Eu ainda parada no mesmo lugar quando avistei uma pedra grande com uma placa, no meio da praça. Atravessei o lugar com um playground infantil de areia fina, tão branquinha que parecia trazida da praia. Tinham bancos de madeira com encosto em vários lugares e percebi que os postes continham lâmpadas grandes e que certamente clareavam muito bem à noite. Eu não havia notado antes, mas existia um ponto de táxi numa das extremidades da praça, onde estava um carro estacionado e um homem sentado ao seu lado, lendo um jornal de forma tranquila. Um jardim florido ficava em volta da rocha que continha uma placa de metal, onde estava escrito: “Santa Fé, cidade de nascimento do padre Killian de Alcântara, nosso santo milagreiro.”
Comecei a rir sozinha. Aquilo só podia ser uma brincadeira. E ainda tinha quem me chamava de louca! Quem me acusava de doida era porque não conhecia uma cidade
O policial me analisou de cima abaixo, com o olhar desejoso, daquele que eu já conhecia, como o de todos os outros homens. Mas por um minuto aquilo não me atraiu, quando o pintor veio à minha mente. Mas depois aquela loucura se dissipou e encarei os olhos escuros do homem, com sobrancelha bem definida, cílios largos e curvados, boca carnuda que dava vontade de morder e nariz levemente avantajado. E eu nem sei por qual motivo, mas homens exóticos me atraíam muito.- É agora que você tira a roupa e diz que é um stripper? – Questionei – Quem mandou você? Moana? Jax?Ele me mostrou a identidade, confirmando que era um policial. Observei seus cabelos crescidos, próximos dos ombros, levemente encaracolados nas pontas, bagunçados. Era extremamente alto e forte. E perceptíveis as tatuagens que tinha nas mãos e uma saindo pelo pescoço, que atiçou minha curiosidade.Enquanto nos analisávamos de forma completamente libidinosa, ouvi sua voz novamente, percebendo seus olhos nos meus seios, sob a c
Eram as únicas pessoas que eu conhecia que trabalhavam o dia inteiro e ainda conseguiam chegar em casa e serem felizes com a porra de vida que levavam.- Danna, eu pedi que cuidasse do serviço da casa. – Isla falou, parecendo decepcionada.- Ah... – Sorri – É que não sei como fazer isso! – Achei que era necessário deixar claro que não fiz porque não sabia.- Não há como não saber varrer uma casa. – Vanessa revirou os olhos e bufou, furiosa.- Relaxa, gente! É só uma casa. Eu falarei com meu pai e pedirei uma mesada. Aposto que ele não se importará em ajudar, já que este dinheiro eu posso compartilhar com vocês. Uma coisa é ele mandar para mim... Outra é eu dizer que vocês passam necessidade e por isso ele tem obrigação de ajudar, já que me mandou para cá. – Deixei claro.- Danna, eu juro que não queria que você se magoasse... Mas preciso ser sincera com você: seu pai não lhe dará dinheiro. Nós fizemos um acordo e eu aceitei recebê-la em minha casa sem nenhum auxílio financeiro. E esta
- Por favor, quando pensar em elogiar uma pessoa... Fique quieta. – Vanessa disse, parecendo de mau humor.- O que... Eu fiz? Só... Elogiei a sua comida. – Fiquei confusa.Isla pegou minha mão:- Prefiro entender que você não fez por mal.- Que porra eu fiz agora?- Quando mencionou que talvez só tenha gostado da comida de Vanessa porque não comeu nada o dia inteiro, foi desagradável.- Foi?- Foi. – Ela confirmou.Olhei para Vanessa, fixa em seu prato. Tentei consertar:- Eu realmente não comi nada o dia inteiro. E isso... Bem, talvez tenha acentuado ainda mais o sabor incomparável da sua comida. Poderia ser chef de cozinha.Ela me olhou e começou a rir, enquanto ainda mastigava:- Agora você foi longe demais!- Isso é bom ou ruim? – Fiquei preocupada.- Desta vez você fez um elogio
Ela também riu:- Acho que no fundo você sabe que é muito mais do que isto, não é mesmo?Meneei a cabeça, confirmando que sabia do que estávamos falando.- Você precisa tentar mudar, Danna, ou de nada adiantará ter vindo parar aqui, entende?- Eu... Me aceito como sou.- E você gosta de ser Danna Dave?- Eu... Gosto... Gosto muito.- E as pessoas gostam de Danna Dave?- Eu não me importo se gostam ou não de Danna Dave.- Me desculpe, Danna, mas eu duvido que alguém possa gostar de não ter ninguém, de não ter amigos, de não ser amado.- Eu sou assim.- Não... Você não é assim, Danna. Você tenta e quer muito ser assim, mas nenhum ser humano é capaz de ser feliz sozinho. Precisamos de amor... Materno, paterno, de homem, de mulher, de cachorro que seja... Ma
Eu facilmente retribuí ao beijo quente e envolvente dele. Sua língua se enroscava na minha enquanto as mãos exploravam todo o meu corpo, como se tivesse vários pares e não somente um. Ele tinha gosto de cigarro, nicotina ou algo do tipo. Eu já tinha beijado várias bocas com aquele gosto, que me era bem familiar... Gosto de encrenca, de gente como eu, que não valia nada.Empurrei-o e quando o encarei, fiquei confusa com minha própria atitude. Era como se na minha cabeça ecoassem as palavras de Vanessa: “Você precisa tentar mudar, Danna, ou de nada adiantará ter vindo parar aqui.”- Calma, gata! – Lourenço riu, abrindo os braços na minha direção – Foi só um beijo... Imagina como vai ser quando eu fodê-la.Se fosse em outra situação, outros tempos, eu teria rido tanto quanto ele. Mas não se
“E você gosta de ser Danna Dave?”. Eu não sabia se eu gostava de ser quem eu era. Eu nem sabia que porra eu era.“Eu gosto de você. E eu disse a mim mesma que não faria isto.” Vanessa era sangue do meu sangue. E ela disse claramente que gostava de mim. E porra, eu não lembrava a última vez que alguém disse que sentia algo por mim. E se ela soubesse o quanto aquilo me deixou confusa não teria ousado falar.Eu já havia provado muitas drogas, exceto LSD. E eu nem sabia ao certo o motivo. Nunca cheguei a ser uma viciada, nem mesmo no cigarro, pois fumava raramente, quase sempre quando me encontrava nervosa.Sobre as drogas, era só para curtir mesmo. No entanto só havia repetido a dose com a maconha. As outras, até mesmo a cocaína, tinha sido mesmo uma única vez. E os efeitos eu não lembrava, o que era de se esperar. Mas em
Engoli em seco e tentei me desvencilhar de Lourenço de forma inútil. Até que milagrosamente ouvi as sirenes ao longe e os olhos arregalados de todos.- Polícia! – Alguém gritou enquanto todos saíram rapidamente, subindo em suas motos e deixando parte de suas coisas para trás, especialmente as garrafas e latas de bebidas alcoólicas, bem como os pinos vazios de cocaína. Nem precisava de vestígios que comprovassem que havia drogas ali... O cheiro de maconha era tão forte que pairava no ar como se fizesse parte do ambiente.Lourenço me jogou com força na água e saiu a passos largos, com dificuldade por conta da correnteza. Em pouco tempo o vi subir numa motocicleta gigantesca e deixar o lugar por entre a mata, seguido por alguns enquanto outros foram pelo outro lado. Havia até um jipe, com uma luz forte na parte de cima, que certamente iluminava a quil&oc
Sua saliva era quente e eu não lembrava a última vez que senti o sangue ferver dentro de mim daquela maneira. Num ímpeto, retirei meu dedo da boca dela, com certa agressividade, fazendo-a resmungar:- Você me machucou...Preocupado, abaixei-me novamente para ver se de fato a havia machucado, talvez cortado sua boca ou lábios. Foi então que a mulher me pegou desprevenido, puxando-me de encontro a sua boca, tentando me beijar mais uma vez.Afastei-me novamente, quase caindo.Ouvi o suspiro dela:- Você é gay! – Saiu como uma afirmação.Não respondi nada. Não me importava com o que Danna pensava. E mesmo que eu desse explicações, certamente no dia seguinte ela não lembraria.- Sabe que eu consigo chegar no céu? – Ela levantou as mãos, como se estivesse de fato tocando algo.Eu tinha 30 anos e uma longa e