POV DANNA DAVE
Assim que bati na porta, Jorge me atendeu. Me olhou surpreso:
- Você aqui?
Sorri e acenei:
- Não vim como... Conhecida e sim como cliente. – deixei claro, com um sorriso.
- Minha primeira cliente? – ele sorriu gentilmente – Merece um café. Entre, Danna!
Ele se afastou da porta para que eu entrasse. Percebi que Jorge estava montando uma recepção na sala de sua casa.
- Pensa em usar este espaço para trabalho? – Perguntei.
- Sim. É hora de mudar um pouco a forma como tudo ficava aqui.
- Esta cidade não aceita muito bem as mudanças. – Deixei claro.
- Mas quiserem um bom advogado, terão que me engolir. – ele sorriu e puxou uma cadeira para mim – Infelizmente meu escritório não está totalmente pronto, então terei que recebê-la deste jeito. Mas como somos... Amigo
POV ISLAEu estava sentada no sofá, revisando alguns documentos que precisava enviar para o banco quando me flagrei sorrindo do nada ao ver Danna e Vanessa preparando um jantar para dois rapazes. Estavam tão alegres que por um minuto pensei em ir até lá e dizer a verdade, que a ligação que sentiam não era do nada, que tinham o mesmo sangue correndo nas veias... E não era por serem primas.Ah, como doía ainda! E talvez aquela dor do passado nunca fosse acabar. Eu sabia que Celli nunca me perdoou, embora na última das poucas conversas que tive com ela mencionou que estava tentando esquecer o que houve.MACHIA, ANOS ANTESTodos comemoravam a notícia de que minha irmã Celli estava grávida. Embora ainda não casada com Júlio Dave e a notícia tivesse pego nossos pais desprevenidos, ainda assim ficaram felizes. Quem não gostaria que a filha se casasse com um homem milionário e de boa índole?Júlio Dave estava cursando o último semestre de arquitetura na faculdade e se formaria em breve. Escol
Desliguei as luzes principais e abri a janela do quarto, deixando que o ar fresco entrasse e o refrescasse. Suspirei quando estava saindo e vi seu corpo sobre a cama, como se a luz da rua estivesse planejando iluminar só ele naquele momento, para me provocar e fazer perceber o quanto aquele homem proibido era perfeito. Voltei, sentindo o coração acelerar e abri sua camisa, retirando-a. Daquela forma ele estaria mais confortável.Olhei para seu peito nu e cheguei a pôr as mãos em sua direção, me contendo. Aquilo era errado... E não só porque ele era o futuro marido de minha irmã, mas também porque estava completamente bêbado e mal sabia da minha existência.Mas certamente aquela seria a primeira e última vez que eu o veria daquele jeito. Logo ele iria embora e talvez eu os visitasse vez ou outra ou eles viessem ver nossos pais. Mas com o tempo minha irmã teria ta
Ouvi o estralo da bofetada dela na minha cara, que me fez revirar a face de tão forte que foi. Eu sabia que era pouco para o que eu havia feito.- Vagabunda... Você é uma vagabunda! – Ouvi a voz dela num fio, enquanto as lágrimas banhavam seu rosto.- Eu sempre o amei.Ela meneou a cabeça, incrédula:- E porque não me contou?- De que adiantaria, Celli? Era de você que ele gostava.- Nós iremos nos casar... Eu espero um filho de Júlio... Como você teve coragem de fazer isto?- Ele estava bêbado. Eu vim trazê-lo para o quarto, ajudá-lo... E... Me aproveitei da situação. Sou mesmo uma vagabunda e merecedora de todo seu ódio. – Eu não lembrava de ter chorado tanto na vida.- Eu esperava ser traída nesta vida por qualquer pessoa, menos por você.- E eu esperava trair qualquer pesso
POV DANNA DAVEIncrivelmente Calum e Jorge conseguiram ser melhores do que eu imaginava. E para mim aquilo era incrível, pois era realmente a primeira vez que eu fazia amigos que sabiam que eu não tinha nada ou bem pouco a oferecer financeiramente. A não ser que estivessem esperando para que eu ganhasse a causa contra meu pai… Ainda assim não fazia muito sentido, já que quando me ajudaram naquela fatídica noite, não sabiam quem eu era tampouco o sobrenome que carregava.Eu também nunca havia cozinhado antes, ou mesmo tentado fazer algo do tipo. Tudo que comi antes de chegar naquele lugar sempre veio nas minhas mãos, o que eu queria, na hora em que pedia. Descobri, ao lado de Vanessa, que cozinhar podia ser bem divertido, além de ter um resultado saboroso ao final.Enquanto comíamos a sobremesa, ainda sentados à mesa, Calum falou a Isla:- Eu não acredito que
Eu já tinha ouvido falar em conexão, embora não soubesse se existia de fato. Aliás, eu me sentia conectada com minha mãe. Mas naquele momento, ao ver os olhos arregalados de Vanessa, eu tive certeza de que ela estava preocupada por conta de Lourenço. E ela não precisava dizer com palavras… Eu sentia em seus olhos.Então eu soube o que era o real sentido da palavra “conexão”, que aconteceu ali, com minha prima, naquela noite.Sorri e tranquilizei-a:- Só irei ver o salgueiro chorão.- Salgueiro chorão? - Minha tia levantou os olhos na minha direção - A árvore de Killian?- Na verdade é minha árvore. - Justifiquei.- Não foi ele quem plantou?Eu ri:- Inexplicavelmente creio que a árvore pertence a mim - Lembrei da outra conexão que eu tinha, que era entre a árvore e
POV KILLIAMQuando a vi ali, completamente molhada, com os cabelos escuros grudados no rosto, os olhos arregalados e alguns arranhões no rosto e nas pernas, tive vontade de pegá-las nos braços e cuidá-la.Mas já fazia um tempo que tudo que eu queria era cuidá-la... E me parece que ela se metia em confusões só para me deixar com aquela sensação, já que quando nos encontrávamos ou Danna Dave estava ferida ou fora de si.- Estou... Tentando me abrigar da chuva. – Ela explicou.Ouvimos passos no piso de tábua, de pezinhos correndo. Então segurei Danna com meus braços para que ela não caísse no chão, devido ao abraço de Alegra, que quase a quebrou ao meio.Era a primeira vez que eu a tocava daquela forma, sentindo todo seu corpo junto ao meu. Teve também a vez que a levei no colo do salgueiro chorão at&
Tentei contê-la, mas ela passou por mim como um relâmpago. A luz acabou, fazendo com que todos gritassem ao mesmo tempo. Tudo ficou na completa escuridão e eu fui subindo sem ver nada na minha frente, tateando com as mãos para buscar Alegra.Quando cheguei ao topo da escada vi que praticamente todo o telhado do quarto dos meninos havia caído. E algumas telhas do das meninas já haviam voado com o vento.Foi quando um outro raio se desenhou no céu. Tapei as orelhas, esperando pelo trovão ensurdecedor. A claridade do raio fez com que eu visse Danna e o telhado desabando completamente, no mesmo momento que a terra pareceu tremer, assim como o assoalho que nos amparava no segundo andar.POV VANESSA.Levantei num sobressalto, percebendo que meu corpo estava todo suado. E a imagem de Danna morta me veio à mente. Foi desesperador e nem sabia se estava sonhando ou acordada e dei um grito, e
POV KILLIAN DE ALCÂNTARAFiquei desesperado, principalmente porque sabia que não haveria como prestar socorro. Nenhum carro conseguia chegar ao orfanato, o que significava que bombeiros ou ambulância para resgate estavam fora de cogitação.- Preciso de claridade! – Gritei, enquanto levantava o que sobrara das telhas de barro e madeiras do telhado que haviam virado escombros.Não demorou muito para que irmã Dóris trouxesse um lampião, que embora não clareasse o suficiente, já ajudava.- Padre, não conseguirá remover isto tudo sozinho! – A voz dela era de tristeza e dor.- Sim, eu consigo. Deus me dará forças. – Garanti.Enquanto eu levantava cada madeira pesada sentindo meus braços quase não aguentarem, a chuva tomava conta do meu corpo, fazendo a roupa encharcar-se. Achei que fossem pingos grossos de rolavam