Eu não devia… Nem imaginava que algum dia poderia reagir daquela forma. Mas senti pena de Juliana Sturman. Por algum motivo me vi nela… Amargurada, vingativa, querendo que o mundo se curvasse aos meus pé. Era exatamente eu há algum tempo atrás, antes de chegar em Machia. Talvez Killian tivesse um pouco de razão quando dizia que o seu Deus tratava de punir os pecadores sem que precisássemos intervir muito.
- Não pensa em esquecer o seu passado traumático e seguir em frente? - Perguntei.
Juliana riu de forma irônica:
- Isto tudo é o medo?
- Não… É pena! - Confessei, incerta se era realmente para magoá-la que proferi aquelas palavras sinceras.
- Poupe-me de suas palavras venenosas, Danna Dave. Elas não me atingem.
- Já vivi de passado e fui exatamente como você. E me dei em conta do tanto de tempo que perdi com isto
- Claro que não, Deise – respondeu Alegra, que tinha sorvete até no nariz – Ela é filha da prefeita e prefeitas não abandonam filhos.Juliana abaixou o olhar, parecendo ficar com o pensamento longe. A conversa com Deise certamente a fez refletir sobre algo que a deixou visivelmente entristecida.- Bem... Acho que está na hora de irmos, meninas. – Observei – Se quiser ir ao casamento, será bem-vinda, Juliana. Não sei se você tem maturidade para isto... Tampouco serei cínica a ponto de lhe oferecer um lugar na primeira fila. Confesso que quando decidi convidar você e sua mãe, contra vontade de Killian, inicialmente foi para que me invejasse. Mas... Isto mudou quando percebi que não preciso provar para ninguém, especialmente a você, que venci. Eu sou feliz e amada e sei disto. E basta.Virei as costas e saí, mas consegui ouvir Deise se despe
- E qual foi? Danna ganhou, não é mesmo? – Meu pai perguntou nervoso.Killian iluminou o rosto com um belo sorriso e eu não tive dúvidas do resultado.- Dentro de um mês Danna Dave assumirá a prefeitura de Machia. – A voz dele era carregada de emoção.- Eu sabia! – Meu pai gritou, eufórico, retirando-me do chão e girando meu corpo no ar.Abri meus braços, feliz e satisfeita. Não havia sido em vão todo meu esforço. E também o quanto de desaforo e humilhação que passei para obter aquele resultado.Quando meu pai me soltou, corri até Killian, pulando em seu colo. Eis algo que ainda não tínhamos feito: mostrar a todos o quanto nos amávamos, se é que alguém naquela cidade ainda não sabia. Porém demonstrações públicas de afeto não era alg
POV KILLIAN DE ALCÂNTARAEu já estava vestido para o casamento. Me olhei no espelho e arrumei a gravata azul marinho com listras bordôs e brancas, que segundo Danna combinava com o terno cinza escuro. Me passou pela cabeça se eu não era pouco para ela. E se merecia tê-la, depois de tudo que a fiz sofrer por minha causa.Suspirei, tentando não voltar a sentir culpa, sabendo o quanto aquilo me deixava pesaroso. Era um dia feliz... O nosso casamento.Assim que saí pela porta do orfanato e vi o cenário arrumado, fiquei imaginando como tudo ficou tão perfeito em tão pouco tempo que tivemos para organizar. E então me dei em conta que Nadine, Vanessa e Isla juntas conseguiram fazer o maior evento de Machia em menos de 30 dias. Com uma boa quantia em dinheiro, óbvio, que os Dave tinham para dar em vender.Tudo foi feito no gramado verdejante e bem cuidado do orfanato, que era
POV ISLAVer minha sobrinha desfilando por aquele corredor na direção do padre Killian era simplesmente emocionante. E não consegui conter minhas lágrimas ao pensar no quanto Celli ficaria orgulhosa da filha. Danna estava linda com aquele vestido curto e ao mesmo tempo comprido, algo que certamente mandou um estilista famoso criar especialmente para ela, conforme sua personalidade: ousada e ao mesmo tempo ingênua. Jamais imaginei um vestido que trouxesse os dois elementos em um: tradicional e ao mesmo tempo ultra moderno.Mas era Danna Dave... A mulher que se casaria com o padre de Machia. Então acho que ninguém esperava menos dela.Limpei as lágrimas, mas ao ver o padre Killian chorando as derramei novamente. Eu não sei o motivo do choro dos outros, mas cheguei a imaginar que os mais velhos choravam porque o padre realmente não voltaria para a igreja. As garotas certamente debulhavam-se em l&a
Senti o sangue subir às minhas bochechas e enquanto pensava em como me defender daquele ultraje ele puxou-me para si, encarando-me:- Eu já disse o quanto gosto da sua bunda?Olhei para os lados, preocupada:- Calum, tem pessoas próximas!- Eu não me importo que saibam que gosto da sua bunda – ele riu divertidamente – Aliás, não só da bunda... Gosto do corpo inteiro. – fez questão de falar para o casal Ford, que estava próximo a nós, que não entendeu nada, mas arregalaram os olhos apavorados ao ouvirem a palavra “bunda”.- Assim você me deixa envergonhada! – Confessei.Calum beijou minhas bochechas, uma de cada vez, e sussurrou no meu ouvido:- Você não fica envergonhada quando meu pau está na sua bunda... Vertendo desejo.- Entre quatro paredes, seu safado! – Mordi o lóbulo da
- Estou brincando, mãe. Tudo que quero é que se entregue a este amor. E seja a pessoa mais feliz do mundo.Senti um braço sobre meu ombro e a voz rouca dele, olhando para a pista:- Pelo visto alguém resolveu perdoar. – Mencionou em tom irônico.- Meu perdão significa 30% da minha mãe para você. Porque os outros 70% são para mim e Gabriel. – Vanessa deixou claro, de forma autoritária.- Desde que as noites sejam minhas! – Ele deu de ombros, com aquele sorriso safado.- Você não era assim, Calum! – Vanessa riu, fingindo espanto.- Não podia confessar para você que estava de olho na sua mãe gostosa.- Eu não sabia do seu lado sem-vergonha e atrevido.- Se ela tivesse me dado uma chance antes, teríamos passado Killian e Danna para trás no casamento.- Uau! – Vanessa riu &nda
POV DANNA DAVEVi Vanessa, Gabriel, Jorge, meu pai e Nadine e me dirigi até eles. No caminho fui abordada pelo novo padre da paróquia, Celso Trajano.- Gostaria de parabenizá-los pelo casamento. – Ele disse.- Ah, obrigada... Padre.Analisei o homem que aparentava uns 40 anos, talvez um pouco mais. Era moreno e os cabelos castanho-escuros, cortados de forma tradicional e muito bem penteados para trás. Embora estivesse usando batina, não me parecia acima do peso. Procurei uma barriga saliente e não encontrei. E... Sério que eu estava pensando naquilo?- Eu soube que está fazendo uma campanha para adoção das crianças do orfanato.- Sim, estou. – Confirmei.- É um ato de amor e altruísmo, Danna. Se não se importa, eu gostaria de ajudar de alguma forma, quem sabe usando o espaço da missa e até mesmo outros meio
Senti braços me envolvendo com força pela cintura e não precisei olhar para baixo para saber quem era:- Minha miniatura polvo – brinquei – parece que tem mil braços cada vez que me envolve.- Mamãe, dança comigo? – Ela pediu.- Claro, minha miniatura preferida!Quando fiz menção de largar Gabriel para Vanessa, o silêncio se fez de forma abrupta no lugar. Eu ainda tinha o menino erguido e vi o olhar de desespero de Vanessa com os braços para ele.- Não largue o menino. – Ouvi a voz atrás de mim e senti algo frio nas costas.Agarrei Gabriel com força, protegendo-o junto do meu peito. E com a outra mão apertei Alegra.- Vire-se devagar! – A voz de Nicolle foi fria como gelo.Virei-me e deparei-me com a arma que ela carregava apontada na direção do meu sobrinho.- Encerrada a palha&cce