Isabela entrou apressada no elevador, sentindo a respiração irregular. Assim que as portas se fecharam, ela encostou-se à parede fria e fechou os olhos por um instante, tentando recuperar o controle.
Não podia se permitir fraquejar. Não por ele.
Cinco anos. Cinco anos sem uma ligação, uma explicação, um pedido de desculpas. E agora Leonardo reaparecia como se nada tivesse acontecido? Como se pudesse simplesmente pedir para conversar e ela fosse aceitar?
Ridículo.
O elevador fez um pequeno som ao chegar ao andar de sua suíte. Isabela abriu os olhos e ergueu o queixo, retomando sua postura implacável. Saiu apressada, ignorando os olhares discretos dos funcionários do hotel. Tudo que queria era um momento de silêncio. De solidão.
Mas, ao abrir a porta do quarto, seu corpo paralisou.
Leonardo estava lá.
Sentado confortavelmente em uma das poltronas de couro, uma taça de uísque na mão, observando-a com um olhar intenso.
O choque rapidamente se transformou em raiva.
— Como diabos você entrou aqui?
Ele girou o líquido âmbar na taça, aparentemente sem pressa, como se tivesse todo o direito de estar ali.
— Tenho meus contatos.
Isabela soltou uma risada incrédula, cruzando os braços.
— Isso é invasão de privacidade. Eu deveria chamar a segurança.
Leonardo apoiou o cotovelo no braço da poltrona, inclinando-se levemente para frente.
— Faça isso. Mas sabe que, antes que eles cheguem, eu já terei dito o que preciso.
Ela manteve o olhar firme, mas o coração batia mais rápido do que gostaria de admitir.
— Você tem um minuto.
Ele suspirou, passando a mão pelos cabelos escuros, como se estivesse cansado.
— Eu sei que não mereço seu tempo, Isabela. Sei que sou a última pessoa que você quer ver. Mas eu precisava. Precisava falar com você.
Ela cruzou os braços, mantendo a expressão fria.
— Cinco anos atrasado para isso.
Leonardo a observou por um longo momento antes de dizer, baixo:
— Eu nunca quis te deixar.
As palavras foram como uma faca, cortando o ar entre eles.
Isabela sentiu o estômago se revirar, mas não deixou transparecer.
— Você está brincando comigo? — Ela riu, sem humor. — Leonardo, você me deixou no altar. Sem explicação. Sem nada. Só desapareceu.
Ele apertou a mandíbula, como se a lembrança também o incomodasse.
— Eu tive meus motivos.
— Motivos? — Os olhos de Isabela brilharam de fúria. — Então me diga quais foram. Diga agora, porque eu esperei cinco anos por isso.
Leonardo abriu a boca, mas a fechou logo em seguida. Desviou o olhar.
E foi naquele instante que Isabela percebeu.
— Você ainda não pode me contar. — A voz dela saiu em um sussurro, e um arrepio percorreu sua espinha.
Leonardo se levantou devagar. Sua silhueta impôs-se no espaço entre eles, e Isabela sentiu o cheiro dele — o mesmo de anos atrás. Forte. Familiar. Perigoso.
— Eu voltei para proteger você.
A testa de Isabela se franziu.
— De quê?
Ele ergueu a mão como se fosse tocá-la, mas parou no último segundo, os dedos pairando no ar.
— De mim.
O silêncio entre eles tornou-se quase palpável. Denso. Carregado de algo que Isabela não conseguia nomear.
Mas, naquele instante, ela soube de
uma coisa.
Leonardo escondia algo.
E, gostasse ou não, esse segredo ainda os ligava.
O silêncio entre eles era sufocante.Isabela cruzou os braços, tentando conter a inquietação que crescia dentro de si. O olhar de Leonardo queimava sobre ela, carregado de algo que ela não conseguia decifrar.— Você quer me proteger de você? — repetiu, sem esconder a incredulidade. — Isso é uma piada?Leonardo não respondeu de imediato. Ele a observava como se estivesse lutando consigo mesmo, como se cada palavra que pensava em dizer pudesse mudar tudo.E, no fundo, Isabela sabia que poderia.— Eu não posso explicar agora. — A voz dele carregava uma tensão palpável. — Mas você precisa confiar em mim.Ela soltou uma risada amarga.— Confiar em você? Depois de tudo?Ele fechou os olhos por um breve segundo, como se esperasse essa reação.— Eu nunca quis te machucar, Isabela.— Mas machucou. — O tom dela era cortante. — E agora quer que eu simplesmente aceite essa desculpa vazia?Leonardo avançou um passo. Isabela sentiu sua presença como uma corrente elétrica, e isso a deixou furiosa. M
---O ar do quarto parecia mais denso após a revelação de Leonardo. Isabela, com os olhos ainda marejados pela mistura de raiva e curiosidade, respirou fundo, tentando encontrar firmeza em meio ao turbilhão de emoções. Ela não conseguia acreditar que aquele homem, que havia abandonado seu coração e sua vida, agora se colocava no centro de uma trama tão obscura e perigosa.— Protegê-la de mim? De que ou de quem você está falando? — Isabela insistiu, a voz trêmula, mas repleta de determinação. Seus dedos tamborilavam nervosamente na beira da mesa enquanto ela aguardava uma resposta.Leonardo desviou o olhar por um breve instante, como se pesasse cada palavra antes de proferi-la. Finalmente, com um tom baixo e carregado de pesar, ele respondeu:— Eu não posso explicar tudo de uma vez, mas há forças obscuras, grupos que operam nas sombras, manipulando destinos e espalhando o medo. Há pessoas que acreditam no controle absoluto sobre a vida dos outros, e fui coagido a fazer escolhas que hoj
---Isabela sentia o peso da escolha que acabara de fazer. Aceitar a presença de Leonardo em sua vida novamente, mesmo que por uma necessidade urgente de respostas, significava abrir as portas para uma dor que ela levou anos para tentar superar. Mas seu coração pulsava com uma mistura perigosa de medo e desejo.Ela puxou a mão antes que o toque dele se prolongasse, precisando manter a distância emocional.— Se vamos lidar com isso juntos, Leonardo, quero uma coisa clara — sua voz saiu firme. — Eu não sou mais a mesma mulher que você deixou para trás. Não vou aceitar desculpas vazias nem segredos pela metade. Se estamos nisso, quero a verdade. Toda ela.Leonardo sustentou seu olhar por um momento antes de assentir.— Eu entendo. E prometo que, desta vez, não vou esconder nada de você.As palavras eram bonitas, mas Isabela já não confiava tão facilmente.— Ótimo. Então comece me contando quem está por trás disso. Quem nos separou cinco anos atrás?Leonardo suspirou e passou a mão pelos
O coração de Isabela martelava contra o peito. A cada nova revelação de Leonardo, um peso invisível se acumulava sobre seus ombros. Ela passou anos tentando enterrar aquele passado, seguir em frente sem olhar para trás, mas agora estava presa em uma rede de mistérios e segredos que pareciam se aprofundar a cada minuto.Ela cruzou os braços, mantendo a postura firme, a mente em um turbilhão. O que mais ele tinha para dizer? O que mais ela ainda precisava saber para entender o que realmente estava acontecendo?— Se você quer que eu confie em você, Leonardo, preciso saber exatamente o que estamos enfrentando. Onde estão essas provas que Otávio tanto quer?Leonardo hesitou, seus olhos observando cada reação dela com uma intensidade desconcertante.— Em um lugar seguro.Isabela estreitou os olhos.— Isso não responde a minha pergunta.Ele passou a mão pelo queixo, respirando fundo antes de continuar.— Antes de desaparecer, escondi tudo em um cofre fora do país. O problema é que, para aces
O caminho até o apartamento de Isabela foi silencioso, mas carregado de tensão. Leonardo dirigia com os olhos atentos ao retrovisor, como se esperasse ser seguido a qualquer momento. Isabela, sentada ao lado, tentava ignorar o frio na barriga que a dominava. Tudo parecia surreal demais.Ela passou cinco anos acreditando que Leonardo era um covarde que a abandonou no altar. Agora, descobria que sua vida estava entrelaçada a uma conspiração perigosa.— Você está estranho — ela disse, quebrando o silêncio.Leonardo manteve os olhos na estrada.— Só estou sendo cauteloso. Se Otávio souber que estamos juntos, pode agir mais rápido do que imaginamos.Isabela soltou uma risada curta e amarga.— Então você voltou para minha vida trazendo um inimigo poderoso e agora espera que eu simplesmente confie em você?Leonardo finalmente a olhou, sua expressão carregada de algo entre culpa e determinação.— Não espero que confie em mim. Espero que confie na verdade.Isabela não respondeu. Ela queria acr
O som do impacto contra a porta fez o sangue de Isabela congelar. O barulho vinha de fora, forte e crescente, como se alguém estivesse tentando arrombar a entrada do apartamento.— Rápido! — Leonardo gritou, puxando Isabela pela mão e a guiando em direção à janela. — Não temos tempo!Isabela sentiu o pânico crescer dentro dela, mas tentou manter a calma. A cada passo, sua mente trabalhava a mil por hora. Quem estava lá fora? E, mais importante, como Leonardo sabia que isso aconteceria?Leonardo puxou uma corda de nylon da mochila e a amarrou rapidamente no batente da janela. Ele estava calmamente realizando cada movimento, como se já estivesse preparado para isso há muito tempo.— O que está acontecendo? — Isabela sussurrou, aterrorizada.Leonardo não olhou para ela, apenas fez um gesto para que ela se aproximasse.— Eles sabem que encontramos o que procurávamos. Agora precisamos sair antes que a porta caia.Sem pensar, Isabela seguiu-o até a janela. Lá de cima, ela conseguiu ver uma
A cidade parecia se distorcer à medida que corriam pelas ruas escuras. As luzes dos postes piscavam, como se quisessem avisá-los de algo que estava por vir, algo que estava além de seu controle. Isabela sentia a respiração pesada, seu corpo cansado e o coração batendo descompassado. Mas o medo era maior do que qualquer exaustão.Leonardo, por outro lado, estava focado. Seu olhar era intenso, calculista. Cada passo que ele dava parecia ter sido previamente planejado. Ele conhecia o caminho, sabia onde estavam indo, e, mesmo com o perigo iminente, não vacilava.— Você tem certeza de que estamos indo para o lugar certo? — Isabela perguntou, tentando recuperar o fôlego enquanto olhava para trás. A sensação de que estavam sendo seguidos era palpável, e ela não conseguia afastar a ideia de que não estavam a salvo.— Confie em mim, Isabela — respondeu Leonardo, sem olhar para ela, mantendo o passo firme. — Sei onde nos esconderemos.Isabela queria confiar, mas as dúvidas continuavam a rondá-
Isabela não sabia exatamente o que a impulsionava agora. Era o medo? A raiva? Ou talvez a curiosidade de descobrir o que mais estava escondido por trás daquele contrato e da relação de Leonardo com Otávio? De qualquer forma, ela não podia mais voltar atrás. Estava tão envolvida quanto ele, e o perigo era palpável.Leonardo a observou por um longo momento, e ela podia ver a dor em seus olhos. Ele se aproximou dela, mas não tocou. A distância entre eles parecia maior do que nunca. O que deveria ser um abraço reconfortante, uma reconciliação, agora parecia um abismo intransponível. Ela queria, mas não podia simplesmente ignorar tudo o que ele havia feito, o silêncio durante todos esses anos, as mentiras que ele espalhou como uma teia que agora a prendia.— O que aconteceu, Leonardo? — Isabela perguntou, sua voz mais baixa, mas firme. — O que você fez para me afastar?Ele respirou fundo e olhou para ela, como se as palavras estivessem presas em sua garganta.— Eu… eu te deixei porque Otáv