Capítulo 3

— Ah sim — falei olhando novamente para o prato e tentando não pensar novamente no assunto.

— Quero que fique com Otávio essa noite — eu voltei a olhá-lo — Não precisa descer com ele. Não quero que essas pessoas conheçam meu filho. Não ainda — concordei.

—Como quiser, senhor — eu não queria me intrometer mais do que o normal, mas eu sabia que a condessa faria um escândalo quando soubesse. — Só acho que seria bom avisar sua mãe.

— Minha mãe? Por que diz isso? — ele soltou os talheres e me avaliou — Você acha que ela quer que o filho do duque conheça meu filho? — dei de ombros.

— Eu não sei, mas algo me diz que sua mãe está tramando alguma coisa.

— Isso com certeza é bem a cara dela. — Sorri concordando.

— Não me entenda mal, mas esse tempo que passei na casa da minha irmã, eu consegui estudar bem sua mãe.

— Tenho certeza que sim.

— Ela está planejando algo para o senhor, eu a ouvi dizer que você não deve ficar sozinho.

— Você só pode estar brincando? Rose, você acha mesmo que ela pode se intrometer em minha vida amorosa?

— Desculpe Antônio, não devo falar assim da Lady Dion.

— Eu sou seu patrão, me fale o que acha. — E por que me doía dizer isso se era verdade?

— Eu acho que ela já está fazendo algo.  Eu acho, ela não gosta de te ver triste, sempre a via conversando com Emma e Álvaro. Ela não acredita que sua vida seja sozinho. — Abaixei minhas mãos na perna e não o encarei.

— Droga! — ele se levantou alterado da mesa. — O duque tem duas filhas em idade para casamento. — O olhei, estudando sua postura tensa.

— O que pretende fazer? — me mexi desconfortável.

— Me livrar deles, é claro — sorri de lado. —Só ainda não sei como.

— Peça ajuda para seus irmãos, quem sabe eles não têm algum tipo de ideia?

— Eu não confio naqueles babacas para algo desse tipo, eu já ferrei e muito com a vida dos dois nesse sentindo. Ou se esquece dos boatos que rodaram a escola? — Assim que vieram para Antunes, Antônio fez com que circulasse o boato de que o irmão mais novo estava à procura de uma esposa, foi o suficiente para levar todas as moças disponíveis a loucura.

— Ah claro, esqueci que você está metido até o último fio de cabelo nessa situação.

— Pois é, eu nunca imaginei que um dia isso se viraria para mim. Nunca pensei que ficaria viúvo — ele voltou a se sentar.

— Sinto muito por isso — seus olhos se encontraram com os meus. — Se tiver algo que eu possa fazer pelo senhor. — Ele confirmou com a cabeça.

— Me ajude a pensar em uma saída. —  seus olhos era suplicantes —  Rose, eu confio em você, sei que não vai me colocar em nenhuma enrascada, coisa que meus irmãos fariam com gosto somente para se vingar.

— Pelo menos Álvaro está feliz em seu casamento.

— Pelo menos isso, já não podemos dizer o mesmo de André, então é melhor nem chegar perto desse aí. — Concordei.

— Eu pensarei em algo — falei me levantando. Já tinha perdido a fome completamente.

— Sinto muito Rose, não deixei você comer com o meu falatório — ele se levantou também — Eu perdi a fome, pode levá-lo para mim —ele me entregou seu prato e se encaminhou até a saída da sala. — Muito obrigado, Rose.

Voltei para a cozinha com os dois pratos e os entreguei a Bianca.

— Ele não gostou da comida?

— Perdeu o apetite com o assunto do jantar de hoje à noite, até eu fiquei um pouco insegura agora.

— Você só pode estar brincando comigo, não está? — Luana entrava na cozinha sem Otávio.

—Ele dormiu, acabei de colocá-lo no berço.

— Obrigada.

— O que quer fazer? — Bianca se aproximou mais de mim enquanto eu me sentava a mesa da cozinha.

— Não sei, nunca servi uma família de duques.

— DUQUES? — Bianca e Luana se assustaram e eu confirmei encostando minha mão na cabeça e o cotovelo sobre a mesa.

— Vamos ter que pensar em mais alguma coisa.

— Que “comidas chiques” sabe fazer, Bianca? — Luana questionou e eu observei a interação das duas.

—Nenhuma, só sei o que faço todos os dias. — a pobre retorcia as mãos sem parar em desespero.

— E são perfeitos, o senhor Antônio não quer que mudemos nada, mas e se não for...

— É suficiente — Dona Arlete, Lady Dion, entrou na cozinha nos pegando desprevenidas. — Tudo o que fazem é suficiente, meninas, não se intimidem pelo título dos nossos amigos.

— Lady Dion — eu a cumprimentei e como sempre ela veio e me deu um abraço, até parece que sabia que estávamos falando dela a poucos minutos atrás.

— Como está querida? — a condessa sempre fora amável comigo e com minhas irmãs, mesmo antes de seu filho mais novo se tornar meu cunhado. Ela nunca nos diferenciou por ter uma vida mais simples que a dela.

— Vou muito bem e a senhora? — a encaminhei para fora da cozinha e por não ouvir a voz grossa de Antônio em nenhum lugar, deduzi que ele ainda não sabia que ela estava ali.

— Muito bem, agora que tudo está em seu devido lugar. — Concordei. Tudo melhorava gradativamente bem, somente o vazio em meu ser que não passava.

— Isso é bom!

— Meu neto está dormindo? — Fiz que sim com a cabeça — Ele está tão bem com você, é incrível como ele se adaptou. Até Antônio se acalmou com sua a presença.

— Ele sabe que o filho dele está seguro comigo.

— Ah com certeza sabe, aquele menino é muito teimoso, mas quando entrega a confiança dele para alguém, ah menina aí a pessoa pode ficar tranquila, porque ele fará qualquer coisa que estiver ao alcance dele.

— Eu não tenho dúvidas, senhora.

— E por falar nisso onde ele está?

— Provavelmente no escritório, vou avisá-lo. — falei me afastando, mas a vi me seguir e previ que as coisas ficariam tensas em poucos segundo.

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