Priscila Barcella Fiquei surpresa ao ver o Liam tão entusiasmado conversando com aquela mulher. Aproveitei a oportunidade para ir ao banheiro e me aproximei, não por desconfiança do meu namorado – porque confio nele de verdade –, mas pela bagagem que carrego, as cicatrizes de relacionamentos passados e todas as vezes que meu coração já foi partido. Meu desejo era simples: fazer minha presença ser sentida, lembrá-lo, mesmo sem palavras, que ele tem uma família, que eu estou ali por ele.Quando cheguei perto, percebi que ela não estava flertando. Pelo contrário, havia uma amizade sincera ali, algo leve, sem segundas intenções. Para minha surpresa, senti que simpatizava com ela de imediato. Talvez fosse o jeito dela, o sorriso fácil ou o olhar acolhedor, mas algo me fez relaxar.Decidimos sair à noite, mas foi difícil para as crianças entenderem a ideia. Elas sempre preferem estar conosco, e a verdade é que eu também sinto falta desses momentos em que estamos todos juntos, com risadas e
Priscila Barcella Ao entrarmos no aconchegante barzinho, fomos abraçados por uma atmosfera mágica, onde cada detalhe parecia vibrar ao som da música. No pequeno palco, um cantor, com a voz doce e cheia de sentimento, interpretava "Amei Te Ver", uma canção que parecia tocar cada alma presente. A melodia fluía como um rio sereno, carregando uma mistura de saudade e ternura. Os acordes do violão se misturavam ao ar, criando um ambiente acolhedor, como se cada nota fosse um sussurro de consolo e esperança. O lugar, com luzes amareladas e uma decoração rústica, parecia respirar junto com a música, criando uma conexão íntima entre todos ali.— Gostei muito desse lugar — comentou Vanessa, seus olhos brilhando enquanto admirava o ambiente.— É um local muito especial para mim — concordei, meu olhar vagando pelas paredes de tijolinhos. — Quando eu me sentia sozinha, costumava vir aqui. Era meu refúgio para beber e tentar encontrar paz.— E você costumava beber? — perguntou Liam, com uma surpr
Priscila Barcella O cantor fez uma pausa, e o pequeno bar ganhou uma nova energia com a ideia de um karaokê improvisado. Quando um casal subiu ao palco e começou a cantar "Lilás", do Djavan, senti uma onda de nostalgia. Aquela melodia sempre despertava em mim lembranças gostosas, como um abraço morno em uma noite fria. Assim que a música terminou, senti Liam segurar minha mão com uma doçura que fez meu coração acelerar.— Vamos, amor? — ele sugeriu, com um brilho no olhar que tornava impossível dizer não.— Estou com vergonha… — murmurei em seu ouvido, me aconchegando em seu abraço como quem busca refúgio. Ele, por sua vez, apenas sorriu, e aquele sorriso era como um sol irradiando confiança.— Vem comigo, você vai adorar. — Ele me envolveu em seus braços, acariciando minha cintura enquanto me guiava até o palco. O jeito que ele me olhava, sempre com tanto carinho, me fazia esquecer qualquer receio.Enquanto ele escolhia a música, me aproximei, e ele me envolveu num abraço protetor,
O ambiente ficou denso e silencioso assim que Vanessa mostrou a foto no celular. A luz fraca do bar pouco disfarçava o choque que se estampava no meu rosto. Minhas mãos tremiam enquanto eu segurava o celular, encarando a imagem de um garoto que parecia uma versão mais jovem de mim. Era como se eu estivesse olhando para meu reflexo de quinze anos atrás — o mesmo sorriso, os mesmos traços. Vanessa, sempre tão confiante e cheia de vida, agora estava imóvel, a cor sumindo de seu rosto, em contraste com o meu tom escuro. O que eu via nela era uma mistura de medo e vergonha, como se o peso de um segredo guardado por tanto tempo estivesse prestes a esmagá-la. Ela sempre soube que esse dia chegaria, mas talvez nunca tenha imaginado o quão devastador seria. — Vanessa... — Minha voz saiu fraca, quase quebrada. — Ele... ele é meu? Eu mal consegui sussurrar a pergunta. Estava incrédulo, mas uma pequena parte de mim sentia uma fagulha de esperança. Vanessa desviou o olhar, incapaz de me encarar
Priscila BarcellaFomos caminhando de mãos dadas até uma pracinha próxima, deixando que a brisa suave da noite nos envolvesse. A Lua, majestosa, iluminava o céu, conferindo àquela cena uma serenidade quase mágica. Mas, apesar da calma do ambiente, a revelação de que Manuel é o pai do filho mais velho da Vanessa ecoava em nossas mentes, nos deixando atordoados.— Que coisa louca, né, meu amor? Nunca imaginei que eles já… bom… — disse Liam, hesitante, tentando manter um tom leve, mas claramente incomodado com a surpresa.— Com certeza fizeram, né, coração? Não dá pra fazer um bebê com água… — provoquei, brincando para aliviar o clima tenso.— Desnecessária essa, viu, meu amor… — ele retrucou, soltando uma risada gostosa que imediatamente aqueceu meu coração.— Desculpa… — murmurei, aproximando-me para beijá-lo suavemente. Aquele beijo trouxe de volta a conexão que sempre encontramos um no outro, como se fosse uma certeza silenciosa de que, independentemente das turbulências, estávamos j
Priscila BarcellaPara minha surpresa, Nina quase não acordou durante a noite. Eu, por outro lado, despertei preocupada e fui até o quarto às duas da manhã para verificar se estava tudo bem. Encontrei-a dormindo tranquilamente, assim como Belinha, que estava toda desenrolada, e Paulinha, ambas serenas. Cuidadosamente, ajeitei o lençol das duas para não assustá-las e voltei para o meu quarto, onde encontrei Liam acordado.— Te acordei? — perguntei, realmente preocupada.— Não, só senti um vazio na cama e, como não ouvi a Nina, fiquei preocupado — respondeu ele, bocejando.— Eu só fiquei preocupada porque ela ainda não acordou — expliquei, voltando para a cama. Ele me abraçou com carinho.— Ela está bem — disse ele, beijando meu pescoço com tanta ternura que me fez sentir sortuda por tê-lo ao meu lado.Ele começou a fazer carinho no meu cabelo, e não resisti aos seus carinhos. Aquilo estava bom demais. Quando percebi, já havia voltado a dormir e acordei com o chorinho da Nina. Antes que
William RodriguesAcordei com o chorinho da Nina, aquele som suave que logo encheu o quarto e aqueceu meu coração. Abri os olhos lentamente e notei que a Pri não estava ao meu lado. — Meu amor… — chamei, mas o silêncio respondeu. Olhei para o relógio e vi que já eram 9:45h.— Bsbababa — minha bonequinha balbuciou, batendo as mãozinhas. Fui até ela, a tirei do berço e a abracei, sentindo aquele cheirinho único de bebê que é impossível de descrever, mas que eu já não sabia viver sem.— Sua mãe deve ter ido tomar café, então, que tal lermos uma história? — perguntei, mostrando dois livrinhos para ela. Ela escolheu "O Patinho de Todas as Cores", e eu sorri, percebendo o quanto minha garotinha já estava crescendo e se tornando uma pessoinha tão decidida.Cada momento com a Nina era mágico. Vê-la interagir com o mundo à sua volta, suas descobertas, suas pequenas vitórias… Era algo que preenchia meu coração de uma forma que eu nunca imaginaria.— Onde está o pato azul? — perguntei, enquanto
Priscila BarcellaEu estava um pouco envergonhada, não vou mentir, mas tentei deixar isso de lado para brincar com as crianças.Estávamos todos juntos no tapete, e procurei todos os jogos que tinha em casa. Não eram muitos, mas o suficiente para nos divertirmos em família.— Eu não quero mais brincar disso — Belinha falou, depois de perder pela terceira vez no Uno. Eu a entendo; além de ser pequena para o jogo, acabou ficando frustrada.— E agora, vamos fazer o quê? — Ítalo perguntou.— Tive uma ideia! Tem uma brincadeira que eu amava fazer quando era criança, junto com a mãe de vocês…— Ah, mãe, nada de brincar de boneca — Ítalo resmungou.— E quem disse que eu tinha uma boneca? Nós não tínhamos dinheiro para comprar brinquedos, então amávamos criar nossos próprios brinquedos quando tínhamos tempo para brincar.— Que legal! Nós vamos fazer brinquedos? — Ítalo perguntou, empolgado.— Vai ser divertido. Eu também fazia isso quando era criança e adorava — Liam disse, sorrindo e abraçand