O carro rasgava a estrada molhada pela chuva, os pneus deslizando levemente a cada curva fechada que Camila fazia. O silêncio dentro do veículo era pesado, interrompido apenas pela respiração acelerada de Isabela e pelos gemidos fracos de Leonardo, que ainda lutava para se manter consciente.Isabela segurava a mão dele com força, tentando ignorar o medo que apertava seu peito.— Vai ficar tudo bem, Leo. Aguenta firme. — Sua voz saía embargada, mas ela tentava se manter forte.Ele abriu os olhos devagar, seu rosto pálido, e tentou sorrir.— Eu… estou acostumado a apanhar. Você sabe. — A voz dele era um fio, mas carregada daquele humor sarcástico que só ele conseguia ter em um momento como aquele.Camila bufou no banco da frente.— Se ele ainda tem forças pra fazer piada, acho que não vai morrer.Isabela lançou um olhar feio para ela, mas, no fundo, estava aliviada.Leonardo era forte. Mas até quando?Minutos depois, em um esconderijo seguro…Camila estacionou o carro em frente a uma ca
O silêncio dentro da cabana era quase ensurdecedor. O vento assobiava do lado de fora, como se o mundo estivesse prendendo a respiração para ouvir o que Leonardo tinha a dizer.Isabela sentiu um arrepio subir por sua espinha. Seu coração batia forte, antecipando a revelação.Ela tinha esperado por respostas. Procurado por elas. E agora, sentia que estava prestes a descobrir algo que mudaria tudo.— Fala logo, Leonardo. O que você está escondendo de mim? — Sua voz saiu mais dura do que pretendia, mas ela estava cansada de segredos.Leonardo passou a mão pelos cabelos bagunçados, claramente tentando encontrar as palavras certas. Seus olhos castanho-escuros, sempre tão confiantes, agora pareciam carregados de uma exaustão que ele tentava esconder.— Eu e Ricardo temos uma história muito mais profunda do que você imagina, Isa. Ele não está atrás de mim apenas por vingança ou negócios.Camila, que até então estava apenas observando, cruzou os braços, os olhos atentos a cada detalhe.— Entã
A cabana estava mergulhada em um silêncio tenso. O estalo fraco da madeira queimando na lareira era o único som no ambiente. Isabela olhava fixamente para Leonardo, sentindo a tempestade de emoções dentro de si.Ele escondeu algo tão grande dela. Algo que colocava sua vida em risco. E, ainda assim, ela não conseguia odiá-lo.Camila, sempre prática, foi a primeira a falar.— Ok, então Ricardo quer matar vocês. E agora, qual é o plano?Isabela respirou fundo, tentando ignorar o turbilhão de sentimentos e se concentrar no problema maior.— Precisamos parar de fugir. Não podemos mais nos esconder. Se Ricardo quer acabar com Leonardo, então temos que ser mais rápidos que ele.Leonardo soltou um riso fraco e dolorido.— Você está sugerindo que a gente vá para o ataque? Isa, esse cara não brinca. Ele já tentou me matar duas vezes. Você realmente quer correr esse risco?Ela cruzou os braços, determinada.— Se não fizermos nada, ele vai continuar nos caçando até conseguir o que quer. E eu não
Os passos no corredor se tornaram mais nítidos. Isabela sentiu seu coração acelerar, cada batida pulsando em seus ouvidos como um alerta ensurdecedor.Leonardo fechou rapidamente o cofre e se virou para Camila.— Precisamos sair agora.Ela assentiu e abriu a porta apenas uma fresta, espiando para o corredor. A luz amarelada das lâmpadas tremia levemente, lançando sombras nas paredes.Os passos pararam.O silêncio que veio depois foi ainda pior.— Tem alguém bem ali. — Camila sussurrou, engolindo seco.Isabela segurou a respiração. Eles estavam encurralados. Se fossem pegos dentro da mansão, seria o fim.Leonardo apertou o pen drive na mão e olhou em volta. Havia uma saída? Uma outra porta? Uma janela?Nada.O escritório de Ricardo era blindado. Nenhuma saída além daquela.De repente, a maçaneta girou.Isabela sentiu o ar desaparecer de seus pulmões.Ela agarrou o braço de Leonardo, e ele instintivamente a puxou para perto, protegendo-a.A porta começou a se abrir.Camila, sempre rápid
O salão do hotel estava lotado. O som dos copos tilintando, risadas e conversas paralelas criava uma melodia abafada no ambiente luxuoso. Lustres imponentes pendiam do teto, refletindo a luz dourada sobre os convidados vestidos com trajes impecáveis.Isabela caminhava entre eles com postura impecável, seu vestido preto justo ressaltando cada curva com elegância e sofisticação. Seu olhar estava firme, seu sorriso ensaiado, sua máscara bem ajustada. Afinal, ela aprendera, à força, que fraqueza não tinha espaço no mundo que conquistara.E, naquele momento, mais do que nunca, precisava sustentar essa armadura.— Dra. Isabela, parabéns pela conquista! — Um dos investidores mais influentes do setor aproximou-se, segurando uma taça de champanhe. Ele apertou sua mão com um sorriso admirado. — Sua nova campanha foi um sucesso absoluto.— Fico feliz que tenha gostado, Sr. Albuquerque. Trabalhamos duro para isso.Ela agradeceu com um aceno discreto e ergueu a taça para um brinde silencioso. Esse
Isabela entrou apressada no elevador, sentindo a respiração irregular. Assim que as portas se fecharam, ela encostou-se à parede fria e fechou os olhos por um instante, tentando recuperar o controle.Não podia se permitir fraquejar. Não por ele.Cinco anos. Cinco anos sem uma ligação, uma explicação, um pedido de desculpas. E agora Leonardo reaparecia como se nada tivesse acontecido? Como se pudesse simplesmente pedir para conversar e ela fosse aceitar?Ridículo.O elevador fez um pequeno som ao chegar ao andar de sua suíte. Isabela abriu os olhos e ergueu o queixo, retomando sua postura implacável. Saiu apressada, ignorando os olhares discretos dos funcionários do hotel. Tudo que queria era um momento de silêncio. De solidão.Mas, ao abrir a porta do quarto, seu corpo paralisou.Leonardo estava lá.Sentado confortavelmente em uma das poltronas de couro, uma taça de uísque na mão, observando-a com um olhar intenso.O choque rapidamente se transformou em raiva.— Como diabos você entro
O silêncio entre eles era sufocante.Isabela cruzou os braços, tentando conter a inquietação que crescia dentro de si. O olhar de Leonardo queimava sobre ela, carregado de algo que ela não conseguia decifrar.— Você quer me proteger de você? — repetiu, sem esconder a incredulidade. — Isso é uma piada?Leonardo não respondeu de imediato. Ele a observava como se estivesse lutando consigo mesmo, como se cada palavra que pensava em dizer pudesse mudar tudo.E, no fundo, Isabela sabia que poderia.— Eu não posso explicar agora. — A voz dele carregava uma tensão palpável. — Mas você precisa confiar em mim.Ela soltou uma risada amarga.— Confiar em você? Depois de tudo?Ele fechou os olhos por um breve segundo, como se esperasse essa reação.— Eu nunca quis te machucar, Isabela.— Mas machucou. — O tom dela era cortante. — E agora quer que eu simplesmente aceite essa desculpa vazia?Leonardo avançou um passo. Isabela sentiu sua presença como uma corrente elétrica, e isso a deixou furiosa. M
---O ar do quarto parecia mais denso após a revelação de Leonardo. Isabela, com os olhos ainda marejados pela mistura de raiva e curiosidade, respirou fundo, tentando encontrar firmeza em meio ao turbilhão de emoções. Ela não conseguia acreditar que aquele homem, que havia abandonado seu coração e sua vida, agora se colocava no centro de uma trama tão obscura e perigosa.— Protegê-la de mim? De que ou de quem você está falando? — Isabela insistiu, a voz trêmula, mas repleta de determinação. Seus dedos tamborilavam nervosamente na beira da mesa enquanto ela aguardava uma resposta.Leonardo desviou o olhar por um breve instante, como se pesasse cada palavra antes de proferi-la. Finalmente, com um tom baixo e carregado de pesar, ele respondeu:— Eu não posso explicar tudo de uma vez, mas há forças obscuras, grupos que operam nas sombras, manipulando destinos e espalhando o medo. Há pessoas que acreditam no controle absoluto sobre a vida dos outros, e fui coagido a fazer escolhas que hoj