Capítulo 77

CLARA

Os dias que seguiram o episódio no jardim foram mais calmos, mas aquela sensação persistente de alerta ainda me acompanhava em alguns momentos. Às vezes, quando o vento balançava as árvores de um jeito mais forte ou um som inesperado ecoava pela casa, eu sentia meu corpo se enrijecer automaticamente, como se estivesse sempre esperando pelo pior. Era uma reação instintiva, e, embora eu soubesse que estava segura, meu corpo parecia não ter recebido essa mensagem.

Henrique estava sempre ali, paciente, observando-me com aquele olhar carinhoso, mas atento. Ele entendia o que eu estava passando porque, de certa forma, ele também passava pelo mesmo. Nem sempre falávamos sobre isso, mas havia uma compreensão silenciosa entre nós, uma certeza de que estávamos lidando com as coisas no nosso próprio ritmo.

Certa tarde, enquanto estávamos sentados na varanda, conversando sobre planos para o jardim, o céu começou a escurecer de repente. Nuvens densas se formaram no horizonte, e o vento começ
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