~~CAPÍTULO 5~~
LUCA Fico atrás da minha mesa, olhando para o laptop quebrado e a rachadura na parede de gesso, os punhos cerrados com tanta força que meus dedos doem, os nervos do meu pescoço esticado. Há um rugido surdo em meu cérebro, tão irritante quanto um aspirador no meio de uma reunião ou um cortador de grama do lado de fora de uma janela aberta. Eu calculei mal. Eu nunca faço cálculos errados. Brian sempre foi um risco, mas é o que eu faço. Eu gerencio riscos. Eu sou excelente nisso. Baixo risco é igual a baixa recompensa. Eu faço grandes apostas. Se Ricci soubesse quanto de seu dinheiro eu perco em um determinado dia, ele se cagaria. Mas eu faço para ele o dobro quando o mercado fecha, então todos ficam felizes. Se fosse Wall Street, eu seria o rei, mas esta é a organização Ricci. Eu sou o mago por trás da cortina. Eu não me importo. Eu não gosto de pessoas. Meu trabalho me convém. Eu deveria ter fodido Brian algumas vezes para tirá-la do meu sistema e depois largá-la. Essa era minha intenção. Teria feito sentido. Todo mundo sabe que ela está solta. O nome da família dela é lixo, e ela não é uma princesa da máfia. Ninguém iria piscar se eu tivesse pegado e desistido. Ela era boa no xadrez, no entanto. Muito boa em estratégia e mais ainda em risco. Ela pode dominar as regras de novos jogos em uma sessão de jogo, e sua porcentagem de vitórias varia de cerca de trinta por cento para Scrabble a quase cinquenta por cento para o resto. E ela é uma ótima foda. Foi inconveniente investir horas em comer e beber para que pudéssemos ir aos jogos, então eu a mudei. Ela não me incomoda quando estou trabalhando, e ela é gostosa. Mais bonita do que as esposas ou namoradas de qualquer um dos meus associados. Seus olhares excitados me divertem. Ele vem correndo de volta. O vídeo. Meu peito aperta. O desejo de bater e destruir se agita dentro de mim, lutando pela liberação, sombrio, alto e sem sentido. Eu não recebi o suficiente. Eu a quero de volta. Eu quero quebrá-la novamente e vê-la chorar. Ouvir ela implorar por misericórdia. Eu a quero apavorada e encolhida, coberta de ranho e sua própria urina. Ela não sentia nada. Ela fingiu inocência e bancou a vítima. Tão previsível. Você pensaria que alguém tão hábil em estratégia seria uma mentirosa melhor. Todo mundo já a viu levar um pau no traseiro agora. Giovani transmitiu o vídeo para toda a organização. Todo mundo viu outro homem pegando o que é meu. É bom que eu a mandei embora. Se ela estivesse aqui, eu a mataria. Depois dele. Giovani já está morto, porra; ele está respirando no tempo emprestado. Eu preciso descer para a academia. Expulsar essa raiva em um saco de pancadas antes que eu faça algo estúpido. Como chamar Mariano para trazê-la de volta. Ela teve a coragem de estreitar os olhos para mim quando pedi o relógio. Como se ela estivesse decepcionada comigo. Uma fúria quente corre em minhas veias. Eu a deixei ficar muito confortável. Mantive minha máscara muito firme no lugar. Ela não gosta de brincar quando está irritada ou hormonal, então eu me afastava quando ela me irritava. Eu deveria ter deixado ela provar as costas da minha mão uma ou duas vezes. O medo é um motivador muito melhor do que a lealdade. Se eu a tratasse como todo mundo, ela saberia ter medo. Então eu não estaria aqui com esse rugido ensurdecedor em meu cérebro. Não tenho tempo para isso. Eles ainda não tocaram a campainha em New York, e estou esperando uma recuperação das ações que venho vendendo. Eu cerrei meus dentes até minhas gengivas doerem. Eu deveria ligar para Mariano e fazer com que ele a arrastasse de volta. Eu a deixei escapar muito fácil. Ela precisa pagar por bagunçar meu equilíbrio. Foi satisfatório quebrar seu coração incendiar aqueles sonhos que ela estava girando em sua cabeça, mas não foi o suficiente. Ela vai se apaixonar pelo próximo homem que prestar atenção nela. Tão fácil quanto transferir dinheiro. Como ela fez quando passou de Giovani para mim. Eu sabia que a tinha quando ela veio para mim exatamente da mesma maneira que ela caminhou para ele, grandes olhos azuis drogados com sua ilusão favorita. Com um suspiro, agacho e pego meu laptop quebrado, arrancando cada caco do tapete. Arremessá-lo contra a parede foi uma tolice. Perco milhões por dia e não suo. Com o risco, a perda é inevitável. Brian era uma aposta ruim. Isso é tudo. Eu não insisto em apostas ruins. Preciso ligar para o Mariano. Eu preciso saber que ela está viva. Meu telefone está imediatamente na minha mão e estou discando. Mariano atende após um toque. — Você a tem? Eu vocifero. Ele fica em silêncio. — Eu a deixei em La Armada. — Quando? — Eu não sei... Vinte minutos atrás? — Onde ela foi? — Para dentro do hotel. Por que ela faria isso? Ela não tem mais do que duzentos dólares em dinheiro. Talvez ela não saiba que cancelei seu cartão de crédito. — Alguém a estava seguindo? Quando você a deixou? — Não, chefe. — Volte. Pegue ela. Traga-a de volta aqui. — Tudo bem. — Quanto tempo antes de você chegar lá? — Ainda estou estacionado na frente. — Eu disse para você largar ela e ir embora. — Eu estava lendo o jornal. Ele resmunga. — Não me aborreça. Vá agora. Eu desligo. Vinte minutos. Se ela tentasse reservar um quarto, seu cartão de crédito teria sido recusado. Ela iria para outro lugar. O centro da cidade está movimentado a esta hora do dia. Mariano pode ter sorte com ela, mas ela pode estar a quarteirões de distância agora. Eu clico no aplicativo para rastrear seu telefone. Eu deveria ter feito isso primeiro. Meu cérebro está lento. Espesso. Por algum milagre, ela ainda está em La Armada. Eu mando as coordenadas para Mariano e eu ando, o falatório em meu cérebro diminuindo e aumentando com a batida irregular em meu peito. Ele vai trazê-la de volta para mim. Em uma hora, ela estará aqui. Ninguém pega o que é meu sem minha permissão. Eu decido quando termino com aquela vadia. E quando eu terminar, ela vai se arrepender muito, muito mesmo, de todos os problemas que causou.~CAPÍTULO 6~~LUCA— Ela se foi, chefe. Eu desço correndo as escadas para encontrar Mariano no saguão. Quase quatro da manhã. Mac e uma dúzia de homens ainda estão vasculhando a cidade. Brian desapareceu sem deixar vestígios. Eu me aproximo de Mariano. Ele tem o celular e o cartão de crédito dela nas mãos. — Eles estavam em uma lata de lixo? Ele me disse ao telefone, mas pergunto assim mesmo. Estou tentando descobrir esse problema com os fatos disponíveis, embora seja impossível, como montar um quebra-cabeça com apenas três peças de uma caixa de mil. — Ao lado do caixa eletrônico do hotel.Mariano confirma novamente. — Nenhum sangue? Nenhum sinal de luta? — Os homens de Ricci não deixariam nenhum. Nós dois sabemos disso, mas eu tinha que perguntar. Estou inquieto. Mariano fareja e tira seu sobretudo. Ele está amarrotado. Exausto. — Café! Eu vociferei para um dos funcionários, e houve uma correria. Preciso do Mariano em alerta. Ele é meu padrinho. Ele conhece Brian. — P
~CAPÍTULO 7~~BRIAN5 MESES DEPOISOlhando para as telhas protuberantes do teto, virando e revirando, incapaz de passar o tempo mesmo caindo no sono. Tenho saudades da minha vida. Sinto falta de ver as pessoas, de ir a lugares e de fazer coisas. Sinto falta de ter coisas. Tive a ideia de me acalmar um pouco, economizar meu dinheiro, deixar o negócio Ricci morrer e depois ir para Las Vegas ou Cali. Eu não sabia que estaria vivendo com a mão na boca. O pior é que sinto falta de Luca. Não as flores e os gestos que acabaram sendo uma besteira. Ou o sexo ou os silêncios estranhos sempre que estávamos sozinhos sem nada para fazer, como no jantar ou durante longos passeios de carro. Mas eu sinto falta dos jogos, das horas apenas de nós dois, seus olhos castanhos brilhando, sobrancelha escura arqueada, lábios levantados, quase sorrindo. Ele adorava vencer. Ele adorou ainda mais quando eu o venci. Ninguém prestou mais atenção em mim do que Luca quando estávamos no meio de um jogo. Eu
~~CAPÍTULO 8~~BRIANSeu aperto afrouxa ligeiramente, permitindo-me finalmente expandir meus pulmões e tomar uma respiração superficial. — Por que você está voltando para casa sozinha?Quê? O cano de uma arma está cavando na carne macia acima do meu quadril, e ele quer saber por que estou voltando para casa sozinha? — Eu eu fechei esta noite. Eu gaguejo. — É perigoso. Uma risadinha histérica voa de meus lábios. Luca faz um som irritado e me empurra para frente com a arma. — Ande. No final do quarteirão, vire à esquerda.O que sobrou? Nenhuma coisa. Um lote vazio. A loja de descontos vazia. Ele vai atirar em mim. Deixar meu corpo em um campo coberto de pontas de cigarro e garrafas de cerveja. Meus joelhos ficam fracos. Eu não consigo me impulsionar para frente. Minhas pernas não vão fazer isso. Não vou caminhar calmamente para a minha morte. — O que você tem? Luca tenta me empurrar para frente com a mão nas minhas costas. — Eu n-não quero morrer.Eu gostaria de ser corajosa
~CAPÍTULO 10~~BRIANEle não está falando doce comigo. A conversa doce de Luca é clichê e repetitiva. Ele dizia as mesmas frases toda vez que fizemos sexo, quando ficamos juntos pela primeira vez. Você é tão bonita. Eu amo estar com você. Você é perfeita. Ele parou quando me mudei. Achei que era uma evolução natural do relacionamento. Como fazer xixi com a porta aberta. Olhando para este homem frio com as mãos apoiadas nas coxas, olhando para mim, ferida, presa, é impossível acreditar que as palavras saíram de sua boca, mas eu me lembro vividamente. Estávamos nadando nus na piscina quando ele disse eu te amo pela primeira vez. Não. Ele disse: — Adoro estar com você. E estávamos prestes a fazer sexo. — O que você está pensando?Ele exige novamente. Perco tempo espremendo sabonete líquido com perfume de lavanda em uma bucha e amassando em minhas mãos. — Você nunca costumava se perguntar. — Porque eu sabia.Ele diz isso com absoluta confiança. — Você sabia o que eu estava pensa
~CAPÍTULO 11~~LUCAEu trabalho por algumas horas, mas nunca me sento. Meu pau está duro e tenho energia demais. Eu iria para a academia, mas não quero perder quando ela acordar. De quanto sono ela precisa? Ela tem que acordar na hora do almoço. Bato os dedos na mesa polida e limpo as manchas com o punho. Satisfação e nervos guerreiam em meu peito. Eu a tenho de volta. Ela correu, eu a peguei e ela ficou apavorada. Eu não consigo evitar que meus lábios se curvem. Ela desligou na minha cara e eu a enfiei no porta-malas. É um pouco como levar uma arma para uma luta de facas, mas quando eu ganho, eu gosto de jogar grande. Encontrá-la também não foi uma conclusão precipitada. Nós a examinamos através do sistema. Sua licença foi usada em um aplicativo de aluguel que foi recusado. Isso nos levou à cidade certa. O investigador a encontrou em menos de um dia. Brian é tão inteligente, mas ela constantemente se sabota. Ela confia nas pessoas, anseia por afeto e aceitação. Ela fica sozinh
~~CAPÍTULO 13~~LUCAO ar está vermelho e meus pulmões estão limpos. Consigo respirar com facilidade pela primeira vez em semanas. Eu reviro meus ombros e bato o punho contra meu peito. Eu me sinto incrível. A sala está cheia. Gritos. Estridentes. Mac não. Ele não está fazendo mais nenhum som, exceto um gorgolejo baixo. Eu me levanto e me viro, confuso. É Mac. Ela está de pé, a cadeira desabou no chão. Os braços de Mariano estão em volta dela, prendendo-a no lugar. Ela está lutando, mas ela é fraca. Ela cede contra ele. Eu não gosto disso. — Largue ela. Ele o faz, instantaneamente. Ela tropeça e se recupera, seus gritos sumindo enquanto seus olhos encontram os meus. Suas pupilas são enormes. O azul de suas íris quase desapareceu. — Você vai matá-lo?Ela engasga. — Ele não está morto? Eu olho para os meus pés. Seu peito ainda está se movendo. Muito levemente. Estou surpreso. — O que ele fez?Ela murmura. — Ele me traiu. Eu vou até ela, tiro o cabelo pegajoso de seu rost
~~CAPÍTULO 15~~BRIANMeu rubor desaparece quando um calafrio se infiltra em meu peito. — Por que você fez isso com Mac? — Essa é uma mudança rápida de conversa. Ele coloca o rei preto em seu quadrado. — O que ele fez? — Ele é um rato. — Você deixou um rato viver? Não é assim que funciona. Meu tio era um rato. Ele pagou com a vida e o resto de nós vivia com o fedor. Foi um milagre Ricci não ter matado meu pai, embora ele não tivesse ideia do que seu irmão estava fazendo. Eu estava no ensino fundamental quando Ricci o pegou deslizando. Um dia, eu era popular. Eu tinha um namorado. Eu era a abelha rainha. No próximo, eu estava sentada à mesa do almoço sozinha. — Você me pediu. — Você não faz nada que não queira. Eu zombo. Ele inclina a cabeça. — Você precisa conhecer o seu poder. — Eu não tenho poder. — Pelo contrário. Seus olhos escurecem. — Você dizima o meu controle. Se você correr de novo, se me deixar com raiva o suficiente, posso matá-lo. Posso nem mesmo querer.
~~CAPÍTULO 16~~BRIANNo dia seguinte, Mariano e eu estamos na sala de mídia quando seu telefone toca. Ele verifica e ergue os olhos. — Você tem que se vestir. Você vai jantar em uma hora. Depois de nosso estranho almoço de ontem, Luca desapareceu, provavelmente para seu escritório, e eu não o vi novamente. Deitei me para um cochilo que acabou durando até de manhã. Luca nunca veio para a cama. Quando acordei e espiei pela porta, Mariano estava no corredor, apoiado em um banquinho. Ele me perseguiu quando desci as escadas, bufando e reclamando baixinho. Acho que tenho uma babá. Tudo bem por enquanto. Preciso de tempo para bolar um plano. Mariano pode assistir a esta comédia romântica horrível enquanto eu decido meu próximo movimento. Eu preciso de dinheiro. Eu poderia ter ficado fora do radar se tivesse dinheiro. Meu pai sempre teve um esconderijo, mas ele era das antigas. Luca usa exclusivamente cartões de crédito. Mesmo se eu milagrosamente desenvolvesse a habilidade de furtar