- Lourenço é noivo! – ela disse.
- Noivo?
Eu não vi nenhuma aliança no dedo dele. Mas talvez não tivesse observado de forma atenta. Quem seria a noiva do policial? A mulher que o beijou na moto? Teriam eles um relacionamento aberto?
- E você sabia quando se envolveu com ele? – Perguntei.
- Não. Eu fui numa das reuniões dele na floresta. Era para ser só uma noite de diversão... Mas acabei transando com ele – Luane parecia extremamente arrependida.
- Transar... Não é ruim. Não se vocês dois tiverem curtido. – Tentei animá-la.
- Eu era virgem. E claro que sabia o que era camisinha. Mas assim como o padre Killian, Lourenço sempre foi o sonho das meninas de Machia, embora fôssemos bem mais jovens que eles.
- Quantos anos você tinha?
- Eu tinha dezesseis.
Engoli em seco:
- Voc
POV VANESSANunca me achei a pessoa mais sortuda do mundo, até porque eu dava um duro danado e parecia nunca sair do lugar. Mas quando olhava para minha prima, me sentia uma vencedora. Danna era a prova viva de que dinheiro não trazia felicidade. Eu tinha um misto de sentimentos por ela, todos muitos estranhos e completamente opostos. Numa hora tinha vontade de abraçá-la com força e dizer que a protegeria de tudo. Em outro eu tinha vontade de dar-lhe umas boas bofetadas e mandá-la a puta que pariu.Minha mãe me advertiu que quando ela chegasse, talvez tivéssemos problemas. Eu sabia da existência de Danna e sua família, embora nunca os tivesse visto. E claro que para mim não era nenhuma surpresa que minha mãe e a mãe dela tiveram algo muito sério no passado e não foi resolvido, ou então as duas irmãs se falariam. Quando Celli morreu, minha mãe sofreu muito. E entendi que, independente do que tivesse acontecido, ela amava muito a irmã.Cheguei a perguntar algumas vezes para minha mãe o
- Ouvi dizer que o senhor Wash foi embora e virá outro advogado para a cidade. – Luane comentou, empolgada.Luane era assim, numa hora lamentava o passado e parecia reviver aquela dor pela qual passou. Mas logo em seguida conseguia se recompor e olhar para frente, tentando fisgar um bom partido, se é que haviam bons partidos em Machia. Minha cidade era composta por uma população em sua maioria idosa. E os poucos jovens que tinham, assim que havia oportunidade iam embora, em busca de oportunidades.- Para onde o senhor Wash foi? – perguntei – Eu imaginei que do escritório ele só iria para o cemitério.- Parece que os filhos o levaram para morar num asilo.- Pobre senhor Wash. – Lamentei.- Melhor morar num asilo do que num cemitério. – Danna falou – E o pacto de sangue? – Ela quis saber, tão ansiosa quanto uma menina de 12 anos que acabou de menstruar pela primeira vez e iria colocar absorvente.Suspirei, me dando por vencida. Se tirar uma gota do meu sangue e juntar no dela a faria fe
POV DANNA Acordei cedo na segunda-feira. Nunca imaginei ter que esperar para tomar banho. Embora não tivesse uma fila, quem levantasse primeiro tinha preferência no uso. Eu geralmente era a última. Mas naquele dia fui a segunda, pois acordei antes de Vanessa.O banho era horrível, pois o banheiro era pequeno e a ducha saía pouca água e a temperatura nunca ficava ideal, sempre mais fria ou mais quente do que eu queria. Sem contar o chão que não contava com aquecimento no piso. Ainda assim eu não podia dizer que odiava viver ali, porque não seria verdade. Além de ter encontrado naquela maldita cidade o homem mais bonito do mundo inteiro, meu pintor sexy, ainda tinha Vanessa, que era uma pessoa que me agradava de certa forma. E eu nem conseguia entender direito como conseguia ter sentimentos por ela sendo que me dizia umas coisas que eu não gostava. Isla também não era uma pessoa ruim.Quando saí do banho, a mesa do café estava posta e me impressionei que Vanessa e Isla ainda não estava
- Você é casado?Ele gargalhou, ainda de braços cruzados. Observei sua calça jeans justa com a camiseta branca ajeitada para dentro da calça clara. Aquele era o tipo de homem que ficaria bem com qualquer roupa... Mas melhor ainda sem. Eu conseguia me imaginar transando com ele enquanto olhava em seus belos olhos azuis. E sim, aquilo seria uma evolução na minha vida sexual, já que havia também a possibilidade de transar com ele mais de uma vez, diferente do que havia sido com outros homens ao longo da minha vida.- E desde quando padres podem casar? Desta parte você sabe, não é mesmo?Eu ri, incerta se entendi o que ele quis dizer. Mas como não houve maiores justificativas por parte do homem, perguntei, atordoada:- Você também é padre? – Minha voz saiu fraca.- Sim... O “também” não entendi muito bem, já que sou o padre desta paróquia. Meu pai... – ele meneou a cabeça, se corrigindo – Na verdade não é meu pai, mas o chamo assim, pois foi ele quem me criou, é o padre José, que anterio
- Eu não a desejo, Danna. – Ele pareceu ser sincero enquanto os azuis de seus olhos davam a impressão de atravessar os meus.Se aquele homem soubesse o quanto mexia comigo sequer ousaria ficar na minha frente.- E eu o desejo, Killian... Ardentemente. – Fui sincera, embora não imaginei que ele me levaria a sério.Killian suspirou e sorriu:- Vamos, Danna. Há muito trabalho por fazer.Ele foi andando de volta à igreja e eu o segui.- Você ouviu o que eu disse? – Perguntei.- Aqui estão as latas de tintas. Precisamos dar uma mão de tinta para deixar a cor mais viva. Tenho medo que comece a descascar, já que faz um tempo que a igreja não é pintada.- Em primeiro lugar, eu estudava Artes na faculdade e sinceramente achei que você quisesse que eu pintasse outra coisa e não paredes... Em segundo, se a sua igreja ganha tan
Era quatro horas da tarde quando Killian me liberou para ir embora.- Quero ficar. – Falei de forma séria.- Agora pode ir, Danna. Tenho compromisso e não irei deixá-la aqui sozinha.- Isso... Por que se preocupa comigo?- Sim... Assim como me preocupo com qualquer outra pessoa. – Deixou claro.- Mas como eu trabalho para você, não se preocupa mais comigo do que com um mendigo, por exemplo?- Me preocuparia mais com um mendigo.Estreitei os olhos, ainda com o pincel na mão, porém já de pé:- Mas você me conhece... Não tem nenhum tipo de afeto por mim? Sequer conhece o mendigo!- Estou incerto sobre o que estamos falando, Danna.- Estamos falando sobre você escolher eu ou um mendigo... Suposição.- O mendigo precisa muito mais de mim... E ele também precisaria de você. Eu gostaria que escol
Eu mal me continha olhando no relógio para chegar o momento de ir novamente para a igreja naquela terça-feira. Consegui levantar ainda mais cedo e ser a primeira a tomar banho e usar o banheiro.Quando chegou a hora fui caminhando rapidamente, chegando lá cinco minutos adiantada. E desta vez não bati na porta, pois já sabia que estava encostada.Não usei a roupa que Killian havia me dado no dia anterior. Pus um jeans mais simples e uma camiseta branca. Quanto à calça dele, que me foi emprestada... Bem, havia grande possibilidade de eu nunca mais devolver, só para poder ter algo daquele homem em meu poder.Fui andando pelo corredor e não avistei Killian. Quando cheguei ao final dele, parei, observando a imagem de Jesus Cristo pregado na cruz. Por que alguém quereria ficar vendo aquela tortura o tempo todo? A missa não deveria ser algo agradável? E se era, por que imagens qu
Embora eu já imaginasse quem ela era, não conseguia admitir para mim mesma.Killian já havia descido da escada e eu nem sequer vi quando aquilo aconteceu. Ele parecia flutuar em nuvens enquanto se direcionava a ela. Quando finalmente pararam frente a frente, o padre abaixou o corpo e beijou a bochecha da mulher:- Que bom que veio!- Recebi o recado e vim assim que pude.Ele havia chamado a ex-noiva para exibi-la para mim? E falava em Deus e perdão enquanto tripudiava da minha dor e dos sentimentos que sabia que eu tinha por ele?- Danna, quero que conheça uma pessoa. – Ele me olhou, ainda com o sorriso que não era para mim e sim para ela.Levantei-me e percebi que estava suja de tinta, tanto a pele quanto algumas partes da roupa. Fui andando até eles, pela primeira vez sem ter as costas eretas, como se meu próprio corpo pesasse mais do que eu podia carregar.Parei na frent