VALERIAEla me olhou um pouco surpresa no início, mas depois disfarçou o melhor que pôde e voltou ao que estava fazendo.Suponho que minhas cicatrizes chamem a atenção de qualquer um.Peças de roupa pendiam por toda parte, e acessórios de costura preenchiam a vitrine na parede do fundo.Eu adorava costurar e bordar. Nos meus tempos livres, praticava bastante e sempre era quem consertava as roupas de Dorian.— Valeria, venha comigo escolher os trajes para sua majestade — ordenou a Governanta, e eu a segui até o interior da loja.Passamos um bom tempo escolhendo tecidos e trajes já prontos, lenços, acessórios, tudo, e praticamente todas as decisões recaíram sobre o meu gosto.Parece que o Rei queria se vestir bem para visitar a alcateia “Silver Lake”.— Acho que isso é suficiente — digo à Governanta, que assente.Nisso, entra a dona da loja, a Sra. Betty.— Acabaram de chegar os novos tecidos, está tudo pronto! — diz animada, e, por algum motivo, me olha com olhos brilhantes, causando e
VALERIA— Sim, sim, é claro, sua majestade, que honra tê-lo em minha humilde loja — respondeu rapidamente a Sra. Betty, nervosa, inclinando-se respeitosamente.— Obrigado pelo seu trabalho. Por favor, saia por um momento, Sra. Betty, Sasha a espera lá embaixo para acertar o pagamento — respondeu ele, mas seus olhos não desviaram de mim por nem um segundo.Aproveitei que a costureira saiu apressada, fechando a porta, para ir até onde estava dobrado meu vestido e tentar colocá-lo.No entanto, assim que me aproximei da borda da mesa, ouvi passos rápidos atrás de mim e me congelei ao sentir a presença dele colada em minhas costas nuas.Uma mão envolveu minha cintura, acariciando meu ventre, enquanto a outra deslizava pelo braço com o qual eu cobria meus seios. Apenas uma fina combinação separava meu corpo do calor do Rei.— Me solte, o que acha que está fazendo? — protestei, tentando me libertar de sua prisão, mas seus braços se fecharam ao meu redor de forma possessiva, me encurralando e
VALERIA— Diga-me se consegue cumprir essa condição ou saio do meu posto agora mesmo, Rei Aldric. Eu não sou sua prisioneira — o enfrentei pela primeira vez, levantando o queixo, pronta para resistir a seus caprichos e egoísmo.No entanto, Aldric apenas ficou me encarando fixamente. Eu podia sentir todo o seu corpo tenso, como se estivesse lutando contra um inimigo interior, resistindo com todas as forças.Em seus olhos cinzentos, a besta interior se revelou, com lampejos avermelhados como os olhos de seu lycan.— Está bem — ele finalmente cedeu, dando um passo para trás, apertando tanto os dentes que achei que os músculos de seu rosto iriam explodir. — Aceito... por enquanto.Respondeu, e ficamos nos enfrentando em um duelo silencioso de vontades.Se alguém tivesse me dito que faria algo assim um mês atrás, eu diria que estava louco.— Você precisa dessas roupas. Não tem o que vestir. Nesta alcateia, as mulheres são muito esnobes. Não quero que ninguém a menospreze. Imagine que são a
VALERIACorri sem pensar duas vezes em direção ao parquinho.Eu não conhecia ninguém ali, mas simplesmente não conseguia ficar parada enquanto via a vida de uma criança em perigo diante dos meus olhos.— Valeria! — Aldric gritou atrás de mim, percebendo que eu havia me afastado de seu lado.Cheguei até onde o filhote estava deitado no chão, e o sangue escorria da ferida aberta na parte de trás de sua cabeça, manchando seus cabelos castanhos e deixando-os empapados.— Aguente firme, pequeno, por favor, aguente — murmurei, pegando o lenço que tinha no bolso e pressionando-o contra a ferida para tentar estancar o sangramento.Segurei-o em meu peito, tentando virá-lo de lado. Minhas mãos tremiam, e o medo me consumia, pensando que ele pudesse estar morto.Era um menino pálido, com bochechas redondas, e sua respiração era tão fraca que mal se percebia.— Edward! — ouvi uma voz masculina perto de mim e levantei o olhar, vendo o homem que empurrou o menino se aproximando com uma expressão qu
VALERIA— ¡Elena, fique quieta e acompanhe o criado que levará Edward para descansar! Michael, vá buscar o médico agora mesmo, conversaremos depois você e eu! – o Alfa começou a distribuir ordens.Eu permaneci em silêncio atrás de Aldric, com a testa franzida, sem nada mais a fazer.Observei enquanto levavam o filhote, agora com um pouco mais de cor nas bochechas e sem sangrar, o que trouxe alívio ao meu coração.Aparentemente, fui a única a testemunhar a maldade daquele homem contra seu irmão, e não sou ninguém para me envolver em assuntos familiares.Só espero ter interpretado mal.— Majestade, que vergonha esta recepção. Peço desculpas a você e à sua criada. Meu filho mais novo nasceu com uma deficiência rara nas pernas para nossa espécie e não consegue andar direito.— Ainda assim, é muito travesso e sempre nos coloca em situações complicadas. Ele vai se recuperar, não se preocupe, senhorita — o Alfa continuava se desculpando e se inclinando perante o Rei.Graças à sua alteza, ain
VALERIAO quarto era realmente bonito, com uma cama, um armário, uma pequena penteadeira e uma ampla janela com vista para um belo lago.— Este é o seu quarto, e ali está o banheiro compartilhado, com a banheira que prometi — explicou, apontando para uma portinha no fundo.— Espere um momento, mas para sair daqui eu preciso passar pelo quarto de sua majestade? Este quarto não tem saída para o corredor! E banheiro compartilhado? O Rei não tem um banheiro privado? Ele vai ter que atravessar todo o meu quarto para usar o banheiro? — apontei o óbvio.Quem projetou esses aposentos tão inconvenientes?— Lamento, mas não temos mais quartos disponíveis — respondeu com uma cara mais dura que o chão de pedra.— Majestade! — me virei indignada para Aldric, que me observava feliz da vida na porta entre os quartos.— Você preferiu ficar aqui, Valeria, então agora não podemos desrespeitar o Alfa Garret. Este é o quarto disponível, pare de fazer birra — respondeu, com um olhar mais satisfeito do que
VALERIAO altar era lindo, isso era evidente. Quem o criou dedicou muito esforço, mas não possuía aquela vibração intensa e sombria que senti no outro.Aos pés de várias montanhas cobertas de neve, com enormes cascatas ao longe, em uma clareira cercada por pinheiros, erguia-se um altar com uma base redonda adornada por arabescos que, na realidade, não diziam absolutamente nada.No topo, uma escultura em forma humana de uma bela mulher com um véu e uma túnica delicada e sensual, representando a Deusa. Suas mãos estavam abertas e a cabeça erguida em direção ao céu. Atrás dela, asas saíam de suas costas, como se estivesse prestes a alçar voo rumo às estrelas, e um grande disco redondo repleto de detalhes esculpidos complementava a obra.Por um momento, todos ficaram impressionados. Até mesmo Aldric, e o Alfa sorria satisfeito com o altar lunar de sua matilha.Me perguntei se ele sabia que aquilo era falso, como muitas outras coisas estranhas nesta matilha.Quem parecia alheio a tudo era
VALERIACaminhei rapidamente em direção à cama, com o coração apertado no peito, mas suspirei aliviada quando vi seus olhinhos azuis se abrirem, vivo e bem.— Muito obrigado, senhorita Valeria, por me ajudar no parque — disse com uma voz infantil educada que derreteu meu coração.O mais triste, dada a minha possível infertilidade, é que sempre amei crianças.— Não foi nada, pequeno Edward. Só fiz o que qualquer pessoa faria — respondi, sentando-me à beira da cama.Ele sorriu docemente, e sua mãozinha macia saiu para agarrar a minha, que descansava sobre o edredom.Ele parecia tão solitário naquele quarto escuro e sombrio. Não precisava passar muito tempo ali para perceber que o filho "defeituoso" não era o favorito.— Pode abrir as cortinas, por favor? Está muito escuro aqui — pedi à criada, e por um segundo senti Edward apertar minha mão. Mas, ao olhar para ele, parecia tranquilo e logo relaxou.As pesadas cortinas se abriram, e a luz do sol inundou o amplo quarto.De repente, lembre