Semana passada aconteceu algo interessante.
Completei meus oitenta anos e meus filhos acharam que era algo que deveria ser comemorado. Annie voltou com o marido e o filho e fez um bolo especialmente bonito para mim. Julian e Sara pareciam felizes em ver Munique conversar animadamente com o primo, que estava relativamente mais à vontade entre todos nós agora que não era mais uma criança.
João era o mais afastado. Quase todo o tempo ficou sentado numa cadeira, de uma forma muito relaxada, os tornozelos cruzados um no outro, sorrindo enquanto observava a família interagindo animadamente, as vezes com a interrupção de uma discussão que o fazia gargalhar.
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Eu não esperava vê-lo outra vez, pelo menos não nessa vida enquanto ainda éramos as mesmas pessoas com os mesmos dilemas de sempre. Mas lá estava ele, os cabelos tão loiros que eram quase brancos balançando na brisa suave, saindo do seu carro há poucos metros de onde eu estava. Seu corpo se esticou, esguio como eu me lembrava, a testa levemente franzida mostrando que estava pensando em alguma coisa que não estava exatamente ali. Ele esticou a mão para dentro do carro e ajudou uma segunda pessoa a sair, um garotinho com a mesma tonalidade de cabelo. Era seu filho, tive certeza na mesma hora, as outras semelhanças eram muito grandes para serem ignoradas.&
15 anos antes... O céu era muito azul, a grama pinicava minhas costas através do tecido da minha roupa e o vento balançava suavemente meu cabelo. Ajeitei a cabeça melhor em cima do meu braço dobrado e bocejei. - Entediado, Oliver? – Luzia perguntou. - Preguiçoso. – corrigi, me virando para observá-la encostada no muro de casa, virando as páginas de um livro. Ela sorriu quando me virei, com as bochechas mais coradas. Já fazia algum tempo que eu vinha sentindo umas ondas diferentes
Acordei antes de todo mundo pela luminosidade da sala, mas os outros não tardaram a se juntar a mim. Rebeca estava muito animada, não sei se pelo início do meu relacionamento com sua amiga ou pelas nossas férias, mas não estava muito falante, para meu alívio. Luzia apareceu pouco depois, me lançando olhares furtivos e levemente envergonhados. Ela parecia feliz por ontem, então eu não devia ter causado uma má impressão. - Ah, vocês vão adorar o hotel. – Theo disse enquanto terminava de beber seu café – É muito bonito, espaçoso. Tem piscina, já falei?&nbs
A primeira coisa que Luzia e Rebeca quiseram fazer foi explorar a piscina. Pouco depois do almoço as duas se trancaram no quarto da minha irmã com o pretexto de se prepararem, e eu fiquei sozinho mais uma vez. Me fechei no meu próprio quarto, me sentindo estranhamente inquieto. Não conseguia parar de pensar em Max, no jeito como ele se movia e na intensidade dos seus olhos. Era diferente de qualquer pessoa que eu tivesse visto antes e, com toda a certeza, ninguém tinha me deixado tão agitado antes. Por outro lado, ele agia com tanta naturalidade perto de mim que eu ficava desconcertado por me sentir tão tempestuoso. - Vamos? – Rebeca colocou a cabeça para dentro do quarto.
Quando acordei no dia seguinte, pensei que tivesse sido um sonho. Rapidamente fiquei eletrizado pelas lembranças da noite passada, depois de horas beijando Max. O que eu pensara ter sido alguns minutos, se revelara ter sido três horas quando conferi no relógio do quarto. Me levantei e entrei no chuveiro, esperando disfarçar seu cheiro na minha pele e o álcool do meu hálito. Não queria que Rebeca e Luzia fizessem perguntas demais, aquilo não dizia respeito a elas, era somente entre nós dois. No entanto, quando me vi indo tomar o café da manhã, fiquei completamente env
Aquele dia foi difícil de levar. Amélia estava perambulando feliz pelo hotel, dentro e fora, de braço dado com Max e conversando animadamente com Theo, que seguia os dois. Tive vários ângulos daquela interação. Pela janela enquanto me trocava, através do salão enquanto comia, de dentro da piscina... Parecia estar em todo lugar, o tempo todo, para me fazer enlouquecer. Por outro lado, Luzia ficava o tempo todo grudada em mim, sem me dar uma chance de ficar sozinho. Parecia determinada, apesar da nossa conversa, a mostrar que eu era uma espécie de posse sua. Rebeca estava com
Acordei muito cedo, o sol que entrava no ambiente era muito suave. Senti minha cabeça contra uma pele quente e, rapidamente recordando várias cenas da madrugada, meu coração acelerou. Precisei erguer a cabeça para ter certeza absoluta e ali estava, Max dormindo com os olhos fechados e um quase sorriso nos lábios. Fui tomado por uma admiração profunda. Ele era tão lindo, com aquele cabelo extremamente loiro, quase branco, espalhado pelo travesseiro, e a pele clara, suave, refletindo um pouco a luminosidade precária do quarto. Eu estava apaixonado. O sentimento me pegou de
Aquele foi nosso melhor dia juntos. Sem Amélia, Theo, Receba ou Luzia para atrapalhar, pudemos ser nós mesmos e esquecer o que o futuro nos traria em breve. Fomos como um casal normal, que tinha tempo demais pela frente. Nadamos juntos, rindo e espirrando água um no outro. Andamos entre as árvores da propriedade e nos perdemos um no outro, felizes e seguros da nossa privacidade. Fizemos as refeições juntos, as pernas entrelaçadas em baixo da mesa, conversando sobre trivialidades. Era uma amostra da vida que ambos perderíamos. Quando nos encontramos, ao final do dia, no mesmo quarto da noite anterior, nos abraçamos e choramos. O tempo estava se encerrando, o dia seguinte vol