Meu pai morreu pouco depois e, com grande receio, retornei para minha vila com meus três filhos, sem saber como seria recebido. Mamãe parecia me querer muito por lá, mas Rebeca nunca mais tinha entrado em contato comigo.
Nosso reencontro aconteceu diretamente no cemitério, mas, enquanto minha mãe me abraçava e chorava, Rebeca não me dirigiu nem um olhar. Eu esperava que ela ignorasse Annie e João, mas não esperava que sua frieza se estendesse a Julian.
Felizmente ninguém parecia se importar muito com ela. Meus três filhos apenas me observavam, espreitando a possibilidade daquele evento voltar a me abalar profundamente. Mas não aconteceu, eu sentia apenas u
Tivemos relativa calmaria até o nascimento de Munique. Minha neta encantava quem quer que fosse, desde nós, membros da família, até cada pessoa que colocava os pés no hotel. Todo mundo sorria e pedia para ter alguns momentos com ela no colo. Felizmente Sara era muito tranquila a esse respeito. Foi interessante ver meus traços reproduzidos. Munique decididamente seria a cara de Julian, e eu amei cada detalhe daquilo mais do que poderia ter sonhado, assim como Sara, que parecia amar meu filho com uma delicadeza silenciosa. Não muito tempo depois foi a vez de Annie.&nb
Depois disso o tempo passou muito rápido. Mamãe se foi, tranquilamente enquanto dormia, parecendo tão em paz que apenas sentimos uma tristeza saudosa, sem desespero ou raiva. Não se pode lutar contra a inevitabilidade da vida. Munique cresceu e começou a explorar o hotel, correndo pela grama e tocando as plantas com as mãozinhas fofas e rosadas. Sempre sorrindo para mim e, quase sempre, eu sentia que era Julian me sorrindo, de novo pequenino. Annie também teve um bebê. Um menino, que embora fosse completamente a cópia de Otto, ela resolveu chamar de Max. Infelizmente, devido a n
Semana passada aconteceu algo interessante. Completei meus oitenta anos e meus filhos acharam que era algo que deveria ser comemorado. Annie voltou com o marido e o filho e fez um bolo especialmente bonito para mim. Julian e Sara pareciam felizes em ver Munique conversar animadamente com o primo, que estava relativamente mais à vontade entre todos nós agora que não era mais uma criança. João era o mais afastado. Quase todo o tempo ficou sentado numa cadeira, de uma forma muito relaxada, os tornozelos cruzados um no outro, sorrindo enquanto observava a família interagindo animadamente, as vezes com a interrupção de uma discussão que o fazia gargalhar.&nbs
Eu não esperava vê-lo outra vez, pelo menos não nessa vida enquanto ainda éramos as mesmas pessoas com os mesmos dilemas de sempre. Mas lá estava ele, os cabelos tão loiros que eram quase brancos balançando na brisa suave, saindo do seu carro há poucos metros de onde eu estava. Seu corpo se esticou, esguio como eu me lembrava, a testa levemente franzida mostrando que estava pensando em alguma coisa que não estava exatamente ali. Ele esticou a mão para dentro do carro e ajudou uma segunda pessoa a sair, um garotinho com a mesma tonalidade de cabelo. Era seu filho, tive certeza na mesma hora, as outras semelhanças eram muito grandes para serem ignoradas.&
15 anos antes... O céu era muito azul, a grama pinicava minhas costas através do tecido da minha roupa e o vento balançava suavemente meu cabelo. Ajeitei a cabeça melhor em cima do meu braço dobrado e bocejei. - Entediado, Oliver? – Luzia perguntou. - Preguiçoso. – corrigi, me virando para observá-la encostada no muro de casa, virando as páginas de um livro. Ela sorriu quando me virei, com as bochechas mais coradas. Já fazia algum tempo que eu vinha sentindo umas ondas diferentes
Acordei antes de todo mundo pela luminosidade da sala, mas os outros não tardaram a se juntar a mim. Rebeca estava muito animada, não sei se pelo início do meu relacionamento com sua amiga ou pelas nossas férias, mas não estava muito falante, para meu alívio. Luzia apareceu pouco depois, me lançando olhares furtivos e levemente envergonhados. Ela parecia feliz por ontem, então eu não devia ter causado uma má impressão. - Ah, vocês vão adorar o hotel. – Theo disse enquanto terminava de beber seu café – É muito bonito, espaçoso. Tem piscina, já falei?&nbs
A primeira coisa que Luzia e Rebeca quiseram fazer foi explorar a piscina. Pouco depois do almoço as duas se trancaram no quarto da minha irmã com o pretexto de se prepararem, e eu fiquei sozinho mais uma vez. Me fechei no meu próprio quarto, me sentindo estranhamente inquieto. Não conseguia parar de pensar em Max, no jeito como ele se movia e na intensidade dos seus olhos. Era diferente de qualquer pessoa que eu tivesse visto antes e, com toda a certeza, ninguém tinha me deixado tão agitado antes. Por outro lado, ele agia com tanta naturalidade perto de mim que eu ficava desconcertado por me sentir tão tempestuoso. - Vamos? – Rebeca colocou a cabeça para dentro do quarto.
Quando acordei no dia seguinte, pensei que tivesse sido um sonho. Rapidamente fiquei eletrizado pelas lembranças da noite passada, depois de horas beijando Max. O que eu pensara ter sido alguns minutos, se revelara ter sido três horas quando conferi no relógio do quarto. Me levantei e entrei no chuveiro, esperando disfarçar seu cheiro na minha pele e o álcool do meu hálito. Não queria que Rebeca e Luzia fizessem perguntas demais, aquilo não dizia respeito a elas, era somente entre nós dois. No entanto, quando me vi indo tomar o café da manhã, fiquei completamente env