Era cedo, bem cedo quando Oliver despertou, já energizado, principalmente por seus pequenos e elétricos filhos terem adormecido mais cedo na noite anterior. Sim, todos eles. Por incrível que pareça, até a menorzinha, já com seus sete meses e meio havia adormecido mais cedo. Tomou um banho relaxante e bem refrescante, enxugando os cabelos com a toalha e deixando-a sobre a pia antes de deixar aquele cômodo apenas de boxer, e só porque era cedo demais e impossível um de seus filhos — ou mesmo os três — aparecerem em seu quarto. Quando seus olhos fitaram a esposa, percebeu que uma estava descoberta, deitada de costas contra o colchão, com uma das pernas levemente flexionada, o que lhe dava a possibilidade de ver tudo que tinha abaixo da saia daquela camisola extremamente curta em sua opinião; não que estivesse reclamando, claro. Uma das alças estava caída, então parte do seio direito estava a mostra, quanto que o outro, ainda que tampado, ficava pressionado contra o tecido daquela vestime
As crianças vibraram — sobre os olhos e sorrisos de sua mãe — após rasgarem o papel de presente e descobriram o que havia dentro da caixa — que teve de ser empurrada por Felicity até onde os filhos estavam — e quase que imediatamente os três insistiram para que o pai — que saia do banho — montasse o pula-pula. E ele o fez após o café-da-manhã, que naquele dia em especial havia sido a refeição mais curta do mundo que fizeram juntos. Oliver deixou o “brinquedo” no jardim, a uma distância na qual ele e a esposa poderiam observar; principalmente por ser três e um. Por quase vinte minutos, Felicity ficou encostada sobre o batente da porta que levava para o extenso jardim de sua casa, de olho em seus três filhos que se encontravam juntos dentro do pula-pula, pulando juntos em meio a risadas e brincadeiras; uma delas, a que mais preocupou aquela mamãe cuidadosa; dois pulavam enquanto que o outro se deitava, sendo impulsionado para o ar. Claro que ela gritou pedindo por cautela quando viu su
Um Ano Depois — Vamos lá, Olívia, não seja preguiçosa. — Não fale assim da nossa irmãzinha. — Ela tem que ser instigada a andar. Os trigêmeos insistiam nisso desde que Olívia fez seus sete meses. A escola lhes tomava o tempo, mas era só tirar um tempinho, que lá estavam eles, tentando fazer a irmãzinha dar seu primeiro passinho. Mas era sempre a mesma coisa no fim do dia. Ela tentava, tentava, e caía de bumbum no chão, isso quando ela não emburrava e desistia, o que vinha acontecendo muito. Esse era o motivo de Samuel chamar a irmã de preguiçosa. Ela podia desistir, mas ele não. Pelo menos até ela ficar irritada, porque quando acontecia, seu pai aparecia e a pegava no colo, fazendo suas vontades. Sim, Samuel e Benjamin diziam que o pai fazia as vontades de Olívia e que por isso ela havia se tornado uma bebezinha preguiçosa. E manhosa também. Como ela era manhosa. Se tirasse qualquer coisa de suas mãozinhas, algo que gostava muito, ela abria o berreiro como se alguém estivesse lh
Felicity Bianco era a senhora Barbieri há quase seis anos. Havia conhecido seu marido no primeiro ano da faculdade; ela cursava medicina e ele substituiria seu pai na empresa da família e por isso cursava direito. Ele tinha as garotas aos seus pés, mas não se relacionava com ninguém. Tinha apenas três melhores amigos, Liam Valentim, que era quase seu irmão por crescerem juntos, e Laura e Théo Figueiredo, seus primos, sobrinhos de sua mãe. Ela, ao contrário dele, era bastante popular e tinha vários amigos além dos que fez no primeiro dia de faculdade; Ana Mancini e os irmãos Penélope e Alexander Barone, nos quais cresceram junto dela desde que se conheciam por gente. Havia também a Victória Guedes, na qual a conheceu no último ano do fundamental, e não menos importante, o melhor amigo de seu agora marido, no qual conheceu também no primeiro ano da faculdade. Ela havia feito muitas amizades durante aquele novo ano de sua vida, e por isso era sempre chamada para festas e encontros, mas a
Não era a primeira e nem a última vez que tentava dormir durante mais de duas horas por noite. Se sentia cansada, estressada, sem vontade de se levantar da cama. Mas essa última parte era por reviver todos os dias o dia mais triste de sua vida. Não conseguia parar de pensar no ocorrido. Não parava de sentir a falta que seu bebê fazia a ela. Vivia com os pensamentos apenas em sua garotinha. Sim, ela teria uma menina. Uma filha. Se não tivesse acontecido aquele terrível pesadelo. Para ela, era um pesadelo. E os dias se tornavam insuportáveis cada vez mais. Principalmente quando até mesmo a presença de seu marido a irritava. Sim, o homem que um dia amou tanto, mas que não conseguia mais ter um sentimento bom por ele. Talvez por ele ignorar sua dor. A dor dele. O aborto. O quarto que eles levaram dias para montar para o bebê deles. Ele ignorava tudo, inclusive o dia em que a filha deles se foi. Ele não falava nela, não entrava no quarto dela, não sentia a morte dela. Ao menos era o que pa
Estava tão machucada por ter sofrido o aborto que não conseguia ver a dor de mais ninguém, apenas a dela. E o pior é que sabia que havia algo de errado consigo mesma e mesmo assim não conseguia enxergar. Era maior e mais forte, a dor na qual sentia toda vez que pensava em sua garotinha, o que era praticamente 24h por dia. Ninguém sabia o porquê de ficar tantas horas dentro do quartinho de sua pequena, apenas tinha suas opiniões sobre, como por exemplo, se aconchegar a dor ou mesmo no acolhimento do cômodo, mesmo que o bebê dela não tivesse tido o prazer de passar sequer um dia ali. Mas a verdade, era que sentia a filha mais perto de si de vez em quando, e conseguia falar com ela, mesmo que na maioria das vezes, chorasse como uma criança, e mais que isso, de alguma forma, conseguia vê-la. E mesmo sabendo que era loucura, ela gostava daquele sentimento que lhe trazia um pouquinho de paz, pelo menos por um instante. E era por isso que nunca havia dividido aquele segredo com ninguém, pri
Oliver se encontrava em sua sala enorme e aconchegante. Os documentos a frente indicavam que ele tinha trabalho a fazer, e mesmo assim não conseguia se concentrar; viajava mais e mais nos momentos felizes que já tivera com a esposa. Por anos, eles tiveram uma vida feliz apesar das pequenas e bobas discussões. Jamais se imaginou em um momento tão horrível com a mulher que amava. E isso o fez pensar no bebê que nasceria em alguns dias se não estivesse morto. Ele sentia raiva por ter acontecido aquele aborto, sentia raiva por não conseguir nem mesmo adentrar o quarto no qual foi feito com todo carinho para a criança dele e de Felicity, sentia raiva por não conseguir se controlar e acabar brigando com a esposa ao chegar em casa e ouvir todos os insultos que ela tinha para lhe dizer. E a última havia sido a pior. Ela havia o acusado de ter sido o culpado pela perda do bebê deles; ele não estava na cidade no dia e ela esteve por quase cinco dias, sozinha, por conta de uma conferência import
— Você está bem? E ele sentiu raiva ao ouvir aquela pergunta. — O que você acha, Liam? Acabou sendo grosso, mas não era sua intenção, e por isso suspirou. — O que você quer? – Perguntou, mais calmo. Liam pensou duas vezes antes de dizer o que foi fazer ali. Principalmente quando tinha percebido que o amigo não estava bem. O que não era uma grande surpresa. Isso vinha sendo rotineiro. Ele nunca chegava com um sorriso, mesmo que pequeno, nos lábios. Desde que perdeu a filha, ele vinha se estressando mais fácil. E não tinha paciência com ninguém, nem com os amigos, ainda que fizesse todo o esforço do mundo para não jogar sobre os ombros dele, uma culpa que eles não tinham. E os amigos o compreendiam. Apenas isso. Sabiam que ele estava passando por momentos difíceis e precisava de tempo. E de apoio. Sobretudo apoio, porque infelizmente, isso ele não vinha tendo em casa. — Eu estou com seus clientes. O moreno suspirou, bagunçando os cabelos. — Olha, eu cuido disso se quiser. Se