Ele Se Preocupa Comigo

Cheguei tarde no apto. da Saphira,ela estava preocupada. Haviam trazido seu carro que deixei na entrada da Alcatéia, esqueci completamente ao ser transformada em loba. 

—Deby,o que houve? Uns caras altos, musculosos trouxeram meu carro. Nada disseram, pensei que tivesse sido morta!- Saphira à abraça.-Não vou resistir a essas emoções. 

—Desculpa. Eu estava em forma lupina, não dava pra dirigir. 

—Forma o quê?? 

—Lupina, eu estava na pele de loba. O Dan deve ter conferido os documentos no carro e viu que era seu. Foi horrível amiga! – eu me aconchego em seu colo e choro. 

—Calma, vai ficar tudo bem. Logo vocês vão ter um segundo encontro e conversam de modo amigável. 

—Ele me esnobou desde o início. Não tive condições de falar sobre os bebês. – chora compulsivamente 

—Ponha para fora essa angústia. Tudo vai se resolver. Vamos pensar pelo lado bom. Se não pediram resgate é porque roubaram os bebês para criarem. Assim você ganha tempo. 

—E se for justamente o contrário? Eu ainda sinto conexão com eles, estão vivos mas não sei por quanto tempo. 

—Não pense bobagens. Amanhã com calma veremos como falar com o Dan, eu mesma farei isso.- nesse exato momento ouve-se a campainha tocar. 

—É ele. Está aqui! 

—O Dan, você o viu como? 

—Eu estou sentindo seu cheiro, está aflito. Abra a porta. 

—Promete que não vão destruir meu lar com seus instintos?- Saphira dá um sorriso amarelo. 

—Pode abrir, eu me garanto. 

A porta se abre, o Dan estava magnífico num look fantástico! Uma calça preta justa realçando suas pernas, uma camiseta verde escuro e jaqueta de couro marrom. Ele olhou pra Saphira pedindo permissão pra entrar apenas com um olhar, ela pegou sua bolsa e saiu de fininho. 

—Você está bem Deby? 

— Veja com seus próprios olhos, acabei de chegar. 

—Por onde andou até agora? Sabe que pode haver sérios problemas se alguém se depara com uma loba de 3 metros circulando por aí. Toda a cidade passará a vasculhar e perderemos nossa privacidade. 

—Lobos sempre existiram; ou não haveriam caçadores. 

—Mas não uma loba dourada de 3 metros. – ele arqueia uma sobrancelha em sinal de repreensão. —Mas não estou aqui para dar lição alguma a você. Só te peço que me diga o motivo da sua visita e como chegou ao nível de loba suprema. 

—Pois bem, já que se deu ao trabalho de vir aqui vou contar. Como sabe, sou filha da Luna dourada que faleceu, ela era descente da deusa. Eu não sabia que herdaria as mesmas características genuínas por ser filha de um lobo cinzento. 

—Mas o Alfa cinzento era um dos poucos a sobreviver nestas terras. Acredito que não haja mais descendentes como seu pai, a não ser você, que herdou duas estirpes genuínas. 

—Mesmo sabendo disso, você me esnobou. Porque me tratou como uma qualquer? 

—Eu tive motivos. Não sei por qual razão sua mãe não revelou ao nosso Clã sua descendência. 

—Isso fez diferença? 

—Sim. Nós seguimos protocolos bem definidos. Seu pai vem de uma hierarquia que estava extinta, ao menos achamos. Sua mãe apesar de grande guerreira ocultou dos Clãs sua verdadeira natureza. Ela violou um voto ao silenciar sua origem. Vocês descendem da deusa lua dourada que foi gerada no seio de uma tribo indígena antiga. São guerreiros fortes e muito perspicazes. Tem o poder de liderar grupos inteiros pacificamente, mas não aceitam união com qualquer Clã. Por isso fomos notificados em uma assembleia alguns meses depois à visita na sua Alcateia, que eu não seguia os protocolos para ser seu companheiro. Nos sentimos desonrados. 

— Não acredito! Minha mãe não me contou nada disso. 

Me levanto e pego um pouco de água, estou zonza. Solto meus cabelos e noto que Dan faz um olhar expressivo com um sorriso me deixando sem jeito; imediatamente o prendo num rabo de cavalo. Começo andar de uma lado para o outro tentando encaixar os fatos. Mas tudo ainda está confuso. 

—Assim vai abrir uma cratera bem no meio do piso. 

—Estou nervosa. Como eles puderam manipular meu destino dessa maneira? Você sabia que ao sermos rejeitadas por nosso destinado podemos viver solitários enquanto vivermos não é? 

—Aquele que rejeita sim,o rejeitado pode e deve seguir sua vida se encontrar alguém. 

—Foi o seu caso não é mesmo? 

—O que queria que fizesse? Soube que não seria seu companheiro por determinação de um conselho gerado por sua mãe e tios,seu pai foi imparcial. A minha vida tinha que seguir, sou um Alfa e tenho obrigações a cumprir, uma delas é ter minha Luna. 

—Então porque dormiu comigo e me usou tantas vezes? Vingança, só pode. 

—Eu não te reconheci naquela noite,eu estava bêbado. Além do mais te vi criança. Você mudou drasticamente. 

—Mentiroso! Eu soco a mesa de granito provocando uma rachadura. 

—Desse jeito sua amiga terá bastante prejuízo com sua falta de controle – ele fala em tom sarcástico. 

—Dan, não quero me aborrecer, mas se sabia quem eu era depois do segundo encontro, porque seguiu com isso? 

—Você havia se entregue a mim por livre e espontânea vontade. Uma garota atraente. Até que me senti bem com nossas aventuras casuais. Que mal há nisso? 

—Que mal há nisso! quer mesmo saber? 

—Adoraria, não foi pra isso que me procurou? 

—Pois bem. Após nossa última conversa desastrosa na qual fui humilhada por você, não tive coragem de contar algo que poderia mudar o rumo da nossa história lá atrás. – Dan se ajeita na poltrona procurando está confortável. 

Eu decidi ir para a reserva indígena, mas não sabia até então que a deusa lua dourada tinha sua origem naquele povo. Minha mãe sempre me disse que podia encontrar abrigo entre eles. Daí me lembrei e fui pedir ajuda. 

—Mas que tipo de ajuda foi buscar lá Deby? Por direito, o Clã do lobo cinzento não pode lhe expulsar sem um motivo real. Você fugiu de lá, sendo considerada uma rebelde. Se esconder numa reserva indígena não seria a solução, tanto que está de volta pedindo socorro. 

—Dan, esquece meu Clã agora. Eu saí daqui e fui para a reserva por sua causa – Ele franze o cenho sem nada entender.—Naquele dia, vim lhe contar que... Que eu estava morrendo de medo. Mas eles, eram mais importantes que qualquer reação contrária a sua. Só que não deu tempo de falar, você foi rude, cruel e indigno de receber a notícia. 

—O que você está falando, quem são...” eles”?- após uma breve pausa decido prosseguir. 

—Seus filhos, Dan . Os bebês trigêmeos. 

—O quê?? Só pode ser brincadeira. Você não me esconderia isso Deby, é muito sério!! 

—Eu não iria te contar justamente para não ver essa reação. Mas meus filhos, “nossos filhos”, foram sequestrados na reserva. Eu não pude salvá-los, estava em treinamento e caçando para me manter saudável, você sabe como é no início. 

—Como isso pôde acontecer sem ter alguém responsável lá para cuidar de tudo, como esse lugar é considerado seguro? 

—Os mais velhos sofreram lesões leves por tentarem impedir, e os mais jovens foram bastantes combatentes, mas o grupo era em maior número e levou os bebês. A dúvida nessa tragédia é que só os membros do Clã da deusa sabe onde fica a reserva. Os vampiros driblaram os guardiões da floresta com nossa senha especial. Foi horrível!! 

Eu caio em prantos no sofá escondendo o rosto contra as pernas. Dan se levanta e vem me consolar. Ele acaricia meus cabelos e apoia seu corpo sobre o meu. Me sinto protegida pelo amor da minha vida. Sentir seu abraço depois de tanto tempo era como voltar ao início. Permanecemos ali calados por um breve período, até que ele quebra o silêncio. 

Como eles são? Digo...os bebês. 

—São perfeitos e famintos. Devem estar sentido falta do meu calor.- Ela o olha com ternura enxugando as lágrimas

- O Brad tem um mancha em forma de folha na mão direita, assim eu os reconheço. O Sony a mancha está na nuca e o Leone, abaixo do queixo. Não dá pra confundir. Eles tem olhos expressivos, como os seus. 

—Essas manchas pertencem ao nosso Clã. Eu tenho no topo da cabeça em forma de círculo, realmente são meus filhos. 

—Teria dúvida se não fosse as manchas? 

—Deby, você se deitou comigo na primeira noite e daí por diante. Poderia ter se deitado com mais alguém, no que estou errando? 

—Eu me deitei com você Dan, porque era meu escolhido e sempre será. Sei que não vamos ficar juntos, mas será difícil alguém me conquistar. Terá que ser bastante bom para quebrar o gelo do meu peito. 

Dan me olha profundamente, acaricia meu rosto segurando o mais próximo do seu. Posso sentir que está ansioso, ofegante. Suas pupilas se dilatam, ele chega mais perto dos meus lábios e diz... 

—Você é a mãe dos meus filhos, eu te honro por essa dádiva. Prometo te proteger até minha morte. Vamos lutar e trazer os bebês de volta. Mas não podemos ser vistos juntos, precisamos trabalhar em silêncio. Você me entende Deby? 

—Sim, eu compreendo. 

—Eu tenho um amigo que é responsável em encontrar pessoas desaparecidas. Seu nome é Johan, ele é um híbrido de lobo e vampiro. Uma condição rara. Ninguém sabe sobre isso, mas seu pai era um lobo híbrido também, concebeu sua mãe, uma vampira. É possível que Vampiros híbridos possam ter sido os responsáveis pelo rapto, isso mostra porque não mataram todos na reserva. Pedirei que te procure para obter maiores informações. Ele é esperto como uma raposa. 

Dan se afastou de mim lentamente mas pude sentir nossa energia mais forte, parecíamos antenas captando vibrações, nossos corpos se atraiam, ainda havia algo inacabado dentro dele. Após ir embora, fiquei com a sensação que nossa história estava apenas reiniciando. 

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