- Feliz pela visita? - dois homens encapuzados a seguram por trás antes que ela possa correr.
- Nós viemos cobrar a dívida daquele velho idiota. - O outro comenta com uma voz divertida.
- Não se refira ao meu pai assim. - Megan protesta, sentindo os braços começarem a doer pela força exercida.
- Cala a boca. - sente o cano da arma ser apontado no lado direto da cabeça. - Agora você só ouve e obedece, se não ficaremos satisfeitos em acabar com você.
- Vocês já reviraram tudo, o que mais querem?
- O chefe quer que faça um serviço, e assim nós a deixaremos em paz, por enquanto...
- Garanto que nada do que faço irá o interessar.
- Não é o que ele acha. - pressiona a pistola ainda mais. - Você realmente não imaginou que facilmente alguém poderia descobrir o que faz pela manhã?
A resposta era não, ela realmente não imaginava que seus momentos de hacker seria tão perceptível assim. Megan amava programação e tinha um bom conhecimento graças a sua mãe que a ensinava. Todas as manhãs Megan aproveitava os computadores da biblioteca para invadir sistemas de ensino pago e estudar, sonhando um dia conseguir entrar na faculdade.
- Perdeu a língua? - soa debochado, dando a cartada que podia ferrar mais ainda com Megan.
- O que quer que eu faça?
- Invada a Wealth bank. O chefe quer que mande um vírus e tire o sistema do ar por alguns dias, você só irá liberar após mandar um recado.
- Eu não posso, isso vai prejudicar milhões de pessoas.
- Cala boca, porra! - solta o seu braço e vai para o cabelo, puxando para trás. - Escuta aqui, sua vadia, é melhor você começar a mudar de pensamento, porque não tem outra saída, está entendendo?
- S-sim.
O homem que manuseia a arma, balança a cabeça para que o comparsa pegue algo no furgão.
- Nós vamos te dar uma semana. - Volta com um notebook. - O recado é o seguinte: "Você ainda vai se fuder, Costello. Isso é só o começo", assim que isso acontecer, envie essa notícia para os jornais.
- E se eu não conseguir?
- Tenho certeza que vai.
- E se não?
- Se tentar passar a perna em qualquer um de nós, abrir a porcaria da boca ou fazer corpo mole, já pode ir dando adeus ao seu pai, aquela lata velha, essa espelunca e qualquer resquício de paz, porque nós vamos te achar até no inferno.
Suas mãos são finalmente libertas e ela pode respirar aliviada.
- Não ouse se mexer enquanto saímos.
Megan faz o que pede, ouvindo os passos contra a madeira. Quando a van derrapa na pista, até o último pelo de seu corpo arrepia e ela desaba no chão, aos prantos.
~X~
Pela quinta vez na semana, Megan pega o aparelho que estava pronto para enviar o e-mail disfarçado e carregado de ransomware, um software malicioso que bastava apertar para bloquear o acesso ao sistema, mas a coragem lhe faltava. B**e a tela do notebook e carrega consigo para a biblioteca.
As coisas no trabalho estavam um pouco melhor, seu chefe decidiu que seria mais produtiva no período da tarde e ela concordava com isso. Metade de si agradecia mentalmente por não precisar esbarrar com aquele homem novamente e a outra metade ainda se sentia um pouco mexida por ter a defendido sem pensar duas vezes, mesmo acreditando que não passava de uma maneira de intimidar qualquer um a sua volta.
- Bom dia, Megan, como vai? - a bibliotecária cumprimenta. - Ontem você não veio, aconteceu alguma coisa?
Sim, ela queria dizer, mas aquilo não era problema de ninguém além de si. Ela precisara ir até a clínica onde Dener estava e implorar que a mulher esperasse por mais alguns dias para receber todas as mensalidades atrasadas, conseguindo estender o prazo até o fim de semana.
- Bom dia, Loren. Não... não se preocupe, estive ocupada, apenas isso. Mas e você, como está?
- Vou caminhando. Entendi, me desculpe pelo inconveniente. Monitor cinco, como de costume?
- Isso.
As duas não eram amigas nem nada, apenas se tratavam com cordialidade. Ainda que nunca trocassem palavras mais que superficiais, Loren podia imaginar como sua vida era complicada, então sempre fingia não saber de suas tarefas ilegais.
Com os dois computadores acesos, Megan busca no navegador sobre a empresa antes de tomar qualquer decisão. "Banco de luxo há mais de 20 anos no mercado, atualmente dirigido por Tayler, o único herdeiro da família Costello.", era o que aparecia como resultado, servindo apenas para a fazer se sentir mais culpada com aquilo.
Desce a barra de rolagem onde várias notícias do tipo "Golpe da barriga? Ex-affair de Tayler Costello diz que as declarações sobre gravidez era apenas para chamar sua atenção." aparecem na tela. Sem querer, clica em uma das reportagens e a foto de Tayler saindo do banco, preenche toda a tela. Imediatamente o homem do pub vem em sua mente, os dois eram iguais, exceto pela parte de que a barba, o cavanhaque preto, os ombros e mãos grossas repleta de veias, eram mais bonitos ainda, pessoalmente.
A aparência era totalmente oposta ao de seu namorado, que era um tanto quanto bonito, mas nada comparado ao homem da tela. Claro que tudo aquilo a atraía, e muito, mas a forma com que ele lhe tratara ainda a deixava furiosa. Sedenta por mais informações, suas mãos voltam a rolar pelas páginas, terminando de ver algumas coisas sobre ele. Lá, a modelo relatava que Tayler era uma pessoa distante e fria, motivação o suficiente para querer despertar algo a mais nele, o que não surgiu efeito. Tayler pagou muito bem para que ninguém mais a contratasse enquanto tudo aquilo não fosse resolvido, além de lhe enviar torpedos anônimos assustadores de celulares descartáveis.
Megan releu algumas vezes, até ter certeza que ele era muito pior do que tinha deixado transparecer com toda a sua arrogância. De repente não parecia tão errado fazer aquele trabalho sujo e salvar a sua vida. Ele havia insinuado que poderia ter consequências por ser sincera e agora a garota tinha a oportunidade de mostrar que ele também podia se queimar ao tentar ameaçá-la.
"O tempo está acabando e a minha paciência também, se apresse ou eu te acharei." recebe por SMS de um número restrito.
Depois de tudo aquilo, ela realmente não tinha mais opção de escolha e também não se sentia tão culpada. Talvez ele tivesse feito algo pior para a pessoa que estava em busca de vingança. Alguém um dia iria precisar mostrar que ele não era o dono do mundo, e ela estava disposta a ser essa pessoa se isso significasse salvar sua pele e a de seu pai.
Megan faz parecer algum e-mail que Tayler enviaria ao seu funcionário e logo desliga o notebook entendendo tardiamente o que tinha realmente feito.
Sua língua começa secar e a boca fica branca, ela se sentia nervosa como se pudesse ser pega a qualquer momento. Levanta rapidamente temendo desmaiar.
- Ei Megan, o que houve? - a mulher levanta e vai em sua direção.
- Nada que precise se preocupar. Já estou indo.
Dentro do carro, ela fecha os olhos, respirando fundo, agora era tarde demais para voltar atrás.
~X~
Fazia poucas horas desde o ocorrido, as notícias começava a se espalhar, mas simplesmente como uma falha no sistema e não um ataque hacker.
Já era de noite, fazia alguns dias que não conseguia ir até a clínica de reabilitação. Aproveitou o horário de visitas da clínica e resolveu conversar com seu pai.
- Meg! Venha, me dê um abraço.
Megan não recusaria esse pedido por nada nesse mundo, apesar de tudo ela o amava e percebia o quanto estava se esforçando.
- Não parece estar bem, o que houve?
- Não, não é nada. - Ela desceu o olhar para os pulsos ainda marcado pela força que exerceram, tentando escapar do interrogatório do pai.
- Ah, meu Deus! Não me diga que foram atrás de você por minha causa?! Me diga, o que você teve que fazer?
- Invadir um banco. Mas de certa forma, o dono merecia.
- Megan, eu nunca fui um bom pai para você, mas tenho certeza de que sua mãe te educou o suficiente para entender que não existe uma justificativa para isso... Céus ela estaria tão decepcionada. - abaixa a cabeça triste. - Desfaça isso, tome este dinheiro e vá embora.
- Eu não posso. Ele vem atrás de você.
- Isso é um problema meu e eu irei resolver. Conte a verdade Megan e depois fuja, eu ficarei bem. Me perdoe por te colocar nessa situação.
Em um abraço apertado, ela se despede deixando as lágrimas rolarem tendo a certeza de que talvez fosse a última vez que se encontrariam. Quando sai, conecta na internet dali em busca do endereço de Tayler, mas toda a informação indicava para seu prédio no bairro rico de Conthe. Antes de ir, liga o notebook, libera todo o acesso e desliga o sensor de localização, em seguida apertando o modo avião, para que ninguém pudesse a rastrear.
- Eu preciso que entregue isso para o senhor Costello. - estende o pequeno computador, após perceber que não havia câmeras por ali. - Tudo bem, quer que diga alguma coisa? - Não, mas não conte quem eu sou. Olhando torto, o homem balança a cabeça concordando e depois de alguns segundos Megan estende um papel escrito "Em breve tudo estará funcionando normal. Alguém está empenhado em te destruir, deveria ser menos arrogante." pedindo que lhe entregue também. Sem olhar para trás, arranca o carro na direção oposta, se certificando de que só o porteiro tivesse a visto. ~X~ No dia anterior, antes de Tayler descobrir a perda milionária causada pelo sistema bloqueado, ele estava sentado em sua mesa sem conseguir se concentrar. Sentia os pensamentos em outro lugar, mais precisamente naquela garota cujo perfume tinha ficado em sua camiseta, mesmo após lavar. Não tinha percebido até aquele momento o quanto estava gastando tempo demais pensando em uma mulher que só vira uma vez, já que nas n
O Apartamento de Tayler era grande e luxuoso demais para o gosto de Megan. Timidamente, ela sentou sobre o sofá e esperou que dissesse o que precisava fazer para sair de lá o mais rápido possível, só que tudo o que ele fez foi se enfiar no escritório e a deixar esperando, ordenando que não saísse dali. Megan não costumava seguir ordens e agora não seria diferente, então quando o tédio tomou conta de seu corpo ela começou a perambular pelos ambientes. Os quadros nas paredes tinham um toque sombrio, como se o autor estivesse mostrando toda a sua dor através da arte. Todos os artigos eram minimalistas e sem muita vida, vagarosamente ela toca sobre os objetos temendo quebrar alguma coisa que custasse seu rim. A escada que levava até o segundo andar era toda preta com detalhes em dourado. Megan esperou mais alguns minutos na expectativa de Tayler aparecer por ali, indo para a parte superior quando percebeu que continuaria sozinha por um bom tempo. O corredor era extenso e tinha várias port
No dia seguinte, quando Megan acordou, o papel e a caneta estavam prontos para serem assinados, ela conferiu tudo e rabiscou seu nome nos espaços em branco. Na parte de baixo, Antony estava terminando de colocar o café na mesa. - Você deve ser o Antony. - diz entregando o contrato e sentando em uma das cadeiras, dispensando a cordialidade dele em tentar afastar o acento para ela. - Sim, sou eu mesmo. A sua disposição senhorita Megan. - Deixe disso. Pode me chamar só de Megan, eu não sou prepotente como o Tayler. - Oh! - solta uma risadinha. - Ele só é um pouco difícil de lidar, mas com o tempo verá que é uma boa pessoa. - Eu duvido bastante. Ele ainda está dormindo? - Não, imagine. Tayler se deixar madruga naquela empresa, nunca vi ninguém amar tanto um negócio. - Melhor assim, não iremos nos encontrar tanto. Quando podemos ir ver meu pai. - Assim que tomarmos café. De lá vamos levá-lo a clínica. - Tudo bem. - Antony, será que podemos passar em casa? Eu preciso pegar o meu ca
- Posso fazer isso sozinha. - Levanta rápido, ajeitando o macacão. - O vestido que comprou para hoje é horrível. - fala despretensioso, antes dela fugir para a suíte. - Mexeu nas minhas coisas? - Não precisei, o Antony fez questão de me avisar. - Ele concordou, eu achei que estava bom. - A caixa com o vestido que irá usar está em cima da sua cama, tem dois tamanhos, já que eu não fazia ideia de qual era o seu. Esteja pronta às sete. - E o meu carro? - Já está com ele. - Não se faça de sonso, Tayler! Antony me disse ser temporário. - Ele mentiu, tem receio de suas histerias. Você pode comprar outro se quiser, apliquei o dinheiro da venda em um banco com seu nome. - Eu não suporto você! - grita, batendo o pé para o segundo andar. ~X~ A casa de Diana e John Costello era na verdade uma mansão aos olhos de Megan. Na entrada, vários paparazzi esperavam afoitos pela declaração que fariam mais tarde. No subconsciente, Megan agradecia o fato de não precisar sair do carro e passar ve
Sentado em frente ao caos que restara do cassino Ballagio, Tristan Santiago segurava uma bolsa de gelo contra os machucados que conseguira receber de Tayler no pub, se odiando por não revidar. As notícias sobre ele eram ridículas, mas pelo menos serviam para aumentar a vontade de ver o empresário morto. Enquanto tamborila os dedos na mesa, decide que estava na hora de recuar e deixar Tayler, e principalmente seus pais, acreditarem que tinham saído vencendo, para que depois o sabor da derrota fosse mais amargo. Os homens de Tayler ainda sondavam seus comparças para tentar extrair qualquer nova informação, mas Tristan já tinha se precavido caso isso acontecesse, nada se ligaria a ele e todos estavam ameaçados e muito bem pagos para não abrir o bico. Ele olhava o celular com a foto de sua mãe entorpecido, querendo sentir qualquer coisa além de raiva da família Costello. Ao crescer, Tristan virara um assassino, seja para cobrar ou conseguir aquilo que queria, e nada disso, nem mesmo obser
O vestido branco, de manga comprida e saia rodada, estava deslumbrante em Megan. Ela havia escolhido com a ajuda do pai e se sentia uma verdadeira princesa. Tayler queria fazer apenas os trâmites das papeladas sem igreja e festa, mas depois de muita discussão, os dois conseguiram entrar em um consenso de uma cerimônia pequena apenas para os familiares e um ou dois jornalistas, para parecer algo real.Depois de um atraso considerável, seguindo os costumes da noiva em um casamento, a música começou a tocar e as portas da capela se abriram para ela e Dener irem até o altar. Tudo o que conseguiu reparar é que Tayler usava o terno preto, embora nas poucas vezes que se esbarraram - graças apenas à megan- ele dava sempre um jeito de demonstrar sua insatisfação com isso. Tayler estava lindo como sempre e ela não conseguia tirar os olhos, lembrando da tatuagem que vira em seu peito esquerdo quando o encontrou sem camiseta no escritório. O desenho ia até o ombro e pegava um pouco do braço, entã
No exato instante que o avião pousou em Atenas, um carro estava esperando por eles. Era noite e as luzes brilhavam por todas as ruas recheadas de pessoas. O período de verão com certeza se sobressaía dos demais para aquela ocasião, eles poderiam aproveitar muito mais todos os pontos turísticos. Tayler provavelmente não notou nada, já que passou todo o trajeto fazendo ligações e trocando mensagens com Antony. Logo que pararam em frente ao King George, Megan teve a sensação de que aquele hotel era o maior, mais iluminado e acima de tudo, o mais caro de toda a cidade. A recepção se alterava nas cores branca, nude e dourado, exceto o balcão vermelho-escuro. - Reserva no nome de Tayler Costello para suíte delux casal e uma de solteiro. - Você pagou por um quarto separado? - Megan pergunta já ciente da resposta. - Me desculpe, só consta a reserva para o casal. - Com licença, deve haver um erro. - Sai apressado, discando novamente para seu braço direito, furioso. - Antony, você reservou
Assim como anunciado, na hora que chegaram do restaurante, Tayler trocou de roupa e pegou o cobertor para dormir no sofá. Megan se sentia mal por isso, mas não encontrava uma forma de convencê-lo a ficar na cama. Não que em sua mente fosse acontecer alguma coisa, embora talvez ela quisesse, mas odiava ser um peso para ele. Deitou na cama e tentou cair no sono, entretanto a mente agitada a fazia se manter acordada. - Não... não... fique comigo. - Tayler deixa escapar o lamento de seus lábios. Sua voz estava falhando e em um tom triste. Megan vagarosamente sentou sobre a cama e apertou o interruptor, iluminando o local. Se aproximou do corpo dormente e percebeu que lágrimas escorriam pelas maçãs do rosto, a colcha estava toda no chão e devido ao ar-condicionado ligado, ele estava encolhido de frio. Megan pegou o mesmo e colocou de volta sobre ele, Tayler se mexeu, mas não abriu os olhos. - A culpa é minha, Antony... A culpa é minha... - O que houve com você Tayler? - Ela pergunta ma