~~CAPÍTULO 34~~ BRIAN Eu inclino minha cabeça para trás e a descanso na curva de seu pescoço. Eu ganhei a partida de xadrez. — Mais sorte da próxima vez. Eu acaricio o local sob sua orelha. Tem um leve cheiro de colônia. O primeiro cheiro hoje que não revirou meu estômago. Ele já está configurando o tabuleiro novamente. — Isso deveria ter funcionado. Ele dá um beijo no topo da minha cabeça. — Talvez idiota, talvez. Ele ri. — Estou trabalhando nisso há dias. — Perda de tempo. Eu assopro minhas unhas e dou polimento na minha blusa. — Você deve parar agora para que possamos assistir TV. É uma merda ver você se envergonhar uma e outra vez. Uma risada baixa reverbera nas minhas costas. Ele adora quando eu falo com força. A névoa de irritação que tenho sufocado hoje clareia um pouco. Eu expiro e enrolo meus dedos nos dele, inclino sua mão até que ele esteja embalando minha barriga. Ela é muito ativa. Talvez ele a sinta. Talvez ele pare de esquecer e chama-la assim.
~~CAPÍTULO 1~~BRIANSubo as escadas de mármore polido, balançando minhas sacolas de compras e, magicamente, exatamente quando chego ao topo, Mariano abre a porta da frente. — Ele quer você em seu escritório. Diz Mariano, seu rosto enrugado em branco e sua voz rouca. Mariano nunca é amigável, mas isso é diferente. Não é bom. Meu estômago despenca. — O que há de errado? Luca está bem?Ele foi ferido? É sempre uma possibilidade. Luca é um homem de dinheiro, mas mesmo os homens de dinheiro podem tomar frente. — Ele está bem. Vamos. Mariano já está me impulsionando pelo cavernoso hall de entrada.— Tem certeza? Ele está me assustando. Seu aperto é muito forte, como se ele pensasse que eu poderia fugir. — Não se preocupe com Luca.Mariano não olha para mim e a maneira como ele diz isso implica que eu deveria estar preocupada. Talvez para mim. Eu não fiz nada, no entanto. O lado da família de meu pai fazia o possível para me ensinar a vergonha e como ser uma “boa mulher italiana”
~~CAPÍTULO 2~~BRIANEu estremeço. Ele nunca trouxe a família do meu pai antes. E desde que estamos juntos, ninguém mais também. — Luca. Eu imploro. Não tenho certeza do quê. Confiança. Misericórdia. Libertação. Ele me joga de seu colo, e eu caio no chão com um baque estridente, braços e pernas na cintura, meu pulso dobrado para trás para o lado errado. Uma dor aguda e aguda irradia pelo meu braço. Ele se põe de pé, um metro e oitenta e cinco quilos de músculos magros e uma raiva fria. Eu me levanto, correndo para colocar a mesa entre nós, segurando meu pulso. Eu nunca o vi assim à beira da violência. Ele está imóvel, exceto pela contração de seus dedos como se quisesse alcançar sua arma. O pânico grita na minha cabeça. Corra, corra. Meu coração estúpido se estende por ele, no entanto. Este não é o homem que eu conheço. Onde está meu Luca? Onde está o homem que brinca comigo por horas e se delicia quando eu o ganho, que vem me procurar em momentos aleatórios durante o
~~CAPÍTULO 3~~BRIANFoi para todo mundo, disse Luca. Todos os homens que costumavam beber com meu pai antes de nossa família cair em desgraça. Todos os tios e primos honorários me viram levar no traseiro. Meu estômago ronca ameaçadoramente, embora eu não parei para almoçar. Eu estava correndo de volta para me maquiar antes que Luca chegasse em casa. Eu sigo o rastro de Mariano, entorpecida, o cérebro girando. Isso é melhor do que o turbilhão de sentimentos. Eu posso lidar com isso. O que eu vou fazer? Como Jorge pôde fazer isso comigo? Eu não o vejo há anos. E como Luca poderia ter acreditado? Eu não sou uma mentirosa. Ele sabe disso. Luca é um gênio. Ele é um homem quieto que mantém seu próprio conselho, mas de alguma forma sabe tudo. Ele passa seus dias jogando no mercado, mestre de um sistema que nenhum de nós entende. Sou simples em comparação. O que você vê é o que você obtém. Como ele não me conhece agora? Estou apenas meio consciente de sair de casa, tropeçar esca
~~CAPÍTULO 4~~BRIANEu me sinto um zumbi. Meu corpo está se movendo, mas meu cérebro está livre, vagando em todas as direções. Meu estômago está começando a doer de fome. Eu tomei café da manhã? Ou eu estava muito animada para ir às compras? A loja de jogos me ligou para dizer que o conjunto de gamão sob medida que eu pedi para Luca havia chegado. Ele ia ficar tão feliz. Ele me daria um de seus sorrisos tensos, a mais leve curva de seus lábios firmes, mas eu saberia que ele estava satisfeito. Sinto uma pontada aguda no meu coração. Eu respiro através disso. Essa deveria ter sido minha primeira bandeira vermelha. Que tipo de homem nunca mostra os dentes quando sorri? Dou a volta para encontrar Mariano atrás do carro. Ele coloca minha mala de rodinhas na calçada e coloca a mochila em cima. Sua mão repousa na alça estendida. Ele me encara, a testa franzida, parecendo cada centímetro um detetive grisalho de um programa de TV dos anos 70. Mariano e eu não somos amigos de forma alg
~~CAPÍTULO 5~~LUCAFico atrás da minha mesa, olhando para o laptop quebrado e a rachadura na parede de gesso, os punhos cerrados com tanta força que meus dedos doem, os nervos do meu pescoço esticado. Há um rugido surdo em meu cérebro, tão irritante quanto um aspirador no meio de uma reunião ou um cortador de grama do lado de fora de uma janela aberta. Eu calculei mal. Eu nunca faço cálculos errados. Brian sempre foi um risco, mas é o que eu faço. Eu gerencio riscos. Eu sou excelente nisso. Baixo risco é igual a baixa recompensa. Eu faço grandes apostas. Se Ricci soubesse quanto de seu dinheiro eu perco em um determinado dia, ele se cagaria. Mas eu faço para ele o dobro quando o mercado fecha, então todos ficam felizes. Se fosse Wall Street, eu seria o rei, mas esta é a organização Ricci. Eu sou o mago por trás da cortina. Eu não me importo. Eu não gosto de pessoas. Meu trabalho me convém. Eu deveria ter fodido Brian algumas vezes para tirá-la do meu sistema e depois largá
~CAPÍTULO 6~~LUCA— Ela se foi, chefe. Eu desço correndo as escadas para encontrar Mariano no saguão. Quase quatro da manhã. Mac e uma dúzia de homens ainda estão vasculhando a cidade. Brian desapareceu sem deixar vestígios. Eu me aproximo de Mariano. Ele tem o celular e o cartão de crédito dela nas mãos. — Eles estavam em uma lata de lixo? Ele me disse ao telefone, mas pergunto assim mesmo. Estou tentando descobrir esse problema com os fatos disponíveis, embora seja impossível, como montar um quebra-cabeça com apenas três peças de uma caixa de mil. — Ao lado do caixa eletrônico do hotel.Mariano confirma novamente. — Nenhum sangue? Nenhum sinal de luta? — Os homens de Ricci não deixariam nenhum. Nós dois sabemos disso, mas eu tinha que perguntar. Estou inquieto. Mariano fareja e tira seu sobretudo. Ele está amarrotado. Exausto. — Café! Eu vociferei para um dos funcionários, e houve uma correria. Preciso do Mariano em alerta. Ele é meu padrinho. Ele conhece Brian. — P
~CAPÍTULO 7~~BRIAN5 MESES DEPOISOlhando para as telhas protuberantes do teto, virando e revirando, incapaz de passar o tempo mesmo caindo no sono. Tenho saudades da minha vida. Sinto falta de ver as pessoas, de ir a lugares e de fazer coisas. Sinto falta de ter coisas. Tive a ideia de me acalmar um pouco, economizar meu dinheiro, deixar o negócio Ricci morrer e depois ir para Las Vegas ou Cali. Eu não sabia que estaria vivendo com a mão na boca. O pior é que sinto falta de Luca. Não as flores e os gestos que acabaram sendo uma besteira. Ou o sexo ou os silêncios estranhos sempre que estávamos sozinhos sem nada para fazer, como no jantar ou durante longos passeios de carro. Mas eu sinto falta dos jogos, das horas apenas de nós dois, seus olhos castanhos brilhando, sobrancelha escura arqueada, lábios levantados, quase sorrindo. Ele adorava vencer. Ele adorou ainda mais quando eu o venci. Ninguém prestou mais atenção em mim do que Luca quando estávamos no meio de um jogo. Eu