Dois dias depois, Leonardo segurava a mão de Isabela enquanto desciam do carro em frente a uma pequena casa térrea num bairro tranquilo da cidade. Ele estava nervoso como nunca estivera. O coração martelava no peito, as mãos suavam, mesmo com a brisa fria da manhã.— Está tudo bem — disse Isabela, percebendo o nervosismo dele. — Você vai conhecê-lo, Leo. E eu estou com você.Leonardo a olhou com ternura.— Você não faz ideia do quanto isso significa pra mim, Isa.Camila abriu a porta. Vestia um vestido floral simples e um sorriso contido. Havia algo mais leve em sua expressão — como se aquele momento fosse um alívio.— Podem entrar — disse ela, abrindo passagem.A sala era aconchegante, com brinquedos espalhados e desenhos infantis colados na parede. Em meio ao caos colorido, um garotinho de cabelos castanhos e olhos grandes brincava com um carrinho de polícia. Assim que percebeu a presença de estranhos, se levantou e correu para Camila.— Mamãe, quem são?Camila se ajoelhou e acarici
A brisa da praia entrava pela varanda da casa de frente para o mar, carregando com ela o perfume salgado e um frescor que parecia acalmar o coração de Elisa. Ela estava sentada na rede, vestindo um vestido branco leve que balançava com o vento. Seu cabelo castanho claro, solto, dançava ao redor do rosto, iluminado pelos últimos raios dourados do pôr do sol.Rafael saiu da casa, segurando duas taças de vinho tinto. Usava uma camisa social azul clara com os botões abertos até o peito e uma bermuda branca. O relógio de couro escuro contrastava com a pele bronzeada, e os pés descalços davam a ele um ar ainda mais descontraído — completamente diferente do homem frio que ela reencontrara meses atrás.— Está um clima perfeito — ele disse, entregando a taça a ela. Seus olhos a observavam com ternura, e por um momento, o silêncio entre os dois parecia dizer tudo.Elisa sorriu, aceitando o vinho.— Perfeito demais pra ser real — respondeu, bebendo um gole e olhando o horizonte alaranjado.— Ain
O fim de semana na casa de praia tinha deixado marcas profundas em Elisa. Não apenas na pele bronzeada pelo sol, mas no coração aquecido por promessas, toques e olhares que diziam mais do que qualquer discurso bem ensaiado. O retorno para a cidade, agora, parecia o começo de um novo capítulo — real, palpável, cheio de possibilidades.Rafael dirigia com uma mão no volante e a outra segurando a dela. Pareciam dois adolescentes apaixonados, trocando risadas bobas e músicas escolhidas a dedo. Leo dormia no banco de trás, cansado da farra na areia e do sorvete de chocolate que havia deixado marcas no cantinho da boca.— Vamos direto pro apartamento? — Rafael perguntou, lançando um olhar de canto.— Na verdade… — Elisa pigarreou, sem saber exatamente como dizer. — Acho que você podia ir pra casa... e levar as suas coisas pra minha.Ele quase freou o carro de tão surpreso, fazendo Elisa soltar uma risada alta.— Você tá me pedindo em casamento, é isso?— Tô pedindo pra você dividir o aluguel
O salão do hotel estava lotado. O som dos copos tilintando, risadas e conversas paralelas criava uma melodia abafada no ambiente luxuoso. Lustres imponentes pendiam do teto, refletindo a luz dourada sobre os convidados vestidos com trajes impecáveis.Isabela caminhava entre eles com postura impecável, seu vestido preto justo ressaltando cada curva com elegância e sofisticação. Seu olhar estava firme, seu sorriso ensaiado, sua máscara bem ajustada. Afinal, ela aprendera, à força, que fraqueza não tinha espaço no mundo que conquistara.E, naquele momento, mais do que nunca, precisava sustentar essa armadura.— Dra. Isabela, parabéns pela conquista! — Um dos investidores mais influentes do setor aproximou-se, segurando uma taça de champanhe. Ele apertou sua mão com um sorriso admirado. — Sua nova campanha foi um sucesso absoluto.— Fico feliz que tenha gostado, Sr. Albuquerque. Trabalhamos duro para isso.Ela agradeceu com um aceno discreto e ergueu a taça para um brinde silencioso. Esse
Isabela entrou apressada no elevador, sentindo a respiração irregular. Assim que as portas se fecharam, ela encostou-se à parede fria e fechou os olhos por um instante, tentando recuperar o controle.Não podia se permitir fraquejar. Não por ele.Cinco anos. Cinco anos sem uma ligação, uma explicação, um pedido de desculpas. E agora Leonardo reaparecia como se nada tivesse acontecido? Como se pudesse simplesmente pedir para conversar e ela fosse aceitar?Ridículo.O elevador fez um pequeno som ao chegar ao andar de sua suíte. Isabela abriu os olhos e ergueu o queixo, retomando sua postura implacável. Saiu apressada, ignorando os olhares discretos dos funcionários do hotel. Tudo que queria era um momento de silêncio. De solidão.Mas, ao abrir a porta do quarto, seu corpo paralisou.Leonardo estava lá.Sentado confortavelmente em uma das poltronas de couro, uma taça de uísque na mão, observando-a com um olhar intenso.O choque rapidamente se transformou em raiva.— Como diabos você entro
O silêncio entre eles era sufocante.Isabela cruzou os braços, tentando conter a inquietação que crescia dentro de si. O olhar de Leonardo queimava sobre ela, carregado de algo que ela não conseguia decifrar.— Você quer me proteger de você? — repetiu, sem esconder a incredulidade. — Isso é uma piada?Leonardo não respondeu de imediato. Ele a observava como se estivesse lutando consigo mesmo, como se cada palavra que pensava em dizer pudesse mudar tudo.E, no fundo, Isabela sabia que poderia.— Eu não posso explicar agora. — A voz dele carregava uma tensão palpável. — Mas você precisa confiar em mim.Ela soltou uma risada amarga.— Confiar em você? Depois de tudo?Ele fechou os olhos por um breve segundo, como se esperasse essa reação.— Eu nunca quis te machucar, Isabela.— Mas machucou. — O tom dela era cortante. — E agora quer que eu simplesmente aceite essa desculpa vazia?Leonardo avançou um passo. Isabela sentiu sua presença como uma corrente elétrica, e isso a deixou furiosa. M
---O ar do quarto parecia mais denso após a revelação de Leonardo. Isabela, com os olhos ainda marejados pela mistura de raiva e curiosidade, respirou fundo, tentando encontrar firmeza em meio ao turbilhão de emoções. Ela não conseguia acreditar que aquele homem, que havia abandonado seu coração e sua vida, agora se colocava no centro de uma trama tão obscura e perigosa.— Protegê-la de mim? De que ou de quem você está falando? — Isabela insistiu, a voz trêmula, mas repleta de determinação. Seus dedos tamborilavam nervosamente na beira da mesa enquanto ela aguardava uma resposta.Leonardo desviou o olhar por um breve instante, como se pesasse cada palavra antes de proferi-la. Finalmente, com um tom baixo e carregado de pesar, ele respondeu:— Eu não posso explicar tudo de uma vez, mas há forças obscuras, grupos que operam nas sombras, manipulando destinos e espalhando o medo. Há pessoas que acreditam no controle absoluto sobre a vida dos outros, e fui coagido a fazer escolhas que hoj
---Isabela sentia o peso da escolha que acabara de fazer. Aceitar a presença de Leonardo em sua vida novamente, mesmo que por uma necessidade urgente de respostas, significava abrir as portas para uma dor que ela levou anos para tentar superar. Mas seu coração pulsava com uma mistura perigosa de medo e desejo.Ela puxou a mão antes que o toque dele se prolongasse, precisando manter a distância emocional.— Se vamos lidar com isso juntos, Leonardo, quero uma coisa clara — sua voz saiu firme. — Eu não sou mais a mesma mulher que você deixou para trás. Não vou aceitar desculpas vazias nem segredos pela metade. Se estamos nisso, quero a verdade. Toda ela.Leonardo sustentou seu olhar por um momento antes de assentir.— Eu entendo. E prometo que, desta vez, não vou esconder nada de você.As palavras eram bonitas, mas Isabela já não confiava tão facilmente.— Ótimo. Então comece me contando quem está por trás disso. Quem nos separou cinco anos atrás?Leonardo suspirou e passou a mão pelos