Ouvi o estralo da bofetada dela na minha cara, que me fez revirar a face de tão forte que foi. Eu sabia que era pouco para o que eu havia feito.
- Vagabunda... Você é uma vagabunda! – Ouvi a voz dela num fio, enquanto as lágrimas banhavam seu rosto.
- Eu sempre o amei.
Ela meneou a cabeça, incrédula:
- E porque não me contou?
- De que adiantaria, Celli? Era de você que ele gostava.
- Nós iremos nos casar... Eu espero um filho de Júlio... Como você teve coragem de fazer isto?
- Ele estava bêbado. Eu vim trazê-lo para o quarto, ajudá-lo... E... Me aproveitei da situação. Sou mesmo uma vagabunda e merecedora de todo seu ódio. – Eu não lembrava de ter chorado tanto na vida.
- Eu esperava ser traída nesta vida por qualquer pessoa, menos por você.
- E eu esperava trair qualquer pesso
POV DANNA DAVEIncrivelmente Calum e Jorge conseguiram ser melhores do que eu imaginava. E para mim aquilo era incrível, pois era realmente a primeira vez que eu fazia amigos que sabiam que eu não tinha nada ou bem pouco a oferecer financeiramente. A não ser que estivessem esperando para que eu ganhasse a causa contra meu pai… Ainda assim não fazia muito sentido, já que quando me ajudaram naquela fatídica noite, não sabiam quem eu era tampouco o sobrenome que carregava.Eu também nunca havia cozinhado antes, ou mesmo tentado fazer algo do tipo. Tudo que comi antes de chegar naquele lugar sempre veio nas minhas mãos, o que eu queria, na hora em que pedia. Descobri, ao lado de Vanessa, que cozinhar podia ser bem divertido, além de ter um resultado saboroso ao final.Enquanto comíamos a sobremesa, ainda sentados à mesa, Calum falou a Isla:- Eu não acredito que
Eu já tinha ouvido falar em conexão, embora não soubesse se existia de fato. Aliás, eu me sentia conectada com minha mãe. Mas naquele momento, ao ver os olhos arregalados de Vanessa, eu tive certeza de que ela estava preocupada por conta de Lourenço. E ela não precisava dizer com palavras… Eu sentia em seus olhos.Então eu soube o que era o real sentido da palavra “conexão”, que aconteceu ali, com minha prima, naquela noite.Sorri e tranquilizei-a:- Só irei ver o salgueiro chorão.- Salgueiro chorão? - Minha tia levantou os olhos na minha direção - A árvore de Killian?- Na verdade é minha árvore. - Justifiquei.- Não foi ele quem plantou?Eu ri:- Inexplicavelmente creio que a árvore pertence a mim - Lembrei da outra conexão que eu tinha, que era entre a árvore e
POV KILLIAMQuando a vi ali, completamente molhada, com os cabelos escuros grudados no rosto, os olhos arregalados e alguns arranhões no rosto e nas pernas, tive vontade de pegá-las nos braços e cuidá-la.Mas já fazia um tempo que tudo que eu queria era cuidá-la... E me parece que ela se metia em confusões só para me deixar com aquela sensação, já que quando nos encontrávamos ou Danna Dave estava ferida ou fora de si.- Estou... Tentando me abrigar da chuva. – Ela explicou.Ouvimos passos no piso de tábua, de pezinhos correndo. Então segurei Danna com meus braços para que ela não caísse no chão, devido ao abraço de Alegra, que quase a quebrou ao meio.Era a primeira vez que eu a tocava daquela forma, sentindo todo seu corpo junto ao meu. Teve também a vez que a levei no colo do salgueiro chorão at&
Tentei contê-la, mas ela passou por mim como um relâmpago. A luz acabou, fazendo com que todos gritassem ao mesmo tempo. Tudo ficou na completa escuridão e eu fui subindo sem ver nada na minha frente, tateando com as mãos para buscar Alegra.Quando cheguei ao topo da escada vi que praticamente todo o telhado do quarto dos meninos havia caído. E algumas telhas do das meninas já haviam voado com o vento.Foi quando um outro raio se desenhou no céu. Tapei as orelhas, esperando pelo trovão ensurdecedor. A claridade do raio fez com que eu visse Danna e o telhado desabando completamente, no mesmo momento que a terra pareceu tremer, assim como o assoalho que nos amparava no segundo andar.POV VANESSA.Levantei num sobressalto, percebendo que meu corpo estava todo suado. E a imagem de Danna morta me veio à mente. Foi desesperador e nem sabia se estava sonhando ou acordada e dei um grito, e
POV KILLIAN DE ALCÂNTARAFiquei desesperado, principalmente porque sabia que não haveria como prestar socorro. Nenhum carro conseguia chegar ao orfanato, o que significava que bombeiros ou ambulância para resgate estavam fora de cogitação.- Preciso de claridade! – Gritei, enquanto levantava o que sobrara das telhas de barro e madeiras do telhado que haviam virado escombros.Não demorou muito para que irmã Dóris trouxesse um lampião, que embora não clareasse o suficiente, já ajudava.- Padre, não conseguirá remover isto tudo sozinho! – A voz dela era de tristeza e dor.- Sim, eu consigo. Deus me dará forças. – Garanti.Enquanto eu levantava cada madeira pesada sentindo meus braços quase não aguentarem, a chuva tomava conta do meu corpo, fazendo a roupa encharcar-se. Achei que fossem pingos grossos de rolavam
- Preciso voltar em casa... O pager – Isla começou a andar de um lado para o outro.- Por que, Isla? – Perguntei, pegando-a pelos ombros a fim de acalmá-la.- Tenho que avisar o pai dela. Sei que Júlio abriria uma estrada em horas para salvar a filha... Como direi a ele que me entregou Danna viva e eu não fui capaz de mantê-la deste jeito? – Ela começou a chorar copiosamente.A abracei e senti braços tentando nos envolver. Era Alegra, que voltou os olhos para cima e disse para Isla:- Danna ficará bem. Eu orei para Deus. E Ele não a deixaria morrer, porque ela me salvou. Danna é meu anjo da guarda e anjos não morrem. – Ela sorriu, certa do que dizia.Vanessa pegou a menina no colo, perguntando:- Como foi isso? Você pode me contar?Pareceu que Vanessa entendeu que Alegra precisava de atenção.- Eu a levo at&ea
POV ISLA- Agora podem entrar um pouco que em breve ela irá acordar. - Avisou o médico.Imediatamente Júlio levantou-se, indo à nossa frente, ansioso. Peguei a mão de minha filha e o seguimos. Embora Júlio não tivesse esperado ninguém ao levar Danna para o hospital, a pondo dentro do helicóptero completamente atordoado, imediatamente fomos para o carro de Callum, que nos levou ao encontro deles. Também estávamos preocupados com Danna. Sem contar o padre Killian, que parecia se sentir culpado pelo ocorrido, embora não tivesse culpa alguma.Minha sobrinha ainda dormia, parecendo um anjo de tão tranquila. Me parecia que ela só tinha aquele semblante de calma quando estava adormecida.Júlio foi até a cama e pegou a mão dela entre as suas, de forma carinhosa. Observei Vanessa do outro lado da cama, pegando a outra mão de Danna. Suspirei
Ouvi o suspiro de Júlio, parecendo preocupado. Todos olhamos ao mesmo tempo para o médico.- Você teve algumas poucas escoriações – o doutor olhou diretamente para Danna - E duas costelas fraturadas.- Não sinto dor… - Ela disse, confusa.- Por conta dos analgésicos - o doutor sorriu simpaticamente - Vai precisar repousar e talvez algumas sessões de fisioterapia. Como você é uma mulher saudável e não tem doenças pré-existentes, de quatro a seis semanas estará totalmente recuperada.Júlio suspirou:- Quanta sorte, minha filha! – Um sorriso iluminou seu rosto.- Você veio, pai... – ela olhou para Júlio – Achou... Que eu iria morrer?Ele começou a enchê-la de beijos enquanto segurava a face da filha entre as mãos:- Eu me preocupo e sempre me preocuparei com v