- Quem me garante que irá botar fogo e destruirá as provas contra mim? Você seria muito ingênua se não tivesse várias cópias muito bem guardadas. E ingênua é uma coisa que você não é, Nicolle! – Tentei ser forte, pois demonstrar fraqueza e medo seria ainda pior.
Nicolle sorriu com sarcasmo:
- É um risco que terá que correr, Danna Dave. Mas se quer um conselho... Vá embora de Machia. Esta cidade não é para você. Se o seu maior desejo é realmente ser prefeita, tente a capital onde seu pai tem poder e faria com que todos os eleitores dele votassem em você... Claro, se ninguém for pesquisar o seu passado, o que é bem comum quando se quer ferrar a vida do seu oponente na política.
- Obrigada pelas dicas. Creio que eu deva começar tentando descobrir os podres do seu passado também.
Ela gar
Eu ri, tentando manter a calma:- E quem disse que eu quero o seu voto? Acha mesmo que eu contaria com ele, sabendo o quanto você e Nicolle são amigas?Ela não disse nada. Simplesmente passou por mim e parou na sala de estar, analisando tudo minuciosamente:- Muita coisa mudou por aqui. – Observou.- Ah, sim! Fizemos algumas reformas e melhoramos a estrutura... Compramos móveis novos... Coisa pouca. Mas sente-se, por favor. – Apontei para o confortável sofá.Ela não se fez de rogada e sentou-se, ainda olhando para tudo. Até que focou na pequena mesa com chá, torta e biscoitos.- Chá da tarde? – Me olhou.- Ah, costumamos fazer isto na capital quando recebemos pessoas importantes.- Pessoas importantes?- Sim – sorri – Você é uma pessoa importante.- Eu... Não sou uma pessoa importante. E por mais
- Até tenho. Mas quero levar uma vida mais simples, entende? Ficarei em Machia e quero ser uma cidadã como as outras que vivem aqui. E você é exemplo disto.- Eu... Fico lisonjeada.- Eu não sei o que você sabe a respeito... Mas eu gostaria de lhe contar o que de fato houve entre Lourenço e eu.Ela me encarou e disse, sem demonstrar nenhum tipo de sentimento:- O que falam por aí é que você o acusou de estupro.- Sim... Porque ele realmente me estuprou.Ela abaixou a cabeça e disse, com a voz baixa:- Mas a vi com ele, várias vezes. E não parecia estar obrigada.- Realmente não estava. Mas quando Lourenço me encontrou na estrada que levava à cachoeira, eu não queria que ele me tocasse. No entanto fui algemada e colocada no banco de trás do carro, sem ter chance de me defender. Já passou por algo pare
A vida estava tão cheia de coisas por fazer e planos que eu e Killian mal tínhamos tempo para nós. Embora nossas noites fossem sempre juntinhos, ainda dividíamos uma cama minúscula e eu precisava fugir todas as noites para estar nela. Eu sabia que podia ser diferente em todos os sentidos. Ainda assim gostava da forma como tudo acontecia e de saber que havia um casamento planejado para daqui algumas semanas... E que a partir dali toda nossa rotina mudaria e talvez eu fosse sentir um pouco de falta de descer as escadas pé por pé para não chamar a atenção de ninguém no meio da noite... E até mesmo das interrupções de Alegra vez ou outra, onde se juntava à nós na cama que praticamente não cabia ninguém... Uma mágica que eu não sabia explicar.Naquela noite segui minha rotina diária, descendo as escadas na ponta dos pés. Porém não estava descalça, como de costume. Por cima da camisola tinha uma robe e nos pés tênis. Seria estranho... Se não fosse eu.Abri a porta, encontrando o quarto na pe
Killian apertou minha bunda, levando-a de encontro ao seu pau. - Killian! – ri – Você fazendo isto? - Como você mesma disse... Está escuro. Agora me mostra por favor onde fica a cama... Fui puxando-o ainda junto de mim até chegar à escada de madeira bruta, por onde precisava subir degrau por degrau cuidadosamente, por ser praticamente toda inclinada na vertical. Claro que eu poderia ter feito algo bem mais confortável e até mesmo moderno e amplo. Mas não seria nós. E talvez tirasse um pouco da mágica do nosso lugar. Subi na frente, iluminando os degraus com a lanterna e Killian foi me seguindo. O andar superior seguia o formato do telhado, sendo que a parte interna era triangular, metade dela de vidro. Uma cama king size, feita diretamente no chão, com um confortável colchão e inúmeros travesseiros ficava de frente para a parede de vidro, que nos brindava com a vista de todo o salgueiro chorão, com a floresta nos abrigando por todos os lados. Observei a lua cheia no céu, ilumina
Killian cumpriu com a sua promessa. E não foi só a vez em que mais me fez gozar, mas também a que mais gozei na minha vida. Não tive dúvidas de que ele estava liberto do padre que um dia habitou seu corpo, assim como eu da mulher que foi violentada por um crápula. Para quem me visse, certamente me achava uma mulher mudada. E eu realmente era. Mas algumas coisas, embora tentasse, eu não conseguia, como por exemplo usar do dinheiro para obter alguns benefícios próprios que prejudicassem outras pessoas. Neste caso, eu me referia principalmente a Lourenço. O valor que eu pagava para que ele sofresse na prisão era irrecusável, o que me fazia corromper boa parte dos carcereiros. Claro que não era eu que tratava diretamente com eles. Mas eu tinha um grande amigo que era médico em Machia e que atualmente estava envolvido com minha tia. Sim, Calum era meu "parceiro de crime". Ele preferiu fazer aquilo do que também quebrar a cara do estuprador desgraçado, que já tinha levado alguns bons socos
- Sabe que farei com que isto chegue à todas as pessoas, não é mesmo? - Pode fazer! – sorri – Como diz Killian, "quem não tem pecados que atire a primeira pedra". - Usará isto como slogan de campanha? – Gargalhou. - Na verdade, mais ou menos – até porque eu já tinha mandado averiguar o mandado de Nicolle, praticamente de uma vida inteira, e não tinha nada muito significativo que a prejudicasse. Ela estava ali naquela posição porque realmente queria o status que, a seu ver, aquele cargo lhe proporcionava. Em Machia não era preciso muito dinheiro porque praticamente não se tinha onde gastar. Por este motivo talvez ela nunca desviou o pouco que recebia. Tinha uma das melhores casas da cidade, seus benefícios pessoais que fazia questão de ter por conta do cargo... Nada além disto. Não era intenção da senhora Sturman sair daquela cidade, pois no fundo sabia que longe dali não seria absolutamente nada a não ser uma mulher viúva, que perdeu o marido por conta de um câncer e que talvez aq
Sorri e alisei o rosto dela:- Quer me matar? Quantas vezes irá se ferir?Ela sorriu antes de dizer:- Depois que Nicolle me feriu não lembro de muita coisa, pois fiquei meio atordoada na hora. Mas vi um troféu no chão, que creio que tenha sido o que me feriu. Será que isto é um sinal?- Um sinal? – arqueei a sobrancelha.- Sim, um sinal de que ganharei a eleição.Enquanto eu a olhava, impressionado com seu pensamento, Calum começou a rir:- Um troféu na cabeça significa simplesmente um troféu na cabeça, Danna.A porta se abriu e Jorge entrou, também sem bater na porta, como eu. Seu olhar era de preocupação.- Como você está Danna? – Ele quis saber, logo levantando seus cabelos e observando o curativo.- Estou deste jeito... Incrédula pela atitude da prefeita. – Confessou – E... As notícias se espalham rápido nesta cidade. – Olhou para nós três ali.Jorge suspirou:- Sim, muito mais rápido do que dev
Danna arregalou os olhos:- E você aceitou, não é mesmo?- Se for seu desejo, por mim tudo bem.Ela vibrou e me abraçou. Sentir seu perfume, o pescoço tão próximo do meu era algo que sempre me deixava um pouco nervoso, como se ela ainda fosse um pouco proibida... Ou quem sabe eu ainda não acreditava que Deus tivesse aceitado de forma tão tranquila minha desvinculação da igreja, sempre esperando que algo ruim acontecesse. No entanto ela estava ali, totalmente minha.- Acha que conseguiremos encontrar bons lares adotivos para todas as crianças? - perguntei, como se precisasse da garantia dela, já que Danna conseguiu atrair mais interessados em adotar as crianças em meses do que eu numa vida inteira.- Não sei conseguiremos para todos, Killian. Mas ainda assim, tentaremos... Até o fim. E os que não saírem do orfanato seguir&atil