Na semana seguinte tudo estava pronto, Helena tinha sua documentação em dia e estava casada com Cerberus sem nenhum dos dois saberem.Hera foi pessoalmente no sítio e o fez assinar diversos documentos, alguns dizia ser referente a empresa, outros de cunho pessoal, pois o filho perdido ainda tinha documentos pendentes. Entre eles estava lá papéis do casamento, Cerberus confiava demais na mãe para ler antes de assinar.Helena foi forçada a assinar o documento de sua parte, primeiro a diretora disse que era um contrato de trabalho, mas assim que iniciou a leitura soube que se tratava de um casamento. Por fim, Helena tinha que escolher, ou se casava ou era jogada no olho da rua.A tarde Hera estava lá, na porta do internato, pronta para levar a esposa de Cerberus para o seu destino.— Helena, isso não faz parte do contrato, já disse! O bebê fica! — Era a voz da diretora, alterada esbravejando.Hera se aproximava do quarto quando ouviu a gritaria.— É meu filho, meu! Não posso deixá-lo.—
As malas de Helena foram levadas para um quarto menor, ali havia uma cama de casal, um banheiro e um guarda-roupa. Para ela era mais do que o suficiente.Enquanto isso Apollo tentava inutilmente falar com Cerberus.— Se acalme, ela pode não ter culpa, e o menino é mais inocente ainda.— Aposto que o pai é o cavalariço, por isso ele a deixa sair mesmo sem permissão, era gentil com ela sem pedir nada em troca, ou no caso, ela já dava a ele algo. — Cerberus se corroía com as especulações de sua mente. — Mas se ela pensa que lhe darei paz, que viverá aqui sem problemas, está muito enganada, desejará partir depois do que vou fazer com ela.— Cerberus, não pode machuca-la, culpada ou não, você não tem esse direito. — Apollo era a voz da razão naquele momento. Tentava chamar Cerberus a realidade.Quase a noite o motorista da mãe de Cerberus voltou, ele trouxe alguns itens de bebê. Roupas quentes para Helena e para o menino. Trouxe também um carrinho de bebê e um pequeno berço, conhecido como
Helena correu para fora do quarto, seus olhos estavam cobertos por lágrimas e ela estava pálida como uma folha de papel. Quando chegou na cozinha pôde finalmente respirar.Cerberus estava com seu bebê no colo, o segurava meio sem jeito, mas com cuidado.— O que deu na sua cabeça para pegar meu filho? Me devolva o meu bebê! — Helena estava furiosa, pegou a criança em seus braços e o abraçou.— Apollo o pegou, disse para segurar a coisinha enquanto ele buscava alguma coisa e não voltou.—Coisinha? Meu filho não é uma coisinha, é um menino, uma criança linda. — Helena respondeu enraivecida.— Pois deve se parecer com o pai, porque a mãe é muito feia. As palavras de Cerberus doeram fundo em Helena, ele mesmo se arrependeu, mas não sabia pedir perdão, não sabia como agir perto de Helena. Qualquer um diria para ele dar a ele o que recebeu, mas ele só recebeu dor, amargura, e tudo de ruim que um ser humano pudesse carregar, tudo isso estava impresso nele e era isso que tinha a oferecer.—
Pela manhã, Helena acordou aos poucos, sentiu algo passear em sua perna e quando abriu os olhos por completo se assustou.— Não grite! Estamos aqui! — Apollo disse.Ele estava com Eros em seus braços e viu que Cerberus estava próximo também pronto para agir.Uma cobra havia entrado na casa, não era venenosa, mas Helena se assustou. Sua respiração se tornou densa e ofegante. Ela fechou os olhos, desejou acordar fora dali.Cerberus se aproximou cuidadosamente, em um movimento rápido, ele pegou o animal pela cabeça e o levou para fora.— Helena, por que dormiu na sala? É mais seguro no quarto, com a porta e janela fechada. — Apollo perguntou lhe devolvendo seu bebê.— Ouço barulhos na janela a noite, saí do quarto assustada com os sons, vim dormir aqui, mas foi inútil. Cerberus voltou e sentiu-se mal. Helena estava trêmula, gelada e com a aparência abatida. As noites no sítio não estavam fazendo bem a ela.Helena preparou o café com o pequeno bebê em seu colo, ele estava agitado e não p
Helena sentiu-se mais uma vez acolhida por Hera, ela não questionou, não fez perguntas íntimas insinuando ser mentira a versão dela.Hera saiu do quarto e chamou Apollo, tinha uma forte suspeita sobre o pai da criança. Ela contou o relato de Helena e sobre a sua suspeita.— É isso, a marca é idêntica a de Cerberus, acha possível? Acha que de alguma forma Eros é filho de Cerberus, é meu neto?— Não sei, pelas minhas investigações, Cerberus passou esses anos todos trancado, mas não sei dizer se era no internato. — Ele sabia, já havia confirmado com Cerberus essa informação.Sabia que ele cresceu preso no internato, dos abusos da diretora e do caçador, sabia também que Helena não mentiu, mas faltava uma parte da história, e essa parte foi preenchida com uma palavra, o inseminação.— Falarei com Cerberus, vamos tirar a dúvida e... Será bom, ele está magoado, por achar que Helena teve outro homem, mesmo que não seja o pai do Eros, tirar essa sombra devolverá a ele a inocência, o amor.Hera
Cerberus tentou não fazer muita bagunça comendo, parecia um animal faminto. Sem modos, desesperado, as vezes olhava para Helena e parava, sentia-se tímido sob os olhos femininos.Depois de jantar Helena foi arrumar a louça da cozinha, mas Apollo não permitiu insistiu que ela deveria descansar, que depois de tudo que passou nas últimas noites pelo menos aquela tinha que ser tranquila.Ela entrou no quarto e colocou uma camisola bonita, notou a peça branca de cetim no dia em que chegou, foi presente de Hera, mas nunca pensou em usar, pois em sua mente Cerberus nunca a veria como mulher.Helena amamentou seu bebê e o trocou, deixo-o pronto para dormir, mas o menino estava bem acordado. A agitação da fome havia passado, ele havia dormido bem e agora estava com os olhos bem arregalados mexia os braços e as pernas alegre e rua quando Helena falava com ele.— Você tem que dormir meu bebê, já está ótimo, agora é só dormir... — Ela dizia e murmurava uma música, uma música da infância que não s
Depois de alguns minutos Helena saiu do quarto, fez o café e adiantou o almoço. Cuidava do filho enquanto isso e arrumava a casa.Ela notou que Cerberus a olhava, fingia procurar algo na cozinha e saía, parecia querer falar algo,as perdia a coragem sempre que se aproximava.Helena fez sanduíches, aquele seria o lanche da tarde, passaria sua tarde com o filho e com Cerberus.— Helena, já conhece a cachoeira? — Apollo perguntou no mesmo momento em que Cerberus passava pela sala.— Cachoeira? Não, nem mesmo perto do rio no internato eu já fui.— Que tal hoje, eu cuidar do Eros e você ir com o Cerberus conhecer o local, é muito bonito...Helena sorriu. Deixou Apollo pegar o bebê em seus braços, ele levava jeito com crianças e era amoroso com o menino.— Apollo... Onde está o seu bebê? — Helena perguntou deixando Apollo espantado e mais espantado ainda ficou Cerberus ao ouvir a pergunta.— Por que está me perguntando isso? — Notava-se uma pontada de dor na voz dele.— Você cuida do Eros co
Cerberus sorriu, achou tão doce, tão bonita a expressão... Não faria sexo com Helena, faria amor.— Helena eu não sei como... Sei o que é ser amarrado, acorrentado, ter as roupas tiradas a força, ainda sinto o gosto das drogas que aquela mulher me dava junto com o caçador, lembro das ameaças e da fome que passava quando mesmo drogado não queria fazer sexo com eles.Helena o abraçou, seu peito doeu, doeu profundamente por Cerberus ter crescido no mesmo lugar que ela, mas assim, sem um pingo de compaixão.— Não vou te amarrar, nem te prender, vou deixar você conhecer o meu corpo e quando se sentir seguro comigo, vou querer conhecer o seu.Cerberus sorriu, não tinha pressa, cada toque e carícia seria feito com calma e amor.Um vento um pouco mais frio agitou as águas e eles resolveram sair, sentaram molhados na toalha de mesa e Helena colocou o vestido, não fechou, apenas o usou para se proteger do frio.Eles comeram os sanduíches e logo partiriam para casa, mas Cerberus queria aproveita