Demorou um tempo até eu realmente acreditar que Geovanna — uma das minhas melhores amigas — estivesse mesmo na minha frente com um largo sorriso, provavelmente pensando a mesma coisa que eu nesse momento. Claro que no fim, tudo acabou do mesmo jeito: um abraço apertado.
— Sandrinha! — exclamou ela durante nosso abraço prolongado.
Acabei soltando uma risadinha com o apelido. Fazia muito tempo que alguém não me chamava assim — e que quase me enforcasse durante um abraço.
— Achei que não viria, mas você não sabe o quanto eu to pirando por ver você aqui — disse mantendo aquele largo sorriso no rosto.
— Como não vir? Estava ansiosa pra te reencontrar.
— Sendo assim, vem! Entra logo! Acho que temos muito papo pra botar em dia, querida.
Assim que ajeitei a mala nas costas, fui arrastada pra dentro da sua casa, indo direto para seu quarto, onde coloquei minha mala no chão e sentei na sua cama macia.
— Como vão as coisas? — sou a primeira a perguntar, o que pra mim era uma coisa estranha.
— Pensei que nunca ia perguntar! Vão ó-t-i-m-a-s! Muitas festas, diversões, bebidas...!
— Continua namorando o Derek? — questionei porque não estava a fim de ouvir ela listar tudo o que ela fez enquanto estive fora.
Ela riu e disse:
— Eu e ele terminamos faz muito tempo, sua bobinha — diz, até achando graça como se eu fosse uma garotinha inocente.
— Não acredito nisso... Então minha amiga está solteira e eu nem sabia?
A mesma pareceu rir novamente.
— Estou e ei! Isso não é engraçado, tá? — Ela fez bico e em seguida uma carinha triste. Então quando vejo sua expressão mudar, daí pra frente eu já sabia que ali tinha coisa. — Já que entramos neste tipo de assunto, como está seu romance com aquele garoto que me falou?
— Normal. — Dei de ombros e ela pareceu um tanto desapontada.
— Que animação fajuta é essa, amiga? — Careta. — Rolou algum beijo?
— Desculpa, é que sei lá, não tá rolando nada de mais. — Abri um meio-sorriso. — E não. Não teve beijo.
Seus olhos se arregalaram.
— Sério? — ela parecia surpresa. — Você está a fim dele têm meses e vem me dizer que ainda não se beijaram? Cadê minha amiga de antes?
— Calma, Geo — peço, soltando uma risadinha. — Tudo exige paciência.
★Dica 204 = Faça tudo à base da calma e paciência (mentira, o que eu mais quero é provocar a Geo mesmo).★
— Paciência o caralho! — exclamou ela me dando língua. — Quero minha solteira desesperada de volta!
Não consegui conter uma risada.
— Ela está aqui, mas hoje já não sou tão desesperada como antes.
Geo soltou um suspiro de frustração.
— Tem pelo menos uma fotinho dele? Quero pelo menos saber se ele vale a pena.
Mordisquei o lábio inferior e respondi um pouco constrangida:
— Não tenho.
— Puta que pariu, Alessandra! Vou ter que te ensinar de novo como uma garota deve se comportar quando está a fim de um cara? — Ela passa as mãos no rosto fingindo estar decepcionada.
— Relaxa, eu peço pra ele me mandar uma foto — digo já pegando o celular e procurando o contato do Dani.
— Como?
— Mandando uma mensagem.
— Aleluia você fez alguma coisa certa! — exclamou ela e eu acabei rindo.
Acho o contato do mesmo e então finalmente envio:
Alessandra: Poderia me enviar uma foto sua?
Dani: Pra que você quer uma foto minha?
Alessandra: Só tire a foto e me manda, cacete p-p
Dani: Já sei, quer ficar olhando pra mim nas férias, não é? u-u
Alessandra: Claro que não! Só quero pra... ah, porque eu quero mesmo.
Dani: Sei... diz a verdade e eu mando uma foto.
Alessandra: Por favor (finge que eu estou chorando a seus pés) ou eu conto pra sua “querida” namorada o que você fez na casa de praia comigo -q
Dani: Isso já é golpe baixo TT-TT okay, eu vou mandar uma foto minha.
Demorou alguns minutos, mas finalmente recebi.
Dani: [imagem] estou horrível por que acabei de acordar, mas pelo menos sou eu xD
Alessandra: Não está ruim. Obrigada ;-)
— Conseguiu? — perguntou Geovanna, um tanto ansiosa.
— Sim, consegui.
Geo sentou na cama ao meu lado e vidrou seus olhos em meu celular enquanto eu abria a foto dele.
— O garoto que estava digitando era esse? — questionou ela com a boca semi-aberta.
— Yes
— Você jura pra mim que era ele?
— Juro.
★Dica 205 = Jure pra sua melhor amiga quando o assunto for “sério” (não sei porque coloquei aspas. O assunto é realmente sério pra Geo quando se trata de homens).★
— Joga água em mim porque eu estou pegando fogo! — gritou no meu ouvido histericamente. — Alessandra, ele é lindo! Aliás, ele é muito gostoso. Quer dizer, olha esses lábios! Amiga, me perdoa, mas se você não tivesse a fim dele, eu daria um jeito de invadir a casa desse garoto e beijaria como nunca fiz com ninguém! Com tanta vontade que eu morreria por falta de ar! E você deveria fazer o mesmo. Vai deixar uma chance dessas passar? E os olhos dele? São perfeitos. É óbvio que ele tem namorada... Nenhum tipo de garoto desse é solteiro. — Depois de todo esse seu discurso, acha que eu tenho chance? — pergunto com um certo tipo de esperança. — É... talvez. — Talvez? — Lá se vai toda minha esperança.
— Tudo bem. Mas só por alguns minutos — cedi. Ele segurou minha mão e me levou pra sua casa. Durante o curto caminho, olhei pra trás e vi a Geovanna acenando e dando uma piscadela. Sinceramente, diário, me deu vontade de dar um soco naquela carinha maquiada dela por ter feito isso comigo. O bom é que verei minha ruivinha novamente, mas isso ainda não me impede de querer matar a Geo. Sabe, diário, as vezes adoro lembrar o quanto minha ruivinha é uma fofa. Ela é tão ruiva quanto o Ícaro, só que tem olhos azuis. Dá vontade de enforcar aquela garotinha num abraço de tão fofa. Ícaro pegou as chaves e começou a destrancar e a abrir a porta. Subimos as escadas silenciosamente até o quarto dela e quem abriu fui eu. Ela estava brincando
— Sempre estou, fofinha. Quando é o encontro? — Depois do almoço, uma hora da tarde. E isso não é um encontro. Ela olhou o relógio, apressada e já eram meio-dia. — Amiga, precisamos te arrumar depressa. Você tem que estar sexy nesse encontro. — Já te disse várias vezes que não é um encontro! — Do mesmo jeito você precisa fazer ele ficar babando. Geo nem me deixou dizer que sim ou não, apenas me puxou pra dentro de seu closet e começou a procurar uma roupa decente entre milhares.★ Eu me sentia muito estranha. Ela me fez vestir: > Um short jeans escuro
Nossos rostos estavam se aproximando. Olhos se fechando... Não! Alessandra, não faça isso! Para agora! — É melhor eu ir embora — anunciei de repente e me levantei antes que ele me impedisse. — Peraí, fica — pediu ele um tanto aturdido. — Dani, eu preciso ir. — Mordisquei o lábio inferior, tentando pensar numa desculpa. — Você não pode...? — Ele também se levantou. — Senta aí e me espera. Ele saiu antes que eu pudesse responder. Eu queria negar, mas ele nem me deixou escolher. Aonde ele iria? Cada vez mais esse garoto me assusta. Eu não deveria ter chamado ele de lindo. Eu não deveria ter exposto meus sentimentos não confirmados desse jeito. E se ele tentar me
Levantei-me. Ele pareceu estranhar meu ato. Fiquei atrás dele e me abaixei até que minha boca estivesse em seu ouvido. O que acha de brincarmos um pouco, diário? Vamos brincar com os sentimentos dele? Quero saber o que ele vai fazer. — Você acha que é o único que pode me seduzir? — sussurrei bem baixinho em seu ouvido. Ele sorriu. Pareceu entender o que eu queria. — Está enganado — digo por fim. Pela primeira vez eu estava beijando seu pescoço. Agora quero ver como ele reage com as posições trocadas. Agora era minha vez de vê-lo corado por minha causa. A Geovanna vai ficar muito feliz em saber que pela primeira vez estou seduzindo o garoto de olhos verdes. Tudo bem que vou ficar com perfume masculino e isso já vai dar um certo t
— Tudo que eu preciso é de uma amiga. Socorro, Alessandra, eu estou gritando help a todo momento — diz ela com os olhos marejados. — Hãm… Vai ficar tudo bem — digo sem jeito por aquilo ter me pegado de surpresa. Ela sentou-se ao meu lado na cama depois de colocar sua taça quase vazia na cabeceira. Coloquei a minha taça junto da dela. — Minha vida é um lixo. — Ela começou a chorar em meus ombros. — Ale, eu quero um namorado. Tem anos que não consigo achar um garoto que me ame. Todos só me vêem como uma garota bonita. — Geo, as coisas não são assim. Vamos, você consegue arranjar alguém. Você é uma boa pessoa. — Eu queria tanto ser você
Que droga. Eu não deveria ter deixado ele me agarrar desse jeito. Agora sou eu que preciso de um balde de água fria. Estou pegando fogo! Ah, Ícaro, você é tão quente... Eu tenho que dar um jeito de parar de pensar nele. Ele tem que sumir da minha vida de uma vez. Preciso ser mais forte. Mais resistente. Voltei pra casa da Geo, muito assustada. Naquele momento eu não queria de jeito nenhum ver o Ícaro. Eu sabia que ele conseguiria me ganhar fácil. Ele me conhece muito bem. Sabe dos meus pontos fracos e fortes. Sabe que não resisto quando ele beija meu pescoço. Pra minha surpresa, Geovanna estava acordada — como? Não sei — e quando pus os pés no seu quarto, fui recebida por um forte abraço, talvez por ter notado minha cara de “arrasada ao extremo” e meu pescoço vermelho.<
— Tem razão, Geo. De que cor você quer o vestido, Sandrinha? — perguntou Felícia à mim. — Preto e quero que seja longo como vestido de debutante— digo.—O Dani disse que a sua namorada queria que só ela estivesse usando vestido longo, mas eu quero quebrar essa regra. — Ui, Alessandra a fora da lei — brincou Geo e nós todas rimos. — Eu e a Geo vamos procurar um vestido longo pra você enquanto a Hortência prepara sua maquiagem e seu cabelo, fechado? — decidiu Felícia. — Espera! — falou Geo. — Ela não pode usar vestido longo na apresentação. — Tem razão. Ela tem que usar algo provocante... —disse Hortê