O mundo girava em câmera lenta.Isabela abriu os olhos, piscando algumas vezes até conseguir enxergar através da escuridão. A cabeça latejava, e o gosto de ferro na boca indicava que havia se machucado.O carro estava tombado de lado, com os airbags acionados e o cheiro de gasolina impregnando o ar.Seu peito subia e descia rapidamente, o pânico tomando conta.— Leonardo! — Ela chamou com a voz trêmula, tentando virar o rosto para procurá-lo.O coração dela congelou ao vê-lo inconsciente, com um filete de sangue escorrendo pela testa.— Não… não… — Ela murmurou, estendendo a mão para tocá-lo.A pele dele estava quente, mas ele não reagia.A adrenalina tomou conta de seu corpo. Ela tentou soltar o cinto de segurança, mas suas mãos tremiam demais. Após algumas tentativas, finalmente conseguiu se libertar e rastejou até ele.— Leonardo, por favor, acorde!Ela segurou o rosto dele, sentindo o desespero apertar sua garganta.Foi então que ouviu um barulho do lado de fora.Passos.O medo se
O carro rasgava a estrada molhada pela chuva, os pneus deslizando levemente a cada curva fechada que Camila fazia. O silêncio dentro do veículo era pesado, interrompido apenas pela respiração acelerada de Isabela e pelos gemidos fracos de Leonardo, que ainda lutava para se manter consciente.Isabela segurava a mão dele com força, tentando ignorar o medo que apertava seu peito.— Vai ficar tudo bem, Leo. Aguenta firme. — Sua voz saía embargada, mas ela tentava se manter forte.Ele abriu os olhos devagar, seu rosto pálido, e tentou sorrir.— Eu… estou acostumado a apanhar. Você sabe. — A voz dele era um fio, mas carregada daquele humor sarcástico que só ele conseguia ter em um momento como aquele.Camila bufou no banco da frente.— Se ele ainda tem forças pra fazer piada, acho que não vai morrer.Isabela lançou um olhar feio para ela, mas, no fundo, estava aliviada.Leonardo era forte. Mas até quando?Minutos depois, em um esconderijo seguro…Camila estacionou o carro em frente a uma ca
O silêncio dentro da cabana era quase ensurdecedor. O vento assobiava do lado de fora, como se o mundo estivesse prendendo a respiração para ouvir o que Leonardo tinha a dizer.Isabela sentiu um arrepio subir por sua espinha. Seu coração batia forte, antecipando a revelação.Ela tinha esperado por respostas. Procurado por elas. E agora, sentia que estava prestes a descobrir algo que mudaria tudo.— Fala logo, Leonardo. O que você está escondendo de mim? — Sua voz saiu mais dura do que pretendia, mas ela estava cansada de segredos.Leonardo passou a mão pelos cabelos bagunçados, claramente tentando encontrar as palavras certas. Seus olhos castanho-escuros, sempre tão confiantes, agora pareciam carregados de uma exaustão que ele tentava esconder.— Eu e Ricardo temos uma história muito mais profunda do que você imagina, Isa. Ele não está atrás de mim apenas por vingança ou negócios.Camila, que até então estava apenas observando, cruzou os braços, os olhos atentos a cada detalhe.— Entã
A cabana estava mergulhada em um silêncio tenso. O estalo fraco da madeira queimando na lareira era o único som no ambiente. Isabela olhava fixamente para Leonardo, sentindo a tempestade de emoções dentro de si.Ele escondeu algo tão grande dela. Algo que colocava sua vida em risco. E, ainda assim, ela não conseguia odiá-lo.Camila, sempre prática, foi a primeira a falar.— Ok, então Ricardo quer matar vocês. E agora, qual é o plano?Isabela respirou fundo, tentando ignorar o turbilhão de sentimentos e se concentrar no problema maior.— Precisamos parar de fugir. Não podemos mais nos esconder. Se Ricardo quer acabar com Leonardo, então temos que ser mais rápidos que ele.Leonardo soltou um riso fraco e dolorido.— Você está sugerindo que a gente vá para o ataque? Isa, esse cara não brinca. Ele já tentou me matar duas vezes. Você realmente quer correr esse risco?Ela cruzou os braços, determinada.— Se não fizermos nada, ele vai continuar nos caçando até conseguir o que quer. E eu não
Os passos no corredor se tornaram mais nítidos. Isabela sentiu seu coração acelerar, cada batida pulsando em seus ouvidos como um alerta ensurdecedor.Leonardo fechou rapidamente o cofre e se virou para Camila.— Precisamos sair agora.Ela assentiu e abriu a porta apenas uma fresta, espiando para o corredor. A luz amarelada das lâmpadas tremia levemente, lançando sombras nas paredes.Os passos pararam.O silêncio que veio depois foi ainda pior.— Tem alguém bem ali. — Camila sussurrou, engolindo seco.Isabela segurou a respiração. Eles estavam encurralados. Se fossem pegos dentro da mansão, seria o fim.Leonardo apertou o pen drive na mão e olhou em volta. Havia uma saída? Uma outra porta? Uma janela?Nada.O escritório de Ricardo era blindado. Nenhuma saída além daquela.De repente, a maçaneta girou.Isabela sentiu o ar desaparecer de seus pulmões.Ela agarrou o braço de Leonardo, e ele instintivamente a puxou para perto, protegendo-a.A porta começou a se abrir.Camila, sempre rápid
O carro avançava pela estrada deserta, os faróis iluminando a escuridão da noite. O silêncio entre os três ocupantes era denso, carregado de tensão e adrenalina.Isabela olhava pela janela, vendo as luzes da cidade ao longe. Seu coração ainda batia forte, o corpo tomado pelo resquício da fuga.— O que tem nesse pen drive? — Camila quebrou o silêncio, olhando para Leonardo no banco do motorista.Ele segurava o pequeno dispositivo como se fosse a chave para sua liberdade.— Se Ricardo o mantinha no cofre, significa que é importante. Mas só vamos descobrir o que há nele quando estivermos seguros.— Para onde estamos indo? — Isabela perguntou, virando-se para ele.Leonardo pensou por um instante.— Tenho um lugar. É seguro e ninguém vai nos encontrar lá.Camila bufou.— Mais segredos? Você realmente precisa começar a compartilhar as coisas conosco, Leo.Ele lançou um olhar rápido pelo retrovisor.— É um apartamento que aluguei anos atrás. Nunca revelei a ninguém. Nem Ricardo sabe sobre el
A madrugada avançava, mas o sono não chegava para Isabela. Ela encarava o teto, ainda sentindo o calor dos lábios de Leonardo nos seus. Cada toque, cada olhar trocado naquela noite parecia um turbilhão de emoções que ela não conseguia controlar.Virando-se na cama, ela suspirou. O perigo os cercava, e ainda assim, ali estava ela, se envolvendo novamente com o homem que havia destruído seu coração.Mas seria possível resistir a ele?A porta do quarto rangeu baixinho, e Isabela se virou de imediato.Leonardo estava ali, encostado no batente da porta, usando apenas uma calça de moletom, o peito nu revelando cada detalhe dos músculos esculpidos. Seus olhos carregavam algo indecifrável, um misto de desejo e preocupação.— Não consegue dormir? — a voz dele saiu baixa, rouca.Ela negou com a cabeça.Ele hesitou, mas então cruzou o quarto e sentou-se na beira da cama.— Amanhã será arriscado. Quero ter certeza de que você está pronta para isso.Isabela o encarou.— Não tenho outra escolha. Ri
O carro cortava a noite velozmente, as luzes da cidade refletindo nos vidros. O silêncio dentro do veículo era denso, carregado de adrenalina e medo.Isabela olhou para Leonardo, que mantinha as mãos firmes no volante, os olhos atentos ao retrovisor. Camila, no banco de trás, respirava rápido, tentando processar o que havia acontecido.— Eles nos viram? — a voz de Isabela saiu tensa.Leonardo apertou os lábios.— Acredito que sim. Mas estamos longe agora.Camila riu nervosamente.— Isso foi insano! Quase morremos lá dentro.— Quase. — Leonardo corrigiu. — Mas não morremos.Ele virou bruscamente à esquerda, entrando em uma rua mais deserta.— Vamos para onde agora? — Isabela perguntou.— Tenho um lugar seguro. Precisamos analisar esse HD antes de qualquer coisa.Camila se recostou no banco.— Não acredito que estamos vivendo um filme de ação. Juro, vou escrever um livro sobre isso.Isabela lançou-lhe um olhar exasperado.— Concentre-se, Camila.— Ah, qual é! Precisamos rir um pouco. Vo