Gabrielly

Por um minuto, a casa fica toda no silêncio. Ninguém dá um pio sequer. Dona Marly fica ao lado da minha mãe e sussurra em seu ouvido. É quando a minha mãe parece acordar do transe.

— Como pode fazer isso comigo? — Minha mãe fala com a voz embarcada. — Eu acreditei em você, te esperei por todos esses anos, e você faz isso?

— Ela está mentindo, Elza. Eu não tenho outra família em São Paulo, não. Eu sempre te amei, e você sabe disso.

— Mentira, mãe. Riccardo, cadê o documento? — Ele coloca a mão para trás e tira o documento todo enrolado do seu bolso. Me aproximo da minha mãe e entrego para ela. — Aqui está o relatório dele. Ele ainda se casou no papel com ela, coisa que nunca fez com a senhora.

Ele se aproxima de nós duas, tentando pegar o papel da mão da minha mãe, mas eu entro na frente, barrando a sua passagem.

— Eu sou o seu pai. Você me deve respeito, sua moleca.

— Não te devo nada. Devo a minha vida à minha mãe. Quando a gente abandona uma pessoa, a gente abre mão dela, e foi o qu
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