Capítulo 2

— Esse menino te ama, Rosely — Bianca disse — Olha como ele fica com você.

— É verdade, as outras babás nunca conseguiram o manter tão bem assim — Fernando, o jardineiro pontuou. — Eu as via andando pelo jardim tentando acalmá-lo e nada. Hoje entendo que não era para ser elas.

— Isso é verdade, nenhuma delas tinha tanto carinho por ele — o olhei novamente e seus olhos continuavam colados em mim.

Todos acharam que ele seria ruivo como a mãe, mas após completar um mês a penugem clara caiu e os cabelos negros tomaram conta de sua cabecinha. Ele era uma cópia do pai.

— Rose! — ouvi a voz grave de Antônio vindo da sala.

— Ele está aqui hoje, preparem a sala de jantar — falei antes de me retirar e seguir em sua direção.

O encontrei parado no meio da sala retirando o blazer e colocando em uma poltrona bege que ficava dentro do cômodo.

—Me chamou, senhor? — Otávio acabara de mamar e eu segurava a mamadeira com uma mão e o deixava em posição vertical para arrotar.

— Estava almoçando? — ele viu que vim da cozinha.

—Sim, mas Otávio me solicitou antes — sorri para o bebê que agora sustentava o corpo e me olhava com interesse.

— Ele sempre solicita sua presença — ele sorriu e chegou mais perto. — Me dê ele aqui — ele esticou os braços e passei o bebê para ele, colocando a fraldinha de boca embaixo do seu pescoço, para caso ele vomitasse. — Ele não para de te procurar — sorri com o comentário vendo o bebê me olhar interessado.

— Esse mocinho sabe como conquistar uma garota — falei sorrindo para ele e brincando com seus pezinhos gordinhos. — O que posso fazer pelo senhor? — olhei para Antônio que agora estava calado.

— Você já almoçou? — ele questionou voltando sua atenção para Otávio que mordia as mãozinhas.

— Duas garfadas não foram o suficiente — sorri o observando.

— Então almoce comigo, tenho alguns detalhes para tratar com você — confirmei com a cabeça.

—Poderia ficar com Otávio por um minuto, para que eu busque meu prato? — ele confirmou e se encaminhou com o bebê para a sala de jantar que nesse momento já deveria estar arrumado para ele.

Cheguei na cozinha e todos já tinham terminado e as meninas já arrumavam a cozinha.

— Guardei sua refeição — Bianca falou.

— Vim buscá-la, o sr. Antônio quer que eu almoce com ele para definir as coisas para hoje à noite. Vou passar o cardápio que montamos e qualquer coisa a gente troca. — Ela confirmou com a cabeça.

— Quer que eu fique com Otávio por enquanto? — Luana se ofereceu e eu confirmei.

Ela me seguiu até a sala de jantar onde pai e filho estavam brincando. As risadas de Otávio enxiam todo o ambiente e tirava risos fáceis de mim. Eu e Luana esperamos na entrada da sala até que Antônio nos percebesse.

— Podem entrar, senhoritas — ele beijou a cabeça do filho sussurrando algumas palavras em seu ouvido.

— Luana irá ficar com ele por alguns minutos, tudo bem? — ele concordou entregando o menino para ela que estendeu os bracinhos em minha direção e fui até ele. — A titia já vai lá ficar com você, meu anjo — dei um beijo em sua testa e observei Luana saindo com ele da sala.

Voltei a olhar para Antônio que estava concentrado em um ponto atrás de mim.

— Vamos nos sentar — disse saindo do seu transe. Ele me ofereceu a cadeira e aceitei. Ele sempre era extremamente cavalheiro comigo, acredito que por ser irmã de sua cunhada.

Ele não falou nada, apenas comeu sua comida mais concentrado que o normal e fiz o mesmo. Não era algo incomum isso acontecer, mas eu não ficava muito à vontade quando só havia nós dois na mesa. Antônio era um grande ponto de interrogação em minha cabeça.

Ao mesmo tempo que eu via coisas que não devia em seu olhar quando eu estava com Otávio, eu o sentia frio como o gelo quando só existia nós dois na sala.

— Meus pais virão jantar essa noite conosco — confirmei com a cabeça — Acha que podemos aumentar mais alguns lugares? — ele me olhou avaliativo.

—Quantos o senhor quiser — falei o encarando.

— Um casal de duques está na cidade e não sei por que meus pais os convidaram para vir até aqui.

— Duques? — engoli em seco — Será que nosso cardápio está à altura deles?

— Tudo que vocês fazem é maravilhoso, eu não quero que mude nada do que planejou, somente que aumente as porções.

— Tudo bem — falei um pouco desconfortável com essa informação.

— Rose?

— Sim — seu olhar sempre me perseguia. Suas írises eram negras como as de Otávio e eu me pegava sonhando com elas durante a noite. Isso não era bom, nada bom mesmo.

— Eu acredito em você, sei que faz sempre o seu melhor e que não vai deixar que pessoas a intimidem com seus títulos.

— Não é bem assim — falei sem graça.

— Claro que é! — ele soltou os talheres — Olha isso, está maravilhoso, não tem como eles não gostarem.

— Obrigada, senhor — ele torceu o nariz como sempre fazia. Já tinha se cansado de pedir para que eu o chamasse apenas de Antônio, mas eu não achava certo perto dos outros funcionários, eles poderiam entender errado.

— Então continue com o planejado.

— Virão somente o duque e a duquesa?

— Eu gostaria que sim, mas eles ficaram de confirmar se os filhos irão vir também — a carranca que ele fez, me deixou intrigada.

— Não gosta deles? — ele que agora tinha os olhos na comida, voltou a me olhar.

— Eu não tenho boas recordações de um deles. — Se limitou a dizer.

— Entendo — falei encerrando o assunto.

— Ele queria a mão de Margareth, mas eu levei a melhor — sorriu de lado — Mas não foi fácil, eu meio que roubei ela dele e então não somos melhores amigos.

— E o que fazem aqui agora?

— Meu pai tem assuntos a tratar da coroa. Nem sem porque eles têm que marcar uma reunião desse tipo em minha casa. Minha mãe poderia ter arranjado tudo isso na casa deles, seria mais fácil para todos.

— Às vezes querem reaproximar vocês.

— Nós nunca fomos próximos.

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