Capítulo 1 Tayler Costello estava inquieto essa madrugada. Embora a cama fosse das mais confortáveis, não era assim que se sentia, afinal mais um de seus frequentes pesadelos ousavam o atingir como pedra. Ele não costumava se deixar abater enquanto acordado, permanecia sempre ocupado para esquecer a culpa e o vazio que carregava dentro de si. Então, acreditava que seu corpo se beneficiava com o descanso para lhe pregar uma peça. Não que isso fosse injusto, na verdade, pensava o oposto, só que era exaustivo demais. Depois de muito girar sobre os lençóis, ele acorda atordoado, as cenas de seu melhor amigo com inúmeras queimaduras sobre a cama do hospital passam rapidamente pela sua memória. "Está tudo bem, Tayler, eu sempre estarei com você. Por favor, cuide do meu pai", foram seus últimos pedidos e Tayler sempre fez questão de cumprir, mesmo que Clince tivesse partido antes de escutar isso de sua boca, levando consigo uma boa parte daquilo que um dia Tayler realmente fora. Como se al
Capítulo 2 - O de sempre. - O rapaz mais velho pede. Era quase um ritual ir ao pub todo dourado e preto, revestido de espelhos e bancos madeirados, ordenados em um espaço oval. Às vezes, para Tayler, era entediante vir no mesmo lugar, mas a energia contrária ao seu caos interior, sempre o trazia de volta. Hoje, em especial, estava ocupado demais para pensar nisso. Uma garota de cabelo negro, liso e curto até o ombro, da qual ele nunca tinha visto por ali, desajeitadamente tentava fazer um drink. Quando ela percebe seus olhares e evita, observar atentamente o seu desespero estava começando a ser divertido, até tinha feito um pouco da vontade de socar alguém se esvair. Antony por sua vez, permanecia em silêncio porque sabia que sua companhia bastava. Aos poucos, várias doses descem rasgando por sua garganta, mas nem o torpor do álcool era capaz de desinteressá-lo por cada passo que a garota dava. O ar misterioso instigava todos os seus sentidos, sensação essa que ele não sentia há mui
- Feliz pela visita? - dois homens encapuzados a seguram por trás antes que ela possa correr. - Nós viemos cobrar a dívida daquele velho idiota. - O outro comenta com uma voz divertida. - Não se refira ao meu pai assim. - Megan protesta, sentindo os braços começarem a doer pela força exercida. - Cala a boca. - sente o cano da arma ser apontado no lado direto da cabeça. - Agora você só ouve e obedece, se não ficaremos satisfeitos em acabar com você. - Vocês já reviraram tudo, o que mais querem? - O chefe quer que faça um serviço, e assim nós a deixaremos em paz, por enquanto... - Garanto que nada do que faço irá o interessar. - Não é o que ele acha. - pressiona a pistola ainda mais. - Você realmente não imaginou que facilmente alguém poderia descobrir o que faz pela manhã? A resposta era não, ela realmente não imaginava que seus momentos de hacker seria tão perceptível assim. Megan amava programação e tinha um bom conhecimento graças a sua mãe que a ensinava. Todas as manhãs Meg
- Eu preciso que entregue isso para o senhor Costello. - estende o pequeno computador, após perceber que não havia câmeras por ali. - Tudo bem, quer que diga alguma coisa? - Não, mas não conte quem eu sou. Olhando torto, o homem balança a cabeça concordando e depois de alguns segundos Megan estende um papel escrito "Em breve tudo estará funcionando normal. Alguém está empenhado em te destruir, deveria ser menos arrogante." pedindo que lhe entregue também. Sem olhar para trás, arranca o carro na direção oposta, se certificando de que só o porteiro tivesse a visto. ~X~ No dia anterior, antes de Tayler descobrir a perda milionária causada pelo sistema bloqueado, ele estava sentado em sua mesa sem conseguir se concentrar. Sentia os pensamentos em outro lugar, mais precisamente naquela garota cujo perfume tinha ficado em sua camiseta, mesmo após lavar. Não tinha percebido até aquele momento o quanto estava gastando tempo demais pensando em uma mulher que só vira uma vez, já que nas n
O Apartamento de Tayler era grande e luxuoso demais para o gosto de Megan. Timidamente, ela sentou sobre o sofá e esperou que dissesse o que precisava fazer para sair de lá o mais rápido possível, só que tudo o que ele fez foi se enfiar no escritório e a deixar esperando, ordenando que não saísse dali. Megan não costumava seguir ordens e agora não seria diferente, então quando o tédio tomou conta de seu corpo ela começou a perambular pelos ambientes. Os quadros nas paredes tinham um toque sombrio, como se o autor estivesse mostrando toda a sua dor através da arte. Todos os artigos eram minimalistas e sem muita vida, vagarosamente ela toca sobre os objetos temendo quebrar alguma coisa que custasse seu rim. A escada que levava até o segundo andar era toda preta com detalhes em dourado. Megan esperou mais alguns minutos na expectativa de Tayler aparecer por ali, indo para a parte superior quando percebeu que continuaria sozinha por um bom tempo. O corredor era extenso e tinha várias port
No dia seguinte, quando Megan acordou, o papel e a caneta estavam prontos para serem assinados, ela conferiu tudo e rabiscou seu nome nos espaços em branco. Na parte de baixo, Antony estava terminando de colocar o café na mesa. - Você deve ser o Antony. - diz entregando o contrato e sentando em uma das cadeiras, dispensando a cordialidade dele em tentar afastar o acento para ela. - Sim, sou eu mesmo. A sua disposição senhorita Megan. - Deixe disso. Pode me chamar só de Megan, eu não sou prepotente como o Tayler. - Oh! - solta uma risadinha. - Ele só é um pouco difícil de lidar, mas com o tempo verá que é uma boa pessoa. - Eu duvido bastante. Ele ainda está dormindo? - Não, imagine. Tayler se deixar madruga naquela empresa, nunca vi ninguém amar tanto um negócio. - Melhor assim, não iremos nos encontrar tanto. Quando podemos ir ver meu pai. - Assim que tomarmos café. De lá vamos levá-lo a clínica. - Tudo bem. - Antony, será que podemos passar em casa? Eu preciso pegar o meu ca
- Posso fazer isso sozinha. - Levanta rápido, ajeitando o macacão. - O vestido que comprou para hoje é horrível. - fala despretensioso, antes dela fugir para a suíte. - Mexeu nas minhas coisas? - Não precisei, o Antony fez questão de me avisar. - Ele concordou, eu achei que estava bom. - A caixa com o vestido que irá usar está em cima da sua cama, tem dois tamanhos, já que eu não fazia ideia de qual era o seu. Esteja pronta às sete. - E o meu carro? - Já está com ele. - Não se faça de sonso, Tayler! Antony me disse ser temporário. - Ele mentiu, tem receio de suas histerias. Você pode comprar outro se quiser, apliquei o dinheiro da venda em um banco com seu nome. - Eu não suporto você! - grita, batendo o pé para o segundo andar. ~X~ A casa de Diana e John Costello era na verdade uma mansão aos olhos de Megan. Na entrada, vários paparazzi esperavam afoitos pela declaração que fariam mais tarde. No subconsciente, Megan agradecia o fato de não precisar sair do carro e passar ve
Sentado em frente ao caos que restara do cassino Ballagio, Tristan Santiago segurava uma bolsa de gelo contra os machucados que conseguira receber de Tayler no pub, se odiando por não revidar. As notícias sobre ele eram ridículas, mas pelo menos serviam para aumentar a vontade de ver o empresário morto. Enquanto tamborila os dedos na mesa, decide que estava na hora de recuar e deixar Tayler, e principalmente seus pais, acreditarem que tinham saído vencendo, para que depois o sabor da derrota fosse mais amargo. Os homens de Tayler ainda sondavam seus comparças para tentar extrair qualquer nova informação, mas Tristan já tinha se precavido caso isso acontecesse, nada se ligaria a ele e todos estavam ameaçados e muito bem pagos para não abrir o bico. Ele olhava o celular com a foto de sua mãe entorpecido, querendo sentir qualquer coisa além de raiva da família Costello. Ao crescer, Tristan virara um assassino, seja para cobrar ou conseguir aquilo que queria, e nada disso, nem mesmo obser