LYRA Me lancei pra puxá-lo, mas aquele corpo enorme e ágil já tinha saltado pra trás. —Drakkar, que susto —revisei ele, a pele avermelhada, mas sem queimaduras. —Lyra, assim tá bom? —ele perguntou, olhando pros quatro moldes, cozinhando em fogo lento. —Temos que esperar até amanhã… acho que sim —respondi suspirando. E de verdade, eu esperava que essa fundição rudimentar funcionasse. No dia seguinte, marcharíamos pela selva perigosa até aquela matilha que ficava a alguns dias de distância. O pior é que eu e Drakkar não tínhamos nada pra trocar, mas se essas armas funcionassem, caçar pelo caminho seria moleza. Dormimos só algumas horinhas, e logo antes do nascer do sol, corremos de volta pra caverna pra ver se a fundição tinha dado certo. ***** —Ai, não! —suspirei desapontada ao retirar o primeiro molde. De novo, Drakkar usou aquele tronco como se fosse uma pá. —Quebrou de um lado, entalhei fino demais —ele franziu a testa, se culpando porque a Gaia tinha escorrido por uma fen
NARRADORAA manhã avançava e a fila de lobisomens se movia silenciosa e apressada pela selva.Sempre em alerta e atentos a ataques de predadores.Felizmente, não houve grandes incidentes, só precisaram correr de um pequeno grupo que os perseguiu, mas todos se aproximavam em segurança do primeiro ponto de descanso."Depois daquelas árvores grandes, tem um lago que é bem seguro, os troncos não deixam passar feras grandes", comentou o guerreiro experiente para Verak.Atrás deles, os outros caminhavam mais tranquilos."Ei, olha o Drakkar carregando a fêmea dele, por que você não faz o mesmo comigo?"Lyra observava com diversão a conversa de uma mulher com seu macho."Ela é uma loba delicada, mas olha pros seus pés, você é capaz de quebrar pedra com essas crostas.""Mas você é uma...""Pft." Lyra tampou a boca pra não cair na gargalhada, mas os outros homens não foram tão discretos e explodiram em risadas e gozações.As poucas fêmeas que restavam sorriram com simpatia pra mulher.Na real,
NARRADORA"Uau, que lindo!" —a vista do lago era espetacular, cercado por montanhas e uma floresta densa.Era um lugar bem agradável e tranquilo.Alguns se jogaram na grama, cansados de andar o dia todo, e outros foram buscar água fresca pra aliviar a garganta.Drakkar abaixou sua preciosa carga das costas, sentando-a sobre uma pedra."Lyra, suas pernas estão doendo?" —perguntou ele, olhando angustiado pra algumas partes da pele dela que tinham ficado vermelhas por causa do sol.Lyra estava mais doce que mel, ela só tinha se jogado feito uma preguiçosa sobre os músculos do companheiro."Não, tô bem. E você? Tô pesada?" —ela estendeu a mão pra acariciar a barba dele, e Drakkar negou com a cabeça, fechando os olhos e aproveitando o toque dos dedos dela.De longe, pareciam exatamente o que eram: duas pessoas com sentimentos muito profundos um pelo outro."Drakkar, bora caçar, vimos uns Stalodontes por perto!" —os guerreiros estavam animados e as mulheres já começavam a acender as fogueir
NARRADORAO cheiro de carne assada e chamuscada já subia com a fumaça no ar.Os lobisomens se reuniam em grupos ao redor das fogueiras.Quando Lyra viu Nana, a garota desviou o olhar de forma estranha.A Alfa suspirou, pensando que havia mulheres que não tinham nem um pingo de dignidade.Enfim, isso não era problema dela. Agora tinha que alimentar seu homem.*****Uma hora depois...— Eu falei que aquela mulher era só beleza, mas tinha o coco vazio" —algumas fêmeas cochichavam, de olho desde o começo em tudo de esquisito que Lyra e Drakkar estavam fazendo.Envolver um monte de folhas com barro perto do lago, depois cavar buracos e enterrar tudo, com mais terra e brasas acesas por cima.Que tipo de ritual era esse? Obviamente não era comida.— Pobre Drakkar, deve estar morrendo de fome com uma mulher tão inútil."Nana se alegrava por dentro com as críticas a Lyra.Ao lado dela, Verak conversava com os guerreiros, mas sua atenção estava sempre no cabelo platinado refletindo sob os últim
VALERIA— Você está... você está certa, Esther? — pergunto com a voz trêmula.Meu coração b**e apressado, cheio de felicidade.— Muito certa, Luna. Você está grávida.— Por que não consegui sentir o cheiro, nem seu pai? — pergunto preocupada.— É muito recente, talvez por isso, dê mais alguns dias e você deverá perceber suas feromonas.Ela responde e eu aceno com a cabeça, com os olhos turvos de lágrimas.Sou a Luna da matilha “Bosque de Outono”.Há três anos me casei com o homem que amo loucamente, apesar de não sermos pares destinados, meu Alfa Dorian.Fiz de tudo para ser a Luna perfeita, o pilar no qual ele possa se apoiar, no entanto, uma sombra opaca meu casamento e era o tema do herdeiro.Nunca consegui engravidar e admito que não compartilho muito a cama com Dorian, mas sei que suas obrigações como Alfa o mantêm muito ocupado e estressado.— Por favor, não conte a ninguém na matilha. Quero surpreender meu esposo.— Fique tranquila, Luna, não direi nada. Parabéns! — ela sorri pa
VALERIAEle me morde com ferocidade na coxa e me arrasta para debaixo de seu corpo, controlando-me sem piedade.Tento resistir, pedir ajuda, minhas mãos sobre meu ventre, tentando proteger meu filhote, mas suas garras, como armas mortais, perfuram minha pele, destroçando todo meu pequeno corpo vulnerável.Preciso levantar os braços por instinto quando suas garras afiadas se dirigem ao meu rosto, e grito em agonia por causa de uma ferida profunda que atravessa minha bochecha desde a testa.Ao deixar minha barriga exposta, ele investiu contra nosso filho.— NÃO! O filhote, não! Por favor, Dorian, MEU FILHO NÃO!As lágrimas caíam incessantemente dos meus olhos enquanto eu o suplicava, mas seus caninos devoravam minha carne, e suas garras procuravam, friamente, nas profundezas das minhas entranhas, arrancar a vida que eu carregava.Não sei quanto tempo durou essa agonia; soluçava, implorando enquanto ainda conseguia falar.A dor em todo meu corpo era insuportável, mas a da minha alma, que
VALERIAOuço gritos estridentes, vidros quebrando, um rugido animal, rosnados de Alfa, luta e disputa.Algo quente espirra em meu rosto e braços, minhas garras destroçam e meus caninos rasgam.Não consigo parar, não posso, a raiva me consome por dentro e grita por libertação.Não sei o que estou fazendo, não tenho consciência de mim mesma, só sei que, quando recupero o controle do meu corpo, a primeira coisa que vejo são minhas mãos cobertas de sangue.Estou de joelhos no chão, ao meu redor tudo é vermelho, destroços e partes do que um dia foi um poderoso Alfa, Dorian.O que eu fiz? O que fiz, por Deus?!Olho para a cabeça arrancada a um metro de mim.Seus olhos amarelados ainda me encaram com pânico, e sinto como meu estômago revira.Vomito ao lado, sem conseguir evitar, enojada por toda essa cena cheia de morte e violência.Fui eu quem fez isso? Aqui não há ninguém mais.Olho ao meu redor, não sei onde foi parar Sophia, só sei que alguém foi jogado pela janela de vidro, que está est
VALERIASua atitude gritava "sou o dono de tudo aqui, o senhor absoluto."Imediatamente baixei a cabeça, tremendo. Não importava que eu não tivesse uma loba interior, o poder que emanava daquele homem parecia sufocar, estrangular a alma, e ele estava até um pouco distante de mim.Era um Lycan, a espécie superior dos lobos, a maior evolução, e eu estava quase certa de que ele era o mais poderoso de todos, Aldric Thorne, o Rei Lycan.— Sasha, trate de tirar o lixo e certifique-se de que minha próxima criada pessoal não seja uma vadia intrigante, ou ela perderá mais do que a cabeça — sua voz rouca, intimidadora, fria, ecoou, e então passos se afastando.— Isso é um desastre, já é a quinta em dois meses, não sei o que essas meninas têm na cabeça, eu sempre as aviso.A Governanta, a senhora que administra o castelo, se aproxima e tira um pequeno frasco das mãos da vítima.— Outra que tenta dar um afrodisíaco ao Rei, idiota. Vou chamar um servo para levá-la, e sua primeira tarefa será limpa