A Revelação Do Lews

Cheguei na reserva indígena já nos primeiros raios do sol. Como ninguém me esperava, fui recebida com uma chuva de flechas. Os fortes uivos emitidos pela dor dos arranhões na minha loba, os fizeram perceber de quem se tratava. Cessaram imediatamente com o ataque. 

Voltando ao meu estado humano, conversei com os líderes sobre a noite do sequestro dos bebês. Eles me disseram que foi encontrado uma pista dias depois, próximo a fronteira ao norte da reserva; isso significava que estávamos certos; haviam sido Vampiros. Mais qual seria o interesse? Fora encontrada uma pulseira trançada com pele de serpente feita pelas mãos do ancião da aldeia, estava no braço de um dos bebês. Não seria cópia, pois os objetos foram criados especificamente para eles; portanto, meus bebês passaram pela fronteira. 

Após longa conversa, agradeci aos líderes informando que retornaria com ajuda;estes, seriam aliados fiéis que não colocariam em risco à aldeia, apesar de apreensivos eles concordaram. Voltei para a cidade, passando em casa para me arrumar e segui ao drive thru. 

—Bom dia Sr. Lews! 

—Bom dia garota- ele dá uma leve batida no meu ombro e sinto doer.—o que houve, está com algum machucado aí? 

—Não foi nada, apenas uma contusão sem importância. 

—Deixa eu ver esse negócio direito... Mas isso no seu ombro é uma cicatriz de perfuração, há vestígios de arranhões.

—Sr. Lews, não foi nada, não vê que está cicatrizando? 

—Deby, não acha que já deveria confiar em mim? Eu sou velho, não tenho super poderes como muitos que andam pelo meu drive,mas sou bom em acolher e dar conselhos. 

—Sr. Lews, têm sido como um pai pra mim. Me deu emprego mesmo sem precisar de funcionária,eu sei disso. Mas, não quero lhe envolver em meus assuntos. Não são fáceis de solucionar. 

—Acha que sozinha pode chegar longe? Você tem a Saphira que é uma boa amiga, tem o grandão do Dan Thompson que te olha como um lobo voraz e meu meu sobrinho Johan que se encantou assim que lhe viu. Mas mesmo assim, você ainda se sente sozinha. Falar é bom para aliviar o coração. 

—Eu sei, tenho recebido muito carinho de todos. Mas preciso de apoio moral. Estou sem bússula meu amigo. Preciso realmente dividir essa dor. Desde que fiquei órfã sinto um imenso vazio. Meus pais eram próximos e sem eles fiquei desamparada. 

—Conheci seus pais. Sua mãe era uma Luna Dourada e seu pai um dos únicos Alpha cinzentos. Você é uma protegida da deusa lua dourada. Eu reconheceria esse tom de íris no seus olhos em qualquer lugar. 

—Então... já sabia desde o início quem eu era. 

—Sim, Deby. Deixa eu te dizer uma coisa: Há muitas décadas, conheci uma garota bonita e gentil,ela tinha seu olhar. Tempos depois descobri que ela era prometida de um lobo. Eu não teria chance alguma, sou um vampiro. Não podíamos sequer estarmos juntos. Mas a paixão falou mais forte que as diferenças. Ela engravidou guardando segredo.Após unir-se ao seu companheiro decidiu falar a verdade, mas ele já sabia.

O Alpha esperou o momento certo e numa discussão no alto da cachoeira sombria onde ninguém poderia ouvi-la, a empurrou para a morte. Seu bebê sobreviveu. Ele é o Johan. 

—Mas... porque está me contando esse segredo? Ele afirma ser seu sobrinho . 

—Quero que confie em mim, por isso lhe confio algo de minha vida muito importante. o Johan sabe a verdade. Após cinco anos da morte de sua mãe, seu pai adotivo morreu em batalha. Ele foi criado pela família do Alpha até atingir a idade de assumir o clã, mas logo perceberam que era um híbrido e o rejeitaram. Eu o acompanhava de perto, sempre tive boas relações com todos; mas nunca souberam que eu era seu pai. Todos acreditavam que Johan haviam sido gerado pelo Alpha Rei, mas aos cinco anos descobriram sua sede por sangue e outras características; quiseram livrar-se dele. Mas pude contornar a situação levando-o para minha família criar. Passei por muitas provações, sou um velho Vampiro que amou a mulher errada. Mas felizmente após décadas afastados do meu Clã, eles decidiram me perdoar. Para todos os efeitos aqui na cidade, o Johan é filho de um irmão. Por isso eu evito estar entre eles; a minha vergonha não permite participar dos eventos familiares. 

—Senhor Lews, que história triste, eu sinto muito! – Deby deixa lágrimas cairem. 

—Não chore, isso são consequências da desobediência. Você poderia me contar a sua história agora? 

—Sim, Sr. Lews vou lhe contar com detalhes, mas não agora. Veja! A clientela está chegando.- risos 

—Vamos ao trabalho minha menina, bons ventos os trazem. Depois conversaremos. 

O Resto do dia passou sem alterações. Deby estava se recuperando da flechada que havia levado no ombro. Ainda estava dolorida mas só restava uma leve cicatriz. Logo mais a noite, teria um encontro nos fundos do Drive. O velho Lews participaria desta vez; assim, não haveria mais motivos para se encontrarem em locais públicos. Johan foi o primeiro a chegar. Tomaram um café enquanto aguardava o Alpha. 

—Você está bem? Pergunto porque vejo que está ansiosa. 

—Sim, estou bem na medida do possível. Eu tive uma conversa com seu tio hoje. 

—Contou pra ele sobre os bebês? 

—Não. Na verdade ele notou que estava ferida e tocou no assunto, mas desviamos para outro assunto. A sua origem. 

—Está ferida Deby? Deixa eu te ajudar. Tenho como melhorar os sintomas. É, como um dom. 

—Não se preocupe. Já cicatrizou, foi até bem rápido para a profundidade da flecha -risos 

—Uma flecha? Isso deve ter doído muito! 

—Na verdade foram algumas flechas, mas sem maiores consequências. 

Deby sentia-se bem ao ver o cuidado que Johan tinha por ela. Ele a olhava de forma profunda. Deby gostava dessa se sensação de ser cuidada. O Dan não demonstrava o mesmo interesse, era um alpha que podia ser quente e charmoso, mas era frio no quesito parceria. Mas ela ainda o amava, desejava está com ele nem que fosse mais uma vez. 

—O meu tio contou-lhe tudo? Quero dizer... O que lhe disse exatamente? 

—O suficiente para saber que você nasceu em algumas décadas atrás, só não precisou quando?!-eles riem 

—Nem queira saber. Sou um pouco velhinho comparado a você. 

—Não somos imortais como os vampiros Johan, essa é a diferença. 

—Não sou somente um vampiro, sou lobo como você já sabe; posso viver por muito mais tempo, mas imortal nenhum de nós somos, se formos atingidos de modo letal, deixamos de existir. Como aconteceu com a minha mãe. 

—Mas porque sua mãe se envolveu com um vampiro, isso não é comum?! 

—É uma história complicada Deby, dessas que a gente não entende porque se entrega. O Lews vem de uma descendência de vampiros poderosos mas que se dispersaram pelo mundo, restando só um pequeno clã onde fui criado. Mas agora o bom Lews, não passa do dono de um drive thru, que por sinal tem uma bela funcionária. -eles riem sem notar a chegada do Dan . 

—Olá, desculpem o atraso, mas as mulheres não sabem a hora de parar com as compras. 

—Vejo que sua noiva sabe como gastar seu dinheiro Dan. 

—Meu amigo, ela gastou o dinheiro dela. Até casarmos não vou fazer papel de pagante. Já basta ter que desfilar pelo shopping carregando sacolas. 

Deby demonstra tristeza ao ouvir essas declarações, é nítido que o Dan está envolvido emocionante por sua noiva. Ela não passou de alguém que ficou esquecida no passado. Enquanto eles conversam animadamente, Deby levanta-se para ajudar ao Lews fechar o Drive para começar a reunião. 

—O que há Deby, parece triste com a chegada do Dan!? 

—O senhor realmente me conhece. Eu preciso rever algumas situações mal acabadas dentro de mim Sr. Lews, isso envolve o passado. 

—Quando sentir segura para abrir o passado para este velho,pode confiar que não se arrependerá. 

—Eu sei meu amigo. Aos poucos posso sentir que não estou sozinha como pensava. Tenho pessoas que largaram seus compromissos só para estarem aqui me ajudando. 

—Está se referindo ao Dan? Ele anda muito assoberbado com a noiva impulsiva que sua família arrumou. Não sei até onde isso chegará, mas ele está sendo paciente pelo que o conheço. Risos 

—O conhece bem Sr. Lews? 

—O suficiente para lhe dizer que há marcas profundas dentro dele que ninguém consegue cicatrizar. Eu acredito que o Dan sofreu alguma perda significativa além da morte do seu pai. Vejo esse casamento um fiasco. Acordo entre clãs. 

—Esses acordos já fizeram estragos demais no passado também Sr. Lews, tudo isso reflete no presente. 

—Você parece falar com propriedade sobre isso Deby. 

—Sim, eu sei bem as consequências. Mas vamos logo iniciar essa reunião,a Saphira deve está aflita por mim. 

—Tem sorte de ter uma amiga fiel. Ela é uma menina que vale ouro, super prestativa e sabe guardar segredos. As vezes escorrega com a língua mas não faz por mal. 

—Sim Sr. Lews, mas eu temo por sua integridade. Meus problemas não podem afetar sua vida. A Saphira tem sido mais que uma irmã. Quando soube que eu era uma loba, não se afastou de mim, ela descobriu por acaso; conhece muitos lobos mas finge desconhecer a origem. Foi ela quem me apresentou ao Dan há um tempo atrás. 

—Então você e o Dan se conhece a pouco tempo! 

—Mais ou menos Sr.Lews, é uma longa história. Logo ficará sabendo de tudo. O tempo se encarrega de colocar tudo no lugar. 

—Do tempo eu intendo muito bem. Esse velho vampiro já viu e ouviu de tudo nesta vida. Nada mais pode me surpreender. Mas você ainda é muito Jovem para entender que existem coisas que fugirão as nossas mãos. Portanto, preserve a boa amizade. Na falta de um familiar, na falta de um amor teremos um bom amigo para nos acolher. 

—Eu não precisei de muito tempo para observar na prática o que me diz. Tenho bons amigos. Não me sinto mais sozinha. Logo estarei completa quando recuperar o que levaram de mim. 

—A minha curiosidade está me matando Deby, acho bom não esconderem nada!

—Já saberá Sr. Lews. – Johan os chamam para juntar- se a eles à mesa. 

Deby senta-se ao lado do Johan, Lews ao lado do Dan; todos parecem apreensivos. Johan abre a reunião falando o motivo pelo qual estão alí. Ele começa explicando ao Lews sobre tudo o que ocorreu com a Deby desde a sua primeira visita a cidade. Falou sobre os bebês e do sequestro. Deby começa a chorar, Johan à conforta dando-lhe um abraço no qual Dan nada gostou. Ele contínua a falar sobre indícios de que um Clã ao norte da reserva indígena que poderia está por detrás de tudo. Lews está triste por sua amiga, mas é um homem sábio e de boas relações, logo transitaria pelos clãs e saberia dizer se houve alterações que despertasse suspeitas. Deby precisaria se refugiar na floresta por um tempo. Johan ficaria responsável por monitorar sua segurança. Após a reunião seguiram para seus destinos. Deby não tira os olhos do pai dos seus bebês subindo na moto e arranca

ndo pela estrada como um relâmpago.

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