- A Associação dos Direitos dos animais ficará feliz por eu ter livrado o mundo de vermes sugadores de sangue e disseminadores de doenças.Ele pegou minha mão, hesitante:– Estamos falando da mesma coisa?Eu gargalhei:- Acho que... Não!Meu pai meneou a cabeça:- Certas coisas não mudam, não é mesmo?- Como por exemplo? – Fiquei curiosa.- Você não se abrir comigo.- Por que acha que escondo algo? – Fiquei séria, imaginando se Nadine poderia ter lhe contado sobre o que houve.- Porque seus olhos não brilham como antes.- Isto... É ridículo. – Ri, tentando levantar.Júlio Dave pegou-me pelo pulso, fazendo-me sentar novamente:- O que posso fazer para que esta tristeza saia de dentro de você?- Nada! – Abaixei a cabeça, tentando conter minha vontade de implorar por justiça.Meu pai respirou profundamente, deixando claro o quanto se sentia frustrado. Depois levantou-se e saiu, me deixando ali, sozinha na mesa do escritório.Suspirei, olhando para o nada. Sabia que contar sobre o estupro
Arrisquei quando confiei a ela um dos maiores segredos, que não revelei a ninguém. E Nadine não me decepcionou.- Enfim, alguém fará 23 anos. – Nadine sorriu.- Basta de ter nove anos – meu pai me abraçou – Quem tem nove anos por 13 anos?Começamos a rir. Meu pai acendeu a vela e ele e Nadine cantaram parabéns de forma tímida. Foi estranho... Mas não ruim.- Dizem que ao apagar a vela você pode fazer um pedido. – Nadine sorriu.- Dizem que você só faz aniversário se apagar a vela, cantar o parabéns e comer o bolo. – Falei de forma um tanto quanto agressiva, lembrando das palavras de minha mãe, sentindo que ela queria mudar algo que estava enraizado em mim.A vela ainda estava acesa enquanto nós duas nos encarávamos. Nadine me deu um beijo na bochecha e me abraçou com força, sussurrando no meu ouvido:- Eu não quero tomar o lugar dela... Jamais almejaria tanto. Meu único desejo é que você seja feliz... Imensamente feliz. Eu amo você, mesmo que não seja a sua mãe. Amo você por ser exata
POV VANESSAAssim que Jorge e eu chegamos, ele abriu a porta e entrei, carregando o bebê conforto com o recém-nascido dentro. Aquela coisinha era tão linda... E fofa... E cheirosa.Ele resmungou, abriu os olhos e sorriu. Pensei em dizer algo, mas logo cerrou os olhinhos novamente.Jorge abraçou-me por trás, descansando o queixo no meu ombro. Observou nosso filho e disse com a voz embargada:- Só eu que estou achando ele a coisa mais linda e perfeita deste mundo?Sorri:- Eu não sabia que seria capaz de amá-lo tanto!- Não é minha intenção criticar... Mas como alguém é capaz de levar esta criaturinha inocente por nove meses dentro do corpo e depois... Se desfazer? Ele não é um objeto que pode ser descartado... É um ser humano! Uma criança... Dependente de nós para tudo.Pus o bebê conforto no
Assim que Jorge chegou perto, a mãe dele desceu rapidamente as escadas, com um sorriso radiante no rosto. Olhou para nosso filho e exclamou, maravilhosa:- Ele é a sua cara! E os cabelos... Crescidos e pretinhos, como quando você nasceu! – Ela pegou Gabriel dos braços de Jorge imediatamente.Todos foram até ela conhecer a criança. E entre exclamações fofas e vozes imitando bebês, Gabriel acordou e começou a chorar. Logo o trouxeram até mim. Assim que peguei meu filho nos braços, imediatamente ele parou de chorar.- Ele sente o cheiro da mãe. – A tia de Jorge observou – Sabia que os bebês reconhecem a voz da mãe desde dentro da barriga?Meu coração pareceu querer sair para fora do peito com a fala dela. Olhei imediatamente para Jorge, que antes de responder alguma coisa foi cortado pela voz firme de sua avó:-
- Não quero me intrometer na vida de vocês, Vanessa – mamãe foi sincera, como sempre. A nossa relação sempre foi baseada na confiança e sinceridade.- Eu sei, mamãe!- Mas também não quero que abra mão dos seus sonhos.- Não abrirei. Mas minha decisão está tomada.- Não quero que se arrependa depois, Vanessa.- Mãe, eu não sou você! – Esbravejei, surpreendendo tanto ela quanto Jorge, que largou a caneta sobre a mesa, me olhando.Gabriel, por sua vez, começou a rir do meu tom de voz. O peguei dos braços de minha mãe. Cada vez que ele sorria era mágico... Principalmente agora que os dois dentes inferiores já haviam apontado.Minha mãe levantou-se:- Eu nunca disse que você deveria ser como eu, Vanessa!Tentei me acalmar. Eu sabia que mamãe n&
- Padre, me ouça...- Posso lhe dar a penitência antes mesmo de terminar... – Minha voz mal saiu.- Pintar a igreja? – Imaginei um sorriso em seu rosto enquanto dizia aquilo.- Ficar ao meu lado... Para sempre.- Isto... Não seria uma penitência.- Eu... Queria tê-la aqui comigo... Por que, Danna? – Eu pronunciava cada palavra com dificuldade, abrindo a gola da batina sentindo o suor escorrer de nervosismo – Por que se foi? Por que não me atendeu? Por que voltou?- Eu preciso me confessar, padre.Padre? Ela me chamava de padre agora, depois de ter se referido a mim como Killian desde sempre?Por que ouvi-la me chamar daquela maneira doía, como se a próxima frase que fosse dizer era que me deixaria para sempre e jamais retornaria?- Não sei se posso ouvi-la, Danna... Não seria ético.- Mas o que lhe falo em confiss&ati
- Pedi que ele usasse camisinha... Mas tudo que ouvi foram deboches.- As marcas... Nos seus pulsos... Nas pernas... Braços...- Nos pulsos foram causadas pelas algemas. Ele me segurou pelos braços e pernas... Mas não tenho certeza se os hematomas foram causados somente por ele.- Não me diga que... Havia outra pessoa.- Não, não havia ninguém naquela tarde a não ser eu, Lourenço... E o banco traseiro da viatura dele. Depois de se satisfazer... E gozar dentro de mim, me ferindo não só no corpo, mas também a alma, Lourenço foi embora... E deixou claro que eu poderia dizer para qualquer pessoa, que ninguém acreditaria em mim... Porque eu era uma mentirosa.Meus lábios tremiam de tanta raiva e tive vontade de me punir fisicamente até não aguentar. Se eu não tivesse a mandado embora... Se não tivesse acreditado cegamente
- Me perdoe! Me perdoe por não acreditar em você!Eu sabia que tinha dezenas de pessoas ali. Mas eu não me importava. Tudo que queria era o perdão daquela mulher.- Pare de se culpar por coisas que não são de sua responsabilidade. – A voz dela foi séria.- Me culparei pelo resto dos meus dias.- De início também cheguei a pensar que se você não tivesse feito o que fez eu não teria saído da casa e ido parar naquela estrada... Então não teria encontrado Lourenço. Mas isso não faz sentido! – ela sorriu – Se fosse assim, nada aconteceria da forma como tinha que ser. Sempre haverá um porém, sempre haverá um “e se”... Para qualquer situação boa ou ruim em nossas vidas.- Você... Tirou o bebê?- Se eu tivesse tirado... Me perdoaria?- Não sou D