VALÉRIAJamais imaginei que reviveria essa humilhação, quase implorar para que um homem fizesse algo íntimo comigo, apenas para ser totalmente rejeitada.— Desculpe, eu... — abaixei a cabeça para disfarçar minha decepção e vergonha.— Não peça desculpas por besteiras. O culpado aqui sou eu, mais ninguém — diz ele, exasperado.Levanto os olhos, apenas o suficiente para vê-lo de costas, passando as mãos pelos cabelos com força, claramente frustrado, como se travasse uma luta interna.— Tome um banho e troque de roupa. Vamos almoçar na casa do Alfa. Eu volto para buscá-la — ordena de forma cortante, sem nem me olhar, saindo pela porta quase como se fugisse.Por que me sinto tão ferida e decepcionada? Foi ele quem começou tudo isso. Onde foi que eu errei?— O que esperava, idiota? — me recrimino, irritada.Estou furiosa por ter cedido tão facilmente, por ter quebrado minha própria regra."Jamais cometa o erro de se interessar pelo Rei Aldric; para ele, todas as mulheres são brinquedos de
ALDRICEu deveria afastá-la completamente do meu lado, mas só de pensar nessa possibilidade, cada célula do meu corpo ruge em protesto.É evidente que Valeria guarda segredos e um passado atormentado; ela merece um bom homem-lobo que a ame incondicionalmente, não um Lycan.Nem mesmo Quinn, que parece ter algum interesse especial por ela.Não permitirei isso, ele não é digno da minha pequena loba; na verdade, ninguém é.Todos os Lycans carregam a violência e a escuridão por dentro, a maldição de destruir aquilo que mais amamos, e Valeria não será uma exceção.Vou acabar destruindo-a em minhas próprias mãos.*****VALERIANos dirigimos à casa do Alfa, por ruas quase desertas.Esta alcateia é um tanto sombria e úmida; ninguém fala muito e nos olham com desconfiança e temor.Ando ao lado do Rei, deveria ir atrás, como os servos, mas ele me ordenou caminhar ao seu lado, como se eu fosse sua igual.Antes, isso poderia me comover; agora, tanto faz.Sou apenas uma criada, e meu trabalho não é
VALERIAOlho para o lado e vejo a filha do Alfa, que também saiu para o exterior.— Bem, sua majestade leva muito a sério cuidar de sua alcateia — respondo no modo de serva fiel e diplomática.Ela começa a conversar comigo de forma descontraída, jovem como é, sem muitas preocupações.Ela me conta animada sobre uma feira noturna que fazem no centro do vilarejo, onde vendem especialidades locais.O fato de ela não me olhar estranho ou me tratar diferente por causa das cicatrizes já lhe rende pontos comigo.— Parece que há muitas coisas interessantes. Gostaria de ir, mas não posso sair do lado de sua alteza, lamento…— Vá com ela, se quiser — a voz de Aldric soa atrás de mim.— Vou demorar um pouco aqui e você pode se distrair na praça. Não se afaste muito; logo me junto a vocês.Viro-me para vê-lo mexendo no bolso, e já imagino o que ele vai fazer em seguida.— Obrigada, senhor — agradeço rapidamente, quase puxando a garota para escapar.— Espere, Valeria — ele segura meu braço, não me
VALERIA— Sério? Achei que tinha te ouvido murmurar alguma coisa — ela se aproximou de mim com dúvidas.— Não, só estava pensando alto. Conseguiu resolver as coisas com seu namorado?Desço os degraus e encontro-a sentada no último, e de repente, ela começa a chorar.Entre soluços, me conta as dificuldades com seu parceiro e seus pais; ser filha do Alfa não é fácil.— Não fique assim, com certeza haverá uma solução. Você não tem ninguém que te apoie? Talvez uma irmã?— Não! Por que você está perguntando se eu tenho uma irmã? — ela pergunta levantando o olhar, defensiva.— Ah… desculpe, foi grosseria minha. Tudo isso está me deixando nervosa e, não, eu não tenho irmã nem ninguém mais.Ela afirma, e eu assinto, embora seja estranho ela reagir assim a uma simples pergunta.— Ah, não! Já está muito tarde, meus pais vão me matar e o Rei deve estar louco te procurando! Vamos, vamos agora!Ela passa da angústia para o pânico e me pega pela mão para me levar de volta ao bosque, quase correndo.
VALERIAEu só tinha ouvido falar deles nas histórias de terror contadas para assustar crianças desobedientes.Eram extremamente raros de se encontrar, e quase ninguém sobrevivia após vê-los.Seres de pura energia sombria e maldade, magia podre e assassina.Seus olhos vermelhos, como dois abismos profundos cheios de chamas, estavam fixos em mim, em um rosto sem forma, me fazendo tremer de medo.Seu corpo era envolto por uma névoa negra, com algo que parecia cabelos longos pendendo por todos os lados enquanto ele avançava em minha direção.Seus braços eram longos demais, desproporcionais, com garras afiadas e enormes que poderiam me atravessar de lado a lado.Eu me arrastei para trás, rastejando no chão, sem sentir minhas pernas. Meu coração batia tão rápido que pensei que fosse parar a qualquer momento.Tentei me levantar várias vezes e falhei. Ele estava sobre mim, e, através da escuridão, vi aterrorizada quando abriu uma boca cheia de dentes tortos e sorriu, fazendo cada pelo do meu
VALERIA"Isso não vai agradar nada ao chefe.""O que você queria que eu fizesse? Que pegasse aquele cadáver nojento ou que esperasse o espectro?!""Essa mulher tem mesmo sorte. Com o rosto tão estragado, nem o espectro quis ela."Eu ouvia a conversa de dois homens, ao que parecia.Meu corpo inteiro estava exausto, como se tivesse passado por um esforço desumano. Eu estava confusa, não me lembrava direito do que havia acontecido.Adele tentou me enganar, nós lutamos, aquela coisa apareceu e depois... o quê?Deitada sobre o ombro de um dos meus captores, era levada a algum lugar desconhecido. Mesmo desperta, fingi estar desmaiada para ouvir fragmentos da conversa deles.— Ponham-na no barco! – disseram antes de me jogarem numa velha embarcação.Percebi que estava sendo levada cada vez para mais longe do Rei e tentei lutar como pude.— Acordou já? Ah, maldit4 mulher!— O que está acontecendo?!— Ela me mordeu! Agora você vai ver quanto isso vai te custar!A última coisa que vi foi um pun
VALERIAA dor era insuportável, como se meus dedos tivessem sido mergulhados em um forno aceso. De fato, eles estavam exatamente assim: queimados e sangrando.— Não é ela! Aquela garota idiota se enganou de novo! Não deveríamos ter confiado que ela faria isso direito! — rugiu o vampiro com raiva, chutando uma cadeira. Após o deslize, ele respirou fundo para se recompor e guardou a pedra na caixa.— Não podemos ficar aqui. O Rei Lycan estava farejando aquela matilha, e é apenas uma questão de tempo até que nos encontre — declarou.— Não sabemos de onde veio essa mulher. Ela parece insignificante. A filha do Alfa morreu sem dar muitas explicações. O espectro apareceu, atraído pelo sangue especial.Respirei aliviada ao perceber que eles não sabiam que eu era a criada pessoal de Aldric. Se soubessem, eu não teria chance de sair viva.Mas o que era esse “sangue especial” de que falavam? Eu não fazia ideia.— Matamos ela?— Não. Curem a mão dela e ganhem algum dinheiro. Vendam-na no leilão
ALDRIC— Estavam procurando uma mulher que pudesse ler o que estava escrito no Altar? Adele testava todas, locais e visitantes, e vocês nem sabiam que havia algo escrito lá?!— Fiz isso para proteger minha família! Você teria feito o mesmo!— Eu teria pedido ajuda, idiota! Os vampiros são as criaturas mais traiçoeiras que existem! Para que diabos servem os Guardiões então?! — rugi quase bestializado, sentindo o peso da gravidade dessa situação.— Você entregou uma relíquia sagrada da nossa raça, enganou mulheres inocentes e estava disposto a deixar que os vampiros acessassem nossos segredos! Você realmente achou que sua família sairia ilesa disso?!O Alfa continuava chorando, dizendo que fez isso por suas filhas, mas minha paciência estava esgotada, e o que mais me preocupava era para onde tinham levado Valeria.— Me diga onde estão os vampiros — perguntei com uma voz mortal.— Não, eu não sei exatamente! Sempre foram muito misteriosos, nunca conheci o chefe. Nos encontramos em uma ca