Olhei para aquela mulher e seus olhos negros que direcionavam toda a raiva a mim, ela sendo contida por Killian. Lembrei de tudo que eu havia passado por conta de Juliana e Loureço, me remetendo ao dia em que a mulher se jogou na piscina e me culpou, Killian acreditou nela e acabei parando no carro de Lourenço.
Senti como se o sangue subisse à minha cabeça e tudo levemente escureceu à minha volta. Foi como se eu visse os olhos de Killian naquela piscina, me julgando, enquanto pegava Juliana nos braços.
Apontei para ele:
- Você também tem culpa do que aconteceu! Acreditou nela… Não me deu uma chance de provar que eu não tinha feito aquilo…
Virei as costas, tentando conter as lágrimas. Não tenho certeza se me sentia humilhada ou pisoteada. Fiquei completamente confusa, sem saber como agir enquanto me dirigia para a porta da igreja, vendo o sol brilhar como fogo,
Que eu tinha vontade de matar Lourenço eu tinha. Só não precisava deixar claro para os quatro cantos do mundo. Sobre um pacto de sangue: não queria dizer nada. E bem que Vanessa tinha me prevenido. Sempre me achei tão esperta. Será que eu era uma idiota da porra?Não fiquei ali discutindo com Luane. Se ela amava um estuprador que a fez tirar o próprio filho, eu não tinha nada a ver com aquilo e nem o que fazer para ajudá-la a sair daquele amor tóxico. Eu mal conseguia cuidar de mim mesma.Virei as costas para ela e a deixei falando sozinha, indo em direção ao meu destino: o orfanato.Meu pai já havia enviado muito dinheiro e contratado uma equipe da capital para fazer a manutenção do telhado, que estava praticamente pronto. Eu não tinha ido até lá para verificar, por isto fiquei surpresa com a rapidez das obras. Não esperava
Quando me mexi na cama, senti que estava com pouco espaço para mover-me. Toquei o braço morno que me envolvia e abri os olhos, ansiosa. Imaginei que pudesse ser um certo padre, que sabendo da minha presença decidiu vir no meio da noite me fazer uma surpresa… Deitando na mesma cama que eu.Franzi a testa, confusa ao me deparar com Alegra, a miniatura de pessoa que me abraçava com força, ainda com os pequenos olhinhos fechados. Fiquei com a mão erguida, com vontade de tocar seu rosto tão pleno e tranquilo. Mas sempre parecia que algo me impedia de fazer aquele toque.Lembrei de minha mãe o do quanto era bom quando ela me alisava e dizia o quanto me amava. Uma rajada de vento soprou a cortina e o sol iluminou diretamente o rosto da pequena menina que estava ao meu lado. Por mais incrível que pudesse parecer, minha tatuagem estava exatamente na altura dos meus olhos.Foi quando eu tive certeza de
POV KILLIAN DE ALCÂNTARAEu não sei se no fundo esperava encontrá-la ali e por aquele motivo fui ao salgueiro chorão naquela manhã. Cheguei a sonhar com aquele lugar e com Danna ali dentro. E Deus, aquilo me deixava completamente confuso e culpado.- Por que agiu daquela forma, como se eu fosse culpado? – Perguntei, sem mover-me do lugar.- Porque... Você é culpado.- Eu... A defendi.- Estou tão cansada. – Danna deixou que os braços se amolecessem e caíssem ao longo do corpo.- Irei defendê-la... Sempre.Danna sorriu com tristeza e meneou a cabeça:- Eu não preciso mais que me defenda, Killian. Nunca pensei que algum dia diria isto, mas estou desistindo.- De... Mim?- De tudo.Suspirei e senti meu coração batendo tão forte que parecia que sairia pela boca e fugiria para nunca mais volta
- Danna, tem sim!- Eu... Quero fazer qualquer outra coisa, menos falar de Deus. – Ela fez cara de tédio e eu deveria recriminar aquilo, no entanto não o fiz.E não o fiz porquê de certa forma ela tinha razão. Era preciso aproveitar o nosso tempo juntos, porque não tinha como saber quando teríamos qualquer minuto juntos e sozinhos novamente.- Diz que me ama de novo! – Ela pediu, com um sorriso que eu sabia que era capaz de me fazer cometer o maior pecado de todos.- Não sei se devo... – Fiquei incerto sobre como reagiria ao toque dela.- Por quê?- Eu te amo, Danna. E posso dizer isto mil vezes se quiser, sem nunca parar.Ela ficou na ponta dos pés e me beijou novamente. E agora já parecia mais habituada a usar a língua e aquele beijo foi ainda mais incrível que o anterior. Se um dia ficássemos juntos eu nunca me cansaria
Já era o terceiro dia que Danna vinha à igreja ajudar nos preparativos para a festa de São Francisco de Assis, padroeiro da cidade. Recusei ajuda da maioria das pessoas e os poucos que aceitei pedi que fizessem coisas em suas casas e não na igreja, alegando que estava pintando ainda e o forte cheiro impedia que pudéssemos usar o local.Meu pai estava nos auxiliando e também Isla e Vanessa no final do dia, quando saíam do trabalho. No segundo dia Danna trouxe Jorge, o advogado e Calum, o médico.Ela soube se comportar e por sorte parecia que ninguém percebia o sentimento forte que havia entre nós. Primeiro eu senti ciúme de Jorge, que parecia ter uma ligação de certa forma íntima com Danna. Até que o vi beijando Vanessa e entendi que não tinha nenhum tipo de envolvimento afetivo entre os dois.Depois encuquei com o médico, que embora mais velho,
- Depois de tudo que você fez, não imaginei que a encontraria na igreja. – Juliana olhou para mim, como que pedindo alguma explicação.Depois de tudo que houve, inclusive de minha declaração para Danna há dias atrás, no salgueiro chorão, era a primeira vez que eu reencontrava as duas juntas.Olhei para Juliana e depois para Danna. Exceto na cor dos cabelos, eram completamente diferentes. Cheguei a gostar de Juliana. Dizer que nunca senti nada por ela seria uma mentira, já que cheguei a pedi-la em casamento e imaginar uma vida ao seu lado.Mas o que eu sentia por Danna era completamente diferente. Era intenso, forte, dolorido, insano. E ia muito além da atração física. Era como se eu não existisse sem ela. A mínima possibilidade de perdê-la já me deixava completamente nervoso.- "Quem dentre vós não tiver pecado, s
- Danna, sem palavrões! Não quero penitenciá-la! – Avisei.- E não vai penitenciar Juliana, que me viu comendo o tal corpo... E não disse nada? Meu Deus do céu... Comi o pedaço de um corpo! – Cuspiu novamente, apavorada.- É trigo, Danna.- Trigo? – Me olhou, confusa.- Não vai fazer nada a respeito disto, Killian? – Juliana pressionou.- As hóstias não estavam abençoadas, Juliana.- Isto significa que ela pode comer como se fossem biscoitos? Ok, vamos matar a fome da população com hóstias sagradas! – Foi irônica.Suspirei, tentando não tomar partido para o lado de Danna:- Ela não sabia.- Achei que era... Uma biscoiteira. – Danna mostrou o cálice sagrado, que em nada lembrava... Uma “biscoiteira”. Bem, eu não sabia o que era uma biscoi
POV DANNA DAVE- Duvido que você consiga mentir por tanto tempo. – Ouvi a voz de Vanessa entrando na igreja tranquilamente.Juliana olhou para minha prima e imediatamente ficou ruborizada.- Não sei do que está falando! – Fingiu-se de desentendida.- Ah, sabe sim! – Vanessa riu, de forma irônica – Ainda bem que eu fui inteligente e não me deixei enganar por você. Sempre acreditei na minha prima. Uma pena que nem todos pensem desta forma e se deixem ser enganados, como o padre Killian e os moradores de Machia.- Pois vá lá e grite aos quatro cantos que eu não sou uma boa pessoa. Ninguém acreditará. – Juliana mostrou a verdadeira face à Vanessa.- Será que realmente está presa à esta cadeira de rodas? – Vanessa questionou.- Infelizmente sim. Caso contrário, eu já teria tomado conta da p