Nossos rostos estavam se aproximando. Olhos se fechando... Não! Alessandra, não faça isso! Para agora!
— É melhor eu ir embora — anunciei de repente e me levantei antes que ele me impedisse.
— Peraí, fica — pediu ele um tanto aturdido.
— Dani, eu preciso ir. — Mordisquei o lábio inferior, tentando pensar numa desculpa.
— Você não pode...? — Ele também se levantou. — Senta aí e me espera.
Ele saiu antes que eu pudesse responder. Eu queria negar, mas ele nem me deixou escolher. Aonde ele iria? Cada vez mais esse garoto me assusta. Eu não deveria ter chamado ele de lindo. Eu não deveria ter exposto meus sentimentos não confirmados desse jeito. E se ele tentar me agarrar de novo? Socorro! Agora estou com vontade de fugir. O que ele quer comigo?
★Dica 221 = Não exponha seus sentimentos se eles não estiverem confirmados (passar a imagem de pessoa-sem-sentimentos é bem melhor do que isso, vai por mim).★
Ele voltou mais ou menos cinco minutos depois.
— Feche os olhos — pediu ele, comprimindo os lábios, parecendo nervoso.
— Como posso confiar em você? — questionei meio receosa.
— Sou seu amigo. Por que não confiaria?
— Bom, da última vez que estivemos sozinhos você me agarrou, então isso me dá uma certa incerteza se eu deveria acreditar no que você está dizendo.
— Feche os olhos. Eu prometo não fazer nada com você.
Suspirei e obedeci hesitando. Eu sabia que ele estava planejando algo e tinha medo do que poderia ser.
Ouvi passos vindo em minha direção. Quanto mais alto os passos ficavam, mais nervosa eu ficava. O que ele estava planejando? Coisa boa ou ruim? Eu queria muito abrir os olhos e descobrir tudo que estava acontecendo de uma vez, mas ao mesmo tempo queria continuar com essa curiosidade, ainda mais sendo causada por ele.
Senti ele sentando-se atrás de mim. Suas mãos passaram um bom tempo em minha cintura até que passaram a ser seus braços. Eles me forçaram contra seu corpo, me deixando sem reações. Que tipo de coisa ele estava planejando? Estou ficando desesperada...! Diário, help!
— Pode abrir — sussurrou ele em meu ouvido e abri meus olhos em seguida, vendo suas mãos à minha frente, segurando uma pequena caixa preta.
Ah, só pra você ficar sabendo, diário, não. Não era aquelas caixinhas que guardava anel. Essa era um pouco maior.
— O que é isso? — perguntei com um toque de curiosidade na voz.
— Abra.
Abri e lá dentro havia um colar prateado com uma guitarra de pingente. Me apaixonei por aquilo depois de ter olhado por dois segundos. Era perfeito. Levei as mãos a boca e disse:
— Dani, é lindo.
— Sabe, eu estava pensando e queria saber se você acha que a Carol gostaria.
Oi? O-i? Diário, eu não a-c-r-e-d-i-t-o que ele fez isso comigo. Ele só me mostrou o colar pra ver se a... Carol iria gostar? Ela gosta de guitarra agora?
— Ah, ela iria adorar — falei com um sorriso fraco. — Se eu gostei, ela gostaria também.
★Dica 222 = Em meio a frustração, pareça feliz (principalmente quando alguém esfrega um presente lindo na sua cara).★
— Você acha mesmo que eu faria você esperar cinco minutos e te faria ficar tensa com cada movimento meu e mesmo assim perguntar se isso aqui é para a Carol? — diz ele como se quisesse rir de mim e esperou por alguns segundos para ver se eu diria alguma coisa. Como não o fiz, continuou: — O colar é seu, sua boba.
— Sério? O colar é pra mim? — questiono com o sorriso voltando ao rosto.
— E por que não seria?
— Ah, sei lá. — Dou de ombros. — Mas não posso aceitar.
— Sim, você pode.
— Não, eu não posso.
— Sim, você pode — insistiu ele.
— Não, eu não posso. Isso deve ter custado uma fortuna.
— Não tanto quanto você está pensando, mas isso não importa. — Suspirou.
— Importa sim e eu não quero que você gaste um centavo comigo.
— Por favor, aceita.
— Dani, é lindo, só que eu não mereço...
— Sim, você merece.
— Não, eu não mereço.
— Sim, você merece.
— Não, eu não mereço e pare de repetir, droga! Não é certo que eu aceite.
— Então não aceita por você, aceita pela nossa amizade.
— Dani... — minha voz vacilou por alguns instantes.
— Ale, você sabe que merece muito mais que isso.
— Eu não mereço nada.
— Eu vou ter que ajoelhar pra você aceitar?
— Não precisa fazer nada e também não precisa me dar nada. Tudo que fiz foi te ajudar com a música e nada mais. — Baixei a cabeça.
— Você é minha amiga. Quer dizer, melhor amiga. Deveria aceitar.
— Eu "deveria", mas não aceito. Obrigada.
O que você acha, diário? Eu deveria aceitar? Eu não quero que ele gaste dinheiro comigo. É errado. Tudo que eu quero é que ele seja meu amigo. Não quero que dinheiro esteja incluído nisso... Não quero presentes. Esses mimos ele deveria estar dando a Carol e não a mim.
★Dica 223 = Não inclua dinheiro em suas amizades (digo, até que algumas coisinhas não é crime você aceitar...).★
— Hello kitty, por favor. É um presente, aceita — implorou ele.
— Mas...
— Como pode achar que é errado se é um presente?
— Só não quero que pense que estou abusando de você ou que tenho interesse só em presentes.
— Eu te conheço o bastante para saber que você não é assim.
— Posso aceitar? — perguntei, me sentindo derrotada e tímida.
— Você deve aceitar.
— Então eu aceito — digo um tanto receosa, mas por fim acabo sorrindo.
— Quer que eu o coloque em você?
Afirmei com a cabeça e fiz um coque improvisado para que ele colocasse sem que meu cabelo estivesse atrapalhando. Em poucos segundos, senti aquela corrente gelada em meu pescoço e logo senti o pingente que mais amei. A guitarra.
Espera, mas se ele está me dando este colar é porque há um tempo ele deve ter comprado. Isso quer dizer que ele já tinha planejado tudo. Então ele planejou tudo desde o começo. Ah, Dani... obrigada.
— Ficou perfeito — disse ele.
Após as palavras saírem da sua boca, ele beijou minha bochecha. Foi um ato tão inesperado que fiquei quase com falta de ar pela surpresa.
★Dica 224 = Tente não demonstrar quando estiver tendo uma falta de ar (ainda mais se alguém tentar te beijar numa hora tão... inesperada).★
— O que foi, Hello Kitty? — questionou ele um tanto curioso. Minha cara de surpresa devia ter ficado mesmo bizarra.
— Ah, nada. Só fiquei um pouco assustada com o beijo — confessei com um sorriso envergonhado.
Ele beijou de novo minha bochecha e meu pequeno coração (como disse a Geo anteriormente), começou a acelerar e com isso, minhas bochechas coraram.
— O que há de errado? É apenas um beijo amigável.
— Eu sei, mas você sempre me pega desprevenida...
— E qual seria a graça se eu avisasse?
Ah, Dani, lembrei do dia em que disse essa mesma frase quando estávamos limpando os banheiros juntos e você quase me beijou. Naquele dia eu queria matá-lo, mas hoje gostaria que fizesse a mesma coisa.
— É, tem razão. Não teria graça — digo em desdém, com um plano começando a se formar na minha mente.
★Dica 225 = Concorde com as pessoas mesmo que não queira (e claro, não esqueça de já ir bolando seu plano de vingança).★
Levantei-me. Ele pareceu estranhar meu ato. Fiquei atrás dele e me abaixei até que minha boca estivesse em seu ouvido. O que acha de brincarmos um pouco, diário? Vamos brincar com os sentimentos dele? Quero saber o que ele vai fazer. — Você acha que é o único que pode me seduzir? — sussurrei bem baixinho em seu ouvido. Ele sorriu. Pareceu entender o que eu queria. — Está enganado — digo por fim. Pela primeira vez eu estava beijando seu pescoço. Agora quero ver como ele reage com as posições trocadas. Agora era minha vez de vê-lo corado por minha causa. A Geovanna vai ficar muito feliz em saber que pela primeira vez estou seduzindo o garoto de olhos verdes. Tudo bem que vou ficar com perfume masculino e isso já vai dar um certo t
— Tudo que eu preciso é de uma amiga. Socorro, Alessandra, eu estou gritando help a todo momento — diz ela com os olhos marejados. — Hãm… Vai ficar tudo bem — digo sem jeito por aquilo ter me pegado de surpresa. Ela sentou-se ao meu lado na cama depois de colocar sua taça quase vazia na cabeceira. Coloquei a minha taça junto da dela. — Minha vida é um lixo. — Ela começou a chorar em meus ombros. — Ale, eu quero um namorado. Tem anos que não consigo achar um garoto que me ame. Todos só me vêem como uma garota bonita. — Geo, as coisas não são assim. Vamos, você consegue arranjar alguém. Você é uma boa pessoa. — Eu queria tanto ser você
Que droga. Eu não deveria ter deixado ele me agarrar desse jeito. Agora sou eu que preciso de um balde de água fria. Estou pegando fogo! Ah, Ícaro, você é tão quente... Eu tenho que dar um jeito de parar de pensar nele. Ele tem que sumir da minha vida de uma vez. Preciso ser mais forte. Mais resistente. Voltei pra casa da Geo, muito assustada. Naquele momento eu não queria de jeito nenhum ver o Ícaro. Eu sabia que ele conseguiria me ganhar fácil. Ele me conhece muito bem. Sabe dos meus pontos fracos e fortes. Sabe que não resisto quando ele beija meu pescoço. Pra minha surpresa, Geovanna estava acordada — como? Não sei — e quando pus os pés no seu quarto, fui recebida por um forte abraço, talvez por ter notado minha cara de “arrasada ao extremo” e meu pescoço vermelho.<
— Tem razão, Geo. De que cor você quer o vestido, Sandrinha? — perguntou Felícia à mim. — Preto e quero que seja longo como vestido de debutante— digo.—O Dani disse que a sua namorada queria que só ela estivesse usando vestido longo, mas eu quero quebrar essa regra. — Ui, Alessandra a fora da lei — brincou Geo e nós todas rimos. — Eu e a Geo vamos procurar um vestido longo pra você enquanto a Hortência prepara sua maquiagem e seu cabelo, fechado? — decidiu Felícia. — Espera! — falou Geo. — Ela não pode usar vestido longo na apresentação. — Tem razão. Ela tem que usar algo provocante... —disse Hortê
— Alessandra? — chamou uma voz familiar masculina. Virei de imediato pra trás. — Adriano?— digo surpresa com os olhos um tanto arregalados. Ele me abraçou forte e eu não consegui conter um sorriso. — Sim, sou eu— diz ele quando o abraço chega ao fim. — Até você está vestido do mesmo jeito— murmurei um tanto frustrada.—Que droga. — O que foi?— questionou ele, arqueando uma sobrancelha. — Estou procurando uma pessoa, mas não encontro. — Quem? — O namorado da aniversariante. — Bom, se ele é o namorado da Carol então, obv
Não demorou muito, nosso treino horas antes, ajudou bastante. Eu sabia exatamente o que fazer. — Ah, fofinha, minha demora também foi causada porque eu tive que dar uma passada em um local para pedir que o holofote fosse para você quando tudo começar. E claro, tive que ir pegar o microfone. Agora eu tenho um encontro daqui a dois dias com o cara. Eu ri. Coitada da minha amiga, sempre arranjando encontros pra ter o que quer. Logo era meu vestido azul esverdeado que estava à mostra e meu outro vestido estava guardado em uma bolsa meio grande da Hortência — um pouco menor que a sua mala de maquiagem. Elas soltaram meu cabelo e retiraram os strass e a coroa. Eu estava pronta. Quanto a máscara, acabei deixando-a, afinal, só poderia ser retirada meia-noite. — Antes de você ir, Ale, eu vi voc
— Achei que não viria — ele me tratava de forma seca. Eu já esperava. — Eu só queria te ajudar... — Eu só não te mando embora porque temos mais uma música para apresentar — aquela frase me destruiu. Ele não me queria mesmo na festa. — Se você acha que um vestido curto pode resolver tudo, digo que esse tipo de coisa não funciona comigo — novamente ele me machucou apenas com suas palavras. — E quem disse que era pra você? — respondi grossa pra ele aprender e não mostrar o quanto eu estava chateada. Me soltei dos seus braços e corri pro banheiro, querendo chorar. ★Dica 256 = Seja grosso para não mostrar que está chateado (até porque dar patada nos outros chega até a ser divertid
Ela me ajudou a retirar a maquiagem. Estava toda borrada por causa do meu choro. Saiu tudo em poucos minutos. Pelo menos no rosto, eu era a simples e comum Alessandra (tirando o fato de que eu tenha continuado com o batom preto). — Geo, você tem lápis?— questionei.—Eu tenho que usar alguma coisa além do batom. — Claro, Ale. Eu sempre carrego lápis. Não dá pra viver sem ele. ★Dica 261 = Tenha uma amiga que carrega qualquer tipo de maquiagem em sua bolsa (desculpa, diário, eu tinha que fazer uma dica dessas).★ Passei e agora sim, verdadeiramente, eu era a comum Alessandra. — Geovanna, eu acabei de pensar e... O que você acha de ressuscitarpor alguns minutos nossa antiga banda?