POV VANESSAAssim que Jorge e eu chegamos, ele abriu a porta e entrei, carregando o bebê conforto com o recém-nascido dentro. Aquela coisinha era tão linda... E fofa... E cheirosa.Ele resmungou, abriu os olhos e sorriu. Pensei em dizer algo, mas logo cerrou os olhinhos novamente.Jorge abraçou-me por trás, descansando o queixo no meu ombro. Observou nosso filho e disse com a voz embargada:- Só eu que estou achando ele a coisa mais linda e perfeita deste mundo?Sorri:- Eu não sabia que seria capaz de amá-lo tanto!- Não é minha intenção criticar... Mas como alguém é capaz de levar esta criaturinha inocente por nove meses dentro do corpo e depois... Se desfazer? Ele não é um objeto que pode ser descartado... É um ser humano! Uma criança... Dependente de nós para tudo.Pus o bebê conforto no
Assim que Jorge chegou perto, a mãe dele desceu rapidamente as escadas, com um sorriso radiante no rosto. Olhou para nosso filho e exclamou, maravilhosa:- Ele é a sua cara! E os cabelos... Crescidos e pretinhos, como quando você nasceu! – Ela pegou Gabriel dos braços de Jorge imediatamente.Todos foram até ela conhecer a criança. E entre exclamações fofas e vozes imitando bebês, Gabriel acordou e começou a chorar. Logo o trouxeram até mim. Assim que peguei meu filho nos braços, imediatamente ele parou de chorar.- Ele sente o cheiro da mãe. – A tia de Jorge observou – Sabia que os bebês reconhecem a voz da mãe desde dentro da barriga?Meu coração pareceu querer sair para fora do peito com a fala dela. Olhei imediatamente para Jorge, que antes de responder alguma coisa foi cortado pela voz firme de sua avó:-
- Não quero me intrometer na vida de vocês, Vanessa – mamãe foi sincera, como sempre. A nossa relação sempre foi baseada na confiança e sinceridade.- Eu sei, mamãe!- Mas também não quero que abra mão dos seus sonhos.- Não abrirei. Mas minha decisão está tomada.- Não quero que se arrependa depois, Vanessa.- Mãe, eu não sou você! – Esbravejei, surpreendendo tanto ela quanto Jorge, que largou a caneta sobre a mesa, me olhando.Gabriel, por sua vez, começou a rir do meu tom de voz. O peguei dos braços de minha mãe. Cada vez que ele sorria era mágico... Principalmente agora que os dois dentes inferiores já haviam apontado.Minha mãe levantou-se:- Eu nunca disse que você deveria ser como eu, Vanessa!Tentei me acalmar. Eu sabia que mamãe n&
- Padre, me ouça...- Posso lhe dar a penitência antes mesmo de terminar... – Minha voz mal saiu.- Pintar a igreja? – Imaginei um sorriso em seu rosto enquanto dizia aquilo.- Ficar ao meu lado... Para sempre.- Isto... Não seria uma penitência.- Eu... Queria tê-la aqui comigo... Por que, Danna? – Eu pronunciava cada palavra com dificuldade, abrindo a gola da batina sentindo o suor escorrer de nervosismo – Por que se foi? Por que não me atendeu? Por que voltou?- Eu preciso me confessar, padre.Padre? Ela me chamava de padre agora, depois de ter se referido a mim como Killian desde sempre?Por que ouvi-la me chamar daquela maneira doía, como se a próxima frase que fosse dizer era que me deixaria para sempre e jamais retornaria?- Não sei se posso ouvi-la, Danna... Não seria ético.- Mas o que lhe falo em confiss&ati
- Pedi que ele usasse camisinha... Mas tudo que ouvi foram deboches.- As marcas... Nos seus pulsos... Nas pernas... Braços...- Nos pulsos foram causadas pelas algemas. Ele me segurou pelos braços e pernas... Mas não tenho certeza se os hematomas foram causados somente por ele.- Não me diga que... Havia outra pessoa.- Não, não havia ninguém naquela tarde a não ser eu, Lourenço... E o banco traseiro da viatura dele. Depois de se satisfazer... E gozar dentro de mim, me ferindo não só no corpo, mas também a alma, Lourenço foi embora... E deixou claro que eu poderia dizer para qualquer pessoa, que ninguém acreditaria em mim... Porque eu era uma mentirosa.Meus lábios tremiam de tanta raiva e tive vontade de me punir fisicamente até não aguentar. Se eu não tivesse a mandado embora... Se não tivesse acreditado cegamente
- Me perdoe! Me perdoe por não acreditar em você!Eu sabia que tinha dezenas de pessoas ali. Mas eu não me importava. Tudo que queria era o perdão daquela mulher.- Pare de se culpar por coisas que não são de sua responsabilidade. – A voz dela foi séria.- Me culparei pelo resto dos meus dias.- De início também cheguei a pensar que se você não tivesse feito o que fez eu não teria saído da casa e ido parar naquela estrada... Então não teria encontrado Lourenço. Mas isso não faz sentido! – ela sorriu – Se fosse assim, nada aconteceria da forma como tinha que ser. Sempre haverá um porém, sempre haverá um “e se”... Para qualquer situação boa ou ruim em nossas vidas.- Você... Tirou o bebê?- Se eu tivesse tirado... Me perdoaria?- Não sou D
POV DANNA DAVEFiquei em choque ao ver Killian no chão desacordado, com o sangue vertendo da sua barriga.Nem sei como consegui me mover em meio à pequena multidão e ajoelhar-me ao seu lado, percebendo minhas lágrimas banharem seu rosto:- Fica comigo! Você não pode me deixar agora! – Implorei enquanto balançava seu corpo, em desespero.E sabia que todos falavam à minha volta, mas não conseguia compreender nada, pois só estava focada em Killian e...Enfim encarei Lourenço, que parecia incrédulo, ainda com a arma na mão.- Desgraçado, filho de uma puta... Você... O matou!- Ele... Iria me matar se eu não fizesse isto! – enquanto Lourenço falava com dificuldade o sangue escorria de sua boca – Foi legítima defesa... E todos viram! – Olhou para a multidão, ainda atordoado.- Killian estava louco... Completamente louco! – Nicolle disse, acolhendo Lourenço em seus braços – Ele iria matá-lo, meu filho! – os olhos dela estavam marejados.- Mãe, eu acho que quebrei um dente... – Lourenço tocou
Killian tomou as minhas dores. E agora estava ali, baleado, por minha culpa.- A porra do celular não funciona! – Calum gritou, entregando-me o aparelho.Peguei o aparelho e levantei-me, tentando encontrar a porra de um sinal que não existia. Eu poderia ir até a cachoeira, mas levaria muito tempo e talvez fosse tarde. Nem um helicóptero chegaria a tempo.Apesar de todo mundo estar curioso com o fechamento da história, muitos já haviam deixado a praça. E ninguém... Absolutamente ninguém nos ajudou.Calum saiu rapidamente, sem dizer nada. Fiquei ali, de pé, sem saber o que fazer para ajudar Killian.Num impulso, peguei seus braços e tentei movê-lo. Padre José me impediu:- Não podemos... Ele pode ficar ainda pior.Eu não sabia se tinha lágrimas nos olhos ou olhos nas lágrimas.- Fale, Danna... O que houve? Por Deus, diga alguma coisa! Só ouvi os gritos de que Killian estava ferido...Meneei a cabeça, incapaz de dizer qualquer coisa. Lembrei do quanto a terapeuta havia dito que eu precis