Capítulo 3

- Feliz pela visita? - dois homens encapuzados a seguram por trás antes que ela possa correr.

- Nós viemos cobrar a dívida daquele velho idiota. - O outro comenta com uma voz divertida.

- Não se refira ao meu pai assim. - Megan protesta, sentindo os braços começarem a doer pela força exercida.

- Cala a boca. - sente o cano da arma ser apontado no lado direto da cabeça. - Agora você só ouve e obedece, se não ficaremos satisfeitos em acabar com você.

- Vocês já reviraram tudo, o que mais querem?

- O chefe quer que faça um serviço, e assim nós a deixaremos em paz, por enquanto...

- Garanto que nada do que faço irá o interessar.

- Não é o que ele acha. - pressiona a pistola ainda mais. - Você realmente não imaginou que facilmente alguém poderia descobrir o que faz pela manhã?

A resposta era não, ela realmente não imaginava que seus momentos de hacker seria tão perceptível assim. Megan amava programação e tinha um bom conhecimento graças a sua mãe que a ensinava. Todas as manhãs Megan aproveitava os computadores da biblioteca para invadir sistemas de ensino pago e estudar, sonhando um dia conseguir entrar na faculdade.

- Perdeu a língua? - soa debochado, dando a cartada que podia ferrar mais ainda com Megan.

- O que quer que eu faça?

- Invada a Wealth bank. O chefe quer que mande um vírus e tire o sistema do ar por alguns dias, você só irá liberar após mandar um recado.

- Eu não posso, isso vai prejudicar milhões de pessoas.

- Cala boca, porra! - solta o seu braço e vai para o cabelo, puxando para trás. - Escuta aqui, sua vadia, é melhor você começar a mudar de pensamento, porque não tem outra saída, está entendendo?

- S-sim.

O homem que manuseia a arma, balança a cabeça para que o comparsa pegue algo no furgão.

- Nós vamos te dar uma semana. - Volta com um notebook. - O recado é o seguinte: "Você ainda vai se fuder, Costello. Isso é só o começo", assim que isso acontecer, envie essa notícia para os jornais.

- E se eu não conseguir?

- Tenho certeza que vai.

- E se não?

- Se tentar passar a perna em qualquer um de nós, abrir a porcaria da boca ou fazer corpo mole, já pode ir dando adeus ao seu pai, aquela lata velha, essa espelunca e qualquer resquício de paz, porque nós vamos te achar até no inferno.

Suas mãos são finalmente libertas e ela pode respirar aliviada.

- Não ouse se mexer enquanto saímos.

Megan faz o que pede, ouvindo os passos contra a madeira. Quando a van derrapa na pista, até o último pelo de seu corpo arrepia e ela desaba no chão, aos prantos.

~X~

Pela quinta vez na semana, Megan pega o aparelho que estava pronto para enviar o e-mail disfarçado e carregado de ransomware, um software malicioso que bastava apertar para bloquear o acesso ao sistema, mas a coragem lhe faltava. B**e a tela do notebook e carrega consigo para a biblioteca.

As coisas no trabalho estavam um pouco melhor, seu chefe decidiu que seria mais produtiva no período da tarde e ela concordava com isso. Metade de si agradecia mentalmente por não precisar esbarrar com aquele homem novamente e a outra metade ainda se sentia um pouco mexida por ter a defendido sem pensar duas vezes, mesmo acreditando que não passava de uma maneira de intimidar qualquer um a sua volta.

- Bom dia, Megan, como vai? - a bibliotecária cumprimenta. - Ontem você não veio, aconteceu alguma coisa?

Sim, ela queria dizer, mas aquilo não era problema de ninguém além de si. Ela precisara ir até a clínica onde Dener estava e implorar que a mulher esperasse por mais alguns dias para receber todas as mensalidades atrasadas, conseguindo estender o prazo até o fim de semana.

- Bom dia, Loren. Não... não se preocupe, estive ocupada, apenas isso. Mas e você, como está?

- Vou caminhando. Entendi, me desculpe pelo inconveniente. Monitor cinco, como de costume?

- Isso.

As duas não eram amigas nem nada, apenas se tratavam com cordialidade. Ainda que nunca trocassem palavras mais que superficiais, Loren podia imaginar como sua vida era complicada, então sempre fingia não saber de suas tarefas ilegais.

Com os dois computadores acesos, Megan busca no navegador sobre a empresa antes de tomar qualquer decisão. "Banco de luxo há mais de 20 anos no mercado, atualmente dirigido por Tayler, o único herdeiro da família Costello.", era o que aparecia como resultado, servindo apenas para a fazer se sentir mais culpada com aquilo.

Desce a barra de rolagem onde várias notícias do tipo "Golpe da barriga? Ex-affair de Tayler Costello diz que as declarações sobre gravidez era apenas para chamar sua atenção." aparecem na tela. Sem querer, clica em uma das reportagens e a foto de Tayler saindo do banco, preenche toda a tela. Imediatamente o homem do pub vem em sua mente, os dois eram iguais, exceto pela parte de que a barba, o cavanhaque preto, os ombros e mãos grossas repleta de veias, eram mais bonitos ainda, pessoalmente.

A aparência era totalmente oposta ao de seu namorado, que era um tanto quanto bonito, mas nada comparado ao homem da tela. Claro que tudo aquilo a atraía, e muito, mas a forma com que ele lhe tratara ainda a deixava furiosa. Sedenta por mais informações, suas mãos voltam a rolar pelas páginas, terminando de ver algumas coisas sobre ele. Lá, a modelo relatava que Tayler era uma pessoa distante e fria, motivação o suficiente para querer despertar algo a mais nele, o que não surgiu efeito. Tayler pagou muito bem para que ninguém mais a contratasse enquanto tudo aquilo não fosse resolvido, além de lhe enviar torpedos anônimos assustadores de celulares descartáveis.

Megan releu algumas vezes, até ter certeza que ele era muito pior do que tinha deixado transparecer com toda a sua arrogância. De repente não parecia tão errado fazer aquele trabalho sujo e salvar a sua vida. Ele havia insinuado que poderia ter consequências por ser sincera e agora a garota tinha a oportunidade de mostrar que ele também podia se queimar ao tentar ameaçá-la.

"O tempo está acabando e a minha paciência também, se apresse ou eu te acharei." recebe por SMS de um número restrito.

Depois de tudo aquilo, ela realmente não tinha mais opção de escolha e também não se sentia tão culpada. Talvez ele tivesse feito algo pior para a pessoa que estava em busca de vingança. Alguém um dia iria precisar mostrar que ele não era o dono do mundo, e ela estava disposta a ser essa pessoa se isso significasse salvar sua pele e a de seu pai.

Megan faz parecer algum e-mail que Tayler enviaria ao seu funcionário e logo desliga o notebook entendendo tardiamente o que tinha realmente feito.

Sua língua começa secar e a boca fica branca, ela se sentia nervosa como se pudesse ser pega a qualquer momento. Levanta rapidamente temendo desmaiar.

- Ei Megan, o que houve? - a mulher levanta e vai em sua direção.

- Nada que precise se preocupar. Já estou indo.

Dentro do carro, ela fecha os olhos, respirando fundo, agora era tarde demais para voltar atrás.

~X~

Fazia poucas horas desde o ocorrido, as notícias começava a se espalhar, mas simplesmente como uma falha no sistema e não um ataque hacker.

Já era de noite, fazia alguns dias que não conseguia ir até a clínica de reabilitação. Aproveitou o horário de visitas da clínica e resolveu conversar com seu pai.

- Meg! Venha, me dê um abraço.

Megan não recusaria esse pedido por nada nesse mundo, apesar de tudo ela o amava e percebia o quanto estava se esforçando.

- Não parece estar bem, o que houve?

- Não, não é nada. - Ela desceu o olhar para os pulsos ainda marcado pela força que exerceram, tentando escapar do interrogatório do pai.

- Ah, meu Deus! Não me diga que foram atrás de você por minha causa?! Me diga, o que você teve que fazer?

- Invadir um banco. Mas de certa forma, o dono merecia.

- Megan, eu nunca fui um bom pai para você, mas tenho certeza de que sua mãe te educou o suficiente para entender que não existe uma justificativa para isso... Céus ela estaria tão decepcionada. - abaixa a cabeça triste. - Desfaça isso, tome este dinheiro e vá embora.

- Eu não posso. Ele vem atrás de você.

- Isso é um problema meu e eu irei resolver. Conte a verdade Megan e depois fuja, eu ficarei bem. Me perdoe por te colocar nessa situação.

Em um abraço apertado, ela se despede deixando as lágrimas rolarem tendo a certeza de que talvez fosse a última vez que se encontrariam. Quando sai, conecta na internet dali em busca do endereço de Tayler, mas toda a informação indicava para seu prédio no bairro rico de Conthe. Antes de ir, liga o notebook, libera todo o acesso e desliga o sensor de localização, em seguida apertando o modo avião, para que ninguém pudesse a rastrear.

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