespero tomar conta de mim.
— O que está esperando? Vá falar com ele.
— Está louca?! — exclamei um tanto exasperada.
— Fofinha, eu sempre fui louca — foram suas últimas palavras antes de me empurrar e me fazer cair em cima da pessoa que eu não deveria ter caído: Ícaro.
Sinceramente, diário, as vezes não entendo a Geovanna. Primeiro ela me diz pra eu tomar cuidado pra não esbarrar com o Ícaro e agora... ela simplesmente me empurra pra cima dele. Vá entender.
Tudo que aconteceu foi só um esbarrão, só que isso fez quase meu coração pular da boca. Fazia muito tempo que não nos falávamos, ainda mais nos encontrarmos desse jeito.
— Alessandra...
Levo um tempo para respondê-lo. Quando o encaro, percebo que seus olhos escuros estão arregalados, possivelmente por me ver tão de repente.
— Sim, sou eu — digo um tanto seca, desviando o olhar do dele.
Dei-lhe as costas, já pronta para ir embora até que...
— Espera! — pediu ele, no instante em que eu ia fugir, me segurando para ter certeza de que eu não iria escapar.
— O que você quer comigo? — perguntei, soando irritada.
— Conversar.
— Mas eu não quero nenhum tipo de conversa com você.
— Por favor. Precisamos mesmo conversar.
— Não precisamos.
— Sim, precisamos.
— Não precisamos.
— Sim, precisamos.
— Eu posso ficar aqui o dia todo repetindo a mesma coisa — digo me soltando e cruzando os braços.
— Por favor, minha rockeira...
No segundo seguinte o Ícaro tentou me agarrar, passando as mãos por minha cintura. E aquele foi mais um momento em que meu coração quase saiu pela boca.
— Saí de mim, caramba! — gritei finalmente, empurrando-o para longe. — Não sou sua e não quero conversar com você!
— Pelo menos me escute... — implorou ele.
— Diga, mas mantenha distância — peço ainda brava.
★Dica 208 = Quando você estiver ao lado de um estuprador-idiota-agarrador-de-garotinhas-inocentes (mentira, ele não é um estuprador, exagerei), peça para que o mesmo mantenha distância. Nunca se sabe o que um cara desses pode tentar.★
— Tudo que você quiser. — Ele se afastou um pouco. — Pra começar, eu sinto muito. Eu te magoei e me sinto muito culpado. Todos os dias penso em você e no quanto é especial pra mim. Fiquei reprovado e estou refazendo o terceiro ano, porque em todas as aulas estive pensando em você. Não consegui me concentrar e sei que tudo aconteceu por culpa minha.
— Que bom — falo com ignorância. — Agora me diga quanto tempo demorou pra preparar esse discurso?
— Me deixe terminar: a Ingrid sente muita a sua falta, guarda todas as fotos que tiraram juntas e toda vez que olha pra elas começa a chorar. E com isso, me sinto mais culpado ainda por nosso namoro ter acabado tão depressa. — Ele suspira e vejo uma expressão melancólica transparecer por alguns segundos. — Eu preciso de você, Alessandra. Eu ainda te amo. Te amo muito mesmo e jamais faria algo daquele tipo de novo.
— Chega de drama — digo, revirando os olhos. Aquilo já estava me deixando cansada. — Não tenho tempo pra isso.
— Por favor, me deixe continuar te amando.
— Pode me amar o quanto quiser ou pelo menos dizer que me ama. Só não vai me ter de volta nunca mais, entendeu? Vai parar de encher meu saco agora? Você tem a Emily pra te fazer feliz, lembra?
★Dica 209 = Quer um jeito simples e fácil de fazer alguém parar de te encher o saco? Só ser grossa com ela.★
— A Emily não significa nada pra mim. Só você. A única garota que vejo em minha vida é você.
— Não vou voltar a ser sua namorada nunca. Você não merece.
Ele chegou perto de mim novamente.
— Então deixa eu tentar fazer com que eu te mereça de novo. Pelo menos só mais um beijo... — sussurrou ele e elevou meu queixo levemente com uma de suas mãos, se aproximando cada vez mais pra roubar-me um beijo.
— Chega! — gritei novamente, empurrando-o para que ele se afastasse. — Não quero mais você me iludindo desta maneira!
— Só um último pedido — disse o mesmo antes que eu fugisse. Parei por um momento, movida por minha curiosidade e o encarei, mantendo distância. — Deixe a Ingrid te ver. Só uma vez. Ela sente muito sua falta e hoje é aniversário dela.
Ingrid. A irmã mais nova dele. Ela me amava quando estávamos namorando e agora, talvez, imagino que ela esteja realmente sentindo a minha falta. Do jeito que ela é, sempre esteve falando a verdade quando dizia que queria que ficássemos juntos pra sempre. Coitada. Ainda penso na coitadinha. Eu deveria vê-la novamente? Não posso deixá-la chorando, seria crueldade da minha parte, ainda mais que é seu aniversário.
★Dica 210= Pense em todos ao seu redor, a todo o momento (ainda mais se for a irmã mega-fofa do seu ex).★
— Tudo bem. Mas só por alguns minutos — cedi. Ele segurou minha mão e me levou pra sua casa. Durante o curto caminho, olhei pra trás e vi a Geovanna acenando e dando uma piscadela. Sinceramente, diário, me deu vontade de dar um soco naquela carinha maquiada dela por ter feito isso comigo. O bom é que verei minha ruivinha novamente, mas isso ainda não me impede de querer matar a Geo. Sabe, diário, as vezes adoro lembrar o quanto minha ruivinha é uma fofa. Ela é tão ruiva quanto o Ícaro, só que tem olhos azuis. Dá vontade de enforcar aquela garotinha num abraço de tão fofa. Ícaro pegou as chaves e começou a destrancar e a abrir a porta. Subimos as escadas silenciosamente até o quarto dela e quem abriu fui eu. Ela estava brincando
— Sempre estou, fofinha. Quando é o encontro? — Depois do almoço, uma hora da tarde. E isso não é um encontro. Ela olhou o relógio, apressada e já eram meio-dia. — Amiga, precisamos te arrumar depressa. Você tem que estar sexy nesse encontro. — Já te disse várias vezes que não é um encontro! — Do mesmo jeito você precisa fazer ele ficar babando. Geo nem me deixou dizer que sim ou não, apenas me puxou pra dentro de seu closet e começou a procurar uma roupa decente entre milhares.★ Eu me sentia muito estranha. Ela me fez vestir: > Um short jeans escuro
Nossos rostos estavam se aproximando. Olhos se fechando... Não! Alessandra, não faça isso! Para agora! — É melhor eu ir embora — anunciei de repente e me levantei antes que ele me impedisse. — Peraí, fica — pediu ele um tanto aturdido. — Dani, eu preciso ir. — Mordisquei o lábio inferior, tentando pensar numa desculpa. — Você não pode...? — Ele também se levantou. — Senta aí e me espera. Ele saiu antes que eu pudesse responder. Eu queria negar, mas ele nem me deixou escolher. Aonde ele iria? Cada vez mais esse garoto me assusta. Eu não deveria ter chamado ele de lindo. Eu não deveria ter exposto meus sentimentos não confirmados desse jeito. E se ele tentar me
Levantei-me. Ele pareceu estranhar meu ato. Fiquei atrás dele e me abaixei até que minha boca estivesse em seu ouvido. O que acha de brincarmos um pouco, diário? Vamos brincar com os sentimentos dele? Quero saber o que ele vai fazer. — Você acha que é o único que pode me seduzir? — sussurrei bem baixinho em seu ouvido. Ele sorriu. Pareceu entender o que eu queria. — Está enganado — digo por fim. Pela primeira vez eu estava beijando seu pescoço. Agora quero ver como ele reage com as posições trocadas. Agora era minha vez de vê-lo corado por minha causa. A Geovanna vai ficar muito feliz em saber que pela primeira vez estou seduzindo o garoto de olhos verdes. Tudo bem que vou ficar com perfume masculino e isso já vai dar um certo t
— Tudo que eu preciso é de uma amiga. Socorro, Alessandra, eu estou gritando help a todo momento — diz ela com os olhos marejados. — Hãm… Vai ficar tudo bem — digo sem jeito por aquilo ter me pegado de surpresa. Ela sentou-se ao meu lado na cama depois de colocar sua taça quase vazia na cabeceira. Coloquei a minha taça junto da dela. — Minha vida é um lixo. — Ela começou a chorar em meus ombros. — Ale, eu quero um namorado. Tem anos que não consigo achar um garoto que me ame. Todos só me vêem como uma garota bonita. — Geo, as coisas não são assim. Vamos, você consegue arranjar alguém. Você é uma boa pessoa. — Eu queria tanto ser você
Que droga. Eu não deveria ter deixado ele me agarrar desse jeito. Agora sou eu que preciso de um balde de água fria. Estou pegando fogo! Ah, Ícaro, você é tão quente... Eu tenho que dar um jeito de parar de pensar nele. Ele tem que sumir da minha vida de uma vez. Preciso ser mais forte. Mais resistente. Voltei pra casa da Geo, muito assustada. Naquele momento eu não queria de jeito nenhum ver o Ícaro. Eu sabia que ele conseguiria me ganhar fácil. Ele me conhece muito bem. Sabe dos meus pontos fracos e fortes. Sabe que não resisto quando ele beija meu pescoço. Pra minha surpresa, Geovanna estava acordada — como? Não sei — e quando pus os pés no seu quarto, fui recebida por um forte abraço, talvez por ter notado minha cara de “arrasada ao extremo” e meu pescoço vermelho.<
— Tem razão, Geo. De que cor você quer o vestido, Sandrinha? — perguntou Felícia à mim. — Preto e quero que seja longo como vestido de debutante— digo.—O Dani disse que a sua namorada queria que só ela estivesse usando vestido longo, mas eu quero quebrar essa regra. — Ui, Alessandra a fora da lei — brincou Geo e nós todas rimos. — Eu e a Geo vamos procurar um vestido longo pra você enquanto a Hortência prepara sua maquiagem e seu cabelo, fechado? — decidiu Felícia. — Espera! — falou Geo. — Ela não pode usar vestido longo na apresentação. — Tem razão. Ela tem que usar algo provocante... —disse Hortê
— Alessandra? — chamou uma voz familiar masculina. Virei de imediato pra trás. — Adriano?— digo surpresa com os olhos um tanto arregalados. Ele me abraçou forte e eu não consegui conter um sorriso. — Sim, sou eu— diz ele quando o abraço chega ao fim. — Até você está vestido do mesmo jeito— murmurei um tanto frustrada.—Que droga. — O que foi?— questionou ele, arqueando uma sobrancelha. — Estou procurando uma pessoa, mas não encontro. — Quem? — O namorado da aniversariante. — Bom, se ele é o namorado da Carol então, obv