Capítulo 4

- Eu preciso que entregue isso para o senhor Costello. - estende o pequeno computador, após perceber que não havia câmeras por ali.

- Tudo bem, quer que diga alguma coisa?

- Não, mas não conte quem eu sou.

Olhando torto, o homem balança a cabeça concordando e depois de alguns segundos Megan estende um papel escrito "Em breve tudo estará funcionando normal. Alguém está empenhado em te destruir, deveria ser menos arrogante." pedindo que lhe entregue também.

Sem olhar para trás, arranca o carro na direção oposta, se certificando de que só o porteiro tivesse a visto.

~X~

No dia anterior, antes de Tayler descobrir a perda milionária causada pelo sistema bloqueado, ele estava sentado em sua mesa sem conseguir se concentrar. Sentia os pensamentos em outro lugar, mais precisamente naquela garota cujo perfume tinha ficado em sua camiseta, mesmo após lavar.

Não tinha percebido até aquele momento o quanto estava gastando tempo demais pensando em uma mulher que só vira uma vez, já que nas noites em que ele voltou lá, nenhum dos dois - mas em especial a garota- nem sequer deu as caras por ali. Tayler dizia para si que essa obsessão temporária tinha mais a ver com não ter feito Tristan se sentir um merda do que com a própria Megan, o que lhe causava um certo alívio.

Absorto nesses pensamentos, levantou e resolveu apreciar um pouco da vista, buscando qualquer coisa que o fizesse voltar ao normal. Se aquela altura seu humor não estava nada bom, piorou ainda mais quando Antony lhe contou o ocorrido.

- Mande esse imprestável embora! - foram suas palavras aos berros. - Contrate os melhores homens para lidar com isso, Antony. Fique atento, eles vão querer um resgate.

Tayler odiava ser surpreendido e naqueles dias isso estava acontecendo com frequência. Tudo a sua volta parecia desajustado, então ele se forçou a ler as notícias para decidir o que fazer. A mídia já começava a questionar se ele era realmente capaz de comandar a Wealth Bank e não era nada bom. Em nenhum momento, desde que seu pai tinha o colocado contra a parede, ele cogitara a possibilidade de se casar, mas se deixasse a presidência agora, todos o veriam como alguém realmente incompetente e fracassado, a única coisa da qual Tayler jamais permitiria.

Seu celular tocava incessantemente e ele ignorava enquanto mexia na comida já fria e sentia o corpo esgotado após horas de e-mails e pesquisas tentando encontrar uma solução.

Viegas estava dormindo, então pensou duas vezes se deveria atender a porta quando a campainha soou.

- Senhor Costello, o porteiro deixou na recepção para lhe entregar. A pessoa pediu para não ser revelada.

Sem agradecer, pega o objeto e b**e a porta. Deixando a elegância de lado, abre o aparelho e aperta a tecla que acende a tela, só percebendo o bilhete todo dobrado na parte superior quando descobriu do que se tratava. Tayler no mesmo segundo soube quem tinha escrito aquilo, ninguém além da garota no pub e Antony ousaria lhe desafiar assim.

Em outras circunstâncias ele teria o prazer de mandar que alguém fizesse o trabalho sujo, mas colocar as mãos nela e mostrar que aquele jogo tinha apenas começado era algo pessoal, e mesmo que não fosse admitir, nascia ali uma boa desculpa para encontrá-la.

Buscando qualquer tipo de informação, dirigiu o mais rápido que pôde até o bar, entrando de sopetão na sala do dono que conhecia bem, já que aquele lugar só estava funcionando graças a quantia que seu banco lhe disponibilizara.

- Me diz o endereço da garota nova. - cospe as palavras jogando algumas notas na mesa.

- Vire à direita da Rua Acacia, é um barraco de madeira que foi abandonado. - enfia o dinheiro no bolso.

Tayler não imaginava algo difícil, mas tão fácil assim era piada. Mesmo sentindo que poderia quebrar tudo que estava em volta, ele não podia perder tempo, então deu meia volta, no mesmo instante em que Tristan entrou pela porta e trombou de propósito em seu ombro.

- O que esse otário faz aqui?! - Tristan pergunta para o homem com um ou dois dentes de ouro e enormes anéis nos dedos, sem deixar de encarar Tayler que parece ter chamas no lugar da cor preta dos olhos.

- Santiago! Eu não... - Começa lhe repreender girando na cadeira, mas acente quando recebe um olhar de Tayler para que se cale e aproveita para acender um charuto.

Com um passo em sua direção, Costello se aproxima de seu corpo e sorri sarcasticamente.

- Tem sorte que meu tempo está curto para lidar com um fracassado como você. - Dá dois t***s em seu ombro, aproximando ainda mais e abaixando o tom para completar. - Sua mulher é definitivamente alguém mais interessante por hora.

Tristan ergue o punho para lhe atingir com um soco, mas suas mãos lhe impedem, segurando com força o pulso dele e deixando que toda a ira iradiando pelo corpo voltasse para seu semblante.

- Fique longe dela. - rosna.

- A Megan é minha, eu escolho quando cair fora.

- Isso é o que nós vamos ver.

Era a primeira vez que ele escutava o nome dela e de certa forma achava tão bonito quanto sua aparência. Tayler estava a cada segundo odiando-a menos do que gostaria e isso lhe frustrava.

Quando chegou no local indicado, Megan colocava um restante de coisas no porta malas do carro, então ele deixou o veículo do outro lado da rua e desceu o mais rápido possível em sua direção. Assustada, a garota fechou o bagageiro e tentou correr, mas Tayler a alcançou e segurou seu corpo contra a porta lateral.

- Me solte! - Megan tenta.

- Eu avisei para não brincar comigo.

- Eu não sei do que está falando.

- Para quem você trabalha? - A encurrala mais.

- Eu... eu não conheço.

- Não me irrite, porra! - Grita.

- Eu estou dizendo a verdade. - Abaixa a cabeça acuada, fazendo o coração do garoto sentir certo remorso por gritar.

Uma mensagem de texto chega no celular de Megan e Tayler se move rapidamente para pegar. "Você escolheu o caminho mais difícil, vadia. Tenho certeza que não se esqueceu das consequências."

- Por que escolheram você, Megan?

- Não importa.

- Eu sou quem decido isso! - Aproxima o rosto.

- Meu pai deve dinheiro, era mais fácil de manipular. Se eu seguisse o plano, eles nos deixariam em paz por enquanto.

- Qual era o plano?

- Deixar a Wealth fora do ar por vários dias, eles queriam que soubesse que isso é apenas o começo e logo em seguida, a imprensa saberia que, na verdade, sua empresa fora invadida.

- Por que você não foi até o fim? - Grudou as pupilas nas suas.

- Eu achei que merecia uma lição no início, mas... não sou uma criminosa. Você tem que sair daqui, eles vão chegar a qualquer momento.

- Onde está o seu pai?

- O que vai fazer com ele? - se encolhe.

- Eu não sou um assassino, Megan. - ergue seu queixo a fazendo olhar para ele.

- Na clínica de reabilitação daqui a 5 quadras.

Disca o número de Antony e no primeiro toque ele atende.

- Costello, o que houve?

- Antony, preciso que vá até a clínica de reabilitação no centro e tire, o mais rápido possível, um homem de lá. Enviarei os dados por e-mail, peça um quarto temporário para ele e não saia de lá. Te explico tudo amanhã.

Tayler solta seus braços e a segura pela mão, sentindo um choque pelo toque. Obrigando a pegar os pertences do homem na bolsa, ela o obedece enviando as fotos para Antony.

- Você vem comigo. Nós temos uma pendência para acertar. - Conduz até o Porsche.

- Eu preciso do meu carro. - tenta se soltar.

- Não, você não precisa dessa lata velha!

- Me solta Tayler, eu posso te seguir.

- Eu já disse que não, Megan! Não insista! - Puxa o corpo da menina para si, a fazendo parar e ficar perto demais. Tayler desce o olhar e encontra seus lábios sentindo vontade de beija-lá. Ciente de que era uma loucura, ele se afasta rápido e grosseiramente a faz entrar no veículo.

Deixando tudo para trás, Megan sabia que ele não iria facilitar as coisas. De alguma forma ele a faria se arrepender do que fez, entretanto, ela teria de aguentar, afinal seu pai e ela estavam salvos, pelo menos por enquanto.

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