Ouvi o suspiro de Júlio, parecendo preocupado. Todos olhamos ao mesmo tempo para o médico.
- Você teve algumas poucas escoriações – o doutor olhou diretamente para Danna - E duas costelas fraturadas.
- Não sinto dor… - Ela disse, confusa.
- Por conta dos analgésicos - o doutor sorriu simpaticamente - Vai precisar repousar e talvez algumas sessões de fisioterapia. Como você é uma mulher saudável e não tem doenças pré-existentes, de quatro a seis semanas estará totalmente recuperada.
Júlio suspirou:
- Quanta sorte, minha filha! – Um sorriso iluminou seu rosto.
- Você veio, pai... – ela olhou para Júlio – Achou... Que eu iria morrer?
Ele começou a enchê-la de beijos enquanto segurava a face da filha entre as mãos:
- Eu me preocupo e sempre me preocuparei com v
- Tirando o fato de eu ter sentido que um pouco do brilho no olhar dela se apagou, vejo que minha filha está diferente. E não me importo com o que aconteça a partir de agora. Meu único objetivo é que Danna entenda que sempre a amei e não a abandonei aqui... E que tudo que fiz foi com a intenção de ajudá-la.- Ela entenderá. Danna não é só inteligente, mas também uma mulher e não mais uma criança.Júlio fechou a conta e depois assinou um cheque, me entregando. Olhei para o valor exorbitante, mais do que um ano do meu salário e franzi a testa, confusa... Ou ao menos tentando fingir que não era o que eu imaginava.- Minha forma de gratidão. – Ele disse seriamente.Eu ri, com tristeza, lhe entregando o cheque:- Acha mesmo que eu cobraria por hospedar a minha sobrinha, filha de minha irmã?- N&a
- Killian? - Minha voz mal saiu quando meus olhos encontraram os dele.- Me diga que está bem! - O olhar dele parecia de preocupação.Sorri:- Só duas costelas quebradas… Coisa pouca!- Você não consegue ser séria nem quando um telhado cai em cima da sua cabeça? - Balançou a cabeça, ainda comigo em seus braços.- Estou sendo séria: foram só duas costelas quebradas. Mas me sinto bem. No entanto se for para que fique me segurando desta forma, posso dizer que estou morrendo. - Pisquei e ele imediatamente me soltou, recompondo-se.Respirei fundo e me olhei no espelho. Haviam alguns pequenos arranhões no rosto, mas nada igual ao ferimento que ainda não havia cicatrizado na testa, causado na queda da cachoeira.- Não deveria ficar sozinha no quarto. Acaba de passar mal. Se eu não tivesse chegado há tempo, poder
Ele meneou a cabeça:- Fiquei tão preocupado que pudesse ser o mesmo acidente.- Seria coincidência demais, não é mesmo? Eu sonhar com a árvore que você plantou, termos nos envolvido no mesmo acidente… Enfim… Mande lembranças ao salgueiro chorão. Estou curiosa se continuarei a sonhar com ele.- Você se despedirá dele… Não pode ir sem se despedir… De Alegra e das crianças. Você salvou a vida dela.Estávamos a um passo de distância, que quebrei quando me movi em sua direção, tão próxima que chegava a sentir sua respiração morna. Levantei levemente o rosto e o encarei:- É hora da despedida!Percebi quando ele engoliu a saliva e a respiração acelerou, tanto quanto a minha. Fiquei incerta se Killian conseguia ouvir as batidas do meu coraç&atild
- Você teria isto com sua mãe se ela fosse viva, Danna… Eu tenho certeza disto. Celli a amava, mais do que qualquer outra coisa no mundo.- Eu sei disto… Porque ela estava comigo o tempo todo aqui em Machia. - Sorri.- Como assim? - Ele franziu a testa.- Os vagalumes… - mostrei a minha tatuagem - Os encontrei… Em vários momentos, como se ela estivesse mostrando o caminho.Ouvi a respiração dele acelerar antes de dizer:- Vagalumes… - sorriu - Não poderia ser diferente, já que ela sempre brilhou intensamente.- Se eu pudesse fazer um pedido… Um único pedido na vida… Seria voltar no tempo, naquela noite em que tudo aconteceu… - Senti meus olhos marejarem mas contive as lágrimas.- Sei que doeu e foi difícil para nós aceitarmos, Danna. Mas creio que há coisas que acontecem porque precisam acontecer e
O sorriso iluminou o rosto perfeito de Killian, que se levantou imediatamente e aproximou-se de mim, erguendo a mão a fim de tocar-me, mas contendo-a, a deixando no ar.Dei um passo para frente, fazendo com que aquele toque acontecesse, exatamente na minha bochecha. Fechei os olhos, tentando imaginar o semblante dele naquele momento. Tudo que eu queria era ficar ali para sempre, sentindo os dedos mornos dele na minha pele.Killian se afastou e abri meus olhos, encontrando os dele, que me queimavam por dentro.- Você não partiu? – A voz de Killian foi extremamente suave.- Por hora... Não.- Eu... Estou feliz que tenha ficado.- Verdade? – Me ouvi perguntando, sentindo um frio na barriga e o coração acelerar.- Sim... Estou muito feliz... Porque você salvou a vida de Alegra... E é... Uma pessoa do bem e...Revirei os olhos e dei um suspiro:- Eu já s
Killian pôs a mão no peito e disse:- Eu não gostaria de corresponder... Mas aqui dentro... Você está ocupando um lugar muito grande.Senti minhas pernas amolecerem e o coração disparou. Respirei fundo e Killian falou:- A deixo trabalhar no orfanato. Mas terá que fazer algo em troca... – Sorriu.- Ajoelhar-me aqui e agora? – Provoquei.Ele balançou a cabeça, suspirando:- Você é... Insana.- Não sou “insana”, sou só “Danna”. – Brinquei, fazendo rima.- Quero que assista uma missa.- Uma missa? Isto significa ficar sentada em um banco por uma hora?- Algumas vezes você precisa levantar. – Ele piscou.- Senta, levanta, levanta e senta. Não é melhor ir na academia?- Danna, isto não é uma brincadeira!- Aposto que quando
Esperei duas semanas em casa, até porque não me sentia nada bem. As costelas doíam até quando eu respirava e já tinha encerrado o uso de analgésicos, então precisava fazer só o dito repouso.Repouso seria algo bem interessante de fazer na piscina da minha casa ou mesmo na sauna, recebendo suco de laranja orgânica espremido na hora, gelatina com chantilly, biscoitos de chocolate… Minha boca salivou só de pensar naquelas delícias. Fui fazer algo para comer e como não tivesse muitas opções, meio que qualquer coisa servia.Isla e Vanessa tinham ido no primeiro horário da missa e eu iria no segundo. Por algum motivo não quis ir junto com elas… Talvez por vergonha, já que nunca participei de algo daquele tipo. Não queria ser analisada pela forma como reagiria.Óbvio que minha intenção era chamar a atenç&
Olhei para aquela mulher e seus olhos negros que direcionavam toda a raiva a mim, ela sendo contida por Killian. Lembrei de tudo que eu havia passado por conta de Juliana e Loureço, me remetendo ao dia em que a mulher se jogou na piscina e me culpou, Killian acreditou nela e acabei parando no carro de Lourenço.Senti como se o sangue subisse à minha cabeça e tudo levemente escureceu à minha volta. Foi como se eu visse os olhos de Killian naquela piscina, me julgando, enquanto pegava Juliana nos braços.Apontei para ele:- Você também tem culpa do que aconteceu! Acreditou nela… Não me deu uma chance de provar que eu não tinha feito aquilo…Virei as costas, tentando conter as lágrimas. Não tenho certeza se me sentia humilhada ou pisoteada. Fiquei completamente confusa, sem saber como agir enquanto me dirigia para a porta da igreja, vendo o sol brilhar como fogo,