O Apartamento de Tayler era grande e luxuoso demais para o gosto de Megan. Timidamente, ela sentou sobre o sofá e esperou que dissesse o que precisava fazer para sair de lá o mais rápido possível, só que tudo o que ele fez foi se enfiar no escritório e a deixar esperando, ordenando que não saísse dali. Megan não costumava seguir ordens e agora não seria diferente, então quando o tédio tomou conta de seu corpo ela começou a perambular pelos ambientes. Os quadros nas paredes tinham um toque sombrio, como se o autor estivesse mostrando toda a sua dor através da arte. Todos os artigos eram minimalistas e sem muita vida, vagarosamente ela toca sobre os objetos temendo quebrar alguma coisa que custasse seu rim. A escada que levava até o segundo andar era toda preta com detalhes em dourado.
Megan esperou mais alguns minutos na expectativa de Tayler aparecer por ali, indo para a parte superior quando percebeu que continuaria sozinha por um bom tempo. O corredor era extenso e tinha várias portas, ela forçou a primeira maçaneta, mas a mão de Tayler impediu que ela continuasse.
- Eu disse para não sair do sofá. - rosna
- Eu não sou uma boneca. - Revira o olho.
- Vamos ao meu escritório. - pega a chave de seu moletom e tranca a porta.
Como um guarda-costas, ele segue atrás garantindo que ela não tocasse em mais nada.
O espaço era pequeno comparado ao resto da residência, mas ainda assim mantinha o padrão elevado na decoração. A mesa em tom marrom-claro era grande e estava cheia de papéis, com alguns livros de economia na prateleira acima. O computador instalado ali, era mil vezes melhor que aqueles da biblioteca e estava aceso em um documento que Tyler colocou para imprimir e lhe entregou em seguida.
- O que é isso?
- Um contrato de casamento.
- O quê?! Nós não nos conhecemos e eu tenho namorado, Tayler! - fala.
- Termine então, garanto que nada disso será um problema.
- Eu nunca vou assinar isso. - empurra o papel de volta - Escuta aqui Tayler, eu entendo querer me torturar, mas conviver com alguém como você é suicídio.
Megan vai até a porta e tenta abrir, mas está trancada e sem a chave. Tayler deixa escapar um sorriso de canto, era divertido ver que ela tinha perdido o seu controle. Essa era a forma com que ele pretendia a punir e resolver a maioria dos seus problemas, inclusive a vontade de estar perto dela.
- Abre a porta, Tayler Costello, ou eu vou gritar.
- Eu não vou te prender aqui, Megan. Fechei apenas para que não se precipitasse tanto, afinal você tem mais a perder se recusar. Sente-se e leia. - estende o papel novamente
Recusando a ficar na cadeira, Megan puxa o contrato da sua mão, lendo enquanto anda desesperadamente de um lado para o outro. Vez ou outra ela deixava uma risada sarcástica sair de sua garganta e Tayler analisava tranquilamente, percebendo o quanto suas roupas estavam gastas. Fez uma nota mental de comprar peças novas e ligar na cozinha para pedir comida, pois parecia faminta.
- Antes de qualquer coisa, você precisa saber que o notebook estava sendo controlado por um galpão no Cassino Ballagio. Eles não foram nada inteligentes quando colocaram para te rastrear, ficou fácil identificar. Todo mundo que estava lá foi levado pela polícia e um tal de Truth se identificou como dono. Com certeza ele não vai mais perseguir nem você, nem a mim, mas meus homens fizeram algumas pesquisas e seu pai tem mais de um milhão em dívidas de jogo, não vai demorar até alguém ir te cobrar de novo. E se me permite acrescentar, eles andaram vasculhando atrás do seu pai, um estrago de quase quinhentos mil, duvido que consiga pagar com aquela merreca por drinks que mal sabe fazer. Você não me parece ter direito a escolhas. - Apoia as mãos na mesa e levanta o olhar para ela, satisfeito.
- Por que você quer se casar assim?! - Ela espalma a madeira em sua frente, alterada.
- É o que preciso fazer para ficar com a empresa e limpar o meu nome na mídia.
- Então você pretende que eu aceite ser sua esposa por um ano? E em troca você não me denuncia, paga as dívidas do meu pai e o deixa em uma das melhores clínicas?
- É o que parece não é?
- Quero negociar.
- Estou ouvindo.
- Dormir em quarto separado, ok. Ir para festas de luxo, ok. Toques físicos mínimos em momentos públicos, ok. Permanecer sem qualquer outro parceiro... isso tem que valer para você também.
- Acrescentarei isso.
- Não quero que me banque.
- Megan, eu tenho dinheiro para isso.
- Eu não dou a mínima para o seu dinheiro, Tayler. Vou continuar trabalhando.
- Como desejar. Mais alguma coisa?
- Quero que passemos alguns momentos juntos, preciso te conhecer um pouco se precisamos fazer isso funcionar.
- Tudo bem. Quando estiver pronto, eu lhe darei para assinar. Lembre-se que ninguém, além de Antony, poderá saber disso.
Megan balança a cabeça em um sim, pensando se ela conseguiria aguentar Tayler por um ano. Tudo o que sabia eram coisas negativas até agora, mas se recusasse, ela não tinha certeza por quanto tempo ainda permaneceriam vivos e isso a assustava.
- Como meu pai está?
- Bem, Antony está cuidando dele.
- Eu quero vê-lo. - declara.
- Amanhã. Você precisa descansar, foi um dia lotado. Vou mostrar qual será o seu quarto.
Tayler a acompanha até a suíte ao lado da sua, onde a cor era sem vida como as do restante do quarto.
- Antony ainda ficará por aqui enquanto não nos casarmos. Pode pedir qualquer coisa que precisar para ele. Vou ligar na cozinha, assim que estiver pronta, desça.
Ele já estava quase na porta quando Megan o chamou. Seu olhar parecia um pouquinho menos cansado.
- Obrigada Tayler, você está sendo muito generoso comigo.
Tayler já havia percebido isso, qualquer outra pessoa que ousasse fazer o mesmo terminaria na miséria pelo resto da vida e não em sua casa assinando um contrato de casamento. Embora soubesse, ele dizia a si que estava mostrando para Tristan quem mandava ali e Megan se sentindo culpada, era incapaz de tirar vantagem daquela situação. Na verdade, ele achava que ela era tão ingênua em alguns aspectos e preocupada com o pai que faria qualquer coisa para o ver bem. Somado a isso, ele acreditava que logo Megan se sentiria tão infeliz que se arrependeria amargamente pelo que tinha feito, e no fim de tudo a empresa seria sua sem grandes preocupações.
No dia seguinte, quando Megan acordou, o papel e a caneta estavam prontos para serem assinados, ela conferiu tudo e rabiscou seu nome nos espaços em branco. Na parte de baixo, Antony estava terminando de colocar o café na mesa. - Você deve ser o Antony. - diz entregando o contrato e sentando em uma das cadeiras, dispensando a cordialidade dele em tentar afastar o acento para ela. - Sim, sou eu mesmo. A sua disposição senhorita Megan. - Deixe disso. Pode me chamar só de Megan, eu não sou prepotente como o Tayler. - Oh! - solta uma risadinha. - Ele só é um pouco difícil de lidar, mas com o tempo verá que é uma boa pessoa. - Eu duvido bastante. Ele ainda está dormindo? - Não, imagine. Tayler se deixar madruga naquela empresa, nunca vi ninguém amar tanto um negócio. - Melhor assim, não iremos nos encontrar tanto. Quando podemos ir ver meu pai. - Assim que tomarmos café. De lá vamos levá-lo a clínica. - Tudo bem. - Antony, será que podemos passar em casa? Eu preciso pegar o meu ca
- Posso fazer isso sozinha. - Levanta rápido, ajeitando o macacão. - O vestido que comprou para hoje é horrível. - fala despretensioso, antes dela fugir para a suíte. - Mexeu nas minhas coisas? - Não precisei, o Antony fez questão de me avisar. - Ele concordou, eu achei que estava bom. - A caixa com o vestido que irá usar está em cima da sua cama, tem dois tamanhos, já que eu não fazia ideia de qual era o seu. Esteja pronta às sete. - E o meu carro? - Já está com ele. - Não se faça de sonso, Tayler! Antony me disse ser temporário. - Ele mentiu, tem receio de suas histerias. Você pode comprar outro se quiser, apliquei o dinheiro da venda em um banco com seu nome. - Eu não suporto você! - grita, batendo o pé para o segundo andar. ~X~ A casa de Diana e John Costello era na verdade uma mansão aos olhos de Megan. Na entrada, vários paparazzi esperavam afoitos pela declaração que fariam mais tarde. No subconsciente, Megan agradecia o fato de não precisar sair do carro e passar ve
Sentado em frente ao caos que restara do cassino Ballagio, Tristan Santiago segurava uma bolsa de gelo contra os machucados que conseguira receber de Tayler no pub, se odiando por não revidar. As notícias sobre ele eram ridículas, mas pelo menos serviam para aumentar a vontade de ver o empresário morto. Enquanto tamborila os dedos na mesa, decide que estava na hora de recuar e deixar Tayler, e principalmente seus pais, acreditarem que tinham saído vencendo, para que depois o sabor da derrota fosse mais amargo. Os homens de Tayler ainda sondavam seus comparças para tentar extrair qualquer nova informação, mas Tristan já tinha se precavido caso isso acontecesse, nada se ligaria a ele e todos estavam ameaçados e muito bem pagos para não abrir o bico. Ele olhava o celular com a foto de sua mãe entorpecido, querendo sentir qualquer coisa além de raiva da família Costello. Ao crescer, Tristan virara um assassino, seja para cobrar ou conseguir aquilo que queria, e nada disso, nem mesmo obser
O vestido branco, de manga comprida e saia rodada, estava deslumbrante em Megan. Ela havia escolhido com a ajuda do pai e se sentia uma verdadeira princesa. Tayler queria fazer apenas os trâmites das papeladas sem igreja e festa, mas depois de muita discussão, os dois conseguiram entrar em um consenso de uma cerimônia pequena apenas para os familiares e um ou dois jornalistas, para parecer algo real.Depois de um atraso considerável, seguindo os costumes da noiva em um casamento, a música começou a tocar e as portas da capela se abriram para ela e Dener irem até o altar. Tudo o que conseguiu reparar é que Tayler usava o terno preto, embora nas poucas vezes que se esbarraram - graças apenas à megan- ele dava sempre um jeito de demonstrar sua insatisfação com isso. Tayler estava lindo como sempre e ela não conseguia tirar os olhos, lembrando da tatuagem que vira em seu peito esquerdo quando o encontrou sem camiseta no escritório. O desenho ia até o ombro e pegava um pouco do braço, entã
No exato instante que o avião pousou em Atenas, um carro estava esperando por eles. Era noite e as luzes brilhavam por todas as ruas recheadas de pessoas. O período de verão com certeza se sobressaía dos demais para aquela ocasião, eles poderiam aproveitar muito mais todos os pontos turísticos. Tayler provavelmente não notou nada, já que passou todo o trajeto fazendo ligações e trocando mensagens com Antony. Logo que pararam em frente ao King George, Megan teve a sensação de que aquele hotel era o maior, mais iluminado e acima de tudo, o mais caro de toda a cidade. A recepção se alterava nas cores branca, nude e dourado, exceto o balcão vermelho-escuro. - Reserva no nome de Tayler Costello para suíte delux casal e uma de solteiro. - Você pagou por um quarto separado? - Megan pergunta já ciente da resposta. - Me desculpe, só consta a reserva para o casal. - Com licença, deve haver um erro. - Sai apressado, discando novamente para seu braço direito, furioso. - Antony, você reservou
Assim como anunciado, na hora que chegaram do restaurante, Tayler trocou de roupa e pegou o cobertor para dormir no sofá. Megan se sentia mal por isso, mas não encontrava uma forma de convencê-lo a ficar na cama. Não que em sua mente fosse acontecer alguma coisa, embora talvez ela quisesse, mas odiava ser um peso para ele. Deitou na cama e tentou cair no sono, entretanto a mente agitada a fazia se manter acordada. - Não... não... fique comigo. - Tayler deixa escapar o lamento de seus lábios. Sua voz estava falhando e em um tom triste. Megan vagarosamente sentou sobre a cama e apertou o interruptor, iluminando o local. Se aproximou do corpo dormente e percebeu que lágrimas escorriam pelas maçãs do rosto, a colcha estava toda no chão e devido ao ar-condicionado ligado, ele estava encolhido de frio. Megan pegou o mesmo e colocou de volta sobre ele, Tayler se mexeu, mas não abriu os olhos. - A culpa é minha, Antony... A culpa é minha... - O que houve com você Tayler? - Ela pergunta ma
A fama e o dinheiro sempre trouxeram garotas aos seus pés, logo era raro os dias em que ele voltasse para casa desacompanhado. Tayler tinha aceitado o necessário para ter a Wealth Bank e provar a sua capacidade, porém começava a perceber que isso estava custando caro demais. Aproveitando que estava sozinho, desceu para a área da piscina e mergulhou assim que chegou. O contato da água gelada com sua pele quente fez o tesão aliviar um pouco, mas não o suficiente, ele sentia que precisava se livrar de todo aquele sentimento se não quisesse cometer outra loucura. Pega a toalha e começa a enxugar o corpo, pretendendo pedir a bebida alcoólica mais forte do bar. - Tayler? - uma voz feminina chama por ele. - Você de novo por aqui. Olha para trás e uma mulher loira de vestido vermelho e salto alto, segura uma bolsa preta com corrente em dourado. Ele a conheceu no desfile da Dior do começo do ano, quando sua mãe o arrastou para lá por ter várias celebridades. Era bom para os negócios, mas um
Assim que ambos chegaram no local indicado, vários paparazzi fotografavam as celebridades na entrada principal. No momento em que pediram uma foto sem Megan, Tayler fez questão de recusar e puxar ela para seu lado. - Tayler, você sabe que eu não importo, até prefiro não aparecer. - Você veio comigo e é minha esposa, não ache essas coisas normais. - fala ríspido e entrelaça suas mãos, deixando evidente que ela estava com ele. Tayler avisara para Megan que precisavam agir como um casal, mas parte disso não se limitava apenas na aparência, porque se fosse ser sincero ele queria sentir a sua pele e garantir que ninguém chegasse perto dela. Na hora em que adentraram o salão, após passarem pela lista de convidados, Tayler percebe vários pares de olhos sobre sua esposa, que chamava a atenção. Forçou um pouco de simpatia e cumprimentou todos apresentando a mulher. Escolheram duas cadeiras no meio e se acomodaram. - Eu preciso ir ao banheiro. - Megan levanta. - Rápido, já vai começar. Ma