O saguão do hospital era branco demais. Frio demais. Silencioso demais. Isabela nunca gostou de hospitais, e aquela sensação de impotência a corroía por dentro.A mãe estava internada na UTI, sob observação, e mesmo que o quadro fosse estável, o médico deixara claro: o emocional da Sra. Helena Navarro estava abalado. E muito do que causara aquilo tinha a ver com os escândalos que estouraram na imprensa naquela manhã.Isabela e Leonardo aguardavam em uma das salas reservadas para familiares. Marcela entrava e saía, com atualizações sobre o hospital e também sobre os estragos que começavam a surgir na Navarro & Costa. A empresa estava sendo pressionada, manchetes pipocavam nos sites de economia e nas redes sociais.— Precisamos agir — Isabela disse, quebrando o silêncio. — Não posso permitir que o nome da minha mãe seja destruído. E muito menos o da minha família.Leonardo, sentado ao lado dela, tocou em sua mão.— A gente vai dar um jeito. Eu liguei para um advogado amigo meu. Ele vai
Na manhã seguinte, Isabela acordou com o barulho suave do mar ao longe e o cheiro irresistível de café recém-passado vindo da cozinha. Ainda sonolenta, enrolou-se no lençol branco de algodão egípcio e caminhou até o corredor, os pés descalços tocando o piso frio. Usava apenas uma camisola de seda azul clara que moldava suas curvas com delicadeza.Na cozinha, Leonardo, vestindo apenas uma bermuda preta, estava de costas, preparando o café. Seus ombros largos e costas marcadas chamaram a atenção de Isabela, que mordeu o lábio inferior ao observá-lo em silêncio por alguns segundos.— Isso é um sonho ou você realmente está cozinhando pra mim? — ela brincou, encostada no batente da porta.Ele se virou com um sorriso torto no rosto, os cabelos ainda bagunçados.— Bom dia, dorminhoca. Café, torradas, e... panquecas. Porque eu sei que você precisa de açúcar depois de tudo que enfrentou ontem.— Meu herói particular. — Ela se aproximou e roubou um beijo rápido. — Acho que posso me acostumar co
A noite estava perfeita: céu limpo, temperatura agradável e um brilho suave da lua refletindo nas águas tranquilas da praia. Após o jantar e a dança no restaurante, Isabela e Leonardo decidiram caminhar descalços pela areia, de mãos dadas, rindo como adolescentes apaixonados.Isabela usava uma sandália na mão e seu vestido vermelho balançava com a brisa leve. Leonardo, ainda deslumbrado, não conseguia parar de olhar para ela.— Se continuar me olhando assim, vou tropeçar na minha própria sombra. — ela disse, sorrindo.— Se tropeçar, eu te seguro. Aliás, talvez até invente um tropeço só pra te carregar no colo.— Engraçadinho.— Não, sério. Você não faz ideia de como está linda essa noite. Parece saída de um sonho.Ela parou de andar e o olhou, os olhos refletindo as estrelas.— E se for um sonho?— Então eu espero nunca acordar.Ele a puxou suavemente para mais perto, os corpos alinhados, os corações disparados. Trocaram um beijo lento, profundo, daqueles que não precisam de palavras.
O sol já havia se erguido quando Isabela despertou, ainda envolta nos lençóis macios da cama da casa de praia. O som das ondas quebrando lá fora e o cheiro de café vindo da cozinha criavam uma atmosfera quase cinematográfica. Ela se espreguiçou com um sorriso, lembrando da noite anterior – os sussurros, as promessas, os beijos e carícias sob a luz das velas.Vestindo apenas uma camisa de Leonardo, que ficava larga e deliciosa em seu corpo, Isabela desceu até a cozinha. Ele estava ali, descalço, de costas para ela, preparando panquecas e cantarolando uma música antiga de amor.— Bom dia, cozinheiro sexy. — ela disse, encostando-se no batente da porta.Ele se virou com um sorriso torto e olhos que brilhavam.— Bom dia, minha musa de camisa branca.— Isso tá parecendo cena de novela. — ela riu.— Só falta o drama. — ele disse, brincando.Mas mal sabiam eles que o drama estava à espreita.Enquanto tomavam café entre risadas e provocações, o celular de Leonardo vibrou sobre a bancada. Ele
Leonardo entrou no carro com o coração apertado. A estrada até a cidade parecia mais longa do que nunca, como se cada quilômetro percorrido o afastasse um pouco mais da paz que finalmente havia construído com Isabela. O nome “Camila” ainda ecoava em sua mente. Um nome que fazia parte de um passado conturbado, de uma fase que ele havia enterrado — ou achava que havia.Ele estacionou em frente a um café discreto no centro, onde ela havia marcado o encontro. Era o mesmo lugar onde, anos atrás, eles haviam se despedido pela última vez. Ele chegou antes, pediu um café forte e sentou de frente para a porta. Dez minutos depois, ela entrou.Camila estava diferente. Os cabelos loiros agora estavam curtos, os olhos marcados por olheiras, como se o tempo também tivesse sido implacável com ela. Usava uma calça jeans, uma camisa branca simples e sandálias. Quando o viu, esboçou um meio sorriso.— Oi, Leo.— Camila.Ela sentou em silêncio por alguns segundos, antes de falar.— Obrigada por vir.— V
Dois dias depois, Leonardo segurava a mão de Isabela enquanto desciam do carro em frente a uma pequena casa térrea num bairro tranquilo da cidade. Ele estava nervoso como nunca estivera. O coração martelava no peito, as mãos suavam, mesmo com a brisa fria da manhã.— Está tudo bem — disse Isabela, percebendo o nervosismo dele. — Você vai conhecê-lo, Leo. E eu estou com você.Leonardo a olhou com ternura.— Você não faz ideia do quanto isso significa pra mim, Isa.Camila abriu a porta. Vestia um vestido floral simples e um sorriso contido. Havia algo mais leve em sua expressão — como se aquele momento fosse um alívio.— Podem entrar — disse ela, abrindo passagem.A sala era aconchegante, com brinquedos espalhados e desenhos infantis colados na parede. Em meio ao caos colorido, um garotinho de cabelos castanhos e olhos grandes brincava com um carrinho de polícia. Assim que percebeu a presença de estranhos, se levantou e correu para Camila.— Mamãe, quem são?Camila se ajoelhou e acarici
O salão do hotel estava lotado. O som dos copos tilintando, risadas e conversas paralelas criava uma melodia abafada no ambiente luxuoso. Lustres imponentes pendiam do teto, refletindo a luz dourada sobre os convidados vestidos com trajes impecáveis.Isabela caminhava entre eles com postura impecável, seu vestido preto justo ressaltando cada curva com elegância e sofisticação. Seu olhar estava firme, seu sorriso ensaiado, sua máscara bem ajustada. Afinal, ela aprendera, à força, que fraqueza não tinha espaço no mundo que conquistara.E, naquele momento, mais do que nunca, precisava sustentar essa armadura.— Dra. Isabela, parabéns pela conquista! — Um dos investidores mais influentes do setor aproximou-se, segurando uma taça de champanhe. Ele apertou sua mão com um sorriso admirado. — Sua nova campanha foi um sucesso absoluto.— Fico feliz que tenha gostado, Sr. Albuquerque. Trabalhamos duro para isso.Ela agradeceu com um aceno discreto e ergueu a taça para um brinde silencioso. Esse
Isabela entrou apressada no elevador, sentindo a respiração irregular. Assim que as portas se fecharam, ela encostou-se à parede fria e fechou os olhos por um instante, tentando recuperar o controle.Não podia se permitir fraquejar. Não por ele.Cinco anos. Cinco anos sem uma ligação, uma explicação, um pedido de desculpas. E agora Leonardo reaparecia como se nada tivesse acontecido? Como se pudesse simplesmente pedir para conversar e ela fosse aceitar?Ridículo.O elevador fez um pequeno som ao chegar ao andar de sua suíte. Isabela abriu os olhos e ergueu o queixo, retomando sua postura implacável. Saiu apressada, ignorando os olhares discretos dos funcionários do hotel. Tudo que queria era um momento de silêncio. De solidão.Mas, ao abrir a porta do quarto, seu corpo paralisou.Leonardo estava lá.Sentado confortavelmente em uma das poltronas de couro, uma taça de uísque na mão, observando-a com um olhar intenso.O choque rapidamente se transformou em raiva.— Como diabos você entro