CLARAOs dias seguintes passaram de forma mais leve, como se uma nova energia estivesse nos envolvendo. Henrique e eu passamos a falar mais sobre o futuro, sobre os planos que tínhamos deixado de lado por tanto tempo. Ainda havia momentos em que o peso do passado nos alcançava, mas, juntos, estávamos aprendendo a enfrentá-los.Naquela tarde, sentamos no sofá, com nossas pernas entrelaçadas, cercados pelo conforto de nossa casa, conversando sobre as mudanças que queríamos fazer em nossas vidas. A luz suave do fim do dia entrava pela janela, dando ao ambiente uma sensação de calma, quase de renovação.— Sabe o que eu estava pensando? — Henrique começou, com um brilho nos olhos que eu não via há algum tempo. — Acho que está na hora de pensarmos em mudar de vez. Fazer algo diferente, começar em outro lugar.Olhei para ele com curiosidade. O tom de voz dele era sério, mas havia uma suavidade que indicava que ele estava realmente refletindo sobre o que dizia. Henrique era assim — sempre foc
CLARAAs semanas seguintes passaram em um turbilhão de emoções. A decisão de nos mudar trouxe uma sensação de renovação, mas, ao mesmo tempo, havia algo de estranho em deixar para trás a casa que, por tanto tempo, havia sido nosso lar. Mesmo com todas as lembranças dolorosas que ela guardava, não era fácil desapegar.No entanto, o entusiasmo de Henrique era contagiante. Ele estava animado com cada detalhe da nova casa, desde a escolha das cores para as paredes até o que plantaríamos no jardim. Ver o brilho nos olhos dele, a felicidade genuína de estar começando algo novo, me enchia de uma esperança que eu não sentia há muito tempo. Estávamos, aos poucos, nos libertando do passado.— Eu ainda não acredito que encontramos o lugar perfeito, — Henrique disse uma tarde, enquanto organizávamos algumas caixas para a mudança. — Sinto que finalmente estamos deixando tudo para trás.Olhei para ele, sentindo o calor das suas palavras. Sabia que ele estava falando mais do que apenas da casa. Está
CLARAO primeiro dia na nova casa foi uma mistura de alívio e estranheza. Olhar ao redor e ver o lugar vazio, sem marcas do passado, era uma sensação que eu não sabia bem como processar. Por um lado, parecia libertador; por outro, trazia uma ansiedade silenciosa, como se o desconhecido estivesse nos observando de algum canto, esperando que relaxássemos para nos lembrar de tudo o que havíamos passado.Mas eu queria focar no lado bom. Essa era a nossa chance de começar de novo.Henrique estava animado, como sempre. Ele já tinha em mente tudo o que queria fazer: pintar as paredes, plantar árvores no jardim e até construir um pequeno galpão nos fundos para seus projetos pessoais. Ver a empolgação nos olhos dele me fazia sentir que estávamos, de fato, no caminho certo.— Então, o que acha? — Ele perguntou, passando o braço ao redor dos meus ombros enquanto olhávamos pela janela da sala. O jardim amplo e a vista para as colinas ao longe pareciam um sonho. — É o recomeço que a gente precisav
CLARAAcordei naquela manhã com o som suave do vento passando pelas árvores e os pássaros cantando ao longe. A luz do sol entrava pela janela do quarto, e pela primeira vez em semanas, senti meu corpo relaxar de verdade. O ar da nova casa parecia diferente — mais leve, mais fresco. Não era só uma mudança de lugar; era uma mudança de vida, e a cada dia eu me sentia mais perto de quem eu queria ser.Olhei para o lado e vi Henrique ainda dormindo, sua respiração tranquila e o rosto relaxado. Ver ele assim, em paz, me trouxe uma sensação de segurança que há muito eu não sentia. Depois de tudo o que havíamos passado, estávamos finalmente encontrando nosso equilíbrio.Me levantei devagar, tentando não acordá-lo, e fui até a cozinha preparar o café. As manhãs naquela casa tinham se tornado meus momentos favoritos. A luz dourada que entrava pelas janelas e o silêncio tranquilo do campo me davam uma sensação de calma, como se o mundo lá fora estivesse distante demais para nos alcançar.Enquant
CLARAOs dias que seguiram o episódio no jardim foram mais calmos, mas aquela sensação persistente de alerta ainda me acompanhava em alguns momentos. Às vezes, quando o vento balançava as árvores de um jeito mais forte ou um som inesperado ecoava pela casa, eu sentia meu corpo se enrijecer automaticamente, como se estivesse sempre esperando pelo pior. Era uma reação instintiva, e, embora eu soubesse que estava segura, meu corpo parecia não ter recebido essa mensagem.Henrique estava sempre ali, paciente, observando-me com aquele olhar carinhoso, mas atento. Ele entendia o que eu estava passando porque, de certa forma, ele também passava pelo mesmo. Nem sempre falávamos sobre isso, mas havia uma compreensão silenciosa entre nós, uma certeza de que estávamos lidando com as coisas no nosso próprio ritmo.Certa tarde, enquanto estávamos sentados na varanda, conversando sobre planos para o jardim, o céu começou a escurecer de repente. Nuvens densas se formaram no horizonte, e o vento começ
CLARAOs dias começaram a se desenrolar com uma leveza que eu não sabia que era possível. A rotina na nova casa finalmente se estabeleceu, e, embora ainda houvesse momentos de medo e incerteza, Henrique e eu estávamos mais conectados do que nunca. Parecia que cada obstáculo que enfrentávamos juntos nos deixava mais próximos, mais fortes.Acordei naquela manhã com o som suave do vento balançando as árvores lá fora. A chuva que havia caído na noite anterior havia deixado o ar fresco, e o jardim estava brilhando sob o sol da manhã. Henrique ainda dormia ao meu lado, e eu fiquei ali por alguns minutos apenas observando-o. Sua expressão tranquila, os traços relaxados — tudo nele me transmitia segurança.Levantei-me devagar, tentando não acordá-lo, e fui para a cozinha. Preparei o café e abri as janelas, deixando o ar fresco da manhã entrar. O aroma do café quente misturado com o cheiro de terra molhada me trouxe uma sensação de paz. Aquele era o tipo de tranquilidade que eu não sabia que p
CLARAOs dias depois da conversa na varanda passaram mais rápido do que eu imaginava. Henrique e eu começamos a falar mais abertamente sobre o que queríamos para o futuro, como seria nossa vida daqui para frente. Pela primeira vez em muito tempo, o medo e a ansiedade não estavam no centro das nossas conversas. Agora, era sobre o que poderíamos construir, sobre as possibilidades que se abriam diante de nós.Naquela manhã, acordei com uma sensação de leveza. O sol entrava suave pelas janelas da casa, iluminando os novos móveis que tínhamos acabado de escolher. O cheiro do café que Henrique preparava na cozinha me envolveu, e eu sorri antes mesmo de sair da cama. A casa, aos poucos, estava se tornando um lar.Levantei-me e fui até a cozinha, encontrando Henrique já de pé, com uma xícara de café na mão e um sorriso tranquilo no rosto.— Bom dia, dorminhoca, — ele disse, me entregando uma xícara. — Hoje é um grande dia.Eu ri levemente, aceitando o café e sentando à mesa com ele.— Grande
CLARAOs dias após aquela conversa foram cheios de reflexão. Henrique e eu não falávamos abertamente sobre a ideia de construir uma família a cada momento, mas era como se, silenciosamente, ambos estivéssemos processando o que isso significava. À medida que cada dia passava, o peso e a alegria daquela decisão se tornavam mais palpáveis. O futuro parecia mais real, mais próximo, e, ao mesmo tempo, me deixava levemente ansiosa.Naquela manhã, acordei com a luz suave do sol entrando pela janela do nosso quarto. Henrique ainda dormia ao meu lado, e eu me peguei pensando em como nossa vida tinha mudado tanto em tão pouco tempo. Os medos e as inseguranças que carregávamos juntos estavam, aos poucos, sendo substituídos por uma sensação de paz. Claro, ainda havia momentos de tensão, mas, de alguma forma, estávamos mais preparados para lidar com o que viesse.Saí da cama devagar, tentando não acordá-lo, e fui até a cozinha. Preparei uma xícara de café e, com ela nas mãos, me sentei na varanda.