CLARAO tempo parecia escapar por entre os dedos. As semanas passavam mais rápido do que eu esperava, e o bebê que eu carregava começava a se tornar cada vez mais real a cada chute, a cada movimento sutil. Eu sentia o peso do crescimento em meu corpo, mas também no coração. Estávamos a apenas alguns meses de conhecer essa nova vida, e a mistura de ansiedade, felicidade e nervosismo estava presente em cada pequeno detalhe dos nossos dias.Naquela manhã, acordei com o sol já alto no céu. Henrique já estava acordado, e eu o ouvi na cozinha, provavelmente preparando o café da manhã. Enquanto me espreguiçava, senti um movimento suave dentro de mim, um lembrete de que não estávamos mais sozinhos. Um sorriso automático se formou nos meus lábios, e a ideia de que logo teríamos um bebê em casa me fez sentir uma onda de emoção que eu não conseguia conter.Levantei-me devagar e fui até a cozinha, onde Henrique estava de costas para mim, mexendo em algo no fogão. Ele se virou quando ouviu meus pa
CLARAOs dias pareciam passar com uma mistura de ansiedade e expectativa crescente. Cada vez mais, o peso da barriga e os movimentos constantes do bebê me lembravam de que o momento estava se aproximando rapidamente. As semanas, que antes pareciam se arrastar, agora voavam, e a ideia de que logo teríamos nosso bebê nos braços era tanto empolgante quanto assustadora.Naquela manhã, acordei mais tarde do que o normal. O sol já estava alto, e o som de Henrique na cozinha preparava o ambiente tranquilo da casa. Eu me levantei devagar, sentindo o peso do corpo se ajustar às mudanças constantes, e caminhei até a cozinha. Henrique estava de costas para mim, concentrado no fogão, e ao ouvir meus passos, se virou, com aquele sorriso caloroso de sempre.— Bom dia, mamãe, — ele disse, se aproximando para me dar um beijo na testa. — Como está se sentindo? Dormiu bem?Eu sorri, embora meu corpo estivesse mais cansado do que o normal.— Dormi, mas já sinto que tudo está ficando mais pesado, — confe
CLARAO tempo parecia ter ganhado um novo ritmo, como se tudo ao nosso redor estivesse se ajustando para o grande momento. Henrique e eu estávamos mais próximos do que nunca, cada conversa e gesto era uma forma de nos reconectar e preparar emocionalmente para o que estava por vir. Mas, apesar de toda essa proximidade, havia uma tensão silenciosa no ar — um nervosismo que nenhum de nós conseguia ignorar por completo.Naquela manhã, acordei com uma sensação diferente. O bebê estava mais agitado do que o normal, e meu corpo parecia estar se preparando para algo. Henrique já estava na cozinha, como de costume, e o cheiro de café fresco preenchia a casa. Quando me levantei e caminhei até a cozinha, ele me recebeu com um sorriso suave.— Bom dia, amor, — ele disse, me dando um beijo na testa. — Como você está se sentindo hoje?Eu sorri, mas havia uma inquietação que eu não conseguia esconder.— Sinto que o bebê está mais agitado, — respondi, colocando a mão na barriga. — Acho que ele ou ela
CLARAO caminho até o hospital parecia tanto uma eternidade quanto um piscar de olhos. Cada movimento do carro me fazia sentir mais intensamente as contrações que vinham em ondas, me lembrando de que o momento estava finalmente aqui. Henrique dirigia em silêncio, mas eu podia ver a tensão em seu rosto. Ele tentava se manter calmo, mas seus olhos, sempre cheios de serenidade, estavam agora focados, atentos a cada detalhe.Chegamos ao hospital com rapidez, e assim que estacionamos, Henrique correu para me ajudar a sair do carro. O peso do momento era tangível — cada passo que dávamos em direção à entrada parecia carregar a certeza de que, em pouco tempo, nossas vidas mudariam para sempre.— Clara, vai dar tudo certo, — Henrique sussurrou, segurando minha mão enquanto eu respirava fundo entre as contrações. — Estamos tão perto de conhecer nosso bebê.Assenti, tentando controlar a respiração como havíamos aprendido nas aulas de parto. A dor era intensa, mas o pensamento de que logo veríam
CLARAA primeira noite com Sofia foi um misto de cansaço e maravilha. Eu nunca imaginei que pudesse me sentir tão exausta e, ao mesmo tempo, tão completa. Segurar nossa filha nos braços, olhar para o rostinho dela enquanto ela dormia, fazia tudo valer a pena. Cada dor, cada momento de nervosismo, tudo se dissipava ao ver a paz em seu rosto.Henrique estava ao meu lado, e mesmo que seus olhos denunciassem o cansaço, ele não parava de sorrir. Ele se movimentava de um lado para o outro, ajustando a coberta de Sofia, certificando-se de que eu estava confortável, e sempre me perguntando se precisava de algo.— Você está bem? — ele perguntou pela milésima vez, inclinando-se para olhar para mim com aquele olhar preocupado, mas cheio de amor.Eu ri, mesmo que meu corpo estivesse exausto.— Sim, Henrique, estou bem, — respondi suavemente, sorrindo para ele. — Só estou... completamente encantada com ela.Henrique se aproximou da cama e olhou para Sofia, que dormia pacificamente em meus braços.
CLARASe tem uma coisa que aprendi nos últimos anos, é que a vida nem sempre segue o roteiro que a gente escreve na cabeça. E olha que eu sou boa em escrever roteiros — pelo menos na minha imaginação. Aos 23 anos, minha vida deveria estar perfeita. Eu tinha um emprego decente, amigos incríveis, e um namorado com quem dividi três anos da minha vida. Tudo parecia estar no lugar. Mas, ultimamente, tenho sentido que falta alguma coisa.Sabe aquela sensação de que você está esquecendo alguma coisa importante? Tipo, você sai de casa, mas não tem certeza se trancou a porta? Pois é, minha vida é assim, só que eu não faço ideia do que estou esquecendo. E isso me deixa louca!Hoje de manhã, enquanto tomava meu café, essa sensação bateu forte. A cozinha estava quieta, exceto pelo som do café sendo derramado na caneca. Olhei para as fotos de viagens que eu e Ana, minha melhor amiga e companheira de apartamento, tínhamos pendurado nas paredes. Paris, Barcelona, Rio de Janeiro... Lugares incríveis,
LUCASTrair é uma palavra forte. Eu sei. Mas, às vezes, as coisas saem do controle antes que a gente perceba. Não estou tentando justificar o que fiz, mas, sério, a vida é complicada pra caramba.Quando eu comecei a namorar a Clara, tudo era perfeito. Ela era incrível, ainda é, mas com o tempo, algo mudou. Não sei dizer exatamente o quê. Só sei que a gente foi se afastando aos poucos, e eu comecei a me sentir preso, como se estivesse numa rotina sem saída. As coisas que antes eram legais começaram a parecer... entediantes. Eu sei que isso parece horrível, mas é a verdade. E a verdade, às vezes, dói.Eu nunca quis machucar a Clara. Isso eu digo de coração. Mas aí apareceu a Aline... Cara, a Aline é diferente. Ela me faz sentir vivo de novo, sabe? É como se todo aquele brilho que eu sentia no começo com a Clara tivesse voltado, só que dessa vez com a Aline. Tudo aconteceu de forma tão rápida que eu mal consegui perceber. Quando me dei conta, já estava completamente envolvido. E então pe
CLARAVoltar pra casa depois de uma noite como essa é como ser atropelada por um caminhão e ainda ter que levantar sozinha. Não que eu saiba como é ser atropelada, mas acho que essa é a melhor comparação que consigo fazer no momento.Eu saí correndo daquele café sem nem saber para onde estava indo. Tudo que eu queria era fugir. Fugir do Lucas, da Aline, de mim mesma. A única coisa que meu cérebro conseguia processar era o som das palavras dele ecoando na minha cabeça: “Eu conheci alguém… é a Aline.”A Aline. A minha melhor amiga, a pessoa que eu confiava de olhos fechados, que esteve ao meu lado em todos os momentos importantes da minha vida. E agora, ela estava ao lado do Lucas, do meu namorado. Não, ex-namorado. O que me restava era tentar juntar os cacos de mim mesma e descobrir o que fazer com essa bagunça toda.Quando finalmente cheguei em casa, Ana estava na sala, assistindo a uma série qualquer. Ela olhou pra mim e, no mesmo instante, soube que algo estava terrivelmente errado.