- Você é casado?Ele gargalhou, ainda de braços cruzados. Observei sua calça jeans justa com a camiseta branca ajeitada para dentro da calça clara. Aquele era o tipo de homem que ficaria bem com qualquer roupa... Mas melhor ainda sem. Eu conseguia me imaginar transando com ele enquanto olhava em seus belos olhos azuis. E sim, aquilo seria uma evolução na minha vida sexual, já que havia também a possibilidade de transar com ele mais de uma vez, diferente do que havia sido com outros homens ao longo da minha vida.- E desde quando padres podem casar? Desta parte você sabe, não é mesmo?Eu ri, incerta se entendi o que ele quis dizer. Mas como não houve maiores justificativas por parte do homem, perguntei, atordoada:- Você também é padre? – Minha voz saiu fraca.- Sim... O “também” não entendi muito bem, já que sou o padre desta paróquia. Meu pai... – ele meneou a cabeça, se corrigindo – Na verdade não é meu pai, mas o chamo assim, pois foi ele quem me criou, é o padre José, que anterio
- Eu não a desejo, Danna. – Ele pareceu ser sincero enquanto os azuis de seus olhos davam a impressão de atravessar os meus.Se aquele homem soubesse o quanto mexia comigo sequer ousaria ficar na minha frente.- E eu o desejo, Killian... Ardentemente. – Fui sincera, embora não imaginei que ele me levaria a sério.Killian suspirou e sorriu:- Vamos, Danna. Há muito trabalho por fazer.Ele foi andando de volta à igreja e eu o segui.- Você ouviu o que eu disse? – Perguntei.- Aqui estão as latas de tintas. Precisamos dar uma mão de tinta para deixar a cor mais viva. Tenho medo que comece a descascar, já que faz um tempo que a igreja não é pintada.- Em primeiro lugar, eu estudava Artes na faculdade e sinceramente achei que você quisesse que eu pintasse outra coisa e não paredes... Em segundo, se a sua igreja ganha tan
Era quatro horas da tarde quando Killian me liberou para ir embora.- Quero ficar. – Falei de forma séria.- Agora pode ir, Danna. Tenho compromisso e não irei deixá-la aqui sozinha.- Isso... Por que se preocupa comigo?- Sim... Assim como me preocupo com qualquer outra pessoa. – Deixou claro.- Mas como eu trabalho para você, não se preocupa mais comigo do que com um mendigo, por exemplo?- Me preocuparia mais com um mendigo.Estreitei os olhos, ainda com o pincel na mão, porém já de pé:- Mas você me conhece... Não tem nenhum tipo de afeto por mim? Sequer conhece o mendigo!- Estou incerto sobre o que estamos falando, Danna.- Estamos falando sobre você escolher eu ou um mendigo... Suposição.- O mendigo precisa muito mais de mim... E ele também precisaria de você. Eu gostaria que escol
Eu mal me continha olhando no relógio para chegar o momento de ir novamente para a igreja naquela terça-feira. Consegui levantar ainda mais cedo e ser a primeira a tomar banho e usar o banheiro.Quando chegou a hora fui caminhando rapidamente, chegando lá cinco minutos adiantada. E desta vez não bati na porta, pois já sabia que estava encostada.Não usei a roupa que Killian havia me dado no dia anterior. Pus um jeans mais simples e uma camiseta branca. Quanto à calça dele, que me foi emprestada... Bem, havia grande possibilidade de eu nunca mais devolver, só para poder ter algo daquele homem em meu poder.Fui andando pelo corredor e não avistei Killian. Quando cheguei ao final dele, parei, observando a imagem de Jesus Cristo pregado na cruz. Por que alguém quereria ficar vendo aquela tortura o tempo todo? A missa não deveria ser algo agradável? E se era, por que imagens qu
Embora eu já imaginasse quem ela era, não conseguia admitir para mim mesma.Killian já havia descido da escada e eu nem sequer vi quando aquilo aconteceu. Ele parecia flutuar em nuvens enquanto se direcionava a ela. Quando finalmente pararam frente a frente, o padre abaixou o corpo e beijou a bochecha da mulher:- Que bom que veio!- Recebi o recado e vim assim que pude.Ele havia chamado a ex-noiva para exibi-la para mim? E falava em Deus e perdão enquanto tripudiava da minha dor e dos sentimentos que sabia que eu tinha por ele?- Danna, quero que conheça uma pessoa. – Ele me olhou, ainda com o sorriso que não era para mim e sim para ela.Levantei-me e percebi que estava suja de tinta, tanto a pele quanto algumas partes da roupa. Fui andando até eles, pela primeira vez sem ter as costas eretas, como se meu próprio corpo pesasse mais do que eu podia carregar.Parei na frent
POV VANESSAEra visível quando estávamos à mesa que alguma coisa havia acontecido com minha prima. Ela tinha mil defeitos, mas nenhum deles não era ficar cabisbaixa e pensativa, mal falando conosco. Apesar de tudo, Danna sempre tinha um sorriso no rosto e era tomada de otimismo... Isto mesmo quando pretendia foder com a vida de alguém.- Acho que você já está preparada para fazer a oração, Danna! – Minha mãe disse antes de começarmos a comer.Ela parecia longe, mas quando ouviu o próprio nome olhou imediatamente para minha mãe:- O quê?- Eu disse que você já está preparada para fazer a oração de agradecimento pela nossa refeição. – Sorriu na direção dela.Danna empurrou o prato:- Não, não estou. Eu... Nem estou com fome.Ela fez men&ccedi
Danna resumiu o que havia acontecido naquela manhã. E era claro o quanto havia ficado magoada com o fato do padre não ter acreditado nela. E sinceramente, para mim era novidade saber que minha prima tinha um coração e parecia sim querer estar na igreja, nem que fosse pintando, somente para estar ao lado de Killian.- Esta aposta não significa nada, Danna – falei – Somos adultas. E não se brinca com relação à Deus e religião. Sinceramente, só aceitamos isto porque você pareceu empolgada. E eu acreditei que estar próxima do padre Killian, lhe faria bem. Mas sim, ele tem um grande carinho por Juliana. Os dois têm uma história, embora tenha ficado no passado.- Não me parece que ficou tão no passado. Eu aposto que eles transam.Eu gargalhei:- Ela não sente nada da cintura para baixo.- E se ela estiver mentindo?<
Eu e o padre José olhamos para Danna imediatamente. Eu não havia percebido que ela estava escutando nossa conversa, escondida.- Não é certo escutar a conversa dos outros desta forma. - Adverti, sem demonstrar o quanto estava contente por ela ter retornado.Sim, porque Danna era exatamente daquele jeito: não conseguia fazer uma coisa certa sem outra errada na sequência.Ouvi o suspiro dela:- Eu não estava escutando escondida. A porta... Estava aberta. – Largou os braços ao longo do corpo, demonstrando certo cansaço.- Como pode ajudar, minha filha? – Padre José perguntou.Ela franziu a testa:- Não sou sua filha! – pareceu incomodada com a forma que ele usou para tratá-la – Mas eu sou rica... Muito rica na verdade...Eu ri, cruzando os braços. Ela falou como se ninguém imaginasse o quão rica era.- Jura? – Não consegui esconder um meio sorriso com a forma inocente como ela falava naquele momento.- Sou filha de Júlio Dave.- Júlio Dave? – Meu pai arregalou os olhos.- Júlio Dave... G