Eu mal me continha olhando no relógio para chegar o momento de ir novamente para a igreja naquela terça-feira. Consegui levantar ainda mais cedo e ser a primeira a tomar banho e usar o banheiro.
Quando chegou a hora fui caminhando rapidamente, chegando lá cinco minutos adiantada. E desta vez não bati na porta, pois já sabia que estava encostada.
Não usei a roupa que Killian havia me dado no dia anterior. Pus um jeans mais simples e uma camiseta branca. Quanto à calça dele, que me foi emprestada... Bem, havia grande possibilidade de eu nunca mais devolver, só para poder ter algo daquele homem em meu poder.
Fui andando pelo corredor e não avistei Killian. Quando cheguei ao final dele, parei, observando a imagem de Jesus Cristo pregado na cruz. Por que alguém quereria ficar vendo aquela tortura o tempo todo? A missa não deveria ser algo agradável? E se era, por que imagens qu
Embora eu já imaginasse quem ela era, não conseguia admitir para mim mesma.Killian já havia descido da escada e eu nem sequer vi quando aquilo aconteceu. Ele parecia flutuar em nuvens enquanto se direcionava a ela. Quando finalmente pararam frente a frente, o padre abaixou o corpo e beijou a bochecha da mulher:- Que bom que veio!- Recebi o recado e vim assim que pude.Ele havia chamado a ex-noiva para exibi-la para mim? E falava em Deus e perdão enquanto tripudiava da minha dor e dos sentimentos que sabia que eu tinha por ele?- Danna, quero que conheça uma pessoa. – Ele me olhou, ainda com o sorriso que não era para mim e sim para ela.Levantei-me e percebi que estava suja de tinta, tanto a pele quanto algumas partes da roupa. Fui andando até eles, pela primeira vez sem ter as costas eretas, como se meu próprio corpo pesasse mais do que eu podia carregar.Parei na frent
POV VANESSAEra visível quando estávamos à mesa que alguma coisa havia acontecido com minha prima. Ela tinha mil defeitos, mas nenhum deles não era ficar cabisbaixa e pensativa, mal falando conosco. Apesar de tudo, Danna sempre tinha um sorriso no rosto e era tomada de otimismo... Isto mesmo quando pretendia foder com a vida de alguém.- Acho que você já está preparada para fazer a oração, Danna! – Minha mãe disse antes de começarmos a comer.Ela parecia longe, mas quando ouviu o próprio nome olhou imediatamente para minha mãe:- O quê?- Eu disse que você já está preparada para fazer a oração de agradecimento pela nossa refeição. – Sorriu na direção dela.Danna empurrou o prato:- Não, não estou. Eu... Nem estou com fome.Ela fez men&ccedi
Danna resumiu o que havia acontecido naquela manhã. E era claro o quanto havia ficado magoada com o fato do padre não ter acreditado nela. E sinceramente, para mim era novidade saber que minha prima tinha um coração e parecia sim querer estar na igreja, nem que fosse pintando, somente para estar ao lado de Killian.- Esta aposta não significa nada, Danna – falei – Somos adultas. E não se brinca com relação à Deus e religião. Sinceramente, só aceitamos isto porque você pareceu empolgada. E eu acreditei que estar próxima do padre Killian, lhe faria bem. Mas sim, ele tem um grande carinho por Juliana. Os dois têm uma história, embora tenha ficado no passado.- Não me parece que ficou tão no passado. Eu aposto que eles transam.Eu gargalhei:- Ela não sente nada da cintura para baixo.- E se ela estiver mentindo?<
Eu e o padre José olhamos para Danna imediatamente. Eu não havia percebido que ela estava escutando nossa conversa, escondida.- Não é certo escutar a conversa dos outros desta forma. - Adverti, sem demonstrar o quanto estava contente por ela ter retornado.Sim, porque Danna era exatamente daquele jeito: não conseguia fazer uma coisa certa sem outra errada na sequência.Ouvi o suspiro dela:- Eu não estava escutando escondida. A porta... Estava aberta. – Largou os braços ao longo do corpo, demonstrando certo cansaço.- Como pode ajudar, minha filha? – Padre José perguntou.Ela franziu a testa:- Não sou sua filha! – pareceu incomodada com a forma que ele usou para tratá-la – Mas eu sou rica... Muito rica na verdade...Eu ri, cruzando os braços. Ela falou como se ninguém imaginasse o quão rica era.- Jura? – Não consegui esconder um meio sorriso com a forma inocente como ela falava naquele momento.- Sou filha de Júlio Dave.- Júlio Dave? – Meu pai arregalou os olhos.- Júlio Dave... G
- Somos amigos – deixei claro – Mas é uma questão bem política mesmo. O orfanato está exatamente no meio da linha divisória entre as duas cidades. E Nicolle, assim como o outro prefeito, não quererem assumir suas responsabilidades, um jogando para o outro.- E nenhum dos prefeitos vê que ficar com o orfanato é uma coisa mais boa do que ruim? – Ela perguntou – Dá até para usar como feito para reeleição.Ri, cruzando os braços novamente. Claro que ela tinha outra coisa em mente com a bondade.- Não é tão fácil assim – pai José disse-lhe – Nossa prefeita não é do tipo que aceita opiniões ou faz coisas que não sejam em seu benefício próprio. Gerir o orfanato e fazer tudo que é necessário para que fique confortável e seguro para as crianças além de dar muito trabalho requer um grande investimento.- Já tentaram o governador? Ou mesmo o presidente? – Ela olhou-me.- Digamos que o padre Killian não quer entrar em atrito com a prefeita de Machia. – Meu pai foi um tanto quanto irônico e eu sab
- Imagino! Então comece a organizar tudo com Killian. – Ele disse e me olhou, saindo e me deixando com uma bomba na mão, além da vergonha por ter agido como agi ao penitenciar Danna obrigando-a a pintar as paredes.Um silêncio constrangedor pairou no ar, a ponto de eu conseguir ouvir as respirações ofegantes tanto minha quanto das duas.Deus, eu era um padre! Era como se estivesse sendo disputado por duas mulheres, sendo que era ciente, assim como elas, de que aquilo era uma loucura.- Não pode concorrer porque não é da cidade. – Juliana parecia ainda não ter esquecido a menção de Danna a ser prefeita.- Ela estava brincando, Juliana! – Falei.- Não, eu não estava brincando – Danna me olhou – Concorrerei à prefeita da Machia. Sobre não ser da cidade... Verificarei sobre isto. E caso seja verdade, pode ser criado um projeto de lei mudando isto... Basta os vereadores votarem e concordarem.- Eles não concordariam com isto.- Como pode ter tanta certeza? – Ela enfrentou Juliana, que me o
A olhei, incrédula. Como aquela mulher conseguia ser tão dissimulada? E eu que um dia achei que pudesse ser má... Perto de Juliana Sturman em merecia até uma imagem em minha homenagem, para ser colocada naquele altar, no lugar do santo quebrado.Percebi que Killian me olhava, querendo explicações, com as bochechas vermelhas de tanta raiva.- Se eu disser que não fiz... Você acreditaria? – Perguntei, tentando aparentar firmeza na voz, me contendo para não gritar para que ele me ouvisse pelo menos naquela hora.- Deus! Você quebrou a imagem do santo que recebi de Roma, abençoado pelo papa! – A voz dele ficou fraca e percebi o quanto estava triste.Abaixei-me de imediato, tentando juntar os pedaços que estavam no chão.- Danna, saia... Não precisa juntar! – Ele disse.- Eu... Preciso consertar isto... – Comecei a respirar fundo, sentindo o sangue subir à minha face e o choro contido me causar muito desconforto e ardência nos olhos.- Dan
Lourenço abriu o portão de madeira maciça da garagem, enquanto eu observava seus braços fortes, totalmente tatuados. Quando percebeu que estava sendo analisado, ele escorou-se na moto e acendeu um cigarro:- Se preferir ficar por aqui, sem problemas. Aposto que a diversão será ainda melhor. – Me olhou dos pés a cabeça enquanto tragava o cigarro, demonstrando o quanto me desejava.E porra, eu devia estar feliz por aquele homem extremamente sexy e lindo querer me comer. Mas por que minha cabeça ainda doía, embora menos que meu coração?- Eu conseguiria fazer uma ligação daqui? – Perguntei.- Não.... Só do alto do morro mesmo – ele entendeu o recado e subiu na moto, dando a ré de forma habilidosa, sem ligá-la.Assim que a estacionou ao meu lado, me ajudou a subir. Quando ele deu a partida, perguntei:-