Eu Voltei

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Dias atuais...

—Deby, que bom você voltou!! – Saphira se surpreende ao ver sua amiga de volta a cidade. 

—Oi minha amiga, estou novamente em apuros. Só que desta vez é mais grave o motivo. -Deby demonstra tristeza.- Será que podemos conversar mais reservadamente? 

—Sim, vamos nos sentar alí; aproveitar enquanto o movimento está tranquilo. Você quer um café?- Saphira indica uma mesa para que possam conversar. 

—Aqui está ótimo! Eu aceito um café meio amargo. Meu estômago está embrulhando.- Deby comprime o estômago com uma das mãos. 

—Espera, vou pegar. Mas... não seria melhor um ante ácido? Estou te achando incomodada Deby, relaxa um pouco. 

Eu não sabia de fato o que estava sentindo. Um aperto no estômago como se houvera recebido um soco em cheio me deixava sem ar. Mas nada seria pior que ver pela janela, o Dan Thompson passar na sua Halley- Davirdson prateada com uma ruiva. Eu não sabia se a conhecia, mas do jeito que o agarrava não parecia apenas amigos. Uma sensação de angústia me tomou, um gosto de sangue invadiu minha boca deixando-me nauseada. Corri ao banheiro enquanto a Saphira se dirigia à mesa, não havia ninguém por lá. Olhei-me no espelho e ouvi mentalmente a Kira mandando- me controlar. Ela não estava disposta a ter que aparecer sem motivo necessário. O ódio ao ver o Dan naquela moto com uma garota me deu a sensação de perda, que mais vez continuaria sozinha. Não sabia se deveria seguir com o plano de pedir-lhe apoio. Respirei fundo a pedido da Kira, o gosto metálico no céu da boca foi desaparecendo aos poucos após molhar minha nuca, fiz alguns gargarejos com água, agradeci a Kira por ela está ativa e não me deixar ficar vulnerável a estás sensações humanas. 

Voltei à mesa. 

— Desculpa Saphira, eu precisava ir ao banheiro. 

—Você não parece bem; vejo que está muito preocupada. Não quer começar a dizer o que tanto lhe aflige? 

—Eu acabo de ver o Dan Thompson passar com uma garota na moto, ele está namorando? 

—Sim. Ele e a filha dos Silverados, aqueles que são donos da concessionária de carros; acabaram de ficar comprometidos. Mas não marcaram data pra cerimônia. 

—Estou ferrada!! – Deby soca a parede ao lado com tamanha força assustando sua amiga. 

—Uau! Desde quando adquiriu essa potência? Sem contar que mudou sua aparência radicalmente nesse último ano. Me fala dos bebês,onde estão?? 

—Meus filhos foram sequestrados Saphira – ela deixa lágrimas rolarem enquanto encara sua amiga, sua boca está trêmula e seus olhos mudaram de tonalidade enquanto contorce os dedos. 

—Calma, eu estou aqui com você. Nada vai acontecer. Precisa ser prudente e contar do início; Quem sabe juntas; podemos achar um meio de descobrir quem os levou. Tome um pouco do seu café, eu coloquei uma colher de mel como você gosta. 

—Obrigada amiga, você é a única pessoa em que posso confiar. Vou lhe explicar como tudo aconteceu... 

"Eu estava na reserva indígena como havia dito. Treinava todos os dias e nada anormal acontecia. Na noite em que tive os bebês me transformei. Era a noite propícia; bem no meio do círculo de pedras sagradas o clarão da lua cheia se fixou até os meninos virem ao mundo perfeitos e robustos. Eles nasceram de 12 semanas. Alguns minutos depois, não sei precisar o tempo exato, ouvi o grande chefe índio pedir que levasse os bebês para a o abrigo. Lá, uma ama os alimentaria até minha transformação está finalizada. Eu estava vendo tudo meio confuso enxergando meus pais rindo pra mim; era como se tivesse ingerido um chá alucinógeno, mas logo a voz da Kira invadiu minha mente e ela avisa que está chegando pra assumir o comando. Eu não conseguia falar, mas sentia minhas pupilas dilatarem. Minha carne queimava como se houvesse sido jogada numa fogueira; sentia arder muito e minha pele parecia rasgar-se como panos velhos, eu queria fazer aquilo parar, mas ao mesmo tempo, experimentava uma expansão e uma vontade imensa de gritar e sair correndo. Foi exatamente o que aconteceu. Me lembro de tentar levantar, porém não consegui de imediato. Meus ossos estalavam como se buscasse nova posição. Sentí incômodo, não era dor. Mas aquilo era desconfortável para uma primeira vez. Ouvi os anciãos da aldeia baterem tambores e cantarem numa língua estranha que logo após passei a compreender.                    Eles diziam em coro: "Filha da Lua dourada, descente real genuína, receba sua herança."

Isso ecoou na minha mente por três vezes, daí só recordo de uivar forte e saí correndo sem destino. Fiquei ausente por um determinado período. Quando retornei, amamentei meus lindos bebês ao mesmo tempo temendo por sua sorte. Tão pequenos e sem um pai ao lado para os ensinar sobre nossa história. 

— Sua aparência, essa coloração na íris... não está como antes; seu corpo e cabelo, tudo está muito diferente pra pouco tempo de ausência. Muito louco tudo isso!! 

-É, sei que está confusa. Mas ao ganharmos a maturidade, nosso lobo assume o controle para que não só nossa decisão prevaleça. A Kira agora se funde aos meus pensamentos como se fossemos uma só. Mesmo diante de dúvidas e ansiedades, ela me reposiciona para manter o equilíbrio. Ainda estou em fase de adaptação; mas meus filhos sumiram, perdi o foco, entende? A minha força foi adquirida com treinamentos, já minha aparência mudou como a de todas descendentes da deusa Lua Dourada que faz parte da minha ancestralidade. As mulheres possuem características específicas: longos cabelos com uma mexa dourada frontal. Meus olhos na verdade são âmbar, mas ao me transformar adquirem um dourado mais intenso. Sei que poderei chamar atenção, mas hoje em dia é tão normal ver pessoas com estilos diferentes que nem se darão conta.

—Você está muito linda amiga. Mas não se esqueça dos que sabem da existência de lobos em nosso convívio. Um óculos escuro e um belo coque vai te deixar menos em evidência. Deve ser difícil pra você ter perdido seus pais, e seus bebês. Sem contar que o Dan também foi cruel. Mas ele está mudado também. Eu percebi ao vê-lo jogando Hóquei num torneio onde ganhou todas o campeonato sem esforço. Está mais forte e responsável; até sua voz está diferente. Não anda mais por aí em festas, só em eventos específicos. Tudo após a morte de seu pai. 

—Eu soube na reserva que o Alfa supremo morreu ao cair numa cratera vulcânica, ele era velho , mas possuía grande habilidade, acredita-se que foi uma coincidência ele está naquele local justamente na hora que o vulcão entrou em erupção, uma lava o atingiu e ele caiu no fogo. Uma lástima para seu Clã. Mas ele era preocupado com tudo ao seu redor, suspeitaram que ele foi averiguar o perigo desse vulcão atingir sua Alcatéia, ele teve sua resposta da pior maneira. 

—Ai amiga, aqui na cidade eles inventaram outra história para ninguém comparecer ao sepultamento. Sr. Thompson era bastante conhecido. O Dan ficou noivo da Lexa em menos de dois meses. Ela é uma garota insuportável. Vive de nariz empinado ou diria focinho.-risos. -Não larga do pé do Dan. Eu o tenho notado mais introspectivo. 

—O Dan agora assumiu seu lugar Saphira. Ele tornou-se o Alfa; normal que assuma tal posição e comportamento. Mas não imaginava que fosse assumir relacionamento tão rapidamente.- Deby demonstra tristeza olhando a paisagem pena janela. 

— Ah, não fica assim . Eu soube que foi determinação da mãe dele. Ela achou que ele deveria se casar logo. O Dan já aprontou demais não se lembra? 

—Eu me lembro bem o quanto era mulherengo. Mas essa determinação não veio somente da sua mãe, ela não tem esse poder de decisão. Ao ser um Alfa, ele precisa encontrar sua companheira para juntos cuidarem dos seus protegidos. Eu jurava que seria sua companheira, eu sinto que sou sua escolhida, mas me vejo a cada minuto mais distante. Estou sem coragem para falar sobre os bebês. 

—Eu sinto muito Deby. Mas não vamos perder a esperança. Ele precisa saber que tem trigêmeos e que são da sua origem. O Dan ainda não está totalmente comprometido. Eu quero que você venha morar comigo. Posso te arrumar um lugar com o velho Lews novamente, ele gosta de você. 

—Eu adoraria trabalhar com Sr. Lews, é um bom homem. Ao menos por lá eu estarei observando tudo. Poderei ter pistas. Quem invadiu a reserva sabia de sua existência e só esteve lá para pegar meus bebês. Devem está a minha procura também. 

—Realmente faz sentido. Deviam está querendo pegar você, ao encontrar os bebês os levaram. 

—Temo pela vida dos meus filhos. Não há outra alternativa a não ser encarar o Dan. Amanhã mesmo vou tentar um encontro com ele. Só preciso saber como chegar até sua casa. 

—Acho perigoso ir até lá, pode não ser bem recebida. 

—De cachorros eu entendo. Se me atacarem eu mordo- Risos. 

—Que bom poder ver seu sorriso outra vez amiga, mesmo numa situação tão delicada. 

—As vezes é preciso encarar a dura realidade com bom humor para não destruir o que há de melhor em nós. 

—Vamos ao Drive thru. Sr. Lews ficará contente. 

A cidade parecia diferente após o tempo em que estive fora. Minha Alcatéia ficava distante dalí, um dia e meio de viajem se fossemos de carro, isso me possibilitaria mais liberdade para agir sem ser notada por algum deles; pois, nosso cheiro característico e incomparável dos Gray Wolfes nos faz ser alvos fáceis. Acredito que Dan deva ter notado minha presença, ele dizia que meu cheiro era bom, embriagador. Só não entendo como me usou e jogou-me fora. Mas isso não importa nesse momento, só preciso encontrar meus trigêmeos. Eles são minha vida. 

Avistei o Drive thru. Entramos na loja que parecia haver sido reformada ao estilo vintage bem característico.

Sr.Lews fala alegremente vindo em nossa direção.

—Pelas barbas do pirata !! Um náufrago retorna ao navio. Seja bem vinda minha cara Deby. Por onde andou?? 

—Sr. Lews, obrigada pela calorosa recepção! Eu estou literalmente de volta, se o Sr. Me aceitar. 

—Eu nunca abandono um marujo. Esteja a bordo e pegue ao leme assim que estiver pronta hahaha!! 

—Viu Deby! Eu sabia que ele não recusaria sua vaga de garçonete. 

—Não, não! Ela será minha gerente. Estou precisando de alguém com sua perspicácia para organizar tudo por aqui. 

—Fico lisonjeada, eu aceito sua oferta e posso começar hoje mesmo. 

—É dessa eficiência que eu gosto. Mas vamos deixar para amanhã. Procure se instalar e não se preocupe, temos muito tempo pra conversar. Até amanhã minhas jovens. 

—Obrigada Sr. Lews, até amanhã, vamos Saphira 

—Até mais, Sr. Lews – 

Saphira me deu as chaves do carro e fui para seu apartamento. A noite eu voltaria para buscá-la. Meu coração batia acelerado. As lembranças do que vivi naquela cidade com o Dan estavam impregnadas por toda parte. O pouco que tivemos foi suficiente pra gerar três vidas que nos ligaria para sempre. Eu o amo; amo nossos bebês. Vou destruir cada um que ouse tocar num fio de cabelo dos descendentes Gray Wolves, eu arrancarei suas cabeças com minhas próprias mãos. Sinto cheiro de traição, só não sei de onde vêm. Amanhã, assim que

saí do Drive pela tarde, irei em busca do pai dos meus filhos. 

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